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Novo método para identificar os primeiros sinais do Alzheimer

Colocar óculos de realidade virtual pode até lembrar um videogame, mas pesquisadores estão usando essa tecnologia para algo muito mais sério: identificar os primeiros sinais do Alzheimer. Em vez de batalhas ou mundos medievais, os participantes enfrentam desafios de memória e navegação em salas de estar virtuais. Erros sutis nessas tarefas podem estar ligados a proteínas associadas à doença — anos antes dos sintomas surgirem.

Pesquisadores de Stanford e da Universidade da Colúmbia Britânica apresentaram os estudos na conferência da Sociedade de Neurociência Cognitiva, de acordo com o site EurekAlert!. Nos testes, pessoas com comprometimento cognitivo leve — estágio inicial do Alzheimer — tiveram mais dificuldade em lembrar a localização de objetos no ambiente virtual. Os resultados mostraram uma correlação entre esse desempenho e biomarcadores da doença.

A grande vantagem da tecnologia imersiva é permitir uma avaliação cognitiva não invasiva. Diferente de exames tradicionais, que exigem punção lombar ou imagens cerebrais detalhadas, os testes em VR usam tarefas simples e intuitivas. Ainda assim, conseguem revelar padrões ligados às alterações biológicas que caracterizam o Alzheimer.

Engenharia, sensores e o corpo em movimento

Outro experimento da pesquisa focou na habilidade de navegação espacial. Em vez de interagir com salas mobiliadas, os participantes percorriam longos corredores virtuais, monitorando sua posição inicial e identificando marcos escondidos ao longo do caminho.

Tecnologia imersiva pode se tornar uma alternativa simples e eficaz para clínicas (Imagem: Ground Picture/Shutterstock)

Os testes foram aplicados em adultos jovens e idosos saudáveis, revelando diferenças claras entre os grupos. As tarefas exigiam atenção constante ao ambiente e adaptação a diferentes níveis de complexidade nas rotas simuladas.

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Para garantir a precisão das medições, os sistemas de VR contavam com sensores de movimento, rastreamento ocular e controles manuais. Essa combinação permitiu registrar, em tempo real, tanto as respostas motoras quanto os processos cognitivos, sem recorrer a exames invasivos.

Do laboratório para o futuro do diagnóstico

A aposta dos cientistas é que tecnologias imersivas como a realidade virtual possam se tornar ferramentas acessíveis para rastrear sinais precoces de Alzheimer, muito antes que os sintomas comprometam a vida cotidiana. Por serem mais confortáveis e intuitivas, essas abordagens também facilitam a adesão de participantes, inclusive os mais velhos.

Saúde cerebral.
Exames de imagem ajudam a revelar alterações no cérebro, mas pesquisadores apostam na realidade virtual como uma alternativa mais simples e não invasiva (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Segundo os pesquisadores, a combinação entre dados comportamentais e biomarcadores — como as proteínas associadas ao Alzheimer — pode abrir caminho para diagnósticos mais precisos, personalizados e menos invasivos. E, com o avanço da tecnologia, até mesmo clínicas com menos recursos poderão adotar soluções baseadas em VR.

Além dos dados, chamou atenção o envolvimento dos participantes. Muitos demonstraram interesse genuíno durante os testes, mesmo sem familiaridade com a realidade virtual. Para os cientistas, esse engajamento é um sinal positivo: experiências imersivas podem não apenas medir, mas também aproximar o paciente do cuidado com a própria saúde.

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