Agência de pesquisa em defesa dos EUA quer cultivar estruturas biomecânicas no espaço

A Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA) dos EUA está buscando desenvolver e “cultivar” estruturas biomecânicas gigantes no espaço. O grupo já tem projetos peculiares em progresso e, agora, pensa em sistemas que possam crescer organicamente além da atmosfera.

Alguns dos exemplos dados pela DARPA que poderiam ser montados biologicamente, mas inviáveis de se produzir de forma tradicional são:

  • Amarras para um elevador espacial;
  • Novas asas automontadas para uma estação espacial comercial;
  • Produção sob demanda de materiais de remendo para aderir e reparar danos causados por micrometeoritos.

“O crescimento rápido, controlado e direcional para criar estruturas espaciais úteis muito grandes (com mais de 500 metros de comprimento) interromperia o atual estado da arte e posicionaria a biologia como um componente complementar da infraestrutura de montagem no espaço”, diz a agência em um documento de Solicitação de Informações.

Bioengenharia é uma ciência promissora para as mais diversas áreas. (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

A DARPA explica que as vantagens desses mecanismos crescerem no espaço é que isso reduziria o custo de lançá-los por foguete. O grupo observa também que os maquinários de crescimento biológico provavelmente não serão muito úteis por si só e que materiais mais resistentes são necessários. 

“Uma analogia relevante é a de uma tenda. Dado o material estrutural dos postes da tenda, os mecanismos de crescimento biológico são imaginados como a ‘cobertura’ da tenda. Ela pode ser moldada de uma maneira particular pelos postes subjacentes e, quando incorporada com eletrônicos apropriados, executar uma função dada”, exemplifica a agência.

Uma das vantagens pontuadas pela DARPA é da diferença de massa e volume entre os componentes tradicionais e os orgânicos cultiváveis. A leveza dos biológicos poderia facilitar o transporte e agilizar processos.

Um elevador capaz de ir ao espaço

Mesmo que surpreendente, a ideia ainda é especulativa. Construir tudo que a agência propôs está longe da atual situação cientifica da humanidade. Porém, aos poucos os projetos vão tomando forma.

O elevador espacial mencionado pela agência foi proposto inicialmente em 1975 pelo engenheiro Jerome Pearson. A proposta envolve um grande cabo com um lado grudado à Terra e outra extremidade em um contrapeso, onde um satélite ou estação espacial deixaria a estrutura tensionada.

Ilustração de um elevador da Terra até o espaço.
Ilustração de um elevador da Terra até o espaço (Imagem: USUL/Shutterstock)

“Se uma conexão física pudesse ser feita entre o satélite geoestacionário e o solo, isso permitiria a ascensão vertical por cápsulas motorizadas até esta ‘torre orbital’ diretamente para a órbita geoestacionária”, explicou Pearson sobre o conceito no artigo que o apresentou.

De acordo com o engenheiro, as capsulas seriam mais seguras do que foguetes tradicionais. Com o mecanismo, satélites poderiam ser recuperados ao serem descidos para a Terra por meio do elevador.

“Este método de retornar satélites à Terra permitiria a recuperação do excesso de energia agora desperdiçado por escudos térmicos. O uso desta energia poderia diminuir muito o custo de lançamento de satélites”, comenta Pearson.

Ainda são necessárias inovações

Apesar de tudo, ainda há problemas até que a humanidade possa usar bioengenharia no espaço. Por exemplo, a vida biológica necessita fortemente da gravidade para ter senso de direção.

“Mesmo que a direcionalidade do crescimento pudesse ser controlada também em microgravidade, o ambiente espacial é incompatível com a atividade biológica”, disse Nils Averesch, da Universidade da Flórida, ao site New Scientist.

Veiculo de batalha da DARPA
Veículo de combate futurista exposto no Simpósio D60 da DARPA, nos EUA (Imagem: Daderot/Wikimedia Commons)

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Um workshop patrocinado pela DARPA está em planejamento para abril de 2025. O propósito é revisar e discutir pesquisas atuais relevantes e avaliar novos métodos para provar o potencial de estruturas biomecânicas gigantes no espaço. Informações discutidas neste evento podem auxiliar na formulação de possíveis áreas futuras de pesquisa.

“A DARPA deseja encorajar a participação máxima e a apresentação do máximo de soluções inovadoras possíveis”, conclui a agência.

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