O aumento do preço do ovo virou o símbolo da inflação no Brasil. Dados do IBGE apontam para essa direção há algum tempo. O IPCA, no entanto, leva em conta tantas coisas que muita gente não percebia direito essa tendência de alta.
Explico: se as passagens aéreas dispararam, isso vai pesar no orçamento de quem costuma pegar avião e não de quem só viaja de ônibus – ou nem viaja. O ovo, porém, é diferente: ele é quase universal. Faz parte da dieta do pobre e do rico (principalmente daqueles que praticam musculação).
O ovo também sempre foi considerado uma alternativa barata de proteína. Hoje, no entanto, o preço da dúzia ultrapassa até mesmo o valor de alguns cortes de carne bovina.
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Sim, o ovo está caro, assim como outros alimentos. E você ouve reclamação aqui e ali, onde quer que vá. Apesar disso, os gastos com cartões continuam crescendo no Brasil. É o que aponta uma pesquisa encomendada pela empresa de tecnologia de pagamentos Elo.
Você pode até argumentar que as pessoas estão usando mais o cartão para comprar comida – e às vezes até parcelar essa compra. O levantamento, porém, indica que as coisas não são bem assim – e que o brasileiro, em geral, continua gastando bastante (mesmo com o ovo caro).
Consumo em alta
- De acordo com o relatório Hábitos de Consumo, os gastos com cartões tiveram uma alta de 8% no último trimestre do ano passado na comparação com o mesmo período do ano anterior.
- Essa é uma boa época para medir o comportamento do consumidor, principalmente por causa da Black Friday e do Natal.
- De acordo com a pesquisa, esse aumento foi impulsionado por dois grupos principais: o público de alta renda e as compras digitais.
- Os ricos gastaram cerca de 9% a mais com seus cartões de crédito.
- Já as compras digitais responderam com um avanço de 15% no período.
- Os segmentos que registraram as maiores altas mostram que o brasileiro continua gastando dinheiro em lazer, apesar da crise.
- Os gastos de cartões em bares e restaurantes subiram 13%.
- Destaque também para o uso de aplicativos de transporte: aumento de 14%.
- No setor de serviços de estética e salões de cabeleireiros, o crescimento ficou em 17%.
- Já o item higiene pessoal e cosméticos registrou um avanço de 12%.

Uma característica quase cultural
Esses dados da Elo demonstram que o brasileiro médio continua gastando bastante, mesmo com a inflação. E o uso excessivo do cartão reforça essa característica forte de consumo da nossa sociedade. E que tem grandes chances de se tornar endividamento.
Uma pesquisa de 2023 do Instituto Locomotiva e da MFM Tecnologia apontou que oito em cada dez famílias brasileiras estão endividadas – e um terço delas possuem dívidas em atraso.
A falta de planejamento financeiro é uma realidade no nosso país. E aqui não estou “culpando a vítima”. Isso não anula o fato de a inflação estar altíssima.

O IBGE, aliás, acaba de divulgar os dados sobre os preços em fevereiro. E o resultado foi o pior em 22 anos, desde 2003. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ficou em 1,31% no mês passado, um avanço expressivo sobre os 0,16% de janeiro e os 0,83% de fevereiro do ano passado.
Os maiores vilões para essa alta foram os alimentos e a energia elétrica. A conta de luz disparou e ficou 16,8% mais cara. Isso foi resultado de um desconto concedido pelo governo nas contas de luz de janeiro. A compensação veio agora e pesou bastante no bolso do brasileiro.
No acumulado em 12 meses, a inflação já ultrapassa a casa dos 5%. Especialistas estimam que o índice deste ano deve ser o pior em muito tempo.
As informações são da Agência Brasil.
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