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Serpentes mais peçonhentas do Brasil: quais são e como identificá-las

As serpentes são animais vertebrados pertencentes à classe Reptilia e à ordem Squamata, o que as torna parentes próximas dos lagartos, jacarés e tartarugas. Sua principal caracterização é a ausência de membros e pálpebras.

Atualmente, existem mais de 2.300 espécies de serpentes no mundo, sendo cerca de 370 encontradas no Brasil. Destas, aproximadamente 55 são peçonhentas, representando menos de 15% do total. A diferença entre serpentes peçonhentas e não peçonhentas está na capacidade de injetar veneno.

Enquanto as peçonhentas possuem presas especializadas para a inoculação, as não peçonhentas podem ter toxinas, mas sem essa estrutura, usando métodos como a constrição para capturar suas presas.

Caso ocorra um acidente com serpentes, é essencial buscar assistência médica imediatamente, de preferência levando um registro ou o próprio animal para a identificação correta do tipo de peçonha e do tratamento adequado.

Como identificar serpentes peçonhentas?

As serpentes peçonhentas apresentam algumas características específicas, como as fossetas loreais, estruturas sensoriais que detectam variações de temperatura e ajudam a identificar presas. Essas fossetas estão presentes em jararacas, cascavéis e surucucus, mas não nas corais-verdadeiras. Cascavéis possuem um chocalho na ponta da cauda, então são mais fáceis de identificar pelo som característico.

As fossetas loreais, órgãos localizados entre olhos e narinas, são uma forma de identificar serpentes peçonhentas como a jararaca acima, mas não chegue perto demais para ver (Imagem: reptiles4all / Shutterstock.com)

Existem formas de identificar corais-verdadeiras de corais-falsas (serpentes de baixa periculosidade para humanos que mimetizam as perigosas corais-verdadeiras), como padrões de coloração, formato da cabeça e olhos. No entanto, existem diversas exceções, tornando a diferenciação um processo complexo.

Outro critério de identificação está relacionado à dentição, que se divide em quatro tipos:

  • Áglifa: sem presas especializadas, como nas jiboias;
  • Opistóglifa: com presas na parte posterior da boca, como nas corais-falsas;
  • Proteróglifa: presas na parte anterior da boca, como nas corais-verdadeiras;
  • Solenóglifa: presas grandes e retráteis, como nas jararacas.

Logicamente, este critério serve somente a título de informação (parece óbvio, mas vale destacar: não tente pegar a serpente para ver sua boca). Na dúvida, ao dar de cara com uma serpente, evite se aproximar do animal. O ideal é acionar o Centro de Controle de Zoonoses ou o Corpo de Bombeiros de sua cidade.

As serpentes mais peçonhentas do Brasil

Cascavel (Crotalus durissus)

A cascavel, também conhecida como boicininga ou maracamboia, é encontrada em diversas regiões do Brasil, principalmente em áreas abertas e secas, como o Cerrado e a Caatinga. Sua distribuição também inclui países como Venezuela, Colômbia e Argentina. Os acidentes com cascavéis representam aproximadamente 7% do total de casos de picadas de serpentes no Brasil.

A cascavel é conhecida por seu chocalho na cauda, formado por anéis de queratina que produzem som ao serem agitados. Seu veneno tem ação neurotóxica e miotóxica, podendo causar insuficiência renal aguda e comprometer o sistema nervoso. Apesar de não serem agressivas, as cascavéis podem atacar ao se sentirem ameaçadas.

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Chocalho na ponta da cauda é característica forte das cascavéis (Imagem: sostenespelegrini / Shutterstock.com)

Jararaca (Bothrops jararaca e outras do gênero)

As jararacas são responsáveis por cerca de 90% dos acidentes com serpentes no Brasil. Elas estão presentes em várias regiões, incluindo estados como São Paulo, Minas Gerais e Bahia, além de países vizinhos como Argentina e Paraguai. Sua coloração camuflada contribui para a dificuldade de detecção, e seu comportamento agressivo faz com que disparem botes rapidamente.

O veneno das jararacas é hemotóxico, afetando a coagulação do sangue e causando dor intensa, edema e necrose. Um dos componentes do veneno foi utilizado no desenvolvimento do medicamento Captopril, utilizado no tratamento da hipertensão arterial.

Coral verdadeira (Micrurus corallinus e outras do gênero)

As cobras-corais verdadeiras são as mais venenosas do Brasil, mas representam menos de 1% dos acidentes. Isso se deve ao seu comportamento menos agressivo e ao habitat restrito, geralmente em locais de difícil acesso, como tocas e cupinzeiros. Sua distribuição abrange estados como Paraná, São Paulo e Bahia, e países como Argentina e Paraguai.

A coloração das corais verdadeiras é apossemática, com anéis coloridos que alertam predadores sobre sua toxicidade. O veneno é neurotóxico e pode causar paralisia respiratória. Diferenciar uma coral verdadeira de uma coral falsa pode ser desafiador, pois muitas espécies não peçonhentas imitam sua coloração.

Surucucu (Lachesis muta)

A surucucu, também chamada de surucucu-pico-de-jaca, é a maior serpente peçonhenta das Américas, podendo ultrapassar quatro metros de comprimento. Vive em florestas tropicais da Amazônia e da Mata Atlântica, sendo encontrada em estados como Amazonas, Bahia e Minas Gerais.

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A surucucu é a maior serpente peçonhenta das Américas (Imagem: reptiles4all / Shutterstock.com)

Seu veneno é hemotóxico e neurotóxico, causando sintomas como dor intensa, inchaço e alterações na pressão arterial. A surucucu tem o hábito de vibrar a cauda no solo, produzindo um som semelhante ao da cascavel, apesar de não possuir um chocalho.

Cuidados e prevenção com serpentes

Para evitar acidentes com serpentes, é importante tomar algumas precauções, como utilizar botas e perneiras ao caminhar em áreas de vegetação densa, evitar mexer em tocas e buracos e manter o ambiente ao redor de residências limpo para reduzir a presença de roedores, que são presas para muitas serpentes.

Caso ocorra um acidente, é essencial procurar assistência médica rapidamente e, se possível, fornecer informações sobre a serpente envolvida. Nunca tente sugar o veneno ou fazer torniquetes, pois essas práticas podem agravar o quadro clínico. O tratamento adequado é feito com soro antiofídico específico para cada tipo de veneno.

O que fazer em caso de picada?

Caso ocorra um acidente, é fundamental manter a calma e buscar atendimento médico imediatamente. Para auxiliar na identificação da serpente, pode-se observar suas características ou tirar uma foto. Não se deve tentar sugar o veneno ou fazer torniquetes, pois isso pode piorar a situação.

O conhecimento sobre as serpentes peçonhentas do Brasil é essencial para evitar acidentes e garantir um atendimento rápido e eficaz.

Tratamento: soro antiofídico

O soro antiofídico é o principal tratamento para picadas de serpentes. Ele é produzido a partir da imunização de animais, geralmente cavalos, e sua composição varia conforme o veneno da serpente. No Brasil, o Instituto Butantan é a principal instituição responsável por sua produção e distribuição.

Tipos de soro

  • Soro antibotrópico: para picadas de jararaca;
  • Soro anticrotálico: para picadas de cascavel;
  • Soro antielapídico: para picadas de coral-verdadeira;
  • Soro antibotrópico-laquético: para picadas de surucucu.

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Qual a diferença entre cobra e serpente?

No uso cotidiano, os termos “cobra” e “serpente” costumam ser usados como sinônimos, mas há uma diferença técnica entre eles.

  • Serpente: É o termo correto na biologia para se referir a todas as espécies da subordem Serpentes, dentro da classe dos répteis. Ou seja, todas as cobras são serpentes, mas nem todas as serpentes são chamadas de “cobra” no dia a dia.
  • Cobra: É um nome popular, frequentemente usado para se referir a serpentes no geral. No entanto, em alguns países de língua portuguesa, “cobra” pode estar mais associado a serpentes peçonhentas ou a algumas famílias específicas, como as najas (gênero Naja), que são conhecidas como “cobras” em diversos idiomas.

No Brasil, é comum que qualquer serpente seja chamada de “cobra”, independentemente de ser peçonhenta ou não. Mas, do ponto de vista científico, o termo mais adequado para se referir a esse grupo de répteis é serpente.

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Homem come porco selvagem e contrai bactéria rara nos EUA

Um homem de 77 anos contraiu uma bactéria extremamente infecciosa, mas rara, após consumir carne de porco selvagem na Flórida, Estados Unidos. O caso aconteceu em 2020, mas foi relatado em um estudo na edição deste mês da Emerging Infectious Diseases.

O idoso procurou ajuda em um hospital de Gainesville relatando dores no peito que já duravam quase dois anos. O pastor vivia em uma fazenda rural com cães e cabras e contou que fez diversos tratamentos com antibióticos, mas nada resolvia o problema.

O histórico do paciente incluía diabetes tipo 2, pressão alta, colesterol alto e insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida. Durante uma das visitas ao hospital, os médicos suspeitaram de uma infecção escondida em seu implante cardíaco — mas o desafio foi identificar o patógeno por trás desse quadro. 

Idoso buscou ajuda médica relatando dores no peito (Imagem: Images we create/iStock)

Depois de diversos testes, exames de hemocultura mostraram uma bactéria acumulada nas células sanguíneas do idoso. Ele teve de retirar o implante para uma análise detalhada no departamento de saúde da Flórida e para os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

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O resultado…

Todos os testes clínicos e genéticos revelaram infecção por Brucella suis, bactéria que geralmente é encontrada em porcos. Em animais, o principal sintoma são perdas reprodutivas; em humanos, pode causar infecções cerebrais, condições neurológicas, artrite, anemia, pancreatite, complicações cardiovasculares, entre outros.

Nos Estados Unidos, a prevalência de brucelose é de 80 a 140 casos por ano, com diferentes meios de contaminação, incluindo o consumo de leite cru, queijos, caça e abate de porcos e porcos selvagens.

Na Flórida, local da infecção relatada na reportagem, mais de um milhão de suínos selvagens podem ser portadores de zoonoses que incluem leptospirose, triquinela e toxoplasmose. Cães e cabras expostos também podem transmitir a infecção aos humanos.

Leite cru também é fonte de contaminação por bactéria Brucella (Imagem: Serhii Bilohubets/iStock)

As medidas para reduzir esse risco incluem o uso de equipamentos de proteção individual e o cozimento completo de produtos de origem animal antes do consumo. Com a publicação do artigo, a comunidade espera conscientizar os moradores sobre a situação.

O paciente foi tratado com antibióticos por um período total de 6 semanas. Quatro meses após a remoção do dispositivo, ele recebeu um novo implante cardíaco. Após passar por acompanhamento ambulatorial de rotina ao longo de quase três anos, os médicos não encontraram mais nenhuma evidência clínica de brucelose no idoso.

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Farmacêuticos poderão prescrever remédios; entidades contestam

A partir do mês que vem, farmacêuticos poderão prescrever medicamentos, incluindo aqueles que exigem receita médica. A medida foi autorizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) em uma resolução publicada nesta semana — mas divide entidades médicas e pode acabar na Justiça.

No caso de remédios que precisam de receita, os profissionais deverão possuir Registro de Qualificação de Especialista (RQE) em Farmácia Clínica. O título entrou em vigor neste ano para cursos de qualificação em áreas específicas.

A resolução também permite que o farmacêutico renove prescrições previamente emitidas por outros profissionais de saúde e faça exame físico de sinais e sintomas, solicitando e interpretando exames para avaliação da efetividade do tratamento.

Farmacêuticos poderão realizar exames físicos em pacientes (Imagem: SeventyFour/iStock)

“O papel do farmacêutico é garantir que o uso de medicamentos seja seguro, eficaz e apropriado, atuando em equipe com outros profissionais de saúde. O paciente só tem a ganhar com isso”, diz o comunicado do CFF.

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Entidades médicas contestaram medida

Ao G1, o conselheiro do Conselho Federal de Medicina Francisco Eduardo Cardoso afirmou que a medida coloca a saúde da população em risco, e argumentou que o CFF não pode legislar sobre prescrição, diagnósticos e consulta médica.

“Eles já tentaram isso no passado e a Justiça negou. E isso será levado novamente à Justiça. O argumento de que eles entendem de remédios é insuficiente. Deveriam ter vergonha de publicar uma resolução como essa”, afirmou.

Conselho Federal de Medicina considera resolução ilegal (Imagem: Jacob Wackerhausen/iStock)

Em nota, a entidade alegou que trata-se de uma “invasão flagrante das atribuições médicas”. “Diagnosticar doenças e prescrever tratamentos são atos privativos de médicos, formados para tal.”

Já a Associação Paulista de Medicina (APM) destacou a trajetória de formação de profissionais em seis anos de faculdade, além de três a seis anos de residência, até estar apto a estabelecer o diagnóstico e a terapêutica com segurança.

“Todos os profissionais que se dedicam aos serviços e ações de Saúde merecem respeito e reconhecimento. Contudo, os desvios de competência são essencialmente prejudiciais aos pacientes”, diz a nota.

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Explosão estelar surpreende astrônomos em galáxia satélite da Via Láctea

Um artigo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society relata a descoberta de uma explosão estelar com características inesperadas. O estudo analisou a Nova LMCN 1968-12A (LMC68), localizada na Grande Nuvem de Magalhães, galáxia satélite da Via Láctea, registrando temperaturas extremas e assinaturas químicas incomuns. 

Essas características indicam um evento mais energético do que o previsto, lançando questionamentos sobre o comportamento das chamadas novas recorrentes.

Em poucas palavras:

  • Estudo revelou uma explosão estelar com características inesperadas na Grande Nuvem de Magalhães;
  • Denominada LMC68, o evento é uma nova recorrente com erupções regulares a cada quatro anos;
  • A erupção de 2024 foi monitorada pelo observatório Neil Gehrels Swift;
  • Os dados revelaram silício altamente ionizado e a ausência de elementos típicos;
  • Estudar novas fora da Via Láctea pode revelar como diferentes ambientes afetam essas explosões.
Gráfico mostra os espectros do infravermelho próximo da nova LMC68, obtidos oito dias após a erupção, com o Telescópio Magellan Baade da Carnegie Institution (preto), e 22,5 dias depois, com o telescópio Gemini South (vermelho). Créditos: Observatório Internacional Gemini / NOIRLab / NSF / AURA / T. Geballe / J. Pollard

O que são novas recorrentes?

Novas são explosões termonucleares que ocorrem em sistemas binários, compostos por uma anã branca e uma companheira fria. A anã branca, uma estrela extremamente densa do tamanho da Terra, mas com massa próxima à do Sol, suga material da outra. Com o tempo, essa matéria se acumula em sua superfície até que uma reação nuclear em cadeia desencadeia a explosão.

Enquanto a maioria das novas é registrada apenas uma vez, algumas estrelas passam por múltiplas explosões ao longo do tempo. Essas são chamadas de novas recorrentes e podem entrar em erupção em intervalos que variam de anos a décadas. O processo se repete porque a anã branca continua a atrair matéria de sua estrela vizinha até atingir um novo limite crítico de instabilidade.

De acordo com o site Space.com, menos de uma dúzia de novas recorrentes foram identificadas na Via Láctea. Já em outras galáxias, principalmente Andrômeda (M31) e a Grande Nuvem de Magalhães, o número conhecido é um pouco maior. A LMC68 se destaca porque apresenta um ciclo regular de explosões a cada quatro anos, algo raro na astronomia.

A nova foi detectada pela primeira vez em 1968 e, desde então, tem sido monitorada por telescópios ao redor do mundo. Em 2020, o observatório Neil Gehrels Swift, da NASA, acompanhou sua evolução de perto, antecipando a erupção seguinte, que ocorreu em agosto de 2024. Como essa nova está 50 vezes mais distante do que eventos semelhantes na Via Láctea, apenas telescópios de grande porte podem estudá-la em detalhes.

Imagem conceitual do Observatório Neil Gehrels Swift. Crédito: NASA

Os astrônomos usaram espectroscopia no infravermelho para analisar a luz emitida durante a explosão. Essa técnica permite identificar os elementos químicos presentes na nova, observando como eles interagem com a intensa radiação emitida no processo. O estudo revelou uma assinatura de silício ionizado nove vezes, algo sem precedentes nesse tipo de evento.

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Explosão estelar foi mais poderosa que a média das novas recorrentes

A presença do silício altamente energizado sugere que a LMC68 passou por um aquecimento extremo, tornando sua explosão mais poderosa do que a média das novas recorrentes. Surpreendentemente, elementos como fósforo, enxofre, cálcio e alumínio, comuns nesses eventos, estavam ausentes. Isso levanta a hipótese de que fatores peculiares possam estar influenciando o comportamento da LMC68.

Uma possível explicação está na composição química da estrela companheira. A LMC68 está localizada em uma região com baixa metalicidade, o que significa que contém menos elementos pesados, como magnésio e cálcio. Estrelas com essas características tendem a produzir explosões mais energéticas, já que é necessária uma quantidade maior de material para atingir o ponto de ignição da nova.

Enquanto a maioria das novas é registrada apenas uma vez, algumas estrelas passam por múltiplas explosões ao longo do tempo – e são chamadas de novas recorrentes. Crédito: Laboratório de Imagens Conceituais do Goddard Space Flight Center da NASA)

Outro fator relevante é a temperatura da região ao redor da nova, que atingiu cerca de três milhões de graus Celsius. Esse calor extremo pode ter intensificado um fenômeno conhecido como ionização colisional, no qual os elétrons colidem com átomos e os tornam ainda mais carregados do que o normal. Isso pode explicar por que algumas assinaturas químicas desapareceram das observações.

A combinação de alta temperatura e baixa metalicidade pode ser a chave para entender a diferença entre a LMC68 e outras novas recorrentes. No entanto, os cientistas ainda precisam de mais dados para confirmar essa hipótese. Modelos teóricos e observações em diferentes comprimentos de onda serão necessários para esclarecer esse mistério.

A pesquisa também reforça a importância de estudar novas recorrentes fora da Via Láctea. Como esses eventos são raros, ampliar a busca para outras galáxias permite entender melhor sua diversidade e evolução. Observatórios de grande porte, como o Gemini South, podem fornecer novos insights ao capturar detalhes antes invisíveis nessas explosões distantes.

Com poucos exemplos conhecidos na Via Láctea, o estudo da LMC68 representa um avanço significativo no campo das novas recorrentes. Ele sugere que diferentes ambientes químicos podem influenciar drasticamente a forma como essas explosões ocorrem, alterando tanto sua intensidade quanto sua composição.

A equipe responsável pelo estudo destaca que mais observações serão fundamentais para desvendar os mecanismos por trás dessa nova enigmática. A descoberta pode levar a uma revisão de modelos teóricos sobre a evolução das novas e o papel das anãs brancas na formação de supernovas. Se a LMC68 continuar aumentando sua massa, poderá um dia atingir um limite crítico e explodir como uma supernova do Tipo Ia, um dos fenômenos mais brilhantes do Universo.

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Xiaomi YU7 chega para desafiar domínio da Tesla na China

Após o sucesso do Xiaomi SU7, sedã elétrico de estreia, a gigante chinesa se prepara para dar um novo passo no mercado automotivo chinês. A empresa acaba de revelar detalhes de seu próximo lançamento, o SUV YU7, um veículo que promete rivalizar diretamente com o Tesla Model Y, o SUV mais vendido da marca americana na China.

O YU7, que tem previsão de lançamento para junho, já começou a gerar grande expectativa entre os consumidores chineses. A divulgação de detalhes técnicos pelo governo local, durante o processo de homologação, revelou um SUV elétrico de alto desempenho, com design que remete ao esportivo italiano Ferrari Purosangue e tecnologia de ponta.

O que foi revelado sobre o Xiaomi YU7

Equipado com dois motores elétricos e tração integral, o YU7 entregará impressionantes 691 cv em sua versão topo de linha. A autonomia também será um dos destaques, com opções de baterias que podem alcançar até 770 km com uma única carga, segundo dados oficiais.

SUV da Xiaomi promete rivalizar com o Tesla Model Y, o utilitário mais vendido da marca americana na China. (Imagem: Divulgação/Xiaomi)

O SUV terá 5 metros de comprimento, oferecendo espaço de sobra para cinco passageiros. A tecnologia embarcada também impressiona, com destaque para o sistema Lidar, que utiliza raios laser para criar um ambiente 3D em tempo real, permitindo sistemas de automação veicular de nível 3, o mais avançado disponível em automóveis de série.

Design e tecnologia

O design externo do YU7, com linhas elegantes e esportivas, chama a atenção. Internamente, o SUV da Xiaomi promete uma experiência tecnológica imersiva, com um painel de instrumentos composto por uma tela de alta resolução que se estende por todo o painel.

Painel de instrumentos se estende por todo o painel do SUV. (Imagem: Reprodução/MIIT)

Preço

Com um preço inicial estimado em US$ 34.000 (cerca de R$ 193 mil em conversão direta), o YU7 será mais acessível que o Tesla Model Y, cuja versão de entrada custa cerca de US$ 36.430 na China.

Além do preço competitivo, a Xiaomi aposta na reputação de seus produtos e no “hype” em torno de sua entrada no mercado automotivo para conquistar os consumidores chineses.

O YU7 será mais barato que o Tesla Model Y na China. (Imagem: Divulgação/Xiaomi)

O sucesso do SU7, que vendeu mais de 100 mil unidades em poucos meses, elevou as expectativas em relação ao YU7. A Xiaomi espera que seu novo SUV elétrico repita o sucesso do sedã e se torne um dos líderes do segmento na China.

Com design arrojado, tecnologia de ponta, alta performance e preço competitivo, o YU7 tem tudo para se tornar um “pesadelo” para a Tesla no mercado chinês.

Leia mais:

Desafio direto à Tesla

O lançamento do YU7 ocorre em um momento crucial para a Tesla, que enfrenta desafios de vendas e queda no valor de suas ações. A China, um mercado fundamental para a marca americana, vê agora a chegada de um concorrente de peso.

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Robô minúsculo explora o ponto mais profundo dos oceanos

Cientistas da Universidade Beihang, na China, desenvolveram um pequeno robô para exploração das profundezas oceânicas. Em um feito inédito, o dispositivo foi testado com sucesso na Fossa das Marianas, a região mais profunda do oceano na Terra, localizada no Pacífico. Durante o experimento, o robô demonstrou a capacidade de nadar, rastejar e planar de forma autônoma a uma profundidade de 10.600 metros.

Além do robô, os pesquisadores também desenvolveram um gripador macio, que pode ser acoplado a um robô rígido. Esse mecanismo foi testado no Mar da China Meridional, onde foi enviado a 3.400 metros de profundidade para coletar pequenos organismos marinhos, como estrelas-do-mar e ouriços, diretamente do leito oceânico.

Ilustração da Fossa das Marianas, o local mais profundo dos oceanos (Imagem: Oliver Denker / Shutterstock.com)

Desafios da exploração das profundezas

  • Cerca de 70% da superfície terrestre é coberta pelos oceanos, mas apenas uma pequena fração dessas regiões foi explorada.
  • Isso se deve às condições extremas do fundo do mar, incluindo temperaturas extremamente baixas, escuridão permanente e uma pressão esmagadora.
  • Com os avanços tecnológicos, esses desafios estão sendo superados.
  • As atuais embarcações de exploração profunda, que geralmente contam com tripulação humana, podem interferir nos ecossistemas que pretendem estudar.
  • O novo robô da Universidade Beihang surge como uma alternativa que minimiza esse impacto.

Como funciona o robô subaquático

O diferencial do robô está em sua capacidade de alternar entre diferentes modos de locomoção. Ele conta com barbatanas traseiras para nadar, conjunto de pernas para rastejar e nadadeiras peitorais dobráveis que permitem planar. Esses elementos armazenam energia elástica em altas pressões, facilitando deslocamentos mais rápidos em grandes profundidades.

Quando o robô muda a posição de suas pernas, ele alterna automaticamente entre diferentes tipos de movimento. Esse mecanismo inovador permite que o dispositivo se adapte às condições do ambiente subaquático, promovendo uma exploração mais eficiente.

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Coleta em grandes profundezas com uma garra de metamaterial (Imagem: Fei Pan et al. / Science Robotics)

O futuro da exploração marinha

Nos últimos anos, robôs de exploração marinha ajudaram a revelar maravilhas inexploradas do oceano. Em 2024, por exemplo, o Instituto Schmidt para Oceanos registrou uma migração massiva de caranguejos, um verme marinho psicodélico brilhante e possíveis 60 novas espécies nas águas do Chile.

Com os resultados promissores dos testes realizados na Fossa das Marianas e no Mar da China Meridional, os cientistas da Universidade Beihang esperam que essas pequenas máquinas contribuam para ampliar o conhecimento sobre os ambientes de grande profundidade e a vida exótica que habita essas regiões ainda misteriosas.

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NASA flagra “rosto cansado” em Marte em foto do rover Perseverance

Ao custo de US$2,2 bilhões (mais de R$12 bilhões, na cotação atual), o rover Perseverance, projetado pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, chegou a Marte em 18 de fevereiro de 2021. Desde então, ele tem desempenhado um papel crucial na exploração do planeta, realizando descobertas científicas e coletando amostras de solo.

Enquanto trabalha, o carinhosamente apelidado de “Percy” tem registrado imagens bem interessantes da paisagem marciana, como uma rocha em formato de cobra, um eclipse solar e até destroços de seu próprio sistema de pouso.

Entre essas capturas, uma chamou a atenção da internet: uma formação rochosa que lembra um “rosto cansado”. A imagem foi escolhida como a “Imagem da Semana 189 (22 a 28 de setembro de 2024)” da missão, em uma votação pública.

Em poucas palavras:

  • O rover Perseverance fotografou uma rocha com formato de “rosto cansado” em Marte;
  • A imagem é um exemplo de pareidolia, fenômeno psicológico comum no ser humano;
  • Esse fenômeno foi fundamental na vida dos primeiros humanos;
  • O rover já fez quase 800 mil fotos e tem muitos outros objetivos pela frente.
A imagem da rocha que se assemelha a um rosto foi capturada em 27 de setembro de 2024. Crédito: NASA / JPL-Caltech / ASU

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O que nos faz enxergar coisas estranhas em Marte

Esse tipo de imagem, que nos faz ver rostos ou figuras em objetos aleatórios, é conhecido como pareidolia. Trata-se de um fenômeno psicológico que ocorre quando a mente humana reconhece padrões familiares – como rostos – em estímulos visuais variados. É algo natural e acontece, por exemplo, quando vemos figuras nas nuvens ou em sombras.

A pareidolia tem raízes na necessidade de sobrevivência do ser humano. Segundo o astrônomo Carl Sagan, a habilidade de identificar rapidamente ameaças no ambiente foi crucial para a evolução da espécie. Aqueles que conseguiam perceber um predador escondido entre os arbustos tinham mais chances de escapar, enquanto os que não reconheciam o perigo corriam risco de vida.

Pareidolia é o nome dado ao fenômeno que acontece quando a mente humana reconhece padrões familiares – como imagens de animais – em nuvens, por exemplo. Crédito: Sand Diana – Shutterstock

Missão do rover Perseverance continua a todo vapor

Desde a chegada a Marte, o rover Perseverance já registrou cerca de 800 mil imagens do planeta. Além das fotos, o equipamento coletou 27 amostras de rochas e solo marciano, sendo a primeira missão a criar um depósito de amostras fora da Terra. 

Outro feito importante foi a produção de oxigênio usando o instrumento MOXIE, uma inovação que pode ser crucial para futuras missões humanas.

Com mais de quatro anos de operação, a missão do Perseverance ainda está longe de acabar. Se comparado ao rover Curiosity, que está em Marte há mais de 12 anos, ele ainda tem muito mais para explorar e descobrir sobre o Planeta Vermelho.

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Feed do Threads vai mudar (para melhor) – veja as últimas novidades do app

O Threads anunciou uma mudança muito aguardada no aplicativo: agora, será possível tornar a aba “Seguindo” como o feed padrão, ao invés da aba “Para Você”. A atualização faz parte de uma série de novidades para tornar o app mais personalizável.

Entre elas (além das novas opções de feed), estão a restrição de interações para não seguidores e a possibilidade de adicionar até 10 tópicos à sua biografia.

Usuários poderão escolher quem interage com as publicações (Imagem: Meta/Reprodução)

Feed do Threads poderá ser personalizado

Antes, o feed padrão do Threads era a aba “Para Você”, que sugere publicações com base nos perfis que você segue. Com a atualização, será possível escolher qual feed você quer que apareça na tela inicial, incluindo a aba “Seguindo” (que mostra apenas publicações de perfis que você já segue).

A opção foi muito pedida por usuários do aplicativo e estava em testes desde o final do ano passado. Agora, ela está sendo implementada para todos os usuários.

Com isso, agora o feed padrão depende da escolha de cada pessoa. A configuração se mantém mesmo quando você fechar e reabrir a rede social, sem nenhum tipo de perda.

Leia mais:

Threads ganha botões para dar play e pausar vídeos (Imagem: Meta/Reprodução)

Meta está implementando personalizações

O Threads está ficando mais personalizável. A opção de escolher o feed padrão é apenas uma das novidades na rede social. Veja outras:

  • Agora, é possível gerenciar quem pode interagir com suas postagens, limitando respostas, citações e compartilhamento apenas aos seus seguidores;
  • A Meta também está testando um recurso para adicionar até 10 tópicos de interesse à sua biografia. De acordo com a big tech, publicações com tópicos (uma espécie de tag de temas, que ajuda os usuários a categorizarem seu conteúdo) recebem mais visualizações, ajudando a engajar mais pessoas;
  • Outra mudança é no player de vídeo, que passa a ter botões de pausar, reproduzir e pular.

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Com a inflação, quanto custaria um Fiat Uno 2010 hoje?

Em 2010, a Fiat lançou a segunda geração do Uno, um modelo que representou uma grande evolução em relação ao clássico Mille. Com um design mais moderno, arredondado e uma plataforma completamente nova, o “Novo” Uno conquistou o público e se tornou um sucesso de vendas.

Mas, com a alta da inflação nos últimos anos, quanto custaria o mesmo modelo 0 km em 2025? Para responder a essa pergunta, o Olhar Digital realizou uma simulação utilizando a calculadora de correção monetária do Banco Central.

Quanto custaria um Fiat Uno 2010 hoje?

Para calcular o valor atualizado desse modelo, é preciso considerar o preço médio das versões do “Novo” Uno 2010 e aplicar os índices de correção monetária, como o IPCA (Índice de preços ao consumidor).

Os preços do “Novo” Fiat Uno em 2010 variavam consideravelmente, dependendo da versão e opcionais. As versões de entrada, como a Attractive 1.0, tinham preços que começavam em torno de R$ 28.000.

A Vivace 1.0, lançada mais tarde com carroceria de duas portas, era a mais barata, vendida por R$ 25.550, enquanto versões mais equipadas, como a Way 1.4, podiam ultrapassar os R$ 30 mil.

Ao aplicar a correção monetária utilizando o IPCA, estima-se que o “Novo” Uno mais básico custaria hoje mais de R$ 76 mil (R$ 76.651,07). Na prática, o mesmo carro custaria cerca de 3 vezes mais caro em 2025.

“Novo” Uno se destacou no mercado por sua robustez e confiabilidade, contribuindo para sua valorização no mercado de usados. (Imagem: Divulgação/Fiat)

No entanto, é fundamental destacar que esses valores são apenas uma referência. O preço real de um “Novo” Uno 2010 no mercado de usados, por exemplo, é influenciado por outros fatores, tais como a versão e opcionais, bem como o estado de conservação.

Ainda assim, a simulação oferece uma dimensão do impacto da inflação no preço dos automóveis, e nos faz questionar como o poder de compra do brasileiro diminuiu ao longo dos anos.

Para obter informações mais precisas sobre o valor atualizado, recomenda-se consultar a tabela FIPE e realizar pesquisas em sites de classificados online e concessionárias de usados.

Como era o Novo Fiat Uno 2010?

O “Novo” Fiat Uno lançado em 2010 representou uma mudança radical em relação ao seu antecessor, o Uno Mille. Ele trouxe um design inovador e uma nova plataforma, marcando uma nova fase para o famoso compacto da Fiat.

O design do “Novo” Uno era mais arredondado e moderno, com linhas suaves e um visual jovial. Isso o diferenciava completamente do design mais quadrado do Uno Mille. (Imagem: Divulgação/Fiat)

O hatch oferecia uma ampla gama de opções de personalização, foi construído sobre uma nova plataforma, que proporcionava maior rigidez estrutural e segurança, e contava com opções de motores 1.0 e 1.4, ambos flex, com bom desempenho e economia de combustível.

O Uno 2010 oferecia diversos opcionais, como ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas, e sistema de som. (Imagem: Divulgação/Fiat)

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Em 2011, o modelo alcançou números de vendas expressivos, com mais de 270 mil unidades emplacadas. Esses dados nos dão uma boa referência de como o veículo caiu nas graças dos brasileiros.

Por que os carros ficaram tão caros no Brasil?

O Uno, que já foi um dos carros mais acessíveis do Brasil, também viu seus preços dispararem nos últimos anos de produção. A última versão foi lançada no Brasil em 2021. Em geral, os preços variavam entre R$ 60.990 a R$ 84.990.

O Fiat Uno saiu de linha em 2021. A versão menos cara do época era a Way 1.3 Firefly Flex, vendida por R$ 60.990. (Imagem: Divulgação/Fiat)

Essa mudança foi resultado de uma combinação de fatores:

  • A alta generalizada dos preços no Brasil, especialmente nos últimos anos, impactou diretamente o setor automotivo.
  • Os custos de produção, como matérias-primas e componentes, aumentaram, e as montadoras repassaram esses aumentos para o consumidor final.
  • A moeda brasileira também perdeu valor frente ao dólar, o que encareceu os produtos importados utilizados na produção de veículos.
  • Os consumidores brasileiros passaram a buscar carros com mais tecnologia, segurança e conforto, o que aumentou os custos de produção.
  • As montadoras, para atender essa demanda, passaram a oferecer mais opcionais e versões mais completas, o que elevou os preços dos veículos.
  • As novas exigências de segurança, como airbags e freios ABS obrigatórios, encareceram os carros.
  • Além disso, as normas de emissões de poluentes também exigem investimentos em tecnologia, elevando os custos de produção.
  • Os impostos sobre veículos no Brasil são altos, o que também contribui para o aumento dos preços.

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Lado oculto da Lua já foi um oceano de magma, revela China

Pesquisadores analisaram amostras coletadas pela missão chinesa Chang’e 6 e revelaram informações importantes sobre a história da Lua. O satélite natural da Terra pode ter sido coberto por um oceano de magma durante sua formação.

A missão, lançada em maio de 2024, pousou no Polo Sul lunar, na região conhecida como lado oculto da Lua. Ela retornou com cerca de 2 quilos de amostras inéditas para estudos.

Cientistas da Academia de Ciências Geológicas da China receberam parte desse material e publicaram um artigo sobre a formação lunar e seu período de oceano magmático. Essa parcela da história durou por dezenas a centenas de milhões de anos até que o astro esfriasse.

O grupo estudou fragmentos de basalto de 2,8 bilhões de anos que indicam a presença de lava. Com isso, descobriram que essas rochas são similares em composição aos basaltos de baixo teor de titânio coletados anteriormente pelas missões Apollo, da NASA, no lado próximo da Lua.

Imagem tirada com a câmera panorâmica do módulo de pouso da sonda Chang’e-6 divulgada pela Administração Espacial Nacional da China (CNSA).(Imagem: CNSA)

Um modelo incompleto sobre a formação da Lua

Anteriormente, havia um modelo de oceano de magma com base em amostras do lado próximo lunar. Essa representação propõe que a Lua recém-nascida passou por um evento de derretimento global.

Após o esfriamento, essa lava se cristalizou e minerais mais densos flutuaram para a superfície, formando a crosta lunar. Enquanto isso, minerais mais densos afundaram e estruturam o manto.

O derretimento restante, enriquecido com elementos incompatíveis, formou uma camada chamada de KREEP. O nome deriva das iniciais de seus principais elementos, o potássio (K), terras raras (REE) e fósforo (P).

“Nossa análise mostrou que a camada KREEP também existe no lado distante da lua. A similaridade na composição de basalto entre os lados distante e próximo indica que um oceano global de magma pode ter abrangido a lua inteira”, disse Che Xiaochao, pesquisador associado do instituto, em um comunicado.

Ilustração do Polo Sul-Aitken da Lua feita com dados da sonda JAXA's Kaguya
Ilustração do Polo Sul-Aitken da Lua feita com dados da sonda JAXA’s Kaguya.
(Imagem: Ittiz / Wikimedia Commons)

No entanto, durante décadas, o modelo esteve incompleto. “Sem amostras do outro lado, era como resolver um quebra-cabeça com metade das peças faltando”, disse Liu Dunyi, pesquisador sênior do instituto.

Os materiais recolhidos pelas missões Apollo e os da Chang’e 6 se diferenciam em relação à quantidade de isótopos de urânio e chumbo. Para explicar isso, os cientistas propõem que o impacto gigantesco que formou a bacia do Polo Sul-Aitken na Lua, com aproximadamente 2,5 mil quilômetros de largura, há cerca de 4,2 bilhões de anos, modificou as propriedades químicas e físicas do manto nessa região.

“Em outras palavras, a Lua já foi coberta por um oceano global de magma, mas bombardeios posteriores de asteroides causaram diferentes processos de evolução nos lados próximo e distante”, explicou o pesquisador Long Tao.

Missões Chang’e expandem pesquisa lunar

A Chang’e 6 foi a segunda missão chinesa a trazer material lunar para a Terra. Sua antecessora, Chang’e 5 recolheu fragmentos do lado próximo da Lua em 2020.

Atualmente, o programa espacial já está na Chang’e 7 e a agência chinesa pretende lançar a sonda Chang’e 8 por volta de 2028. Seu objetivo é realizar experimentos sobre a utilização dos recursos lunares.

Até 2035, espera-se que Chang’e 7 e Chang’e 8 constituam juntas o modelo básico da Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS). Ela será um centro para engenheiros, um laboratório para cientistas e um espaço de desenvolvimento para talentos internacionais que pesquisam o espaço profundo, segundo define a agência espacial.

Pesquisas futuras podem trazer melhor compreensão para a origem e formação lunar e muito além disso. “Estudar o histórico de impacto da Lua nos ajuda a entender o passado da Terra, que foi obscurecido por atividades tectônicas”, conclui Long.

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