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Aço do futuro alia sustentabilidade e economia

Um estudo publicado esta semana na revista ACS Energy Letters apresenta um avanço promissor rumo a uma indústria siderúrgica mais limpa. A pesquisa propõe uma nova forma de produzir ferro – principal componente do aço – sem depender de carvão ou altas temperaturas, dois grandes vilões das emissões globais de carbono.

Em poucas palavras:

  • Cientistas desenvolveram um novo método para produzir ferro sem usar carvão nem altas temperaturas;
  • A técnica usa eletricidade para extrair ferro do minério, reduzindo emissões e operando de forma mais limpa;
  • No laboratório, o processo funcionou bem com materiais puros, mas os minérios naturais são mais complexos;
  • Para entender esse impacto, os pesquisadores testaram partículas com diferentes estruturas internas;
  • As partículas porosas permitiram uma produção mais rápida e eficiente do que as densas;
  • Com essa velocidade, o processo pode competir com o modelo tradicional e ajudar a tornar a siderurgia mais limpa.

Parte essencial da vida moderna, o aço hoje está em construções, carros, eletrodomésticos, pontes e maquinários. No entanto, seu processo de fabricação, baseado em altos-fornos alimentados por carvão, torna a siderurgia uma das indústrias mais poluentes do mundo. A produção de ferro, etapa inicial dessa cadeia, é responsável por grande parte dessas emissões.

Presente em quase tudo ao nosso redor, o aço se tornou indispensável no cotidiano moderno – de edifícios e veículos a eletrodomésticos, pontes e equipamentos industriais. Crédito: Giulio_Fornasar – Shutterstock

Processo usa eletricidade na produção do aço ecológico

Com a demanda por aço crescendo no mundo inteiro, cientistas buscam alternativas que mantenham a produtividade sem comprometer o meio ambiente. Nesse cenário, pesquisadores da Universidade de Oregon (OSU), nos EUA, apostam na eletroquímica como solução.

Liderada pelo químico Paul Kempler, a equipe desenvolveu um processo que usa eletricidade para extrair ferro do óxido de ferro, um tipo comum de minério. Esse método opera em temperaturas mais baixas e sem o uso de combustíveis fósseis. Além disso, gera cloro como subproduto – uma substância valiosa para outras aplicações industriais.

No laboratório, a técnica funcionou bem com materiais puros. Mas os minérios naturais são mais complexos, com variações de forma, composição e estrutura. Para levar a ideia do laboratório à indústria, era preciso entender como esses fatores interferem na eficiência do processo eletroquímico.

Foi isso que os pesquisadores se propuseram a investigar. Eles criaram partículas de óxido de ferro com composições semelhantes, mas com arquiteturas internas diferentes (algumas porosas, outras densas) e testaram seu desempenho na produção de ferro.

O resultado foi claro: porosidade faz diferença. As partículas porosas permitiram uma produção de ferro mais rápida e eficiente. Isso ocorre porque elas têm uma maior área de superfície interna, o que facilita as reações químicas envolvidas no processo eletroquímico.

Já as partículas densas limitaram a quantidade de ferro produzida e tornaram o processo mais lento. “Com as partículas realmente porosas, conseguimos fazer ferro rapidamente em uma pequena área”, explicou Andrew Goldman, coautor do estudo, em um comunicado. “As densas não conseguem atingir a mesma velocidade”.

É a forma e a porosidade, não o tamanho, das partículas de óxido metálico que importam para a eficiência na fabricação eletroquímica de ferro. Crédito: Paul A. Kempler et. al. / ACS Energy Letters

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Eficiência na fabricação reduz custos

Essa velocidade de produção é um fator decisivo para viabilizar a tecnologia em escala industrial. Grandes usinas eletroquímicas são caras de construir, e sua rentabilidade depende da rapidez com que produzem materiais. Se o ferro puder ser fabricado de forma ágil e constante, o investimento se paga mais rapidamente.

Usando as partículas porosas, a equipe estima que o ferro pode ser produzido por menos de US$600 (em torno de R$3,5 mil) por tonelada métrica – um valor comparável ao do processo tradicional, que usa carvão. Isso mostra que a eletroquímica pode ser competitiva não só ambientalmente, mas também economicamente.

Além disso, melhorias futuras podem reduzir ainda mais os custos. A equipe pretende aperfeiçoar o design dos eletrodos e explorar novos materiais porosos como matéria-prima. O objetivo é aumentar a eficiência, diminuir o consumo de energia e ampliar a escala do processo.

Para acelerar essa transição, os pesquisadores firmaram parcerias com engenheiros civis da OSU e com uma empresa especializada em fabricação de eletrodos. Essas colaborações visam transformar a ideia experimental em uma tecnologia comercial viável.

Para Goldman, a pesquisa mostra que é possível conciliar produção industrial e responsabilidade ambiental. “Ainda temos muito a resolver, claro. Mas este trabalho serve como ponto de partida para repensar como soluções industriais podem ser mais sustentáveis”.

Se bem-sucedido, o método pode inaugurar uma nova era para a siderurgia – menos dependente do carvão, mais alinhada às metas climáticas e com menor impacto ambiental. Em um setor historicamente difícil de descarbonizar, esse avanço oferece uma nova perspectiva para um futuro mais limpo.

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As 10 tecnologias que vão abalar 2025, segundo o MIT

O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) revelou a lista anual de 10 tecnologias inovadoras para 2025. O ranking já tinha sido divulgado no início do ano, mas voltou a chamar atenção durante o SXSW, festival de tecnologia, música, inovação e cultura realizado anualmente em março em Austin, Texas, nos Estados Unidos.

O ranking é elaborado por pesquisadores do MIT a partir de relatórios, conversas com especialistas e acompanhamento de avanços tecnológicos. A instituição foi considerada a melhor universidade do mundo nos últimos 13 anos pelo QS World University Rankings — então, se ela dita tendência, o mundo ouve.

Os fatores principais considerados para definir as tecnologias emergentes são: significância de longo prazo e potencial para se tornarem realidades comerciais, segundo o site Above The Law.

Waymo lidera transformação de robotáxis no mundo (Imagem: :Eli Wilson/iStock)

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10 tecnologias para ficar de olho em 2025

Observatório Vera C. Rubin: Sediado no Chile, o observatório vai conduzir uma pesquisa de dez anos do céu noturno, criando o mapa digital mais detalhado de todos os tempos, explorando galáxias e buracos negros;

Busca de IA generativa: Talvez o item mais óbvio da lista, mas que reforça a grande mudança na forma como navegamos na internet, com novo estilo de conversação e respostas mais diretas;

Pequenos modelos de linguagem: Sistemas que exigem significativamente menos dados e poder de computação do que os LLMs, tornando tarefas específicas mais eficientes e adaptáveis;

Arrotos de gado: Cientistas estão desenvolvendo suplementos para reduzir a produção de metano a partir dos arrotos de gado, um dos maiores desafios ambientais agrícolas;

Robotáxis: O advento de serviços de IA vai impulsionar cada vez mais a coleta de informações para tornar os táxis autônomos uma realidade em escala global;

Combustível de aviação mais limpo: Novos combustíveis feitos de óleo de cozinha usado, resíduos industriais ou até mesmo gases no ar podem ajudar a alimentar aviões sem combustíveis fósseis;

Startup Stegra constrói primeira usina industrial de aço verde na Suécia (Imagem: Stegra/Divulgação)

Robôs de Aprendizado Rápido: Graças ao boom da IA ​​generativa de hoje, os robôs estão aprendendo novas tarefas mais rápido do que nunca. Estamos nos aproximando de robôs de propósito geral que podem lidar com uma variedade de tarefas em nosso nome;

Medicamentos de prevenção do HIV de ação prolongada: Um novo medicamento de prevenção do HIV ainda em teste descobriu que 100% das mulheres e meninas tratadas estavam protegidas de adquirir infecções pelo HIV. E ele só precisa ser injetado uma vez a cada seis meses;

Green Steel Technologies: A produção de aço é uma das maiores fontes industriais de dióxido de carbono. A primeira usina industrial de aço verde, que usa hidrogênio feito com energia renovável, está sendo construída no norte da Suécia;

Terapias-tronco cultivadas em laboratório: Transplantes experimentais de células feitas em laboratório parecem estar ajudando a tratar duas condições muito diferentes — epilepsia e diabetes tipo 1.

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