A atividade humana tem extinguido diversos recursos vitais para a nossa sobrevivência no planeta. Um cenário que pode ser verificado também no solo, o que pode representar uma grave ameaça para o futuro das sociedades.
De acordo com um novo estudo, até 1,4 bilhão de pessoas vivem em áreas com solo perigosamente poluído por metais pesados como arsênico, cádmio, cobalto, cromo, cobre, níquel e chumbo. Isso representa cerca de 17% de todas as terras agrícolas do planeta.
Metais reduzem o rendimento das colheitas
Os pesquisadores explicam que a poluição por metais pesados no solo é causada tanto por fontes naturais como pela atividade humana.
Ela representa riscos significativos para os ecossistemas e para a nossa saúde.
Esses poluentes reduzem o rendimento das colheitas, afetam a biodiversidade e comprometem a qualidade da água, bem como a segurança alimentar por meio da bioacumulação em animais de fazenda.
Embora estudos anteriores tenham mostrado que a poluição por metais tóxicos está espalhada pelo mundo, sua distribuição ainda era incerta.
Agora, no entanto, um novo trabalho publicado na revista Science revelou o tamanho do problema.
Cerca de 17% de todas as terras agrícolas do planeta podem estar ameaçadas (Imagem; Fotokostic/Shutterstock)
Na nova pesquisa, os cientistas utilizaram 1.493 estudos regionais abrangendo 796.084 amostras de solo. O objetivo era avaliar a distribuição global de metais tóxicos em solos agrícolas e identificar onde as concentrações excedem os limites de segurança.
Usando abordagens de aprendizado de máquina e modelagem, eles estimam que até 17% das terras agrícolas globais – cerca de 242 milhões de hectares – estão contaminadas por pelo menos um metal tóxico.
O cádmio foi o mais encontrado, especialmente no sul e leste da Ásia, partes do Oriente Médio e África.
Solos podem estar comprometidos (Imagem: 24Novembers/Shutterstock)
Níquel, cromo, arsênico e cobalto também excederam os limites em várias regiões, em grande parte devido a uma mistura de fontes geológicas naturais e atividades humanas, como mineração e industrialização. Por conta disso, a equipe fez um apelo para que as autoridades adotem medidas imediatas para proteger os solos.
Em 2017, um grupo de cientistas apontou que as populações de insetos diminuíram 75% em menos de 30 anos. Com a revelação, uma série de outros estudos surgiram para tentar compreender o motivo por trás desse sumiço – e, se você pensou na agricultura, está parcialmente correto. A verdade é que o problema tem muitas outras raízes.
Entenda:
Um novo estudo reuniu mais de 3 mil razões por trás do desaparecimento em massa de insetos;
Os autores analisaram uma série de artigos científicos sobre o assunto e criaram uma lista interconectada de motivos relacionados ao problema;
Em primeiro lugar – e não exatamente um choque – ficou a agricultura;
Fatores como a expansão urbana, variáveis relacionadas ao habitat e perturbações humanas também foram citados.
Insetos estão sumindo rapidamente, alertam cientistas. (Imagem: Davide Bonora/Shutterstock)
Ainda que a agricultura seja apontada como a principal causadora do rápido desaparecimento dos insetos, cientistas sugeriram, ao longo dos anos, uma série de outros fatores.
E, agora, pesquisadores da Universidade de Binghamton e da Universidade Estadual de Nova York organizaram uma lista com mais de 3 mil deles.
Agricultura é a principal causa do desaparecimento de insetos
Em um estudo publicado hoje na BioScience, os autores analisaram mais de 175 artigos científicos com mais de 500 hipóteses acerca do declínio em massa dos insetos. Com base nesses dados, a equipe criou uma rede com mais de 3 mil possíveis razões interconectadas – que incluem desde a já citada agricultura (líder em número de menções) até a expansão urbana, variáveis relacionadas ao habitat e perturbações humanas.
“A ideia era extrair o que as pessoas chamam de ‘caminhos causais’. Por exemplo, a agricultura leva à poluição, que leva ao declínio da população de insetos. Então, construímos uma rede gigante a partir deles para ver quais ideias estão mais frequentemente conectadas entre si e quais estressores são mais frequentemente vistos como as causas raízes”, diz Christopher Halsch, autor principal do estudo, em comunicado.
Insetos estão sumindo por causa da agricultura – e por mais de 3 mil outros motivos. (Imagem: Vitaliy Andreev/Shutterstock)
Ações de conservação devem visar diferentes grupos de insetos
A equipe também destaca que, geralmente, estudos sobre o desaparecimento dos insetos são focados em comunidades mais “populares”, como borboletas e abelhas, essenciais para a polinização. Isso faz com que a busca por ações de conservação se limite a uma minoria, enquanto outros grupos permanecem, de certa forma, negligenciados.
“Um dos pontos importantes que tentamos destacar no artigo é que ações de conservação excessivamente tendenciosas em relação a certos insetos ou certos estressores provavelmente serão negativas para muitos outros insetos. Se nos concentrarmos demais em abelhas e borboletas e sua conservação, deixaremos de lado muitas outras espécies, a maioria delas, na verdade”, alerta Halsch.
O estado do Piauí vive um período de chuvas atípico, com 129 municípios em situação de emergência. Em 40 deles, o problema é considerado mais grave, segundo a Secretaria Estadual de Defesa Civil.
É que choveu, em média, 50% abaixo do esperado para os meses de dezembro a março, impactando a produção agrícola e pecuária. O cenário é observado tanto na faixa do Cerrado quanto na faixa sertaneja do estado.
“Como a estação chuvosa foi bastante irregular, tanto na distribuição das chuvas quanto no aspecto temporal, que foram as interrupções, isso construiu uma lógica em que muitos produtores que plantaram acreditando na constância da chuva apresentam sucessivas perdas”, explica Werton Costa, diretor de Adaptação e Mitigação da Defesa Civil.
“As primeiras perdas foram no extremo sul, que ocorreram entre novembro e dezembro. A segunda perda foi entre janeiro e fevereiro e, com a continuidade do processo de estiagem em março, esse quadro se agravou mais com repercussão não só na agricultura, mas também na perda de pasto”, acrescenta.
Mapa mostra distribuição irregular da chuva e área de seca (Imagem: Governo do Piauí/Reprodução)
A irregularidade das chuvas provocou um fenômeno conhecido como “seca verde”: a vegetação nativa permanece verde, mas não o suficiente para sustentar a lavoura e o pasto. O problema impacta diretamente as safras de milho, mandioca e feijão.
“A vegetação nativa permaneceu verdejante, criando o fenômeno que nós chamamos de seca verde, ampliando ainda mais o caráter dramático do cenário.
É um verdor que não se materializa na forma de produção de gêneros alimentícios”, afirma Werton Costa.
Outro fator preocupante é a redução do volume de água em riachos e barreiros, mesmo durante o período chuvoso. Isso se dá em dois contextos, segundo o governo:
Irregularidade temporal: quando há longos períodos de estiagem entre uma precipitação e outra;
Irregularidade espacial: quando as chuvas são desiguais dentro de um mesmo município, deixando algumas áreas severamente afetadas.
Faz oito anos que o Piauí não enfrenta uma estiagem tão severa em plena estação das chuvas, de acordo com o Monitor de Secas. O problema se estende por outros 415 municípios da região Nordeste: em oito, o abastecimento de água foi paralisado, segundo reportagem da TV Globo.
Equipe realiza expedição para contabilizar perdas agrícolas (Imagem: Governo do Piauí/Reprodução)
Medidas contra a seca
A Secretaria da Defesa Civil do Piauí iniciou um novo processo de licitação para contratação de carros-pipa para tentar garantir o abastecimento de água em localidades onde a estiagem é mais preocupante.
“Infelizmente, nem sempre temos água acumulada e guardada. O carro-pipa é uma ajuda muito grande, precisamos demais desse recurso. É água para gente, para os animais e para viver”, disse Aldenir Rodrigues, moradora de São Francisco de Assis do Piauí, um dos municípios que estão em emergência.
Além disso, o governo tem perfurado poços, implantado redes de distribuição de água e recuperado barragens e barreiros em comunidades rurais. Uma das estruturas em construção é a Adutora de Jaicós, que vai atender mais de 20 mil pessoas.
A pesquisa sobre agricultura inteligente, que utiliza tecnologia para ajudar os agricultores a enfrentar desafios como doenças, seca e sustentabilidade, tem avançado com o uso de aprendizado de máquina (ML) e sensoriamento remoto.
Yi-Chia Chang, doutorando na Universidade de Illinois, desenvolveu uma abordagem para melhorar o mapeamento de plantações usando imagens de satélite. Esse mapeamento é essencial para monitorar o crescimento de plantações, prever rendimentos e auxiliar na segurança alimentar global.
Chang e sua equipe testaram modelos de aprendizado de máquina para identificar tipos de plantações em diferentes regiões, comparando o desempenho de modelos treinados com dados de satélite (como o Sentinel-2) com modelos treinados em dados gerais, como o ImageNet.
Os resultados mostraram que modelos treinados em imagens específicas de satélite têm melhor desempenho em mapeamento de plantações.
Além disso, treinar modelos com dados fora da distribuição geográfica pode melhorar o desempenho, mesmo quando os dados são escassos.
Melhoria no mapeamento das plantações pode promover segurança alimentar global – Imagem: Soru Epotok/Shutterstock
Esse estudo é parte do esforço maior do grupo PROFYLE, com o objetivo de criar soluções mais precisas para a agricultura inteligente.
Chang também destaca como o uso de recursos de computação de alto desempenho (HPC) e armazenamento adequado foi crucial para o sucesso da pesquisa. Ele espera expandir esses métodos para aplicações mais amplas, como previsão de rendimento e segurança alimentar.
O trabalho de Chang foi desenvolvido utilizando o Delta, um recurso computacional avançado, que proporcionou o poder de processamento necessário para analisar grandes quantidades de dados.
Uso de imagens de satélite pode representar um importante avanço tecnológico no agro (Imagem: Igor Borisenko/iStock)
Elon Musk pretendia modernizar a administração pública estadunidense, mas suas medidas drásticas de corte orçamentário, especialmente no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, desencadearam cenário de caos ecológico.
Escargots gigantes, besourosasiáticos e outras espécies invasoras, agora, ameaçam o equilíbrio dos ecossistemas e a economia do país, segundo o Jeux Video.
Decisões tomadas pelo DOGE ameaçam equilíbrio ecológico do país (Imagem: hyotographics/Shutterstock)
Recentemente, Musk enaltecia a eficácia do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), onde os funcionários, supostamente, trabalham 120 horas semanais.
Essa intensidade extrema, embora tenha permitido cortes orçamentários significativos, também provocou uma série de falhas críticas, como a divulgação acidental de informações confidenciais e a demissão seguida de uma contratação emergencial de especialistas em segurança nuclear.
No entanto, o recorte mais impactante ocorreu no DOGE, onde, em fevereiro, seis mil funcionários foram dispensados – entre eles, numerosos especialistas: inspetores, biólogos e até adestradores de cães treinados para detectar pragas.
Essa decisão provocou verdadeiro terremoto na segurança alimentar e na proteção do setor agrícola estadunidense.
Sistema de Musk está em colapso?
As equipes responsáveis pela proteção e quarentena de plantas sofreram grandes perdas;
Centenas de inspetores foram demitidos, o que reduziu, drasticamente, o controle sobre as importações agrícolas;
Nos portos de Los Angeles e Miami – pontos de entrada cruciais para produtos importados – o contingente de funcionários de quarentena caiu 35%, enquanto a equipe de detecção de contrabando foi reduzida em 60%;
O resultado foi o caos nas inspeções: os prazos de liberação de mercadorias aumentaram, causando desperdício de alimentos perecíveis e potencial disparada nos preços dos produtos nos supermercados.
Derek Copeland, ex-treinador do National Dog Detection Training Center, alerta que a diminuição das equipes pode comprometer a capacidade do país de identificar ameaças biológicas, como o caracol africano gigante e o besouro asiático com chifres longos. Segundo ele, a instalação dessas espécies pode dizimar plantações e desequilibrar os ecossistemas locais, gerando prejuízos econômicos incalculáveis.
Mike Lahar, especialista em regulamentação aduaneira, complementa: “Uma única falha na detecção de uma praga pode aniquilar plantações inteiras, afetando toda a cadeia de abastecimento alimentar.”
Os contêineres que não passam pela inspeção se acumulam, bloqueando tanto alimentos quanto outros bens essenciais, agravando a situação para consumidores e empresas.
Enquanto a administração defende os cortes como busca por maior eficiência, a realidade aponta para cenário desastroso.
Alguns senadores republicanos, antes favoráveis ao programa de detecção canina, permanecem em silêncio, e dois juízes federais já determinaram a reintegração de alguns funcionários, decisão que a Casa Branca classificou como “absurda e inconstitucional”.
O DOGE anunciou suspensão de 45 dias nas demissões, mas sem garantir a recontratação dos afetados. Em meio a essa instabilidade, cresce o temor de que uma crise semelhante à pandêmica se instale, comprometendo o abastecimento e elevando os preços dos alimentos.
Joe Hudicka, veterano na cadeia de suprimentos, prevê escassez de determinados produtos, enquanto Kit Johnson, especialista em conformidade comercial, adverte para possível “catástrofe agrícola” se as inspeções não retornarem aos níveis necessários.
Duas hipóteses circulam para explicar esse fiasco administrativo, conforme apontado pela Wired. A primeira sugere que o DOGE nunca teve a intenção de aprimorar a eficiência governamental, mas, sim, de desmantelar agências para facilitar a privatização e o acesso a dados sensíveis.
O caos e a redução das regulamentações abririam caminho para que empresas privadas assumissem setores estratégicos, como defesa, agricultura e segurança.
A segunda hipótese defende que Musk e sua equipe acreditam genuinamente na missão proposta, mas carecem das habilidades necessárias para administrar um aparato estatal.
Essa postura, típica da “arrogância” do Vale do Silício, parte do princípio de que dominar softwares é o suficiente para gerir as complexidades do governo.
Caos e redução das regulamentações abririam caminho para que empresas privadas assumissem setores estratégicos, como defesa, agricultura e segurança dos EUA (Imagem: photosince/Shutterstock)
Consequências para os EUA e possíveis repercussões globais
Independentemente da causa, as implicações dessa política podem ser devastadoras, tanto do ponto de vista econômico quanto geopolítico.
A demissão de milhares de funcionários elevou o desemprego e desestabilizou setores cruciais. A segurança alimentar e a proteção da agricultura estão seriamente comprometidas, num momento em que a cadeia de abastecimento já enfrenta desafios com a gripe aviária e tensões comerciais com a China.
Se essa situação não for rapidamente revertida, os Estados Unidos poderão enfrentar crise agrícola sem precedentes, com efeitos que se estenderão para além de suas fronteiras.
A experiência de Elon Musk com a administração pública, marcada por cortes abruptos e falhas operacionais, pode representar alto custo para toda a nação.
Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (14) – que você confere aqui – falou sobre como será a participação do Brasil no Programa Artemis, da NASA, que vai levar a humanidade de volta à Lua.
Uma parceira entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Agência Espacial Brasileira (AEB) está desenvolvendo métodos para a agricultura lunar, que pode transformar o Brasil no “celeiro do espaço”.
A edição mais recente do Olhar Espacial contou com a presença da astrobióloga Rebeca Gonçalves. Em entrevista ao apresentador Marcelo Zurita, a pesquisadora falou sobre a função do Brasil no desenvolvimento de uma base na Lua e os desafios que os cientistas têm enfrentado para plantar alimentos em solo lunar, que vçao desde a falta de nutrientes até a diferença de gravidade.
Em 1969, a humanidade levou os primeiros homens para a Lua com a missão Apollo. Agora, com planos para o primeiro lançamento tripulado em 2026, a missão Artemis 3 pretende enviar a primeira mulher e o primeiro homem negro até a superfície lunar.
Para realizar esse feito cientifico e tecnológico, foi necessário um acordo internacional mediado pela NASA. Até o momento, pesquisadores e líderes de 53 países assinaram o documento para definir quais serão os deveres e direitos das nações na conquista da Lua, além de estabelecerem suas funções no desenvolvimento da base lunar.
Marcelo Zurita entrevista Rebeca Gonçalves no Olhar Espacial da última sexta-feira 14/03 (Imagem: Olhar Digital)
Brasil quer ser “celeiro do espaço”
O Brasil escolheu focar na elaboração de uma agricultura espacial, com o fim de assegurar a segurança alimentar dos astronautas. Para isso, a Embrapa e a AEB fizeram uma parceria chamada Space Farming Brazil, que reúne cientistas nacionais para realizar o projeto, sendo Rebeca uma das participantes.
Segundo a pesquisadora, a equipe está começando do zero. O sistema agrícola que funcionará em solo lunar precisa ser autossuficiente e sustentável, além de seguir os seguintes requisitos:
Resistência a radiação
Alta produtividade em pouco tempo
Ter plantas compactas
As espécies têm que compor uma dieta completa
Um aspecto que o grupo cientifico terá que levar em conta é a função cultural da comida. “É importante que essa comida seja muito bem aceita culturalmente pelos astronautas”, disse Rebeca.
A nação brasileira já é considerada o “celeiro do mundo”, agora irá expandir para o espaço (Imagem: Orest lyzhechka/Shutterstock)
A proteína na dieta lunar terá que ser inicialmente vegetal. Depois, peixes poderão ser introduzidos por meio da técnica da aquaponia, em que convivem com as plantas produzindo nutrientes e tendo sua água filtrada pelos vegetais.
Outra opção, conforme destacou Rebeca, é a produção de proteínas em laboratório. De acordo com a astrobióloga, há a possibilidade de que elas sejam feitas por impressora 3D ou cultura celular.
Será preciso a adaptação do solo lunar. Após uma primeira geração de plantas cultivadas com fertilizantes terrestres, a ideia é regenerar o regolito por meio da adição dos restos orgânicos ao solo, que ficará cada vez mais fértil e nutritivo com o passar do tempo.
Levar alimentos seria inviável financeiramente. “Hoje, para levar um quilo de qualquer coisa para a Lua, custa um milhão de dólares”, diz a pesquisadora.
Exploração espacial beneficia a economia
Zurita e Rebeca esclareceram que os investimentos na indústria e pesquisas espaciais têm retornos para a população terrestre. “Todo investimento em tecnologia espacial precisa ter um retorno para o cidadão, para os moradores da Terra”, explicou o apresentador.
Segundo a convidada, cada um dólar investido no programa Apollo fazia sete dólares serem injetados na economia por meio de novas tecnologias. Atualmente, cada um dólar aplicado na exploração do espaço gera o retorno de quarenta dólares no mundo econômico por meio de novidades cientificas.
A iniciativa privada tem se destacado no mercado espacial em uma nova tendência chamada New Space. “Hoje nós temos mais de 10 mil start-ups que já fazem parte da malha econômica do setor espacial”, disse Rebeca.
Simuladores ajudam nas pesquisas
Os estudos e experimentos para a plantação em solo lunar acontece em simuladores feitos na Terra. A NASA utiliza o material coletado pelos rovers na Lua e em Marte para desenvolver compostos terrosos similares ao terreno desses outros astros.
Pesquisadores do mundo todo utilizam essa tecnologia para realizar experimentos com foco em agricultura espacial. “O simulador de regolito lunar e marciano é uma réplica quase perfeita, cerca de 99% similar”, explica a astrobióloga.
Pegada de Aldrin na superfície da Lua foi parte de um experimento sobre as propriedades do regolito lunar (Imagem: NASA)
Gravidade lunar será desafiadora?
A gravidade na Lua é equivalente a um sexto (em torno de 16,7%) da terrestre. Essa diferença pode parecer um obstáculo ao crescimento das plantas em solo lunar, mas os vegetais cultivados no espaço já enfrentaram ambientes mais complicados.
Na Estação Espacial internacional, em gravidade zero, nós já conseguimos cultivar mais de 20 espécies de plantas.
Rebeca Gonçalves, astrobióloga do projeto Space Farming Brasil
Os astronautas comeram os alimentos que cresceram na ISS. Eles são seguros e não causaram mal aos seus consumidores. Segundo a astrobióloga, os vegetais não terão tantos problemas com a força gravitacional da Lua.
Para o futuro, a nação brasileira tem capacidade de ser referência na agricultura espacial, assim como é na Terra. “O Brasil tem tudo para se inserir nessa comunidade internacional que está seriamente comprometida em ir para a Lua”, conclui a pesquisadora.
O nosso organismo produz diversos nutrientes que podem ser utilizados em plantações. E isso não é diferente com a urina. Existe até mesmo um projeto que utiliza o xixi humano como fertilizante nos Estados Unidos.
O Programa de Recuperação de Nutrientes da Urina é administrado pelo Instituto Terra Rica, uma organização sem fins lucrativos com sede no estado de Vermont. Há 12 anos, a iniciativa coleta urina de moradores e doa para agricultores da região.
Aumento da produtividade agrícola
Ao todo, mais de 250 moradores do condado de Windham doam 45,4 mil litros de urina para o programa todos os anos. As doações são recolhidas por um caminhão e levadas para um grande tanque. Nele, o xixi é pasteurizado por aquecimento a 80°C por 90 segundos. O líquido é então armazenado em um tanque pasteurizado, onde fica pronto para ser pulverizado sobre a terra agrícola local, no momento certo para fertilizar a produção.
Existe relatos de que a urina humana era usada para auxiliar em cultivos agrícolas na China e na Roma antiga. Estudos recentes descobriram que ela pode mais do que dobrar a produção de alimentos em comparação com o cultivo sem fertilizante.
Urina humana conta com os mesmos nutrientes que são adicionados aos fertilizantes sintéticos (Imagem: Krakenimages.com/Shutterstock)
Segundo os cientistas, a urina pode aumentar a produção agrícola até mesmo em solos com baixa fertilidade. Isso se deve ao seu teor de nitrogênio e fósforo, os mesmos nutrientes que são adicionados aos fertilizantes sintéticos empregados em muitas fazendas convencionais.
O grande diferencial é que o xixi é gratuito e não cria quantidades nocivas de resíduos tóxicos, como a mineração de fósforo, por exemplo. Além disso, a urina reduz as emissões de gases do efeito estufa e exige aproximadamente a metade da quantidade normal de água empregada nos fertilizantes sintéticos.
Uso do xixi como fertilizante pode aumentar produção agrícola (Imagem: KarlosWest/Shutterstock)
Existe uma ciência por trás do uso da urina como fertilizante
Os responsáveis pelo Programa de Recuperação de Nutrientes da Urina destacam que os nutrientes do xixi normalmente têm como destino os cursos d’água.
O nitrogênio e o fósforo da urina não são totalmente retirados do esgoto durante o tratamento.
Por isso, quando esses nutrientes chegam aos rios e lagos, eles são consumidos pelas algas.
O resultado pode ser a proliferação destas criaturas, o que causa um desequilíbrio no ecossistema.
Dessa forma, retirar a urina rica em nutrientes dos cursos d’água e levá-la para a terra pode evitar a proliferação de algas prejudiciais e ajudar os agricultores a cultivar alimentos.
No entanto, é importante destacar que o uso do xixi como fertilizante é cuidadosamente programado e só acontece quando a planta apresenta maior capacidade de absorver os nutrientes, especialmente durante o estágio de crescimento mais ativo da planta, quando ela é maior do que uma muda, mas ainda não está frutificando.
A umidade do solo também é avaliada como forma de garantir a absorção da urina líquida.
Em outras palavras, existe toda uma ciência por trás deste processo.
A inteligência artificial está transformando o modo como enxergamos o planeta. Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma nova metodologia de inteligência geoespacial que usa algoritmos avançados para mapear o uso da terra com precisão inédita. O sistema processa imagens de satélite em tempo recorde, permitindo um monitoramento quase em tempo real das mudanças ambientais.
A técnica, desenvolvida na Unesp de Tupã, foi testada em Mato Grosso e aprimorou a delimitação de áreas de vegetação natural e produção agrícola, classificando-as por tipo de cultura. Os resultados indicaram 95% de precisão no mapeamento.
Os pesquisadores apostam que a tecnologia pode revolucionar a gestão ambiental e urbana. Com decisões mais rápidas e baseadas em dados concretos, governos e empresas terão uma ferramenta poderosa para planejar o futuro da terra – e evitar impactos irreversíveis.
Agro sob lupa: como IA e satélites estão mudando o jogo
A precisão nos mapeamentos ambientais nunca foi tão alta. Isso porque, ao substituir a análise tradicional de pixels isolados por uma abordagem que identifica geo-objetos inteiros, os cientistas conseguiram reduzir erros comuns em imagens de satélite.
Nova metodologia de inteligência geoespacial melhora a precisão no monitoramento do uso da terra, facilitando a detecção de mudanças ambientais e a gestão territorial (Imagem: BEST-BACKGROUNDS/Shutterstock)
Além disso, a metodologia também otimiza o processamento de grandes volumes de dados geoespaciais, permitindo análises mais rápidas e detalhadas. Com isso, amplia significativamente a capacidade de monitoramento contínuo, aspecto essencial para o planejamento agrícola e a fiscalização ambiental.
Segundo o professor Michel Eustáquio Dantas Chaves, da Unesp, em entrevista à Agência FAPESP, a inovação soluciona um dos principais desafios do mapeamento remoto: as indefinições nas bordas das imagens. Para isso, o modelo segmenta as imagens como peças de um quebra-cabeça, aprimorando a precisão sem a necessidade de resoluções espaciais mais altas.
Aplicação na prática: mapeamento em grande escala
O Mato Grosso, escolhido para testar a nova pesquisa, abrange parte da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal. Essa diversidade de biomas resulta em uma ampla variedade de usos do solo, desafiando os métodos tradicionais de mapeamento.
A nova metodologia foi testada em Mato Grosso com dados da safra estratégica de 2016/2017 (Imagem: Michel Eustáquio Dantas Chaves/Divulgação)
Com 95% de precisão, o modelo conseguiu diferenciar culturas agrícolas, áreas urbanas e corpos d’água, além de identificar perturbações na vegetação. Além disso, a técnica mostrou potencial para estimar áreas cultivadas dentro de uma mesma safra, facilitando previsões de produtividade e ações de planejamento territorial.
Mais do que mapear terras e lavouras, a nova metodologia melhora a identificação de desmatamentos e degradações ambientais, permitindo respostas mais rápidas e precisas. Ao integrar inteligência geoespacial e aprendizado de máquina, a técnica reduz incertezas e contribui para uma gestão territorial mais eficiente, baseada em dados mais confiáveis.