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Desigualdade é uma lei natural? A arqueologia revela

Você já deve ter ouvido que contraste social é algo impossível de evitar, quase uma “lei da natureza”. Mas e se disséssemos que povos antigos viveram por milênios sem super-ricos nem explorados? Um estudo analisou 50 mil casas de civilizações antigas ao redor do mundo e chegou a uma conclusão surpreendente: a desigualdade não acompanha a humanidade como uma sombra. Ela surge (ou não) de acordo com as regras que escolhemos seguir.

Em vez de pirâmides com faraós e camponeses, alguns povos construíram cidades onde ninguém acumulava demais. A diferença entre casas era mínima. Ninguém vivia em palácios enquanto outros passavam fome. E o mais curioso: isso não dependia do tamanho da população ou da complexidade do governo.

A chave estava nas decisões coletivas. Regras claras impediam o acúmulo exagerado. Leis, impostos e até festas públicas financiadas pelos mais ricos ajudavam a manter o equilíbrio. Em algumas culturas, heranças eram limitadas. Em outras, dívidas eram perdoadas após a morte. A desigualdade, ao que tudo indica, seria uma invenção — não um destino.

Desigualdade tem história — e exceções

O desequilíbrio não foi sempre a norma. De acordo com a revista Live Science, um estudo recente revela que várias sociedades viveram por séculos com baixos níveis de disparidade social. Os arqueólogos envolvidos na pesquisa usaram o tamanho das moradias como um indicador de riqueza e descobriram que nem o crescimento populacional nem a complexidade dos governos são fatores determinantes para o surgimento de elites dominantes.

Pesquisadores comandam as escavações na residência da Plataforma 11 em El Palmillo, México (Imagem: Linda Nicholas e Gary Feinman/Divulgação)

Cidades como Mohenjo-Daro, no Vale do Indo, e os assentamentos tripilianos, na atual Ucrânia, cresceram com planejamento urbano sem sinais de concentração de riqueza. Em contraste, outras regiões só registraram desigualdade expressiva muitos séculos após o início da agricultura.

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A pesquisa também destaca o papel da cultura e da ideologia. Em sociedades onde a cooperação era valorizada mais do que a competição, o acúmulo excessivo de riqueza era malvisto — ou até impedido por normas sociais. Já em contextos onde o prestígio vinha da ostentação, as diferenças tendiam a se ampliar.

O que as ruínas nos ensinam sobre o presente

Os dados levantados pelo estudo cobrem um intervalo de tempo que vai do fim do Pleistoceno até o início do colonialismo europeu — cerca de 10 mil anos de história. Com essa escala, os arqueólogos conseguiram mostrar que a desigualdade não é um produto inevitável da civilização, mas algo que varia de acordo com as decisões humanas ao longo do tempo.

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Sociedades complexas podem prosperar sem a necessidade de elites dominantes, segundo estudo (Imagem: rustamank/Shutterstock)

Essa perspectiva histórica ajuda a colocar em xeque discursos modernos que tratam disparidades sociais como naturais ou imutáveis. Se povos antigos conseguiram desenvolver cidades organizadas, com redes de troca, cultura complexa e pouca desigualdade, o que impede sociedades atuais de buscar modelos mais justos? A pesquisa oferece um contraponto poderoso ao conformismo econômico.

Para Gary Feinman, autor principal do estudo, a arqueologia pode servir como um espelho — mostrando que há alternativas viáveis ao modelo atual. Ao estudar o passado com método e dados comparáveis, é possível entender que o futuro também está aberto a escolhas. Afinal, se a desigualdade foi evitada antes, ela pode ser enfrentada de novo.

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Ruínas de cidade ancestral ligada a Alexandre, o Grande, são encontradas

Pesquisadores acreditam ter encontrado as ruínas de Lyncus, a cidade ancestral que foi a capital do Reino de Lyncestis, na atual Macedônia do Norte. Se a descoberta for confirmada, pesquisas podem revelar mais sobre o local onde a avó paterna de Alexandre, o Grande, nasceu.

A família de Alexandre está ligada a cidade por duas gerações. Seu pai, Felipe II, incorporou Lyncus ao Império Macedônio durante seu reinado de 359 a 336 a.C. A avó do imperador, Eurydice I, teria nascido no local e desempenhado um papel fundamental na formação do cenário político da região, segundo afirmaram os historiadores.

Em 1966, uma equipe de pesquisa encontrou os restos da cidade perto da vila de Crnobuki e nomeou o local de sítio arqueológico de Gradishte. Na época, o grupo acreditava que o local era uma base militar feita para resistir ao Império Romano.

Foi em 2023 que um novo time de arqueólogos usou a ferramenta de varredura a laser LiDAR (light detection and ranging) em drones para criar um mapa do local. Essa técnica penetrou nas folhas e no solo até certo ponto e pôde revelar o que os pesquisadores não conseguiam observar a olho nu.

“Estamos apenas começando a arranhar a superfície do que podemos aprender sobre este período”, disse Egin Nasuh, arqueólogo curador-consultor no Instituto e Museu Nacional–Bitola, em um comunicado.

Uma lâmpada de 2 mil anos reconstruída pelos pesquisadores. (Imagem: Cal Poly Humboldt’s Cultural Resources Facility)

Moeda do tempo de Alexandre muda perspectiva

Os arqueólogos descobriram que a cidade tinha uma acrópole com cerca de 2,8 hectares. Além dela, o grupo encontrou o que acreditam ser os restos de uma oficina têxtil e um teatro. A equipe também examinou diversos artefatos como vasos, moedas, peças de jogo e até mesmo um ingresso de teatro feito de argila. 

Pesquisas anteriores acreditavam que os macedônios haviam construído a cidade somente após o reinado de Felipe V, de 221 a 179 a.C. No entanto, o grupo atual encontrou uma moeda cunhada entre 325 e 323 a.C., o que indica a existência de Lyncus durante o período de vida de Alexandre.

Moeda de 325 a.C. que mudou a perspectiva dos arqueólogos.
Moeda de 325 a.C. que mudou a perspectiva dos arqueólogos. (Imagem: Cal Poly Humboldt’s Cultural Resources Facility)

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A equipe de pesquisadores está trabalhando para encontrar novos artefatos e desvendar a história completa da cidade. Estudos futuros prometem revelar mais sobre a cultura e política da antiga Macedônia.

“Todos esses estudos são apenas uma pequena parte da pesquisa sobre as primeiras civilizações europeias. Eu os vejo como um grande mosaico, e nossos estudos são apenas algumas pedrinhas nesse mosaico. A cada estudo subsequente, uma nova pedrinha é adicionada, até que um dia conseguimos o panorama completo”, concluiu Nasuh.

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É um gorila? É um homem? Mistério sobre fóssil é resolvido

Um paleontólogo de Taiwan se deparou com um fóssil curioso em 2010. Era uma mandíbula que lembrava a de um gorila. A “peça”, encontrada no fundo do oceano por pescadores taiwaneses, intrigou cientistas por 15 anos. Agora, o mistério foi resolvido: o osso pertencia a um denisovano, parente dos neandertais.

A descoberta, publicada na revista Science nesta semana, amplia o que e sabe sobre onde denisovanos viveram. Até então, seus fósseis tinham sido encontrados apenas na Sibéria e no Tibete. Agora, Taiwan integra esta lista.

Fóssil de denisovano fazia parte de coleção particular

A mandíbula, chamada de Penghu 1, foi analisada por uma equipe internacional liderada por Chun-Hsiang Chang, do Museu Nacional de Ciências Naturais de Taiwan. Ele conheceu o fóssil por meio de um colecionador particular.

(Imagem: Yusuke Kaifu)

Ao estudar o fóssil, Chang percebeu que não era de um gorila. O formato não era em U, mas projetado para fora do queixo, como nas mandíbulas humanas. No entanto, não tinha o queixo proeminente dos Homo sapiens.

“Pensei que parecia humana, mas não de um humano moderno”, contou Chang, segundo o New York Times. Ele convenceu o colecionador a emprestar a peça ao museu. Ao longo dos cinco anos seguintes, trabalhou com outros cientistas para investigar sua origem.

Determinar a idade da mandíbula foi um desafio. Isso porque sua origem exata no fundo do mar era desconhecida. Pela química do osso, os cientistas descobriram semelhanças com fósseis de uma hiena asiática de cerca de 400 mil anos.

Ilustração de homem denisovano andando em floresta com dois mamutes ao fundo
(Imagem: Cheng-Han Sun)

Taiwan era separado do continente naquela época. Mas houve períodos em que o nível do mar caiu, formando pontes de terra. Os pesquisadores acreditam que o homem de Penghu 1 viveu numa dessas épocas.

A hipótese de que o fóssil era de um denisovano já existia desde 2010, ano em que os primeiros restos desse grupo foram encontrados na caverna Denisova, na Sibéria. Um dente da mandíbula se assemelhava a outro encontrado lá. Porém, isso não bastava.

Os pesquisadores tentaram extrair DNA do osso, mas não conseguiram. Em 2015, a pesquisa emperrou.

Análise de proteínas antigas

Então, o cientista Frido Welker passou a trabalhar com análise de proteínas antigas. Em 2019, ele encontrou fragmentos de colágeno numa mandíbula de 160 mil anos no Tibete. E concluiu que era de um denisovano.

Homens das cavernas em volta de fogueira
Descoberta recente expande mapa dos misteriosos denisovanos (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Isso o levou a buscar outros fósseis com características parecidas. Foi aí que a mandíbula de Penghu, com seus dentes grandes, entrou no seu radar. E Welker contatou Chang.

Em 2023, o fóssil foi levado a Copenhague, na Dinamarca, para nova análise. O resultado confirmou: havia proteínas compatíveis com as de denisovanos.

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Outro dado veio das proteínas do esmalte dentário. Elas mostraram que o fóssil era de um homem adulto. Isso porque carregava a versão masculina do gene do esmalte, localizada no cromossomo Y.

Com essa confirmação, o mapa dos denisovanos se expandiu. Ainda assim, os cientistas acreditam que outras pistas podem estar guardadas em cavernas do sudeste asiático. E também em coleções de museus mundo afora.

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Tecnologia revela manuscrito perdido sobre Merlin e o Rei Arthur na Inglaterra

Um raro manuscrito medieval com trechos sobre Merlin, o mago conselheiro do Rei Arthur, da Inglaterra, foi restaurado por especialistas da Biblioteca da Universidade de Cambridge. O projeto durou três anos e uniu tecnologia de ponta à pesquisa histórica para recuperar o conteúdo sem causar danos ao documento original. 

O fragmento foi reconhecido como parte do Suite Vulgata du Merlin, uma sequência em francês da lenda do Rei Arthur. A história fazia parte do ciclo Lancelot-Graal, um best-seller medieval, mas poucos agora permanecem.

Em poucas palavras:

  • Um manuscrito medieval com trechos sobre Merlin, conselheiro do Rei Arthur, foi encontrado em 2019 na capa de um livro antigo;
  • O material era frágil, dobrado e costurado, dificultando o acesso ao conteúdo original;
  • Especialistas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, criaram métodos não invasivos para recuperar o texto;
  • Técnicas como modelagem 3D, tomografia e imagens multiespectrais revelaram trechos apagados.

O manuscrito escondido e o desafio da restauração

O manuscrito foi encontrado em 2019, escondido na encadernação de um livro antigo. Produzido à mão na Idade Média, em torno de 700 anos atrás, foi recuperado séculos depois. Estava dobrado, rasgado, manchado e costurado como parte estrutural da capa do livro, o que dificultava o acesso ao seu conteúdo. 

Diante da fragilidade do material, os conservadores optaram por não desmontar o livro fisicamente, para não comprometer ainda mais o manuscrito. O desafio levou ao desenvolvimento de uma abordagem inovadora, que permitiu a leitura do texto por meio de métodos não invasivos.

A equipe utilizou modelagem 3D e técnicas de digitalização industrial para mapear os vincos e as dobras do papel em detalhes precisos. Com esses dados, foi possível simular digitalmente o desdobramento do manuscrito, evitando qualquer contato direto com o material.

O Laboratório de Imagens do Patrimônio Cultural da universidade (CHIL) também usou espelhos, ímãs e câmeras especiais para fotografar cada parte do fragmento. As imagens foram reunidas e montadas digitalmente, formando uma réplica tridimensional do documento.

O fragmento medieval foi descoberto em 2019 nesta caixa de rolos judiciais durante a recatalogação de registros senhoriais e imobiliários. Crédito: Universidade de Cambridge

Segredos revelados sobre Merlin e o Rei Arthur

Em seguida, os pesquisadores aplicaram imagens multiespectrais (MSI), uma técnica que capta diferentes comprimentos de onda de luz, como ultravioleta e infravermelho. Essa tecnologia revelou palavras apagadas ou escondidas por manchas, trazendo trechos do texto de volta à visibilidade.

Para aprofundar a análise, a equipe recorreu a um scanner do departamento de Zoologia da universidade. O equipamento, geralmente usado em fósseis, realizou uma tomografia computadorizada do manuscrito. O resultado foi um modelo 3D detalhado da encadernação do século XVI.

Sally Kilby (Departamento de Conservação) e Błażej Mikuła (CHIL) fotografando cuidadosamente dentro das dobras do manuscrito. Crédito: Universidade de Cambridge

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Em um comunicado, Irène Fabry-Tehranchi, especialista da Biblioteca de Cambridge, explica que o objetivo não era apenas recuperar um texto antigo, mas também criar um método aplicável a outros casos semelhantes. Ela destacou que muitas bibliotecas enfrentam o mesmo desafio: fragmentos frágeis escondidos em encadernações históricas.

O fragmento conta dois episódios-chave do final do Suite Vulgata du Merlin. A primeira parte relata a vitória dos cristãos contra os saxões na Batalha de Cambénic. Conta a luta de Gauvain (com sua espada Excalibur, seu cavalo Gringalet e seus poderes sobrenaturais), seus irmãos e seu pai, o rei Loth, contra os reis saxões Dodalis, Moydas, Oriancés e Brandalus.

A segunda passagem apresenta uma cena mais cortês, ambientada na Festa da Assunção da Virgem Maria, com Merlin aparecendo na corte do Rei Arthur disfarçado de harpista – um momento que destaca suas habilidades mágicas e sua importância como conselheiro do rei.

A metodologia desenvolvida nesta abordagem serve como modelo para o estudo e acesso não invasivo a documentos delicados. A equipe espera que a iniciativa inspire novas buscas por manuscritos medievais esquecidos, como este sobre o universo do Rei Arthur e do mago Merlin.

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Descoberta no Marrocos reescreve parte da História

Uma escavação arqueológica no noroeste do Marrocos revelou o primeiro assentamento da Idade do Bronze na região do Magreb, no norte da África. A descoberta muda a compreensão histórica sobre o continente, antes considerado “terra vazia” até a chegada dos fenícios.

O local escavado se chama Kach Kouch e fica perto do Estreito de Gibraltar, nas margens do rio Lau. Segundo os pesquisadores, trata-se do assentamento da Idade do Bronze mais antigo conhecido no norte da África mediterrânea, exceto pelo Egito.

A pesquisa é liderada por Hamza Benattia Melgarejo, doutorando da Universidade de Barcelona. As descobertas foram publicadas na revista Antiquity.

Assentamento descoberto desafia o que se sabe sobre história da África na Idade do Bronze

Durante as escavações, foram encontradas evidências de três períodos distintos de ocupação humana entre 2200 e 600 a.C. Isso desafia os relatos históricos que afirmavam não haver população fixa antes de 800 a.C.

Arqueólogos encontraram evidências de três períodos de ocupação humana, entre 2200 e 600 a.C, no assentamento da Idade do Bronze (Imagem: Universidade de Barcelona)

O primeiro período, entre 2200 e 2000 a.C., tem poucos vestígios materiais. Mas já representa presença humana importante.

entre 1300 e 900 a.C., Kach Kouch viveu uma fase próspera, com construções de tijolos de barro, silos e pedras de moagem. Ali floresceu uma sociedade agrícola, com plantação de cevada e trigo; e criação de animais.

O último período, de 800 a 600 a.C., mostra um povo adaptável e aberto às inovações. Ferramentas de ferro, cerâmica moldada em roda e arquitetura em pedra mostram influências externas, como as do Mediterrâneo oriental.

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Arqueólogos durante escavação no Marrocos que descobriu assentamento da Idade do Bronze
Escavação revela primeira evidência de vida sedentária anterior aos fenícios na região africana (Imagem: Universidade de Barcelona)

Para Benattia (líder do estudo, lembra?), essa é a primeira evidência de vida sedentária anterior aos fenícios na região. “Mostra a história de comunidades locais dinâmicas, longe de serem isoladas”, disse, em comunicado publicado pela Universidade de Barcelona.

A descoberta de Kach Kouch ajuda a corrigir antigos vieses sobre a história africana, segundo o pesquisador. “[O estudo] revela que o Magreb foi um participante ativo nas redes culturais, econômicas e sociais do Mediterrâneo”, conclui.

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Vala comum com 150 soldados do Império Romano é encontrada na Áustria

Arqueólogos do Museu de Viena identificaram uma vala comum com cerca de 150 soldados romanos no bairro de Simmering, na capital austríaca. A descoberta ocorreu durante as obras para a reforma de um campo de futebol em outubro passado. Agora, análises confirmam que os restos mortais são do século 1 e indicam um evento militar catastrófico.

De acordo com a agência de notícias AP News, os esqueletos estavam desordenados e entrelaçados, o que sugere uma morte violenta em batalha. Segundo os pesquisadores, os homens tinham entre 20 e 30 anos e apresentavam ferimentos compatíveis com espadas, lanças e projéteis. Acredita-se que tenham sido vítimas de um conflito entre o Império Romano e tribos germânicas.

Em poucas palavras:

  • Arqueólogos encontraram 150 soldados romanos enterrados em Viena, na Áustria;
  • Os esqueletos indicam um massacre em batalha contra tribos germânicas;
  • O enterro em massa é raro, já que o comum para a época era a cremação;
  • Novas escavações podem revelar mais ossadas e evidências do conflito;
  • Pesquisadores analisam os restos mortais para entender a vida e a guerra romana.
Encontrar os corpos enterrados dos primeiros soldados romanos é algo extremamente raro. Crédito: Reiner Riedler, Museu de Viena

“Enterros de corpos inteiros eram uma exceção no Império Romano daquela época, pois a cremação era a prática predominante”, explicou Kristina Adler-Wölfl, chefe de arqueologia da cidade. O costume da cremação seguiu até o século 3 d.C., tornando essa descoberta extremamente rara.

A escavação começou com a identificação de 129 esqueletos, mas o número aumentou conforme os trabalhos avançavam. Os arqueólogos acreditam que ainda há mais ossos no local, reforçando a hipótese de que o sítio arqueológico guarda registros de um massacre.

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Local pode trazer detalhes dos conflitos do Império Romano

Michaela Binder, que lidera a equipe de escavação, destacou a importância do achado. “Existem grandes campos de batalha na Alemanha onde armas foram encontradas, mas localizar os corpos dos combatentes é algo inédito na história romana”, afirmou. Para os pesquisadores, o local pode revelar detalhes desconhecidos sobre as estratégias militares e os conflitos da época.

A análise arqueológica dos restos mortais determinou que os homens foram mortos em batalha. Crédito: Reiner Riedler, Museu de Viena

A equipe continuará analisando os esqueletos para determinar suas origens, condições de vida e possíveis marcas de doenças ou desnutrição. Além disso, os arqueólogos esperam encontrar vestígios de armaduras, armas e outros objetos que ajudem a reconstruir o contexto do combate.

O Museu de Viena informou que a pesquisa está apenas no início e que novas descobertas podem surgir à medida que as escavações progridem. Apresentado ao público pela primeira vez na quarta-feira (2), o achado lança luz sobre um episódio violento da presença romana na região e pode modificar o que se sabe sobre a expansão e os conflitos do Império no norte da Europa.

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Jardim descrito na Bíblia é encontrado onde Jesus teria sido sepultado

Uma escavação realizada na Cidade Velha de Jerusalém, em Israel, revelou detalhes inéditos sobre o passado do local. A análise de vestígios biológicos sugere que, há cerca de 2.000 anos, oliveiras e videiras cresciam no terreno onde hoje está a Igreja do Santo Sepulcro. A descoberta reforça a descrição bíblica do Evangelho de João, que menciona um jardim próximo ao local da crucificação e sepultamento de Jesus.

Ora, no lugar onde ele foi crucificado havia um jardim; e no jardim um novo sepulcro, onde nunca fora posto ninguém. Ali, pois, puseram Jesus.

João 19:41-42

A nova pesquisa encontrou evidências que dão suporte a essa narrativa. Amostras retiradas das escavações revelaram vestígios de pólen e restos vegetais compatíveis com uma paisagem de oliveiras e videiras.

Escavações na Igreja do Santo Sepulcro revelaram um jardim que confirma relato do evangelho de João sobre o local de sepultamento de Jesus. Crédito: Custodia Terrae Sanctae

Francesca Romana Stasolla, arqueóloga da Universidade Sapienza de Roma, na Itália, lidera as escavações desde 2022. Segundo ela, a presença dessas plantas indica que, na época de Jesus, a área era um espaço verde e cultivado, o que se alinha com o relato bíblico. Testes de radiocarbono ainda serão realizados para confirmar a idade exata dos vestígios encontrados.

O que havia no local antes da igreja

Atualmente, a Igreja do Santo Sepulcro é um dos locais mais sagrados do cristianismo, por ser tradicionalmente considerada o ponto da crucificação e do túmulo de Jesus. Mas o terreno onde ela foi construída passou por diversas transformações ao longo dos séculos.

No tempo de Jesus, essa região ficava fora dos muros da cidade de Jerusalém. Apenas no século II, quando o imperador Adriano reconstruiu Jerusalém como Aelia Capitolina, o local passou a fazer parte da cidade romana. Antes disso, a área era usada para agricultura e, possivelmente, para sepultamentos.

Vestígios de uma antiga pedreira foram identificados sob a igreja. De acordo com Stasolla, era comum que antigas pedreiras abandonadas fossem reaproveitadas para outros usos. Naquele período, o terreno começou a ser utilizado como cemitério, e algumas sepulturas foram esculpidas na rocha. Uma delas foi posteriormente identificada como o túmulo de Jesus.

Escavação na Igreja do Santo Sepulcro levaram a descoberta do local exato da crucificação de Jesus. Crédito: Universidade de Roma Sapienza

Como a igreja foi construída e transformada ao longo dos séculos

O primeiro edifício religioso erguido no local surgiu no século IV, quando o imperador Constantino adotou o cristianismo e ordenou a construção de uma grande basílica para marcar o local da crucificação e sepultamento de Cristo. No entanto, a igreja sofreu vários danos ao longo da história.

Em 614, o exército persa incendiou o templo. Em 1009, o califa muçulmano Al-Hakim ordenou sua destruição quase completa. No século XII, os cruzados reconstruíram a basílica, dando-lhe sua forma atual. Desde então, o edifício passou por restaurações contínuas, com sua última grande reforma ocorrendo no século XIX.

Após anos de disputas entre as três comunidades religiosas responsáveis pela administração da igreja (o Patriarcado Ortodoxo Grego, a Custódia da Terra Santa e o Patriarcado Armênio), uma nova reforma foi aprovada em 2019 para substituir o piso do edifício. Isso abriu uma oportunidade para as escavações arqueológicas, que vêm sendo conduzidas nos últimos anos.

Como os arqueólogos comprovaram a existência do jardim

A equipe de Stasolla utilizou métodos avançados para identificar os restos de vegetação na área. Foram analisadas camadas do solo e amostras de pólen preservadas por séculos sob o piso da basílica. Os resultados indicaram que, no passado, o local abrigava oliveiras e videiras, plantas comuns na região mediterrânea e citadas frequentemente na Bíblia.

A descoberta é significativa porque confirma que a área descrita nos evangelhos como um “jardim” realmente existiu. A pesquisa também sugere que o ambiente ao redor do túmulo de Jesus era diferente do que se imaginava. Em vez de um espaço árido e rochoso, o local provavelmente tinha vegetação e era utilizado para cultivo.

Vista da igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Crédito: WDG Photo – Shutterstock

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A complexidade da escavação em um local sagrado

Realizar escavações arqueológicas sob um dos templos mais importantes do cristianismo exige extrema cautela. A equipe italiana que trabalha no projeto precisou dividir o espaço em pequenas áreas, escavando uma de cada vez e cobrindo cada trecho antes de abrir um novo. Isso permitiu que os peregrinos continuassem visitando a igreja sem grandes interrupções.

“Se imaginarmos que estamos montando um quebra-cabeça, estamos escavando uma peça de cada vez, mas, no final, teremos uma reconstrução multimídia completa do quadro geral”, explicou Stasolla ao site The Times of Israel.

Os pesquisadores também enfrentaram desafios técnicos. Como a Igreja do Santo Sepulcro foi construída e reconstruída diversas vezes, há muitas camadas históricas sobrepostas. Escavar esse tipo de local requer um trabalho meticuloso para diferenciar cada período sem comprometer as estruturas mais recentes.

A confirmação do relato bíblico sobre o túmulo de Jesus

Embora a arqueologia não possa provar eventos religiosos, como a ressurreição de Jesus, as evidências encontradas reforçam elementos históricos descritos na Bíblia. A existência de um jardim próximo ao local da crucificação é um detalhe que, até agora, não tinha sido comprovado.

Para os estudiosos, essa descoberta não apenas confirma a descrição dos evangelhos, como também oferece uma nova compreensão sobre a paisagem da Jerusalém do século I. Saber que a área ao redor do túmulo de Jesus era um jardim ajuda a visualizar melhor o cenário em que ocorreram os eventos narrados na tradição cristã.

A pesquisa ainda está em andamento, e novas análises devem fornecer mais detalhes sobre o uso da terra antes da construção da igreja. Testes adicionais podem determinar a idade exata dos restos vegetais e confirmar se já havia um jardim ativo no período em que Jesus foi crucificado.

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Escavação revela pirâmide repleta de relíquias perto do Mar Morto

Uma descoberta arqueológica está chamando atenção no deserto da Judeia, perto do Mar Morto. Pesquisadores encontraram uma estrutura em formato de pirâmide e o que parece ser uma antiga estação de passagem. O local fica ao norte do vale do Zohar, uma região isolada de Israel.

Entre os achados estão artefatos muito bem preservados, com mais de dois mil anos de idade. Segundo os arqueólogos, o surpreendente estado de conservação é graças ao clima seco do deserto – a umidade quase nula evitou que os materiais se deteriorassem ao longo dos séculos.

Eli Escusido, diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel, explicou em um comunicado que a pirâmide foi construída com enormes pedras cortadas à mão, algumas pesando centenas de quilos. Ainda não se sabe qual era a função da estrutura. Especialistas cogitam que poderia ter sido um monumento, um túmulo ou uma torre para vigiar rotas comerciais.

Arqueólogos da Autoridade de Antiguidades de Israel e voluntários participam de escavação no deserto da Judeia. Crédito: Emil Aladjem/Autoridade de Antiguidades de Israel

Essas rotas ligavam o Mar Morto aos portos do Mar Mediterrâneo, facilitando o comércio entre as civilizações antigas. O sítio arqueológico é datado de aproximadamente 2,2 mil anos atrás, período marcado por disputas de poder na região.

Naquela época, o Oriente Médio estava sob influência dos impérios ptolomaico e selêucida, que surgiram após a morte de Alexandre, o Grande. Seus generais dividiram o império conquistado, e Israel ficou sob domínio desses dois poderes em momentos diferentes.

Pirâmide pode ter sido erguida em período de transição de impérios

Não há certeza se a pirâmide foi construída sob controle dos ptolomaicos ou dos selêucidas. Mais tarde, no primeiro século antes de Cristo, ambos os impérios foram absorvidos pelo Império Romano. A estrutura pode estar ligada a esse período de transição histórica.

Um pedaço de papiro com escrita grega encontrado pelos voluntários da escavação. Crédito: Emil Aladjem/Autoridade de Antiguidades de Israel

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Além da pirâmide, a equipe encontrou diversos objetos no local. Foram achados fragmentos de papiro, utensílios de madeira, cestos, cordas, armas, moedas, tecidos, sementes e vasos de bronze. Muitos desses itens seriam impossíveis de preservar em outras regiões.

Alguns dos papiros trazem inscrições em grego antigo, idioma usado tanto pelos ptolomaicos quanto pelos selêucidas. Uma voluntária que participa das escavações relatou ter encontrado pedaços desses documentos com letras visíveis.

Os trabalhos arqueológicos no local continuam até abril. Os pesquisadores esperam que as próximas escavações revelem mais pistas sobre a função da misteriosa pirâmide e sobre quem viveu ali há mais de dois mil anos.

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“Stonehenge brasileiro” revela ligação entre povos do passado e os astros

Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (21) – que você confere aqui – falou sobre como os povos ancestrais se relacionavam culturalmente com os eventos cósmicos, desde a construção de monumentos até visões acerca da vida e da natureza.

O programa contou com a presença do especialista em arqueoastronomia Caio Capua. Em um bate-papo com o apresentador Marcelo Zurita, o convidado falou sobre a cultura dos diferentes povos indígenas que conheceu e como eles enxergam o cosmos, além da sincronia entre as estruturas de pedra, as estações do ano e os ciclos da Lua.

Entrevistado conviveu com povos indígenas

Entender como populações ancestrais veem o mundo é fundamental para compreender as construções e artefatos deixados por eles. Capua conta que conviveu com o povo Guarani em 2013 e participou do primeiro Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em 2015. Essas experiências foram essenciais para sua aproximação com essas culturas.

“Lá eu pude conviver com povos indígenas do mundo inteiro. Desde os Maori, da Nova Zelândia, os Cree, do Canada, até com Maias e Astecas. Me surpreenderam demais”, explica o entrevistado. 

Caio Capua é astrofísico pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e formado em arqueoastronomia pela Universidade de Milão. (Imagem: Olhar Digital)

Zurita comenta que o eclipse é um fenômeno que foi largamente registrado pelos povos ancestrais, com versões até mesmo parecidas. Para os Vikings, a lua se tornava vermelha porque lobos a manchavam de sangue; os Maias diziam que era um jaguar; os Tupis, uma onça azul; para os chineses, um dragão atacava o astro. 

A obra do mitólogo Joseph Campbell, trazida por Capua, explica como a semelhança entre as narrativas pode explicar sua função. Segundo o entrevistado, a ideia por trás do mito é explicar as forças da natureza e o funcionamento do universo. Isso se dá não numa relação de adoração, mas de respeito as potências naturais e os movimentos astronômicos.

“O meu ponto principal, Marcelo, é o que nós podemos aprender com os povos ancestrais, não aprender sobre eles”, diz Capua.

Indígenas veem as estações como fases da vida

O momento em que o dia tem a mesma duração da noite e o Sol nasce quase exatamente a leste e se põe a oeste. É assim que Zurita define o equinócio, evento que ocorreu do dia 20 para o 21, um dia antes do programa. Após isso, ele pergunta ao entrevistado como esse acontecimento astronômico era representado na cultura de populações antigas.

As influências mais próximas que o especialista traz são a das comemorações tradicionais brasileiras, como a festa junina. Essas datas são mesclas entre o paganismo, tradições locais e eventos importantes do cristianismo que já eram celebrados na Europa.

Para os indígenas, no entanto, os equinócios vão além das festividades. “Esses povos são cosmocentricos, tem sua vida centrada no movimento da natureza e dos astros”, explica Capua. 

As quatro estações simbolizam a vida para muitas dessas populações. A primavera sendo a infância; o verão, a vida adulta; o outono, o início do envelhecimento e o inverno, os anos finais.

Povo Guarani Kaiwoa
Povo Guarani Kaiowa. (Imagem: percursodacultura / Wikimedia Commons)

Zurita comenta que o efeito das mudanças durante o ano na agricultura pode ter chamado a atenção dos povos antigos. Porém, Capua comenta que essa visão vem de uma ótica externa muito pautada na economia dos europeus e não na perspectiva do cosmos que os indígenas tinham. 

Parte dos nativos das Américas plantavam no modelo de agroflorestas, sem intenso desmatamento, mas sim com alterações continuas na mata nativa para servir às suas necessidades. Isso fazia deles caçadores, coletores e semeadores em seu estilo de busca e produção de alimentos.

“Quando os europeus chegaram aqui, eles acharam que tinham encontrado um povo primitivo e na selva. Não é verdade, eles encontraram sociedades altamente sofisticadas, que viviam na floresta porque eles criaram essas florestas, ali tinha abundancia de vida”, diz Capua.

Estruturas que interagem com os astros

Em Florianópolis, acima do Morro da Galheta, há um conjunto de pedras organizado de uma forma intrigante. Elas são um dólmen conhecido como Dólmen da Oração – um monumento em formato de mesa feito de rochas com as mais diversas funções para povos distintos. Nesse caso, ela se relaciona com os solstícios e interage com o movimento dos astros.

“Se você for lá exatamente no dia da mudança, tanto no solstício de verão, como de inverno, você vê o Sol atravessando perfeitamente o vão da mesa”, explica o especialista em arqueoastronomia.

Capua pontua que o litoral catarinense era o final do Peabiru. Esse era um trajeto feito por diferentes povos indígenas que ligava os oceanos Atlântico e Pacífico, começando no Paraná e terminando em Cusco, no Peru.

Sítio de Calçoene - Stonehenge brasileiro
O Sítio de Calçoene é hoje um destino para pesquisadores e turistas. (Carina Furlanetto / Shutterstock)

Outro monumento interessante é o Sítio de Calçoene, o “Stonehenge Brasileiro”. Localizado no interior do Amapá, o parque arqueológico é conhecido por abrigar um megálito, estrutura de grandes pedras, que os especialistas acreditam que servia como observatório astronômico, assim como o famoso Stonehenge, na Inglaterra.

Os dois exemplos têm formato circular. O entrevistado comenta que isso vem da perspectiva dos indígenas sobre o calendário, que nesse caso seria mais apropriado o termo “sincronário”, ligado não ao movimento do Sol, mas sim aos 13 ciclos lunares.

“Os indígenas trabalham com o calendário lunar, que tem 13 meses e não 12. Segue o ciclo da Lua”, explica Capua.

Desenhos misteriosos na Paraíba

A 5 km ao sul do município de Ingá, no agreste paraibano, está uma rocha cheia de marcações rupestres conhecida como Pedra do Ingá. Ela intriga pesquisadores e turistas, que já desenvolveram diversas teorias e estudos para tentar compreender quem fez e como produziu os desenhos no monumento.

Para Capua, é preciso falar com os povos indígenas da região para entender o significado do artefato e suas marcas. Sobre isso, Zurita conta uma história em que um europeu registrou o contato da população da área com a rocha.

Pedra do Ingá de frente
Arqueólogos acreditam que os desenhos na Pedra do Ingá tenham cerca de 6 mil anos. (Imagem: MTur Destinos / Wikimedia Commons)

“Quando os indígenas Cariri chegaram naquilo [as marcações na pedra], eles não quiseram se aproximar porque diziam que aquilo tinha sido feito pelos deuses, eles não sabiam quem tinha feito aquelas marcações”, diz o apresentador.

O entrevistado comenta que é comum ouvir relatos dessas populações sobre os “povos das estrelas”. Porém, ele diz que histórias envolvendo extraterrestres muita das vezes são utilizadas para inferiorizar as comunidades ancestrais e duvidar de suas capacidades técnicas.

Zurita finaliza comentando sobre a necessidade de se falar das culturas e histórias dos povos antigos e indígenas. “Acho importante a gente debater principalmente a visão dos nossos povos ancestrais e trazer sempre esse tema aqui no programa”, conclui o astrônomo.

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Nossos antepassados usavam pedras vulcânicas de forma inusitada

Esferas de basalto naturais podem ter sido usadas como um tipo de ferramenta por espécies de hominídeos por mais de um milhão de anos. É o que sugere um novo estudo publicado na revista científica Quaternary International.

Nas últimas décadas, diversos itens que datam do período Pleistoceno, entre 2,5 milhões e 11,7 mil anos atrás, foram coletados em regiões da Europa, Ásia e África. Acredita-se que eram usados como ferramentas de percussão a implementos de caça.

A análise recente se concentrou no acervo da região de Melka Kunture, Etiópia, onde foram encontrados líticos globulares naturais, denominados “esferas”. As peças são feitas de basalto vulcânico, diferentemente daquelas encontradas nas áreas vizinhas, de calcário.

Itens analisados foram encontrados na Etiópia (Imagem: Dmitry_Chulov/iStock)

“É possivelmente a primeira evidência do uso de formas naturais para atividades variadas, e isso aconteceu repetidamente ao longo de mais de 1 milhão de anos de evolução humana em Melka Kunture”, diz a arqueóloga Margherita Mussi, autora do artigo.

Leia Mais:

Como foi feita a pesquisa?

  • As esferas utilizadas na análise do estudo foram coletadas em oito locais: Gombore IB, Atebella II, Garba XII, Gombore II-1, Gombore II-2, Garba IIIE, Gotu III e Garba I;
  • Gombore IB foi o sítio habitado mais antigo, datado de 1,7 milhões de anos atrás, e continha  5.000 ferramentas de pedra , três esferas e dois fósseis de ossos do braço de um Homo cf. ergaster humerus;
  • Já Garba I, III e II eram os sítios mais jovens, datados de cerca de 0,6 milhões de anos atrás, com 22 esferas e mais de 7.000 ferramentas líticas.
  • A cientista analisou peso, formato, tamanho e evidências de cicatrizes de lascas de cada uma das esferas; ela concluiu que as peças foram levadas deliberadamente aos locais onde foram encontradas, excluindo métodos naturais de transporte, como a água.
Pedras são feitas de basalto vulcânio, e não de calcário como as demais (Imagem: Mussi/Reprodução)

“Estou convencida de que os duros vulcânicos eram usados ​​para lascar/retocar ferramentas líticas, enquanto os mais macios, de lapilli, eram usados ​​para esfregar vegetais/peles ou outras coisas”, explica a pesquisadora.

O estudo fornece novos insights sobre a evolução do comportamento das ferramentas nos primeiros hominídeos, na transição de Homo erectus para H. heidelbergensis. “Esta é uma boa evidência de como os hominídeos estavam explorando cuidadosamente qualquer novo recurso e usando-os habilmente”, conclui.

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