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Você sabe por que enterramos pessoas em caixões – e não direto na terra?

A morte é uma das poucas certezas da vida, mas apesar de ser um evento universal, o modo como lidamos com ela varia amplamente entre culturas e períodos históricos. Entre rituais, homenagens e tradições, uma prática que se tornou comum em muitas sociedades é o uso de caixões para sepultar os corpos. Mas por que enterramos pessoas em caixões?

Desde os primeiros grupos humanos, enterrar os mortos foi uma forma de preservar a dignidade, proteger os vivos de doenças e, em muitas culturas, facilitar a transição do espírito para outra existência. O caixão, no entanto, é uma camada a mais nesse ritual, com funções que vão além de simplesmente conter o corpo.

Por que enterramos pessoas em caixões?

Imagem: Syda Productions/Shutterstock

Os primeiros registros de sepultamento em caixões remontam a milhares de anos, com evidências arqueológicas de caixões rudimentares feitos de madeira datando de cerca de 5.000 anos. Esses primeiros caixões não eram apenas formas de conter o corpo, mas sim verdadeiros artefatos culturais, frequentemente decorados e utilizados para expressar a posição social da pessoa sepultada.

Em algumas culturas, como no Antigo Egito, os sarcófagos que são uma forma elaborada de caixão eram projetados para proteger o corpo e ajudar na jornada para a vida após a morte.

Sarcófago encontrado em uma das tumbas
Sarcófago encontrado em uma das tumbas (Credito: Ministério de Turismo e Antiguidades do Egito)

A ideia de enterrar os mortos a uma profundidade específica (os famosos sete palmos de terra) tem mais a ver com questões práticas do que simbólicas. Enterrar os corpos em profundidade protege os restos mortais de animais necrófagos, reduz o risco de contaminação do solo e ajuda a controlar odores de decomposição. O caixão, por sua vez, funciona como uma camada adicional de proteção, retardando a decomposição e criando uma barreira entre o corpo e o solo ao redor.

Mas a função dos caixões não é apenas sanitária. Eles também ajudam a preservar a integridade do corpo por mais tempo, o que é especialmente importante em culturas que valorizam a visitação ao túmulo e a manutenção da memória física do falecido.

Além disso, o caixão serve como um espaço de despedida, um receptáculo onde objetos pessoais, flores e mensagens podem ser depositados junto ao corpo, tornando o enterro um ritual mais íntimo e simbólico para os familiares.

Caixão “Loop Living Cocoon”, feito de cogumelos e forrado com musgos. Crédito: Loop Biotech

Em algumas sociedades modernas, o uso de caixões também está associado a regulamentações ambientais e sanitárias. Em cemitérios urbanos, por exemplo, os caixões ajudam a evitar o afundamento do solo e facilitam o manejo dos espaços.

Ao longo do tempo, no entanto, a visão sobre o uso de caixões tem mudado, especialmente com o crescimento de movimentos voltados para enterros ecológicos, que buscam eliminar ou reduzir o uso de materiais artificiais, permitindo que o corpo retorne à terra de forma mais natural e rápida.

Mesmo com essas mudanças, a imagem do caixão como símbolo de respeito e proteção ainda é profundamente enraizada em muitas culturas, funcionando como uma ponte entre o mundo dos vivos e o descanso eterno.

E, curiosamente, apesar do tabu que cerca a morte, caixões também refletem inovações tecnológicas e até modismos: há caixões temáticos, biodegradáveis, personalizados com fotos e mensagens, mostrando que mesmo diante da morte, a humanidade busca expressar individualidade e afeto.

Com informações de Australian Museum.

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Achados arqueológicos levam mais para trás a origem da metalurgia do cobre

Um estudo a ser publicado na edição de abril do Journal of Archaeological Science: Reports, já disponível online, revela novas informações sobre os primórdios da metalurgia. A pesquisa, liderada por cientistas da Universidade de Kocaeli (Turquia), sugere que os últimos caçadores-coletores da Anatólia podem ter iniciado processos metalúrgicos experimentais mais de três mil anos antes do que se pensava.

O sítio arqueológico de Gre Fılla, localizado no alto Vale do Tigre, tem sido examinado desde 2018. Durante as escavações, os pesquisadores encontraram estruturas arquitetônicas, objetos de cobre e um material vitrificado que pode estar relacionado às primeiras tentativas de metalurgia. Essas descobertas desafiam a ideia de que a metalurgia do cobre começou apenas no Calcolítico, há cerca de seis mil anos.

Localização das primeiras atividades metalúrgicas na Anatólia e no sítio arqueológico de Gre Fılla (a). O contexto em que o material vitrificado (GRE-VRF) foi encontrado (b).Crédito: Escavação Gre Fılla / Özlem Ekinbaş Can

A equipe usou técnicas avançadas, como espectroscopia de fluorescência de raios-X (pXRF) e difração de raios-X (XRD), para analisar os vestígios encontrados. Entre os itens mais interessantes estão um objeto em forma de barra de cobre e um material vitrificado com pequenas gotas de cobre embutidas. 

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Descobertas indicam controle do fogo na metalurgia antiga

O material vitrificado, chamado GRE-VRF, apresenta uma textura fluida de um lado e uma depressão do outro, sugerindo que foi exposto a altas temperaturas.

A composição química do GRE-VRF indica a presença de minerais ricos em ferro e cromo, o que aponta para experimentos metalúrgicos. Essa evidência sugere que o cobre foi aquecido a mais de 1000°C, indicando um controle do fogo mais avançado do que se imaginava para o período.

Frente e verso do material vitrificado (a). Ferramenta composta, machado de cinzel com cabo ósseo semelhante a machados líticos (b). Um cinzel machado. Seção transversal do objeto de cobre (GRE-C-002) (d). Crédito: Üftade Muşkara et al.

Além disso, análises de isótopos de chumbo indicam que o cobre usado na barra não veio das minas próximas de Ergani, mas de áreas distantes na região do Mar Negro. Isso sugere que já existiam redes de troca de longa distância, o que indica um conhecimento significativo do cobre na época.

Com esses novos achados, a pesquisa propõe que a metalurgia pode ter se desenvolvido de forma mais gradual do que se pensava, com várias comunidades explorando a metalurgia em momentos diferentes. Essas evidências exigem uma revisão das origens da metalurgia, mostrando que ela pode ter sido muito mais complexa e antiga do que se imaginava.

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Arqueólogos descobrem ‘Cidade do Ouro’ de 3 mil anos no Egito

Uma espécie de cidade usada para mineração de ouro três mil anos atrás foi descoberta no Egito, conforme divulgado pelo Ministério do Turismo e Antiguidades. O local fica em Jabal Sukari, na província do Mar Vermelho.

A escavação demorou dois anos para ser concluída. “O projeto envolveu extensas escavações arqueológicas, documentação e esforços de restauração para salvaguardar os elementos arquitetônicos descobertos no local”, informou a pasta numa postagem em sua página no Facebook.

‘Cidade do Ouro’ no Egito ajuda arqueólogos a entenderem vida e trabalho de garimpeiros da época

O projeto encontrou equipamentos dos garimpeiros e artefatos usados por quem morava na “Cidade do Ouro”. “É uma descoberta significativa porque expande a nossa compreensão das antigas técnicas de mineração egípcias”, disse o ministro Sherif Fathy.

‘Cidade do Ouro’ foi encontrada em Jabal Sukari, na província do Mar Vermelho, no Egito (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

O assentamento tinha estações de moagem e britagem; bacias de filtração e de sedimentação; e fornos de argila, onde se fundia o ouro extraído dos veios de quartzo.

Além disso, os arqueólogos encontraram um bairro onde os garimpeiros moravam. O distrito tinha ruínas de casas, oficiais, templos, balneários e edifícios administrativos da era ptolomaica (305 e 30 a.C).

Montagem de artefatos encontrados em cidade do ouro de três mil anos no Egito
Artefatos encontrados na ‘Cidade do Ouro’ no Egito ajudam arqueólogos a entenderem como as pessoas viviam lá na época (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

Os artefatos encontrados no local também ajudam pesquisadores a entender a vida social, econômica e religiosa dos garimpeiros, segundo Fathy. Entre os objetos encontrados, estavam: perfumes, remédios, vasos de cerâmica e estatuetas de pedra com imagens de divindades – por exemplo: Bastet (deusa da proteção, do prazer e da boa saúde) e Harpócrates (deus do silêncio e do segredo).

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Descoberta de nova tumba real reacende mistérios sobre Tutmósis II

Em achado que remete aos tempos de Howard Carter e do túmulo de Tutancâmon, egiptólogos desenterraram uma tumba real decorada na região de Luxor, a oeste do icônico Vale dos Reis. Trata-se do primeiro local desse tipo descoberto em mais de um século.

Suposta múmia de Tutmósis II dentro de caixa de vidro
Suposta múmia de Tutmósis II em exposição (Imagem: B.O’Kane/Alamy)

Fragmentos de cerâmica e vestígios diversos encontrados no amplo espaço subterrâneo indicam que a tumba pertencia a Tutmósis II, jovem faraó que morreu prematuramente há mais de três mil anos.

Saiba mais sobre a tumba milenar e a identidade do faraó nesta matéria do Olhar Digital.

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Mulher de 1.500 anos é descoberta acorrentada em Jerusalém

Durante escavações em um mosteiro bizantino em Khirbat el-Masani, perto da Cidade Velha de Jerusalém, arqueólogos encontraram um esqueleto feminino envolto em correntes pesadas. A descoberta, feita em túmulos do século V, revelou restos mortais de homens, mulheres e crianças, mas a presença das correntes tornou essa sepultura especialmente intrigante.

Segundo o artigo que relata a descoberta, que será publicado  na edição de abril do Journal of Archaeological Science: Reports, as correntes não indicavam punição ou aprisionamento, mas sim uma prática ascética religiosa – que consistia em limitar a mobilidade do próprio corpo como forma de devoção espiritual.

Túmulo escavado em Jerusalém revela esqueleto de mulher de 1.500 anos envolto em esqueleto. Crédito: Autoridade de Antiguidades de Israel

Durante a vida, a pessoa provavelmente usava as correntes para renunciar aos prazeres terrenos e fortalecer sua fé. Esse tipo de ritual era mais comum entre monges cristãos da época, especialmente após o cristianismo se tornar a religião oficial do Império Romano, no ano 380.

O ascetismo ganhou força no período bizantino, quando muitos religiosos buscavam a purificação espiritual por meio de autoprivação. Alguns se isolavam no topo de colunas para orar, enquanto outros usavam correntes para limitar seus movimentos. Apesar de ser uma prática documentada entre homens, relatos históricos indicam que algumas mulheres também adotavam formas extremas de ascetismo.

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Como foi descoberto o sexo do esqueleto encontrado em Jerusalém

Para confirmar o sexo da pessoa, os pesquisadores analisaram peptídeos presentes no esmalte dentário. A presença do gene AMELX, ligado ao cromossomo X, e a ausência do gene AMELY, encontrado no cromossomo Y, indicaram que o indivíduo era biologicamente feminino. 

Arqueólogos encontraram os restos mortais de uma mulher acorrentada em uma sepultura da era bizantina em Jerusalém. Crédito: Matan Chocron / Autoridade de Antiguidades de Israel

Mulheres ascetas eram mais comuns entre a nobreza, mas geralmente seguiam práticas menos rigorosas, como jejum e oração. O uso de correntes pesadas era raro entre elas, tornando essa descoberta uma evidência única. Em entrevista ao site LiveScience, a arqueóloga Elisabetta Boaretto, do Instituto Weizmann de Ciência, em Rehovot, Israel, “restringir o corpo com correntes criava espaço para que a mente se concentrasse exclusivamente em Deus”.

A presença das correntes no enterro sugere que esse objeto fazia parte da identidade espiritual da mulher. Os pesquisadores acreditam que o sepultamento com as correntes foi uma forma de honrar sua dedicação religiosa, garantindo que seu compromisso espiritual fosse reconhecido mesmo após a morte.

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