A nave espacial Athena, da empresa Intuitive Machines, tombou na superfície da Lua após tentativa de pouso e foi declarada morta. O Olhar Digital reportou o caso aqui.
A sonda Lunar Reconnaissance Orbiter, da NASA, registrou imagens do local de descanso final da Athena, dentro da cratera onde ela tombou.
A sonda Athena, da Intuitive Machines, capturou esta visão da Lua durante seu pouso em 6 de março de 2025, antes de ‘morrer’ (Crédito: NASA TV)
Nave Athena foi declarada morta após tombar na Lua
A Athena chegou à Lua no dia 6 de março. A missão, que forneceria dados cruciais para o retorno dos humanos ao satélite natural, pousou a cerca de 400 quilômetros de onde deveria ter pousado, próximo ao polo sul lunar.
Inicialmente, a nave conseguiu gerar energia e transmitir dados para a Terra, o que já indicou que havia algo de errado por lá. No dia seguinte, 7 de março, a Intuitive Machines, responsável pela máquina, confirmou que a Athena tombou de lado dentro de uma cratera, o que impediu que seus painéis solares captassem energia para recarregar as baterias. A missão foi declarada morta.
Além do envio de dados, a missão IM-2 (por ser a segunda da empresa com esse objetivo) carregava diversos experimentos científicos da NASA, incluindo a broca de regolito Trident, projetada para buscar água e outros componentes essenciais para a sustentação da vida na Lua. Ou seja, a falha também impacta o programa lunar da agência espacial americana.
A sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), da NASA, aproveitou para fazer registros da Athena em seu local de descanso, na região de Mons Mouton, a cerca de 160 quilômetros do polo sul.
A primeira imagem é do dia 7 de março. Veja:
Registro de 7 de março (Imagem: NASA/GSFC/Universidade Estadual do Arizona)
Três dias depois, no dia 10, a LRO fotografou a Athena no chão de uma cratera de 20 metros de largura:
LRO registrou Athena tombada dentro de uma cratera na Lua, no dia 10 de março (Imagem: NASA/GSFC/Universidade Estadual do Arizona)
Athena pode ajudar na exploração lunar
A IM-1, primeira missão da Intuitive Machines na Lua, enviou o módulo Odysseus ao satélite em fevereiro do ano passado. Ele também tombou, mas operou por mais tempo antes da missão ser encerrada.
A empresa destacou que, mesmo com a morte da Athena, há resultados positivos:
Em atualização da missão no dia 7 de março, a Intuitive Machines escreveu que a região do polo sul “é iluminada por ângulos solares severos e comunicação direta limitada com a Terra”;
O módulo não sobreviveu ao terreno acidentados, mas “os insights e as conquistas do IM-2 abrirão esta região para mais exploração espacial”.
Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (7) (que você confere aqui) repercutiu os lançamentos espaciais mais importantes da semana: duas missões lunares e o oitavo voo de teste do megafoguete Starship, da SpaceX.
O programa contou com a presença da divulgadora científica Ned Oliveira. Em um bate-papo com o apresentador Marcelo Zurita, a convidada falou sobre os pousos dos módulos privadosBlue Ghost (da Firefly Aerospace) e Athena (da Intuitive Machines) na Lua, além de analisar a falha no oitavo voo da Starship, considerado por ela um retrocesso.
Ned Oliveira foi a convidada do programa Olhar Espacial de sexta-feira (7). Imagem: YouTube/Olhar Digital
Em referência ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no sábado (8), Ned Oliveira comentou a presença de garotas na Ciência. Ela diz que ainda há desafios para que as jovens acessem iniciativas científicas, mas que a situação tem melhorado. Com isso, crianças e adolescentes estão perdendo o medo de escolher as áreas de tecnologia e ciência como profissão.
“Eu fico emocionada quando vejo as meninas, que hoje eu admiro demais o trabalho delas, quando a gente se encontra em algum evento. Elas falam que as inspirei por meio do meu trabalho, participação em lives e eventos astronômicos”, disse a divulgadora científica.
Segundo Zurita, “a gente acaba perdendo muitas mentes brilhantes com o nosso machismo e o nosso preconceito”. Ambos destacaram que há lugar para todos na divulgação do conhecimento e nas áreas da ciência e tecnologia.
Pouso da Blue Ghost é animador
Os primeiros comentários no programa foram sobre o ótimo pouso do módulo Blue Ghost. Para Ned Oliveira, esse é um sinal positivo para a Artemis III – a missão que deve levar astronautas ao polo sul da Lua em meados de 2027.
A nave viajou cerca de 4,5 milhões de quilômetros desde seu lançamento, em 15 de janeiro, vindo a pousar na formação chamada Mons Latreille, uma cratera com mais de 480 km de largura. Dentre os objetivos da missão citados pela convidada estão:
Testar o instrumento de GNSS, sendo esse o primeiro teste de GPS na Lua
Avaliar a resistência dos computadores à radiação
Medir o campo magnético lunar
Testar tecnologias diversas para a futuras missões tripuladas
O módulo de pouso Blue Ghost capturou seu primeiro nascer do Sol na Lua, marcando o início do dia lunar e o início das operações de superfície em seu novo lar. (Imagem: Firefly Aerospace)
A missão está prevista para durar um dia lunar (cerca de quatorze dias terrestres). Zurita explicou que o objetivo do programa de parceria da NASA com empresas privadas é reduzir custos e buscar mais eficiência. “Ninguém aguenta mais um investimento tão alto e missões que não trazem retorno financeiro e que não trazem grandes conquistas para a humanidade a curto prazo”, diz o astrônomo.
Athena tomba na Lua, mas empresa não desanima
Zurita e Ned seguiram o programa para comentar o tombo do módulo Athena, da empresa Intuitive Machines (IM). O equipamento pousou numa cratera para além do seu raio de pouso calculado e ficou sem acesso à luz solar, que carrega suas baterias.
Em fevereiro do ano passado, o módulo Odysseus, da mesma empresa, pousou de forma indevida e também tombou. De acordo com os comentaristas, isso se deve a um design aeroespacial já conhecido por falhas.
No entanto, a Intuitive Machines não desanimou. “Eles [Intuitive Machines e NASA] não consideram um fracasso. Inclusive, a próxima missão já está em andamento. Estão se preparando e vão continuar. A questão é realmente esta: não desistir”, diz Ned Oliveira.
A nave espacial Athena, da empresa Intuitive Machines (IM), foi declarada como “morta” após tombar na superfície da Lua durante sua tentativa de pouso. (Imagem: Intuitive Machines)
A IM considerou o feito um sucesso, descrevendo como “o pouso lunar e as operações de superfície mais ao sul já realizados”.
O módulo levou diversos equipamentos para experimentação científica. Dentre eles, a broca de regolito Trident, que funcionaria para buscar água na Lua, e três sondas robóticas para explorar o polo sul lunar.
O último teste de voo da Starship, da SpaceX, foi marcado por um desastre: a perda de controle e autodestruição da nave. O equipamento teve uma falha de motor, o que causou sua desaceleração, perda de comando de altitude e, em seguida, o fim da comunicação com a Terra.
“Ela teve o incêndio no compartimento dos motores e nisso ela perdeu vários motores. Então, ficou sem estabilidade e começou a rodopiar”, explicou Ned Oliveira.
A nave foi destruída por questão de segurança. Tudo é calculado para que os destroços caiam na água.
Para a divulgadora científica, aliás, segurança é a palavra de ordem – principalmente quando humanos estiverem na tripulação de uma Starship. E, neste aspecto, ainda há muito o que evoluir. Afinal, apertar o botão de autodestruição e recomeçar não será uma opção com vidas a bordo.
No entanto, a falha é considerada um retrocesso da empresa na visão de Ned Oliveira. Segundo ela, o ritmo acelerado da construção e teste entre uma nave e outra não resolve os problemas. “Quando a nave 7 explodiu, no mesmo dia Elon Musk já estava dando a data [de lançamento] da 8”, comenta.
Pouso do propulsor Super Heavy na plataforma durante 8º voo de teste do foguete Starship, da SpaceX. (Imagem: SpaceX)
A divulgadora destacou como bons exemplos os lançamentos do foguete Falcon 9, usado para levar satélites Starlink para a órbita terrestre. “A gente via isso nos Falcon 9: quando tinha algum problema, no outro voo era perfeito, porque o problema era resolvido. O que a gente viu nos voos da Starship 7 e 8 é que o problema continuou”, disse Ned, concluindo que “esse voo, comparado com o voo 7, foi sim considerado um retrocesso“.
A nave espacial Athena, da empresa Intuitive Machines (IM), foi declarada como “morta” após tombar na superfície da Lua durante sua tentativa de pouso.
O incidente, que ocorreu na quinta-feira (6), marca um revés significativo para o programa de serviços de carga lunar comercial (CLPS) da NASA, que visa fomentar a exploração lunar por empresas privadas.
Missão lunar Athena: do pouso histórico a declaração de falha
No entanto, a IM confirmou na sexta-feira (7) que a Athena tombou de lado e, devido à orientação de seus painéis solares e às temperaturas extremas na cratera, seria incapaz de recarregar suas baterias, encerrando a missão.
A sonda Athena, da Intuitive Machines, capturou esta visão da Lua durante seu pouso em 6 de março de 2025. Crédito: NASA TV
A falha da Athena levanta preocupações sobre o design da nave, que compartilha semelhanças com a Odysseus, a primeira espaçonave privada a pousar na Lua. Odysseus também tombou durante o pouso em fevereiro de 2024, após quebrar uma perna. Essa repetição de falhas levanta questionamentos sobre a confiabilidade do design e a necessidade de aprimoramentos para futuras missões.
A missão IM-2, como era conhecida a missão da Athena, carregava diversos experimentos científicos da NASA, incluindo a broca de regolito Trident, projetada para buscar água e outros componentes essenciais para a sustentação da vida na Lua. Além disso, a nave transportava três sondas robóticas móveis, como a plataforma de prospecção autônoma móvel (Mapp), o primeiro veículo comercial a chegar à Lua. A perda desses equipamentos representa um grande impacto para o programa lunar da NASA.
Apesar da falha, a IM destacou o sucesso do pouso no polo sul lunar, descrevendo-o como “o pouso lunar e as operações de superfície mais ao sul já realizados”. A empresa ressaltou que a região é conhecida por seu terreno acidentado e condições desafiadoras de iluminação solar e comunicação. A IM acredita que os dados coletados durante a missão Athena contribuirão para o desenvolvimento de futuras explorações espaciais na região.
A missão Athena fazia parte do programa CLPS da NASA, que investiu US$ 2,6 bilhões em contratos com empresas privadas para o desenvolvimento de missões lunares. O objetivo do programa é incentivar a exploração lunar comercial e preparar o terreno para a missão tripulada Artemis 3, prevista para meados de 2027.
Enquanto a Athena enfrenta seu destino na Lua, a missão Blue Ghost 1, da Firefly Aerospace, obteve sucesso em seu pouso recente, demonstrando o progresso contínuo da exploração lunar por empresas privadas.
O módulo lunar Athena, da empresa norte-americana Intuitive Machines, pousou perto do polo sul da Lua nesta quinta-feira (6), às 14h31 (horário de Brasília). Embora a missão tenha seguido o cronograma previsto, os engenheiros ainda não sabem se a sonda está na posição correta, o que pode interferir na capacidade de comunicação e geração de energia.
A confirmação do pouso veio durante uma transmissão ao vivo do evento. Horas mais tarde, a empresa realizou uma coletiva de imprensa para atualizar a situação. “Devo dizer que ainda não acreditamos que estamos na atitude correta na superfície da Lua”, declarou Steve Altemus, CEO da Intuitive Machines. Ele explicou que a equipe ainda está analisando os dados recebidos e espera obter imagens do orbitador Lunar Reconnaissance Orbiter (LRO), da NASA, nos próximos dias para entender melhor a situação.
A sonda Athena, da Intuitive Machines, capturou esta visão da Lua durante seu pouso em 6 de março de 2025. Crédito: NASA TV
Apesar da incerteza sobre a posição da espaçonave Athena, a comunicação com ela foi estabelecida. “Podemos comandar cargas úteis para ligar e desligar”, disse Altemus. No entanto, ele admitiu que a geração de energia e a comunicação não estão totalmente dentro do esperado. Como medida preventiva, a equipe adotou estratégias para conservar energia e avaliar quais objetivos da missão ainda podem ser cumpridos.
Localização exata do módulo Athena ainda é um mistério
Outro desafio enfrentado pela equipe da Intuitive Machines é determinar a localização exata da sonda Athena na Lua. A espaçonave deveria pousar em uma região específica dentro do planalto Mons Mouton, a cerca de 160 km do polo sul lunar. Porém, devido às dificuldades encontradas no pouso, a posição final do módulo pode estar um pouco diferente do previsto.
“Não sei exatamente onde estaríamos em relação à elipse de pouso que especificamos antes da missão, com precisão de 50 metros”, explicou Altemus. Ele afirmou que a equipe está aguardando imagens da câmera do orbitador LRO para confirmar a localização.
Tim Crain, diretor de crescimento da Intuitive Machines, acredita que o software de reconhecimento de crateras da Athena funcionou corretamente e direcionou a sonda para um ponto próximo do alvo planejado. O sistema utiliza um banco de dados com imagens de crateras da região, comparando-as com as captadas durante a descida para se orientar.
“A resposta, repetidamente, foi sim”, disse Crain, ao ser questionado se o software havia identificado corretamente as crateras durante a aterrissagem. Mesmo assim, ele demonstrou uma leve frustração. “Estou um pouco desapontado porque o módulo de pouso provavelmente está fora do perímetro do local de pouso”.
Mons Mouton, uma montanha lunar semelhante a uma mesa perto do polo sul da Lua, batizada em homenagem ao matemático da NASA Melba Mouton, onde a sonda Athena deve pousar. Crédito: NASA / Science Visualization Studio
Apesar disso, Crain garantiu que a Athena pousou dentro do planalto Mons Mouton, uma região de interesse para futuras explorações lunares devido à possibilidade de conter gelo de água sob a superfície.
“Pousar na Lua é extremamente difícil”
Durante a coletiva de imprensa, Nicky Fox, administradora associada da Diretoria de Missões Científicas da NASA, destacou os desafios de um pouso lunar bem-sucedido. “Acho que todos podemos concordar, particularmente hoje, que pousar na Lua é extremamente difícil, e a IM-2 pretendia pousar em um lugar que a humanidade nunca esteve antes”.
Nicky Fox, administradora associada da Diretoria de Missões Científicas da NASA, durante a coletiva de imprensa sobre o pouso da sonda Athena, da Intuitive Machines. Crédito: NASA TV
Ela reforçou que, apesar das dificuldades, a sonda segue ativa e retornando dados valiosos para a missão. “Esperamos poder trabalhar com a Intuitive Machines em um plano para recuperar o máximo de dados científicos e tecnológicos durante sua permanência na Lua”.
Altemus também classificou o pouso como um sucesso, independentemente das dificuldades enfrentadas. “Sempre que você envia uma espaçonave para a Flórida para voar e, uma semana depois, ela está operando na Lua, declaro que é um sucesso”.
Sonda anterior “quebrou a perna” ao pousar na Lua
Esse cenário lembra o pouso da missão IM-1, também da Intuitive Machines, ocorrido em fevereiro de 2024. Na ocasião, o módulo Odysseus tocou o solo lunar com velocidade acima do esperado. Isso acabou quebrando uma perna da espaçonave e fazendo com que ela tombasse parcialmente, dificultando a comunicação.
A transmissão do pouso da missão IM-2 foi encerrada 30 minutos após o evento, com a informação de que mais detalhes serão divulgados em uma coletiva de imprensa marcada para às 18h.
A missão IM-2 faz parte do programa CLPS, da NASA, que contrata empresas privadas para levar experimentos científicos e novas tecnologias à Lua.
Como estava programado o pouso da sonda Athena na Lua
Pouco depois de ter sido lançado por um foguete Falcon 9, da SpaceX, no dia 26 de fevereiro de 2025, o Athena enviou algumas imagens da Terra para a equipe de controle.
Após uma jornada de quase cinco dias completos, o lander chegou à órbita lunar na segunda-feira (3). No dia seguinte, novos registros obtidos pela espaçonave (que completa uma órbita a cada duas horas) foram divulgados pela Intuitive Machines no X (antigo Twitter), desta vez mostrando a Lua – confira aqui.
Segundo a descrição da missão no site da Intuitive Machines, o pouso seria um processo complexo e autônomo. Primeiro, a sonda precisaria reduzir sua órbita para entrar em trajetória de aproximação. Nesse estágio, sem comunicação direta com a Terra, ela dependeu apenas de seus sensores para navegar.
Ao retomar o contato com os controladores, a espaçonave deveria acionar os motores para diminuir a velocidade e alinhar-se com a superfície. A poucos metros do solo, era esperado que ela desativasse as câmeras e fizesse o ajuste final por orientação interna, tocando o chão suavemente. Por enquanto, não se sabe se esses procedimentos foram cumpridos corretamente.
A escolha da região de Mons Mouton não foi aleatória. Localizada perto do polo sul lunar, a área é um dos focos de interesse da NASA devido à possibilidade de conter gelo de água abaixo da superfície. A presença desse recurso pode ser essencial para futuras missões tripuladas, pois permitiria a obtenção de água potável e até combustível para foguetes.
A sonda Athena, da Intuitive Machines, capturou esta imagem enquanto pousava perto do polo sul da Lua, em 6 de março de 2025. Crédito: NASA TV
Missão deve durar 10 dias
Se tudo der certo, a missão deve durar cerca de 10 dias – o período de iluminação solar na região. Durante esse tempo, seus instrumentos irão perfurar e analisar o solo lunar em busca de gelo. O experimento PRIME-1, da NASA, utilizará uma broca chamada TRIDENT para coletar amostras, enquanto o espectrômetro MSolo verificará sua composição.
O módulo Athena também transporta um pequeno rover japonês chamado Yaoki e a espaçonave autônoma Grace, que explorará uma cratera próxima. Há também um experimento de comunicação 4G/LTE da Nokia, que poderá facilitar a conectividade em futuras missões.
A Intuitive Machines já planeja novas missões à Lua. Com contratos adicionais da NASA, a empresa segue ampliando sua participação na exploração do satélite, ajudando a pavimentar o caminho para o retorno de astronautas à superfície lunar.
O módulo lunar Athena, da norte-americana Intuitive Machines, pousou perto do polo sul da Lua nesta quinta-feira (6), às 14h31 (horário de Brasília). Embora a missão tenha ocorrido dentro do cronograma planejado, há sinais de que a descida ao solo lunar pode não ter sido perfeita.
Durante a transmissão ao vivo do evento, a empresa informou que a sonda Athena continua enviando dados e gerando energia na superfície. No entanto, a equipe ainda não confirmou se a espaçonave pousou na posição correta – o que seria essencial para garantir uma boa comunicação com a Terra.
“Podemos confirmar que Athena está na Lua”, disse Josh Marshall, da Intuitive Machines. Segundo ele, os engenheiros estão analisando a orientação do módulo, o que afeta a qualidade do sinal.
Esse cenário lembra o pouso da missão IM-1, também da Intuitive Machines, ocorrido em fevereiro de 2024. Na ocasião, o módulo Odysseus tocou o solo lunar com velocidade acima do esperado. Isso acabou quebrando uma perna da espaçonave e fazendo com que ela tombasse parcialmente, dificultando a comunicação.
A sonda Athena, da Intuitive Machines, capturou esta imagem enquanto pousava perto do polo sul da Lua, em 6 de março de 2025. Crédito: NASA TV
A transmissão do pouso da missão IM-2 foi encerrada 30 minutos após o evento, com a informação de que mais detalhes serão divulgados em uma coletiva de imprensa marcada para às 18h.
A missão IM-2 faz parte do programa CLPS, da NASA, que contrata empresas privadas para levar experimentos científicos e novas tecnologias à Lua.
Como estava programado o pouso da sonda Athena na Lua
Pouco depois de ter sido lançado por um foguete Falcon 9, da SpaceX, no dia 26 de fevereiro de 2025, o Athena enviou algumas imagens da Terra para a equipe de controle.
Após uma jornada de quase cinco dias completos, o lander chegou à órbita lunar na segunda-feira (3). No dia seguinte, novos registros obtidos pela espaçonave (que completa uma órbita a cada duas horas) foram divulgados pela Intuitive Machines no X (antigo Twitter), desta vez mostrando a Lua – confira aqui.
Segundo a descrição da missão no site da Intuitive Machines, o pouso seria um processo complexo e autônomo. Primeiro, a sonda precisaria reduzir sua órbita para entrar em trajetória de aproximação. Nesse estágio, sem comunicação direta com a Terra, ela dependeu apenas de seus sensores para navegar.
Ao retomar o contato com os controladores, a espaçonave deveria acionar os motores para diminuir a velocidade e alinhar-se com a superfície. A poucos metros do solo, era esperado que ela desativasse as câmeras e fizesse o ajuste final por orientação interna, tocando o chão suavemente. Por enquanto, não se sabe se esses procedimentos foram cumpridos corretamente.
Mons Mouton, uma montanha lunar semelhante a uma mesa perto do polo sul da Lua, batizada em homenagem ao matemático da NASA Melba Mouton, onde a sonda Athena deve pousar. Crédito: NASA / Science Visualization Studio
A escolha da região de Mons Mouton não foi aleatória. Localizada perto do polo sul lunar, a área é um dos focos de interesse da NASA devido à possibilidade de conter gelo de água abaixo da superfície. A presença desse recurso pode ser essencial para futuras missões tripuladas, pois permitiria a obtenção de água potável e até combustível para foguetes.
Se tudo der certo, a missão deve durar cerca de 10 dias – o período de iluminação solar na região. Durante esse tempo, seus instrumentos irão perfurar e analisar o solo lunar em busca de gelo. O experimento PRIME-1, da NASA, utilizará uma broca chamada TRIDENT para coletar amostras, enquanto o espectrômetro MSolo verificará sua composição.
A Nokia incluiu um sistema de comunicação 4G no Athena da Intuitive Machines para conectar pequenos rovers com o módulo lunar – imagem conceitual artística. Crédito: Nokia/Intuitive Machines
O módulo Athena também transporta um pequeno rover japonês chamado Yaoki e a espaçonave autônoma Grace, que explorará uma cratera próxima. Há também um experimento de comunicação 4G/LTE da Nokia, que poderá facilitar a conectividade em futuras missões.
A Intuitive Machines já planeja novas missões à Lua. Com contratos adicionais da NASA, a empresa segue ampliando sua participação na exploração do satélite, ajudando a pavimentar o caminho para o retorno de astronautas à superfície lunar.
Na tarde desta quinta-feira (6), o lander Athena, da empresa Intuitive Machines, dos EUA, tentará pousar na Lua. Se der tudo certo, será a segunda vez que a companhia conquista o feito. Em fevereiro de 2024, o módulo Odysseus se tornou a primeira espaçonave privada a atingir o solo lunar com sucesso – embora tenha tombado após o contato com o solo.
Denominada IM-2, a missão faz parte do programa Serviços Comerciais de Carga Útil Lunar (CLPS), da NASA, que contrata empresas privadas para levar experimentos científicos e tecnológicos à Lua.
Com transmissão ao vivo no serviço de streaming NASA+ e no canal Intuitive Machines no YouTube a partir das 13h30 (pelo horário de Brasília), o pouso deve acontecer cerca de uma hora depois na região de Mons Mouton, perto do polo sul lunar.
Imagem capturada pela espaçonave Athena na órbita da Lua. Crédito: Intuitive Machines
Pouco depois de ter sido lançado por um foguete Falcon 9, da SpaceX, no dia 26 de fevereiro de 2025, o Athena enviou algumas imagens da Terra para a equipe de controle.
Após uma jornada de quase cinco dias completos, o lander chegou à órbita lunar na segunda-feira (3). No dia seguinte, novos registros obtidos pela espaçonave (que completa uma órbita a cada duas horas) foram divulgados pela Intuitive Machines no X (antigo Twitter), desta vez mostrando a Lua – confira aqui.
Segundo a descrição da missão no site da Intuitive Machines, o pouso será um processo complexo e autônomo. Primeiro, a sonda reduzirá sua órbita e entrará em trajetória de aproximação. Sem comunicação direta com a Terra nesse estágio, ela dependerá apenas de seus sensores para navegar.
Quando retomar o contato com os controladores, acionará os motores para diminuir a velocidade e alinhar-se com a superfície. A poucos metros do solo, deve desativar as câmeras e fazer o ajuste final por orientação interna, tocando o chão suavemente.
Mons Mouton, uma montanha lunar semelhante a uma mesa perto do polo sul da Lua, batizada em homenagem ao matemático da NASA Melba Mouton, onde a sonda Athena deve pousar. Crédito: NASA / Science Visualization Studio
A escolha da região de Mons Mouton não foi aleatória. Localizada perto do polo sul lunar, a área é um dos focos de interesse da NASA devido à possibilidade de conter gelo de água abaixo da superfície. A presença desse recurso pode ser essencial para futuras missões tripuladas, pois permitiria a obtenção de água potável e até combustível para foguetes.
Após o pouso, a missão deve durar cerca de 10 dias – o período de iluminação solar na região. Durante esse tempo, seus instrumentos irão perfurar e analisar o solo lunar em busca de gelo. O experimento PRIME-1, da NASA, utilizará uma broca chamada TRIDENT para coletar amostras, enquanto o espectrômetro MSolo verificará sua composição.
O módulo Athena também transporta um pequeno rover japonês chamado Yaoki e a espaçonave autônoma Grace, que explorará uma cratera próxima. Há também um experimento de comunicação 4G/LTE da Nokia, que poderá facilitar a conectividade em futuras missões.
A Intuitive Machines já planeja novas missões à Lua. Com contratos adicionais da NASA, a empresa segue ampliando sua participação na exploração do satélite, ajudando a pavimentar o caminho para o retorno de astronautas à superfície lunar.
Na tarde desta quinta-feira (6), o lander Athena, da empresa Intuitive Machines, dos EUA, tentará pousar na Lua. Se der tudo certo, será a segunda vez que a companhia conquista o feito. Em fevereiro de 2024, o módulo Odysseus se tornou a primeira espaçonave privada a atingir o solo lunar com sucesso – embora tenha tombado após o contato com o solo.
A missão, chamada IM-2, faz parte do programa Serviços Comerciais de Carga Útil Lunar (CLPS), da NASA, que contrata empresas privadas para levar experimentos científicos e tecnológicos à Lua.
Athena tirou “selfies” com a Terra enquanto ruma à Lua. Crédito: Reprodução/X/Intuitive Machines
Pouco depois de ter sido lançado por um foguete Falcon 9, da SpaceX, no dia 26 de fevereiro de 2025, o Athena enviou algumas imagens da Terra para a equipe de controle. Agora, novos registros obtidos pela espaçonave (que completa uma órbita a cada duas horas) foram divulgados pela Intuitive Machines no X (antigo Twitter), desta vez mostrando a Lua.
Em uma postagem de 4 de março, a empresa afirmou que o módulo “segue em excelente estado” e aguarda o nascer do Sol na região de Mons Mouton, perto do polo sul lunar, onde pretende pousar.
🧵1/2: Flight controllers confirmed that Athena completed lunar orbit insertion with enough accuracy to forego the IM-2 mission’s optional lunar correction maneuver.
Athena continues to be in excellent health, completing lunar orbits every two hours, waiting for the sun to rise… pic.twitter.com/dPt2bXLGMX
Também foi divulgado um vídeo em lapso de tempo mostrando 10 minutos de uma das 39 órbitas que o Athena fará antes da tentativa de descida.
📸🧵2/4: This image sequence is from a separate public affairs camera and is made up of 240 images taken over a mid-latitude region over a 10-minute span. Each image is shown as 2 frames in this sequence. pic.twitter.com/Xwk59Ju8zZ
Mons Mouton é um local estratégico para a NASA, pois pode conter gelo de água no subsolo, recurso essencial para futuras missões tripuladas, já que pode ser usado para produzir oxigênio e combustível.
Para ajudar nessa investigação, o módulo Athena transporta o experimento PRIME-1, que perfurará o solo lunar em busca de gelo. O equipamento é composto por uma broca capaz de cavar até um metro de profundidade e um espectrômetro de massa para analisar as amostras coletadas.
Outro equipamento a bordo é a espaçonave secundária Grace, que fará pequenos “saltos” ao redor do local de pouso para explorar áreas permanentemente sombreadas. Junto a ela, o pequeno rover MAPP (sigla em inglês para “Plataforma Móvel Autônoma de Prospecção”), desenvolvido pela empresa Lunar Outpost, ajudará nas pesquisas enquanto carrega a primeira rede de telefonia celular da Lua.
Movimentação está intensa na Lua
O pouso do Athena acontece em um momento de intensa atividade lunar. No último domingo (2), o módulo Blue Ghost, da Firefly Aerospace, chegou à superfície para uma missão de duas semanas na região de Mare Crisium. Outra espaçonave, o módulo japonês Resilience, lançado junto ao Blue Ghost em janeiro, segue em uma trajetória mais lenta e deve pousar em junho.
A expectativa da Intuitive Machines é que o Athena consiga uma descida mais precisa do que a de seu antecessor. “Esperamos pousar de forma mais controlada desta vez”, disse Trent Martin, vice-presidente sênior da empresa, ao site Space.com. Se tudo correr bem, a missão vai representar mais um avanço na exploração sustentável da Lua.
Indo rumo à Lua, o módulo Athena tirou suas primeiras fotos (selfies?) com a Terra. A espaçonave foi lançada na quarta-feira (26) pelo foguete Falcon 9, da SpaceX.
Nas fotos, divulgadas pela Intuitive Machines, dona do módulo espacial, vemos a Terra ao fundo, além de parte do Falcon 9. Pelas imagens, tiradas pouco após o lançamento da missão IM-2, tudo está correndo como esperado, com o módulo estando em excelente estado.
Athena tirou “selfies” com nosso planeta enquanto ruma à Lua (Imagem: Reprodução/X/Intuitive Machines)
“O Athena estabeleceu atitude estável, carregamento solar e contato via comunicação de rádio com o Centro de Operações de Missão da empresa em Houston após o lançamento”, explicou a Intuitive Machines, em publicação no X.
O Athena vai, em breve, acionar seus motores para auxiliar na trajetória antes de entrar na órbita da Lua. Espera-se que isso ocorra nesta segunda-feira (3). Quanto ao pouso em nosso satélite natural, a Intuitive Machines acredita que isso pode ocorrer na quinta-feira (6).
After liftoff on February 26, Athena established a stable attitude, solar charging, and radio communications contact with our mission operations center in Houston. The lander is in excellent health, sending selfies, and preparing for a series of planned main engine firings to… pic.twitter.com/Re5IgDDPBY
Na quarta-feira (26), além da missão IM-2, estavam, a bordo do Falcon 9, o módulo Lunar Trailblazer, da NASA, e o Odin, o primeiro minerador de asteroides;
A IM-2, por meio do Athena, tem dois objetivos: implantar internet 4G na Lua e buscar água por lá;
O módulo da Intuitive Machines conta com equipamentos da NASA que serão utilizados na busca por água, além de um dispositivo que vai disponibilizar a internet na Lua por meio de parceria da agência espacial estadunidense e a Nokia;
A implantação de internet 4G na Lua é pensado para o futuro, para auxiliar os astronautas que participarão da missão Artemis e para controlar equipamentos lunares.
Por trás desse avanço da iniciativa privada na exploração espacial, estão muitos investimentos públicos. No total, segundo a CBS News, a agência espacial estadunidense gastou US$ 207 milhões (R$ 1,21 bilhão, na conversão direta) nessa missão. A maior parte foi destinada às empresas parceiras.
A ideia é financiar serviços comerciais para permitir o crescimento da indústria e apoiar a exploração lunar de longo prazo, fortalecendo a posição dos Estados Unidos na nova corrida espacial.
Módulo de pouso Athena, da Intuitive Machines (Imagem: Intuitive Machines)
E os demais “colegas” de Falcon 9? O que farão?
Lunar Trailblazer
Além do Athena, a nave espacial Lunar Trailblazer também está indo rumo à órbita lunar. A Intuitive Machines ainda desenvolveu um pequeno robô, batizado de Grace. Ele permitirá captar imagens de alta resolução e fará levantamento científico da superfície da Lua.
O Grace foi projetado para contornar obstáculos, como inclinações íngremes, pedras e crateras, enquanto se move rapidamente, o que é uma capacidade valiosa para dar suporte a futuras missões na Lua e em Marte.
Nada mais é do que um drone propulsivo feito para saltar pela superfície lunar. O Grace tomará grandes impulsos pela Lua, atingindo alturas progressivamente maiores até alcançar 100 metros no terceiro salto.
Contudo, na semana passada, a Lunar Trailblazer enfrentou problemas técnicos, com falhas intermitentes no sistema de energia da espaçonave, com a comunicação da Trailblazer sendo perdida por completo na quinta-feira (27).
Horas depois, o sinal da espaçonave foi restabelecido, mas, na sexta-feira (28), ainda havia dificuldades para receber e enviar informações.
Essa espaçonave faz parte do programa Pequenas Missões Inovadoras de Exploração Planetária (SIMPLEX, na sigla em inglês), iniciativa da NASA para lançar pequenas espaçonaves científicas de baixo custo como carga secundária de voos compartilhados. Neste caso, a missão principal era o Athena.
O Athena pousará na Lua para analisar um local específico, enquanto o Trailblazer ficará em órbita coletando dados globais sobre a presença de água. O objetivo é entender onde e em que forma essa água está armazenada, conhecimento essencial para futuras missões tripuladas.
O Lunar Trailblazer levará cerca de quatro meses para alcançar a órbita lunar e dar início à sua missão de pelo menos dois anos.
Em poucas palavras:
A existência de água na Lua foi confirmada em 2009, mas sua forma exata ainda não é totalmente compreendida;
A espaçonave leva consigo um sensor mais avançado, desenvolvido pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês), da NASA. Ele será capaz de diferenciar gelo, água adsorvida e hidroxila, permitindo estudo mais detalhado da composição da superfície lunar;
Ao longo de dois anos, a missão também analisará crateras sombreadas e medirá a temperatura da superfície para entender o comportamento da água.
Sonda Lunar Trailblazer antes de ser encapsulada para ser lançada à Lua (Imagem: Lockheed Martin)
Odin, o primeiro minerador de asteroides do mundo
O último “caroneiro” é o Odin, primeiro minerador de asteroides da história. Ele pertence à empresa privada AstroForge. Com 120 kg, o dispositivo foi projetado para captar imagens do asteroide 2022 OB5.
O plano é usar esses dados para futura missão chamada Vestri, que pretende, futuramente, pousar no asteroide e explorar seu potencial para mineração. Mas, assim como a Trailblazer, o Odin também perdeu contato com a Terra horas após decolar.
A AstroForge está se preparando para a missão desde 2010. Desde a “era da promessa” da mineração espacial, muitas empresas fecharam sem nem chegarem perto de um asteroide (mineração é um ramo caro e missões espaciais mais ainda). Mas a AstroForge parece ter superado os primeiros desafios.
Esse foi o segundo lançamento da empresa. O primeiro, em abril de 2023, chamado Brokkr-1, alcançou, com sucesso, a órbita da Terra, mas não foi possível ativar com sucesso o protótipo da tecnologia de refinaria a bordo para demonstrar que ela funciona em microgravidade.
Apesar desse contratempo, a AstroForge afirmou que o teste foi positivo e rendeu “a experiência de uma campanha de voo, desde o projeto conceitual até as operações em órbita e todas as etapas intermediárias para construir, qualificar e certificar um veículo para o Espaço”.