O pânico global se transformou em esperança para as big techs após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar o adiamento das tarifas. A pausa será de 90 dias, período no qual todas as importações serão taxadas em “apenas” 10%. A exceção é a China, que terá taxas de 125%.
O mercado financeiro reagiu ao movimento da Casa Branca, revertendo parte dos prejuízos dos últimos dias. Nesta quarta-feira (9), as principais empresas de tecnologia do mundo tiveram uma valorização de US$ 1,8 bilhão (cerca de R$ 10 trilhões).
Perdas financeiras ainda são consideráveis
Mais prejudicada pelo tarifaço até agora, a Apple também foi a empresa que registrou a maior valorização no último pregão. A alta chegou a 15,33%, a maior desde janeiro de 1998 e a quarta maior da história da companhia.
Tarifaço de Donald Trump causou perdas globais para as big techs (Imagem: Chip Somodevilla/Shutterstock)
No total, a fabricante dos iPhones teve ganhos de US$ 397 bilhões (R$ 2,3 trilhões) nesta quarta. Movimentos semelhantes ocorreram com as outras grandes empresas de tecnologia da bolsa norte-americana. Este grupo é chamado de as “Sete Magníficas”.
Apesar da alta, a perda acumulada destas companhias desde o anúncio do tarifaço, na última quarta-feira (2), chega a US$ 275 bilhões (R$ 1,6 trilhão).
Na comparação com o início do governo Trump, elas perderam US$ 2,7 trilhões (R$ 15,7 trilhões) em valor de mercado.
Empresas como Amazon, Microsoft e Google estão operando e construindo centros de dados em algumas das regiões mais secas do mundo, segundo uma investigação conjunta da organização SourceMaterial e do jornal The Guardian. A expansão ocorre em meio a uma crescente demanda por armazenamento em nuvem e inteligência artificial (IA), mas levanta preocupações sobre o impacto nos recursos hídricos de populações já afetadas pela escassez.
Com apoio declarado de Donald Trump, as big techs planejam centenas de novos data centers nos Estados Unidos e em outros continentes, mesmo em locais que enfrentam estresse hídrico. “A questão da água vai se tornar crucial”, alertou Lorena Jaume-Palasí, fundadora da Ethical Tech Society, ao The Guardian. Segundo ela, será difícil garantir resiliência hídrica nessas comunidades à medida que a expansão avança.
Torres de resfriamento de um data center (Imagem: WaitForLight / Shutterstock.com)
Instalações de data centers em áreas críticas e consumo elevado pelas big techs
A análise da SourceMaterial identificou 38 centros de dados ativos e 24 em construção em áreas com escassez hídrica.
As empresas não divulgam os locais com facilidade — tratam-se, muitas vezes, de informações protegidas por sigilo comercial.
Ainda assim, a organização mapeou 632 centros pertencentes à Amazon, Microsoft e Google, o que representa um aumento de 78% no número total de instalações dessas empresas ao redor do mundo.
Boa parte desses centros está sendo erguida em regiões áridas, pois precisam ser construídos longe do mar — a baixa umidade reduz a corrosão dos componentes metálicos, ao contrário da água salgada.
O problema é que essas estruturas demandam grande volume de água para resfriamento dos servidores.
Segundo a própria Microsoft, 42% da água que utiliza provém de áreas com estresse hídrico. A Google declarou 15%. A Amazon não apresentou números globais.
Caso na Espanha evidencia disputa por recursos
Na região de Aragón, no norte da Espanha, a Amazon planeja construir três novos centros de dados próximos a unidades já existentes. Juntas, essas instalações têm licença para consumir 755 mil m³ de água por ano — volume suficiente para irrigar cerca de 233 hectares de milho, uma das principais culturas locais. O cálculo não inclui a água usada para gerar a eletricidade que alimentará os centros.
A empresa também solicitou ao governo regional aumento de 48% no consumo de água das unidades já existentes. A medida provocou reações, com críticas sobre a tentativa de aprovação durante o período natalino. Para a campanha Tu Nube Seca Mi Río (“Sua nuvem está secando meu rio”), a expansão deveria ser suspensa diante da crise hídrica. “Estão usando água demais. Estão usando energia demais”, a porta-voz do movimento, Aurora Gómez, afirmou à reportagem investigativa.
Agricultores também manifestam preocupação. Chechu Sánchez, que cultiva no norte de Aragón, diz temer que a água destinada às plantações seja desviada para os centros de dados. “Eles consomem água — de onde tiram? De você, claro”, disse.
Compensação de água não é compensação de carbono
Diante das críticas, as big techs têm prometido se tornar “water positive” até 2030 — ou seja, devolver à natureza mais água do que consomem. No caso da Amazon, a empresa afirma já compensar 41% de sua utilização em áreas consideradas insustentáveis. No entanto, o modelo é questionado por especialistas, que apontam a diferença entre a lógica do carbono e da água: o impacto hídrico é local e não global, logo não pode ser anulado em outra região.
Nathan Wangusi, ex-gerente de sustentabilidade hídrica da Amazon, deixou a empresa após se posicionar contra esse modelo. “Levantei a questão nos lugares certos: isso não é ético”, declarou. Ele defende que a companhia apoie projetos de acesso à água por princípio, não como estratégia de marketing.
Expansão também atinge o sudoeste dos EUA
Nos Estados Unidos, onde estão localizados o maior número de centros de dados do mundo, o Google lidera a construção em regiões áridas. A empresa tem sete centros ativos em áreas com escassez de água e constrói mais seis. Em Mesa, Arizona, a empresa possui licença para usar até 5,5 milhões de m³ de água por ano, o equivalente ao consumo de 23 mil habitantes. A cidade, que abriga outros centros da Meta e da Microsoft, enfrenta seca extrema.
Vista aérea de East Mesa, no Arizona, um dos estados mais secos dos Estados Unidos (Imagem: Tim Roberts Photography / Shutterstock.com)
“Temos que ser muito protetores em relação ao crescimento de grandes consumidores de água”, alertou a vereadora de Mesa, Jenn Duff. Kathryn Sorensen, professora da Universidade Estadual do Arizona, questionou se o aumento na arrecadação e a geração de empregos justificam o uso intensivo de água. “Cabe aos conselhos municipais analisar cuidadosamente os riscos e benefícios”, disse.
O Google afirma que seus centros de dados em Mesa usarão sistemas de resfriamento por ar, que consomem menos água. A empresa diz adotar uma estratégia chamada “resfriamento consciente do clima”, que busca equilibrar o uso de energia livre de carbono com fontes de água sustentáveis.
Em janeiro, na Casa Branca, Trump anunciou o “Projeto Stargate”, descrito como o maior projeto de infraestrutura de IA da história. O investimento de US$ 500 bilhões reunirá empresas como OpenAI, Oracle, SoftBank e o fundo MGX, com início no Texas. Nenhum detalhe foi divulgado sobre o uso de água nos centros previstos.
Projeto Stargate foi anunciado em janeiro deste ano (Imagem: Robert Way / Shutterstock.com)
Na véspera, a chinesa DeepSeek anunciou um modelo de IA desenvolvido com menor uso de energia e água, em contraste com rivais ocidentais. Já a Microsoft publicou planos para um centro de dados com uso zero de água, enquanto o Google também promete reduzir consumo, embora sem detalhes técnicos sobre o funcionamento dos novos sistemas.
“Vou acreditar quando vir”, afirmou Jaume-Palasí. Segundo ela, a maioria dos centros hoje está migrando do resfriamento por ar para o líquido, mais eficiente no processamento de cargas de IA. “Nem pessoas nem dados sobrevivem sem água”, disse Aurora Gómez. “Mas a vida humana é essencial. Os dados, não.”
As principais empresas de tecnologia do mundo tiveram perdas significativas desde o início do segundo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos. Um levantamento do G1 mostra que, juntas, essas big techs perderam US$ 3,8 trilhões (R$ 21,36 trilhões) em valor de mercado.
A pesquisa analisou a variação do valor dessas empresas entre 20 de janeiro, quando Trump assumiu seu segundo mandato, e quinta-feira (03) – um dia após o anúncio de um novo tarifaço pelo presidente.
Meta, Google, Tesla: as big techs que perderam mais dinheiro no governo Trump (até agora)
Entre as empresas mais afetadas, estão Meta (dona do Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp), Alphabet (dona do Google), Tesla, Amazon, Apple, Microsoft e Nvidia.
Alphabet, Apple, Amazon, Meta e Microsoft estão entre big techs que mais perderam valor de mercado desde o começo do segundo mandato de Trump (Imagem: Ascannio/Shutterstock)
A Nvidia foi a empresa que mais perdeu valor em números absolutos. A produtora de chips registrou queda de US$ 889 bilhões, o que representa uma redução de 26,4% em relação ao seu valor inicial.
Já a Tesla foi a companhia mais prejudicada proporcionalmente. Desde o início do governo Trump, a fabricante de veículos elétricos de Elon Musk perdeu quase 40% do seu valor de mercado, o equivalente a US$ 509 bilhões.
A ironia: Musk é um dos principais conselheiros de Trump neste novo mandato. Além disso, o bilionário lidera o novo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). É uma espécie de agência focada em cortes de custos no governo.
Big techs perdem mais de R$ 4,3 trilhões após tarifaço de Trump
As big techs norte-americanas encerraram a quinta-feira (3) com uma perda acumulada de US$ 772 bilhões (cerca de R$ 4,3 trilhões) em valor de mercado. O impacto ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar um novo aumento de tarifas sobre produtos chineses.
Novo tarifaço de Donald Trump custou trilhões de dólares para big techs (Imagem: Chip Somodevilla/Shutterstock)
Esse prejuízo abrange as cinco maiores empresas de tecnologia dos EUA: Apple, Amazon, Meta, Alphabet (Google) e Microsoft. Se consideradas também a Nvidia e a Tesla, o total perdido no mercado atinge US$ 1 trilhão(R$ 5.6 trilhões).
A Apple foi a mais afetada entre as big techs, com uma queda de US$ 311 bilhões (R$ 1,7 trilhão) em seu valor de mercado entre quarta (2) e quinta-feira (3). As ações da empresa despencaram 9,25% na bolsa de Nova York, refletindo as preocupações dos investidores.
As big techs norte-americanas encerraram a quinta-feira (3) com uma perda acumulada de US$ 772 bilhões (cerca de R$ 4,3 trilhões) em valor de mercado. O impacto ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar um novo aumento de tarifas sobre produtos chineses.
Esse prejuízo abrange as cinco maiores empresas de tecnologia dos EUA: Apple, Amazon, Meta, Alphabet (Google) e Microsoft. Se consideradas também a Nvidia e a Tesla, o total perdido no mercado atinge US$ 1 trilhão (R$ 5.6 trilhões).
Apple lidera as perdas
A Apple foi a mais afetada entre as big techs, com uma queda de US$ 311 bilhões (R$ 1,7 trilhão) em seu valor de mercado entre quarta (2) e quinta-feira (3). As ações da empresa despencaram 9,25% na bolsa de Nova York, refletindo as preocupações dos investidores.
Abaixo está o balanço das perdas das principais empresas:
Apple: US$ 311 bilhões
Nvidia: US$ 210 bilhões
Amazon: US$ 186 bilhões
Meta: US$ 132 bilhões
Alphabet (Google): US$ 76 bilhões
Microsoft: US$ 67 bilhões
Tesla: US$ 50 bilhões
Apple sofreu queda brusca com tarifaço de Trump (Imagem: Sudarsan Thobias / Shutterstock.com)
Impacto do aumento de tarifas
Trump elevou a taxa de importação de produtos chineses de 20% para 34%, o que impacta diretamente a Apple. De acordo com o New York Times, cerca de 90% dos iPhones da empresa são fabricados na China.
Segundo a Morgan Stanley, os custos anuais da Apple para produzir na China devem subir em US$ 8,5 bilhões (R$ 47,6 bilhões) com as novas tarifas. A empresa agora enfrenta o dilema de absorver esse aumento, reduzindo sua margem de lucro, ou repassar os custos para os consumidores.
Caso a segunda opção seja adotada, isto afetará o preço dos produtos da marca, inclusive o iPhone. O iPhone 16 Pro Max pode ter um aumento significativo de preço nos EUA, passando de US$ 1.599 para cerca de US$ 2.300, conforme projeção da Rosenblatt Securities.
Diante de tarifas impostas durante o primeiro mandato de Trump, a Apple havia começado a transferir parte de sua produção para o Vietnã e Índia. No entanto, os dois países também foram atingidos por novas taxas, de 46% e 26%, respectivamente.
A concorrente Samsung pode se beneficiar desse cenário, já que fabrica seus smartphones na Coreia do Sul, onde a tarifa será de 25%.
Samsung pode se beneficiar com dificuldades da Apple (Imagem: Mareks Perkons / Shutterstock.com)
Outras big techs também sentiram os efeitos
Embora a Apple tenha sido a mais afetada, outras big techs também registraram perdas:
Microsoft: queda de 2,1% nas ações.
Alphabet (Google): baixa de 3,2%.
Dell e HP: recuo de 15% e 12%, respectivamente.
A Apple anunciou em fevereiro um investimento de US$ 500 bilhões e a criação de 20 mil empregos nos EUA, alinhando-se ao chamado de Trump para a reindustrialização do país.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (02) novas tarifas entre 10% e 49% para produtos importados. Além de provocar reações na economia mundial (inclusive no Brasil), a medida afetou as grandes empresas de tecnologia (as big techs).
A Apple foi a que teve maior queda nas ações. Nvidia, Tesla, Amazon e outras também registraram baixas.
Trump se referiu às tarifas como uma “independência econômica” (Imagem: Chip Somodevilla – Shutterstock)
Tarifas de Trump x big techs
As tarifas de Trump começam em 10%, como no caso dos produtos brasileiros. Já para alguns países ou regiões específicas, é maior. As importações para as nações europeias foram taxadas em 20% e para a China, em 34%. Saint-Pierre e Miquelon, Lesoto, Camboja e Laos tiveram as maiores tarifas da lista, chegando a 49%.
Quem também foi prejudicado com essa nova medida foram as big techs estadunidenses. Ao final do dia, as empresas do setor de tecnologia tiveram quedas na bolsa. A mais afetada foi a Apple, com 6% de queda.
Veja a lista das principais:
Apple: 6%;
Tesla: 4,5%;
Nvidia: 4%;
Alphabet, Amazon e Meta: entre 2,5% e 5%;
Microsoft: pouco menos de 2%.
De acordo com a CNBC, se os prejuízos continuarem assim nesta quinta-feira (03), a Apple terá seu maior declínio nas ações desde setembro de 2020.
Se continuar caindo, Apple pode ter pior desempenho na bolsa em anos (Imagem: 360b / Shutterstock)
Big techs são americanas… então por que as taxas?
Todas as big techs que sofreram quedas e estão listadas acima são estadunidenses. No entanto, elas não estão isentas de preocupações: boa parte delas depende de produtos importados ou até mesmo produzem seus dispositivos internacionalmente.
A Apple, por exemplo, fabrica seus produtos na China e outros países asiáticos. Com o aumento das taxas, há uma nova preocupação: o preço vai aumentar?
Já a Nvidia fabrica seus chips em Taiwan e monta os sistemas de inteligência artificial no México e outros lugares, cada um com uma tarifa diferente. Por aí vai.
Ao anunciar as tarifas, Trump classificou a medida como “uma declaração de independência econômica” dos Estados Unidos em relação ao mundo. Durante o discurso, ele destacou o objetivo de alavancar a produção nacional.
No final das contas, mais produção doméstica significará competição mais forte e preços mais baixos para os consumidores.
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos
No entanto, não foram só as big techs que saíram perdendo. Fundos de investimentos negociados nas bolsas de valores caíram cerca de 3%.
Apesar das quedas, Trump usou o discurso para elogiar Apple, Meta e Nvidia por investirem dinheiro no país. Ele destacou como a Apple vai “gastar US$ 500 bilhões” nos EUA e “construir suas fábricas aqui”.
Isso sem contar as decisões internas da companhia, que estão intimamente ligadas à visão de mundo de Trump – e ao seu espectro político. Zuckerberg, por exemplo, descartou a equipe de diversidade da Meta, encerrou seu programa de verificação de fatos e nomeou o presidente do UFC, Dana White, um aliado de Trump, para o conselho da big tech.
Isso tudo porque Zuckerberg acha Trump mais bonito e competente do que Joe Biden e Kamala Harris? A resposta, obviamente, é não.
No mundo dos negócios, há aquela máxima que diz o seguinte: não existe almoço grátis. E isso pode se aplicar muito bem a esse caso sobre o qual estamos falando agora.
O presidente Donald Trump recebeu apoio de diversas personalidades do mundo da tecnologia – Imagem: Anna Moneymaker (Trump), rakeshmehta (logo Meta) – Shutterstock. Edição: Olhar Digital
O bloco está prestes a aplicar multas pesadas à big tech dentro da chamada lei Digital Markets Act.
O dispositivo vê ilegalidade no modelo de publicidade do Instagram e do Facebook, mais especificamente no formato “pague ou consinta”.
Esse formato prevê que usuários paguem uma mensalidade para não receber anúncios personalizados.
De acordo com o bloco, esse conjunto de medidas visa proteger o cidadão comum e ajudar empresas menores a competir com gigantes da tecnologia.
A União Europeia pode aplicar uma multa de até 10% da receita anual da Meta.
Isso equivale a exorbitantes US$ 16 bilhões – com base nos lucros da empresa em 2024.
Zuckerberg já acusou publicamente os europeus de censura contra as redes sociais americanas.
A Meta espera que a pressão dos EUA convença a Comissão Europeia, o braço executivo do bloco, a aliviar essa multa.
Decisão da União Europeia pode minar os lucros da Meta no continente – Imagem: miss.cabul/Shutterstock
Preocupação com modelo de negócio
Além da multa em si, a Meta teme que a UE possa tentar forçá-la a vender anúncios “menos personalizados”. Isso prejudicaria bastante os negócios da empresa.
Eu indago a você: se o Facebook e o Instagram são aplicativos gratuitos para baixar, onde a Meta lucra afinal? Já li especialistas na área afirmarem o seguinte: se o app é de graça, provavelmente o produto é você!
Explico: essas empresas utilizam seus dados para entender os hábitos de consumo e suas pesquisas na rede. E elas podem “vender” esses dados para outras companhias, que personalizam o anúncio diretamente para um público com interesse em seu produto.
Ao barrar esse movimento e a cobrança por anúncios não personalizados, a União Europeia poderia minar a receita da Meta na Europa, uma região que responde por quase um quarto da receita global da empresa.
Relação do bloco com a big tech parece ter azedado de vez – Imagem: rarrarorro/Shutterstock
Nesse contexto, Trump representa uma esperança pela mudança. Além da pressão diplomática, o republicano também tem outra arma nas mãos: as suas tarifas abusivas.
Um novo pacote voltado para o Velho Continente pode fazer com que os reguladores europeus revejam algumas ideias. A Meta agradeceria. Por enquanto, porém, a empresa apenas espera. E cobra alguns favores do governo Trump.
O governo brasileiro decidiu adiar a proposta de tributação das grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs, em parte devido a preocupações de que a medida pudesse ser interpretada como uma retaliação às ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A decisão foi confirmada pela Reuters, que disse ter ouvido dois oficiais com conhecimento do assunto. Ao invés de seguir com a tributação, o governo do Brasil priorizará o avanço de um projeto de lei que busca regular a concorrência entre grandes plataformas digitais.
A legislação, submetida a consulta pública em janeiro de 2024, tem como objetivo combater práticas empresariais que prejudiquem a livre concorrência, como as chamadas killer acquisitions e a priorização de serviços e produtos próprios nas buscas online.
Em vez de aumentar taxação, governo brasileiro quer regular a concorrência de big techs (Imagem: Tada Images / Shutterstock.com)
Impacto nas big techs e no Congresso
Em setembro de 2023, autoridades do governo haviam indicado que uma taxa para grandes empresas de tecnologia seria submetida ao Congresso caso as projeções de receita federal para o segundo semestre de 2024 não fossem atingidas.
A medida afetaria gigantes norte-americanas como Amazon, Google (da Alphabet) e Meta, dona do Facebook e do WhatsApp.
Porém, uma das fontes consultadas afirmou que o governo ficou receoso quanto ao momento de enviar o projeto ao Congresso, pois não há garantias sobre a velocidade de tramitação.
Além disso, um aumento de tributação sobre empresas de grande porte dos EUA poderia complicar as negociações comerciais com Washington, especialmente diante das ameaças tarifárias de Trump.
Temor é que aumentar tarifas de big techs americanas possa complicar negociações com o governo de Donald Trump (Imagem: Chip Somodevilla / Shutterstock.com)
Ainda não está claro quais serão as decisões de Trump no dia 2 de abril, data em que o presidente dos EUA prometeu aumentar drasticamente tarifas para igualá-las às de outros países. Na segunda-feira, ele declarou que nem todas as tarifas entrarão em vigor nessa data e que alguns países podem receber isenções, o que gerou um alívio momentâneo no mercado financeiro.
Trump tem criticado as tarifas brasileiras sobre etanol, alegando que elas são injustas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou recentemente que o Brasil espera longas negociações tarifárias com os EUA e pretende combinar as discussões sobre a tributação de açúcar e etanol.
Em um cenário de crescentes temores econômicos que impactaram o mercado de ações, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reforçou a defesa das políticas tarifárias durante um encontro com CEOs das maiores empresas americanas.
O setor tech abraçou a campanha republicana, mas vem amargando quedas consecutivas nas bolsas do país. A segunda-feira foi de um tombo histórico. Até Elon Musk, o fiel escudeiro de Trump, vem ficando menos bilionário nos últimos meses.
Bilionários como Musk, Jeff Bezos e Mark Zuckerberg foram alguns dos anos que saíram perdendo desde a posse de Trump (Imagens: Frederic Legrand – COMEO e lev radin/Shutterstock)
Como essa guerra comercial está afetando a tecnologia? Se a Casa Branca continuar assim, o que podemos esperar a longo prazo?
Esse é o assunto da coluna Olhar do Amanhã da semana, com o doutor Álvaro Machado Dias, neurocientista, futurista e colunista do Olhar Digital News. Acompanhe!
O movimento de aproximação das big techs com o governo de Donald Trump nos Estados Unidos é flagrante. São inúmeros os indícios que apontam nessa direção. E o último deles vem da Amazon – e de um jeito um pouco diferente dos outros.
O serviço de streaming da multinacional de tecnologia acaba de anunciar a inserção de todas as temporadas do reality show The Apprentice em seu catálogo.
Se você não está ligando o título ao programa, trata-se da série O Aprendiz, um sucesso dos anos 2000 e que era estrelada justamente por Trump. O então empresário se tornou famoso graças ao reality e ao seu bordão que foi repetido no mundo inteiro: “You’re Fired!” (“Você está demitido”).
A primeira temporada de The Apprentice ficará disponível no Prime Video a partir de segunda-feira nos EUA. A Amazon indicou que deve colocar uma nova etapa por semana – ao todo, Trump ficou 14 temporadas à frente do show.
Reality show estreia no catálogo do Prime Video na próxima semana – Imagem: monticello/Shutterstock
Mais afagos
Esse é o segundo acordo de destaque que a Amazon fez com a família Trump este ano.
Em janeiro, a gigante anunciou que lançaria um documentário “de bastidores” sobre a primeira-dama Melania Trump.
Ela será uma produtora executiva desse documentário, e a Amazon disse à época que estava “animada para compartilhar esta história verdadeiramente única”.
O fundador da empresa, Jeff Bezos, também fez elogios recentemente ao governo Trump.
Afirmou que estava “muito otimista” sobre a administração atual.
Lembrando que, assim como outras big techs, a Amazon doou US$ 1 milhão para o fundo inaugural do novo governo.
Bezos também promoveu uma mudança importante envolvendo um dos principais jornais do país: o Washington Post, de quem é controlador.
A partir de agora, os editoriais do Post passarão a focar mais em temas como liberdades individuais e livre mercado.
Assim como outros chefões de big techs, Jeff Bezos também se aproximou de Donald Trump – Imagem: Rokas Tenys/Shutterstock
Em termos jornalísticos e políticos, trata-se de uma bomba, uma vez que sinaliza uma aproximação declarada à direita.
O movimento levou ao pedido de demissão do editor da página de opinião, David Shipley.
Outros funcionários já haviam decidido sair durante a campanha eleitoral, quando Bezos interferiu pessoalmente e barrou um editorial do conselho apoiando a candidatura de Kamala Harris.
Para os leitores mais à esquerda, foi um escândalo e o Post já perdeu mais de 250 mil assinantes.
Mas Bezos não parece estar preocupado com isso.
Trump e as big techs
O Olhar Digital vem mostrando há muito tempo essa proximidade de Trump com as big techs. E isso vai muito além da relação pessoal que o presidente mantém com o bilionário Elon Musk – o atual chefe do DOGE, o Departamento de Eficiência Governamental.
A Casa Branca do republicano está dominada por nomes do Vale do Silício. Só para citar alguns: Scott Kupor (da Andreessen Horowitz) é diretor do Escritório de Gestão de Pessoal, Sriram Krishnan é consultor sênior de política para Inteligência Artificial e Ken Howery, um cofundador do PayPal, foi indicado para ocupar a embaixada dos Estados Unidos na Dinamarca.
Elon Musk não foi o único bilionário da tecnologia a se aproximar de Donald Trump – Imagem: bella1105/Shutterstock
A fotografia da posse de Trump também deixou esse desenho muito claro. Na primeira fila da cerimônia estavam CEOs e fundadores das big techs, como Elon Musk (X e Tesla), Mark Zuckerberg (Meta), Sam Altman (OpenAI), Tim Cook (CEO da Apple), Jeff Bezos (fundador e ex-CEO da Amazon) e Sundar Pichai (CEO do Google).
Trump, por sua vez, também anda se manifestando com frequência em defesa dessas empresas de tecnologia. Recentemente, por exemplo, ele criticou os reguladores europeus pela rigidez com a qual eles vêm tratando as big techs americanas.
Os Estados Unidos podem estar vivendo o nascimento de um novo Vale do Silício. Ou a substituição do atual. O movimento foi identificado pela empresa imobiliária CBRE (que se mudou de Los Angeles para Dallas em 2020).
É exatamente esse o trajeto que centenas de companhias fizeram nos últimos anos. O Texas, onde fica Dallas, recebeu 209 novas sedes de empresas desde 2018. A Califórnia, por sua vez, perdeu 79. E muitas delas são do ramo da tecnologia.
O termo Vale do Silício é bastante conhecido, mas pouca gente de fora do setor ou dos Estados Unidos sabe onde ele fica realmente. A região é formada por várias cidades da Califórnia, como Palo Alto, Cupertino, Mountain View, Santa Clara e a gigante São Francisco. É o lar de algumas das maiores e mais bem-sucedidas empresas de tecnologia do mundo, mas também de algumas promissoras startups.
Acontece que muitas dessas companhias começaram a deixar a região por causa do alto custo de vida, dos impostos e das várias regulamentações locais.
Ok, essa é uma demanda global dos empresários. Mas por que o Texas no lugar da Califórnia? Quem pode responder essa pergunta é o bilionário Elon Musk.
Um estado mais… flexível
Em julho do ano passado, Musk anunciou a mudança de sede da SpaceX de Hawthorne, na Califórnia, para Brownsville, no Texas.
No seu perfil no X, o hoje chefe do DOGE atribuiu essa troca a uma nova lei progressista.
This is the final straw.
Because of this law and the many others that preceded it, attacking both families and companies, SpaceX will now move its HQ from Hawthorne, California, to Starbase, Texas. https://t.co/cpWUDgBWFe
A verdade, no entanto, é que o buraco é mais embaixo – e o que realmente importa na história é o dinheiro.
O Texas oferece uma combinação de impostos muito baixos, cidades com ótima infraestrutura (por causa das indústrias de petróleo e gás), além de regulamentação leve e vastas extensões de espaço plano.
Estamos diante, portanto, de um lugar dos sonhos para quem quer construir um data center ou uma nova planta.
E tudo isso economizando bastante com a folha salarial.
De acordo com a empresa CBRE, uma mudança para o Texas pode ajudar uma companhia a economizar de 15% a 20% em salários de funcionários.
Isso contrasta bastante com a Califórnia, que deve inaugurar em breve novos impostos climáticos.
Os empresários também reclamam bastante da aprovação de um salário mínimo de US$ 20 por hora para trabalhadores de fast-food.
A nova regra levou a uma alta nos custos com alimentação.
Elon Musk já fez suas malas para o Texas, mas ele não é o único – Imagem: Frederic Legrand/Shutterstock
Uma questão política também
Além de todos esses pontos, algo que vem levando (e ainda vai levar) muitos empresários da tecnologia para o Texas é a questão política. Como a gente vem mostrando aqui no Olhar Digital, muitos CEOs de big techs estão alinhados com o governo Donald Trump. E o Texas é um dos principais redutos conservadores dos Estados Unidos.
Só para citar alguns exemplos, Musk já tem no Texas uma fábrica de veículos da Tesla a leste de Austin, a nova sede da SpaceX, num espaço que ele chamou de Starbase, além de uma nova sede para o X, sua plataforma de mídia social.
A Apple também está apostando no estado, com a cidade de Austin já representando a segunda maior concentração de funcionários da fabricante do iPhone fora da sede da empresa em Cupertino, Califórnia.
A Meta e o Google também têm uma presença crescente por lá, e antigos pesos pesados do Vale do Silício, como a Oracle e uma parte da Hewlett-Packard (HP), mudaram suas sedes para o estado dos cowboys.
O Texas tem impostos baixos, boas universidades, uma excelente infraestrutura e cidades lindas, como Dallas, que aparece na foto acima – Imagem: f11photo/Shutterstock
Hoje, o Texas abriga 55 empresas da Fortune 500, a lista da Forbes com as maiores corporações americanas. Trata-se de um recorde entre os estados.
De acordo com dados do Federal Reserve, os empregos em tecnologia no Texas cresceram ao dobro da taxa de outros setores na última década. E esse parece ser um caminho sem volta. Com ou sem Trump reeleito.