Em 1962, um jovem geólogo francês decidiu se isolar por dois meses no fundo de uma caverna nos Alpes. Sem relógio, sem luz do sol, sem qualquer noção do tempo. O que começou como uma missão científica virou um experimento radical — e acabou revelando algo inesperado: o corpo humano tem um relógio interno, capaz de funcionar por conta própria. Nascia ali, sem querer, a cronobiologia.
Michel Siffre viveu 63 dias a 130 metros de profundidade, em um ambiente úmido, escuro e congelante. Sem contato com o mundo externo, anotou tudo em um diário. Aos poucos, seus ciclos de sono se desregularam e o tempo perdeu o sentido. Em testes, contar até 120 levava cinco minutos. Quando o experimento terminou, ele acreditava estar em agosto — mas já era setembro.
A princípio, muitos duvidaram. Com o tempo, porém, a experiência chamou a atenção da NASA e de militares franceses, interessados em entender como o corpo reage sem referências temporais. A façanha rendeu novos estudos, mais imersões e a criação de um campo científico inteiro. A história completa foi publicada pelo site IFLScience.
Quando o tempo perde o sentido
A grande descoberta de Siffre foi que o corpo humano não depende do Sol para marcar as horas. Livre de qualquer referência externa, o organismo cria seu próprio tempo — e ele pode ser bem diferente do ciclo de 24 horas. O experimento abriu espaço para uma pergunta nova (e estranha): quanto tempo dura um dia, se ninguém disser que ele acabou?
Sem sol ou relógio, o corpo cria seu próprio tempo — e ele nem sempre dura 24 horas.
Nos anos seguintes, outros voluntários se juntaram à pesquisa. Alguns passaram a viver dias com 25 horas, seguidos por noites de 12. Outros, mais extremos, chegaram a ficar acordados por três dias seguidos — e só então desabavam. Um deles dormiu por 33 horas ininterruptas, deixando os cientistas em pânico.
Esses desvios mostraram que o “relógio biológico” é mais flexível — e caótico — do que se pensava. A cronobiologia passou a investigar como o cérebro lida com a passagem do tempo, e o que acontece quando ele é deixado por conta própria. O isolamento em cavernas virou laboratório. O que antes era visto como maluquice virou ciência séria.
Do fundo da caverna para o mundo
Nem todo mundo ficou impressionado com os feitos de Siffre. Na época, ele foi acusado de buscar fama com experimentos arriscados e pouco convencionais. Ambientalistas temiam que suas idas ao subsolo prejudicassem ecossistemas frágeis, sensíveis à presença humana. E, para alguns cientistas, o fato de ele não ser biólogo colocava em dúvida a validade de tudo aquilo.
Sem sol ou relógio, o corpo cria seu próprio tempo — e ele nem sempre dura 24 horas (Imagem: Smit/Shutterstock)
Mas o tempo — esse mesmo que ele ajudou a desconstruir — provou que estavam errados. A cronobiologia, campo que Siffre ajudou a fundar, hoje investiga desde o jet lag até a relação entre o relógio interno e o câncer. Seu trabalho também chamou a atenção de forças armadas e agências espaciais.
Hoje, dificilmente alguém repetiria seus experimentos na mesma intensidade — e com tanto risco físico e mental. Mas o impacto continua. Seu legado é a prova de que, mesmo nas profundezas da Terra, é possível fazer descobertas que iluminam a ciência.
O mar profundo é um ambiente extremo e desafiador, caracterizado por completa escuridão, baixas temperaturas, alta pressão e, principalmente, uma escassez crônica de alimentos.
Nesse cenário inóspito, os organismos que habitam essas regiões desenvolveram estratégias especializadas para garantir a sobrevivência, explorando diferentes fontes de nutrientes, como carcaças de animais mortos, partículas orgânicas depositadas no fundo, e detritos suspensos na água.
Além disso, em algumas regiões, a quimiossíntese sustenta cadeias alimentares por meio de bactérias que convertem compostos químicos em energia. Essa diversidade de adaptações permite que os seres do mar profundo aproveitem ao máximo os recursos limitados disponíveis.
O que você precisa saber sobre esses animais e sua dieta
Os animais do mar profundo podem ser classificados em diferentes categorias alimentares com base na origem e no tipo de matéria orgânica consumida. Entre eles, destacam-se os necrófagos, depositívoros e suspensívoros.
Necrófagos
Organismos que se alimentam de matéria orgânica em decomposição, como carcaças de animais mortos que afundam até o fundo do mar.
Espécie de crutáceo, Eurythenes atacamensis. (Imagem: Johanna Weston/Divulgação)
No mar profundo, eventos como a queda de carcaças de baleias, golfinhos ou tubarões são considerados raros, mas extremamente significativos. Esses organismos chegam ao fundo praticamente intactos e representam verdadeiras “ilhas orgânicas”, oferecendo uma fonte rica e temporária de alimento para a comunidade local.
A decomposição de uma carcaça passa por diferentes estágios: inicialmente, necrófagos móveis, como peixes e crustáceos, consomem tecidos moles.
Em seguida, bactérias e outros decompositores processam os lipídios presentes nos ossos, liberando nutrientes no ambiente. Esse processo pode durar anos, sustentando uma complexa cadeia alimentar.
Depositívoros
Se alimentam de partículas orgânicas que se acumulam no fundo do mar. Detritos orgânicos, sedimentos ricos em nutrientes e matéria biológica em decomposição formam a base alimentar desses organismos.
Muitos desses animais, como poliquetas e alguns tipos de equinodermos, possuem adaptações morfológicas específicas, como apêndices que peneiram os sedimentos ou intestinos altamente eficientes que extraem nutrientes de materiais pobres.
Suspensívoros
Organismos que se alimentam de partículas em suspensão na coluna d’água, incluindo plâncton e detritos orgânicos que descem das camadas superiores do oceano, um fenômeno conhecido como “neve marinha”.
Classe Crinoidea, um tipo de equinodermo, conhecido como lírio-do-mar. (Imagem: Laura Dts/Shutterstock)
Em regiões de mar profundo, onde a produção primária é limitada pela ausência de luz, esses organismos dependem de partículas orgânicas que caem lentamente da superfície ou são transportadas por correntes oceânicas.
Disponibilidade alimentar no mar profundo
A alimentação no mar profundo é marcada por uma disponibilidade intermitente, baixa qualidade e quantidade limitada de recursos.
Isópode-gigante. (Imagem: Monterey Bay Aquerium Research Institute)
A “neve marinha”, composta por restos de organismos mortos, fezes e outros detritos, é uma importante fonte de nutrientes, mas sua quantidade diminui à medida que desce na coluna d’água.
Assim, os organismos que habitam essas regiões desenvolveram uma eficiência excepcional na captação e utilização de nutrientes.
Adicionalmente, em certas áreas específicas do fundo do mar, como regiões de vulcanismo submarino, ocorre a quimiossíntese.
Nesse processo, bactérias quimiossintéticas utilizam compostos químicos, como sulfeto de hidrogênio, para produzir energia e matéria orgânica, que serve como base para a cadeia alimentar local.
Quedas orgânicas: fontes de alimento raras, mas essenciais
As quedas orgânicas desempenham um papel fundamental na dinâmica alimentar do mar profundo. Elas podem ser naturais ou antropogênicas:
Quedas naturais
As quedas naturais incluem carcaças de baleias e outros grandes animais marinhos, parcelas de madeira, acúmulo de macroalgas e zonas de oxigênio mínimo onde a produtividade é relativamente maior.
Algas representam um dos organismos encontrados no fundo mar (Reprodução: shipfactory/Shutterstock)
Carcaças de baleias, por exemplo, possuem abundância de lipídio na carne e nos ossos, o que promove uma fonte calórica elevada para uma variedade de animais, sustentando a sobrevivência de mais de 12.000 organismos, de acordo com um estudo de 2022.
Apesar de sua raridade, com apenas cerca de 10 descobertas naturais registradas no mundo, esses eventos sustentam comunidades diversificadas por longos períodos, podendo atingir os 100 anos.
Quedas antropogênicas
Atividades humanas também introduzem fontes alimentares no mar profundo, como naufrágios e pontos de descarga de resíduos orgânicos. Embora esses eventos possam representar uma fonte de nutrientes, também carregam riscos associados à poluição e à introdução de materiais tóxicos.
Especialização como estratégia de sobrevivência
Devido à escassez de alimentos, os organismos do mar profundo evoluíram para maximizar o uso de qualquer recurso disponível.
Criaturas abissais devoradoras de ossos parecem plantas, mas são animais que existem há mais de 100 milhões de anos no fundo dos oceanos. Imagem: Yoshihiro Fujiwara/JAMSTEC/Smithsonian Institution’s Ocean Initiative
Algumas espécies, como os poliquetas Osedax, especializaram-se na degradação de ossos de carcaças, consumindo o lipídio internalizado. Outras possuem metabolismos extremamente lentos, permitindo longos períodos de jejum.
Assim, a alimentação no mar profundo não é apenas um reflexo da ecologia local, mas também uma demonstração da capacidade dos organismos em se adaptarem a um dos ambientes mais extremos do planeta.
A ideia de que os peixes têm uma memória extremamente curta, durando apenas três segundos, é um mito que muitas pessoas acreditam. Essa crença ganhou ainda mais força com personagens como Dory, do filme “Procurando Nemo”, que sofre de perda de memória recente.
No entanto, estudos científicos recentes demonstram que a realidade é bem diferente. Os peixes possuem capacidades cognitivas surpreendentes, com memórias que podem durar semanas, meses e até mesmo anos.
O mito da memória de 3 segundos e sua origem
Imagem: Pixar Animation Studios / Divulgação
A noção de que peixes têm memória curta provavelmente surgiu de observações simplistas sobre seu comportamento em cativeiro. Como eles frequentemente repetem ações sem aparente aprendizado, muitas pessoas assumiram que não retêm informações.
No entanto, pesquisas realizadas em universidades ao redor do mundo mostram que essa visão está completamente equivocada.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) revelou que o peixe-donzela, comum nos recifes brasileiros, possui memória significativa em interações sociais.
O estudo, publicado na Frontiers in Behavioral Neuroscience, mostrou que esses peixes reconhecem indivíduos familiares e reduzem sua agressividade quando encontram vizinhos conhecidos, mantendo essa memória por até 10 dias.
Pesquisadores australianos da Universidade Charles Sturt descobriram que a perca prateada (Bidyanus bidyanus) consegue lembrar de predadores mesmo após um único encontro, mantendo essa memória por até 12 meses. Kevin Warburton, um dos autores do estudo, afirmou que esses peixes evitam anzóis após uma experiência negativa, demonstrando aprendizado e memória de longo prazo.
Cientistas canadenses da Universidade MacEwan testaram a memória de ciclídeos africanos (Labidochromis caeruleus) em um experimento com recompensas alimentares. Os peixes foram treinados a associar uma área do aquário com comida e, mesmo após 12 dias longe desse ambiente, lembravam exatamente onde encontrar o alimento.
A memória é essencial para a sobrevivência dos peixes. Eles aprendem a reconhecer áreas de risco, identificar fontes de alimento e até formar laços com indivíduos específicos. O pesquisador Kevin Warburton afirma que espécies de peixes preferem a companhia de indivíduos familiares. Comportamento que indica que são capazes de reconhecer outros peixes de forma individual.
Além disso, peixes que escapam de anzóis tendem a evitar armadilhas semelhantes no futuro, revelando não apenas memória, mas também aprendizado adaptativo.
Em resumo, os peixes não apenas têm memória, como usam esse recurso para adaptar seus comportamentos, sobreviver e manter a harmonia nos ecossistemas. O mito dos “três segundos” é uma simplificação incorreta, que desconsidera a complexidade cognitiva desses animais.
Você sabia que um em cada três garfadas de comida que você consome depende da polinização? Sem abelhas, nosso prato poderia ser bem mais vazio.
Esses pequenos insetos desempenham um papel essencial no meio ambiente, principalmente através da polinização, que sustenta ecossistemas e a produção agrícola. Esse processo ocorre quando as abelhas coletam néctar e pólen para suas colônias, transferindo pólen de uma flor para outra, o que permite a reprodução das plantas.
Estima-se que cerca de 75% das culturas alimentares — incluindo frutas, como maçãs e morangos; vegetais, como brócolis e cenouras; e grãos, como nozes — dependem em algum grau da polinização animal. A abelha entra como um dos principais agentes polinizadores.
Isso não apenas beneficia diversas espécies vegetais, mas também aumenta a produtividade agrícola, impactando diretamente a economia e a segurança alimentar global.
Em uma colônia de abelhas, a organização é altamente hierárquica e funcional.
Abelhas em uma flor (Imagem: Aliaksei Marozau/Shutterstock)
Cada colmeia possui uma abelha-rainha, operárias e zangões, cada um com papéis específicos. A abelha-rainha é responsável pela reprodução, colocando milhares de ovos para garantir a continuidade da colônia.
As operárias, que são estéreis, realizam várias tarefas, como construção dos favos, alimentação das larvas e coleta de pólen e néctar.
Os zangões, por sua vez, têm como função principal a reprodução com a rainha. Essa estrutura hierárquica mantém a colônia eficiente, maximizando a coleta de recursos e a proteção da colmeia.
Como os humanos ameaçam as abelhas
O uso de inseticidas é uma ameaça grave para as populações desses animais. Pesquisas recentes da Universidade de Oxford revelaram que as abelhas-bumblebees (Bombus terrestris) não conseguem detectar pesticidas no néctar, mesmo em concentrações letais.
Homem espalhando inseticida (Reprodução: Garda Pest Control Indonesia/Pexels)
Utilizando duas metodologias — eletrofisiologia para registrar as respostas neurais nas partes bucais das abelhas e experimentos de comportamento alimentar com soluções de açúcar e pesticidas —, os pesquisadores mostraram que as abelhas consumiam a mesma quantidade de néctar, independentemente da presença de pesticidas.
Isso sugere que, sem mecanismos para evitar a ingestão de néctar contaminado, as abelhas estão em alto risco de exposição a pesticidas, o que pode comprometer a polinização de culturas agrícolas.
A exposição prolongada a pesticidas, como os neonicotinóides, pode levar ao colapso das colônias, que ameaça tanto as abelhas quanto a biodiversidade das plantas que elas polinizam.
Além disso, o uso indiscriminado de inseticidas e a monocultura, que reduz a diversidade de flores e habitats disponíveis, impactam negativamente a saúde das abelhas, enfraquecendo sua imunidade e reduzindo suas populações.
Por último, as mudanças climáticas — grande parte influenciadas pela poluição e destruição dos recursos naturais — influenciam muito na população de abelhas. Isto é, as consequências ambientais, resultantes das ações humanas, impactam tanto a fauna quanto a flora a nível mundial, o que também inclui as abelhas.
Preservar as abelhas é fundamental para a manutenção do equilíbrio ecológico e da segurança alimentar. Por serem polinizadores, esses insetos são responsáveis pela reprodução de inúmeras espécies vegetais, mantendo a biodiversidade e, consequentemente, auxiliando na produção de alimentos.
Abelha examinando o ambiente ao redor (Reprodução: Kai Wenzel/Unsplash)
Estratégias como o uso de pesticidas orgânicos, a criação de áreas de proteção para polinizadores e o incentivo à agricultura sustentável são práticas que podem ajudar a reverter o declínio das populações das abelhas.
Além disso, ações para aumentar a diversidade vegetal, como o plantio de flores nativas e a criação de jardins de polinizadores, oferecem fontes de alimento e abrigo.
Assim, as abelhas são não apenas essenciais para a polinização e a produção de alimentos, mas também para a estabilidade dos ecossistemas. A sua proteção é uma questão de destaque, envolvendo desde a agricultura até o consumidor final, para preservar esses insetos tão essenciais ao meio ambiente.
A capacidade de mudar de cor é uma habilidade incrível de alguns répteis, que vai muito além de algo “mágico”.
Trata-se de uma adaptação biológica que desempenha papéis importantes em suas vidas, como camuflagem, comunicação, regulação da temperatura corporal e até a expressão de emoções. Alguns animais bem famosos apresentam essa habilidade, como os camaleões.
Os camaleões possuem uma pele altamente sofisticada, com nanocristais que permitem uma ampla gama de cores e mudanças rápidas, já os lagartos dependem mais da redistribuição de pigmentos em células chamadas cromatóforos.
Essas diferenças revelam a complexidade e a versatilidade da evolução nos répteis, mostrando como cada espécie encontrou soluções únicas para sobreviver em seus habitats.
A ciência por trás da camuflagem
A mudança de cor em répteis, como nos camaleões, ocorre por três tipos principais de cromatóforos, cada um responsável por cores específicas.
Camaleão com pigmentos de cor vermelha (Imagem: iacomino FRiMAGES/Shutterstock)
São eles:
Melanóforos: produzem cores escuras, como preto e marrom;
Iridóforos: refletem a luz e criam cores brilhantes, como azul e metálico, por meio de estruturas conhecidas como cristais fotônicos;
Xantóforos: conferem tons amarelos, laranjas e vermelhos.
Essas células trabalham em conjunto para criar diferentes cores. Por exemplo, a combinação do azul dos iridóforos com o amarelo dos xantóforos resulta na cor verde.
Cristais fotônicos dos camaleões
O artigo publicado em 2015 na Nature Communications (Photonic Crystals Cause Active Colour Change in Chameleons) mostrou que a mudança de cor nos camaleões vai além da simples presença de pigmentos.
Camaleão Namaqua no Deserto do Namibe (Imagem: Chantelle Bosch/Shutterstock)
Ela envolve estruturas chamadas cristais fotônicos, compostos por nanocristais de guanina organizados em padrões geométricos. Esses cristais controlam a luz refletida pela pele, ajustando os comprimentos de onda que se tornam visíveis.
Os camaleões possuem duas camadas de iridóforos:
Camada Superior: com cristais fotônicos altamente organizados, que ajustam sua distância de forma ativa. Em estados relaxados, os cristais estão compactados, refletindo comprimentos de onda mais curtos, como o azul. Quando o animal está excitado, os cristais se afastam, refletindo comprimentos de onda mais longos, como o vermelho e o amarelo;
Camada Inferior: com cristais maiores e menos organizados, essa camada reflete luz infravermelha, ajudando a regular a temperatura corporal, especialmente em habitats quentes.
Esse mecanismo permite que os camaleões alterem sua aparência para camuflagem ou interação social de forma eficiente e rápida, utilizando tanto as cores estruturais quanto os pigmentos presentes nas camadas superiores da pele.
A capacidade de mudar de cor desempenha papéis fundamentais em diversas situações.
Camaleão em cima de uma mão humana (Reprodução: Ante Hamersmit/Unsplash)
Dentre as finalidades já observadas pelos estudiosos, podemos citar as seguintes:
Controle de Temperatura: por serem ectotérmicos, dependem do calor externo para manter as funções metabólicas. Pela manhã, quando estão frios, escurecem a pele para absorver mais calor do sol. Ao atingir a temperatura ideal, clareiam a pele para refletir a luz solar e evitar superaquecimento. Essa habilidade também reduz sua visibilidade para predadores durante os momentos de exposição ao sol;
Camuflagem e Proteção: muitos répteis mudam de cor para se misturar ao ambiente, como adotando tons marrons no chão ou verdes nas árvores;
Comunicação e Interação Social: a mudança de cor é frequentemente usada para comunicação entre indivíduos da mesma espécie, exibindo cores brilhantes para atrair parceiros ou intimidar rivais. Curiosamente, conseguem equilibrar essa exibição sem se tornarem vulneráveis a predadores. Mantêm tons discretos na parte dorsal, mais visível aos predadores, enquanto exibem cores vibrantes nas laterais ou áreas voltadas para outros indivíduos.
Expressão de Emoções: nos camaleões, a mudança de cor também reflete estados emocionais, como estresse ou excitação. Durante disputas, podem assumir cores vibrantes para intimidar adversários ou impressionar potenciais parceiros.
A cetose é um estado metabólico no qual o corpo utiliza gordura como principal fonte de energia ao em vez dos carboidratos. Esse processo ocorre quando a ingestão de carboidratos é drasticamente reduzida, forçando o organismo a buscar alternativas para manter suas funções.
A cetose é a base de dietas populares, como a dieta cetogênica, e tem sido estudada por seus possíveis benefícios à saúde, incluindo perda de peso, melhora da função cognitiva e controle dos níveis de açúcar no sangue.
Durante a cetose, o fígado converte ácidos graxos em corpos cetônicos, que servem como combustível para o cérebro e os músculos. No entanto, esse estado também pode trazer desafios, como fadiga temporária, mau hálito e desequilíbrio eletrolítico.
Compreender como a cetose afeta o organismo é essencial para aqueles que desejam adotar esse estilo alimentar de forma segura e eficaz. Mas quais são os impactos reais da cetose no corpo? Descubra a seguir!
Como a cetose ocorre no organismo?
A cetose é um processo natural do corpo humano que ocorre em situações de jejum prolongado, baixa ingestão de carboidratos ou aumento da demanda energética.
Quando os estoques de glicogênio do fígado se esgotam, o corpo começa a quebrar gorduras em ácidos graxos e transformá-los em corpos cetônicos. Esses compostos, como o beta-hidroxibutirato e a acetoacetato, tornam-se a principal fonte de energia, substituindo a glicose.
O tempo necessário para entrar em cetose varia de pessoa para pessoa, mas geralmente ocorre entre 2 a 7 dias após a drástica redução de carboidratos na alimentação.
Sintomas iniciais podem incluir fadiga, tontura e irritabilidade, um quadro conhecido como “gripe cetogênica”, que tende a desaparecer com a adaptação do organismo.
Benefícios da cetose para o corpo humano
A cetose tem sido estudada por seus efeitos positivos no corpo — quando feita de maneira adequada, responsável e acompanhada por um nutricionista —, principalmente no metabolismo e no desempenho cognitivo. Entre os benefícios mais conhecidos, destacam-se:
Perda de peso: ao utilizar gordura como principal fonte de energia, o corpo acelera a queima de depósitos lipídicos, favorecendo o emagrecimento;
Controle dos níveis de açúcar no sangue: a cetose pode beneficiar pessoas com resistência à insulina ou diabetes tipo 2, pois reduz os picos glicêmicos;
Melhora da função cerebral: os corpos cetônicos fornecem uma fonte de energia mais estável para o cérebro, o que pode melhorar a clareza mental e a concentração;
Redução da inflamação: estudos indicam que a cetose pode reduzir marcadores inflamatórios no corpo, auxiliando em doenças crônicas;
Aumento da energia e saciedade: diferente dos carboidratos, que geram oscilações na glicose sanguínea, os corpos cetônicos oferecem energia sustentada, reduzindo a fome.
Apesar dos benefícios, a cetose também pode apresentar desafios e efeitos colaterais, especialmente no início da adaptação.
Imagem: Shutterstock/Yulia Furman
Os mais comuns incluem:
Gripe cetogênica: fadiga, dor de cabeça, tontura e irritabilidade nas primeiras semanas;
Mau hálito: o excesso de acetona, um dos corpos cetônicos, pode causar um odor característico no hálito;
Desequilíbrio eletrolítico: a perda rápida de líquidos pode levar à deficiência de sódio, potássio e magnésio, resultando em cãibras e fraqueza;
Redução do desempenho físico: atletas podem notar queda no rendimento até que o corpo se adapte completamente à nova fonte de energia.
Além disso, pessoas com certas condições médicas, como diabetes tipo 1 ou problemas renais, devem consultar um médico antes de iniciar uma dieta cetogênica, pois a cetose pode causar complicações graves em casos específicos.
Como saber se você está em cetose?
Existem alguns sinais e métodos para identificar se o corpo entrou em cetose, incluindo:
Teste de urina, sangue ou hálito: kits específicos medem a concentração de corpos cetônicos no organismo;
Mudanças na energia e no humor: algumas pessoas sentem um aumento na clareza mental e na disposição;
Redução do apetite: a cetose pode causar uma menor sensação de fome devido ao efeito sacietogênico dos corpos cetônicos.
Se estiver considerando uma dieta cetogênica, procure por um profissional de saúde formado em Nutrição para auxiliá-lo e acompanhá-lo. Iniciar essa deita sem orientação adequada pode acarretar prejuízos à saúde.
O Brasil é um país de biodiversidade incomparável, abrigando algumas das aves mais raras e fascinantes do mundo. Muitas dessas espécies são endêmicas, ou seja, só podem ser encontradas em território brasileiro.
Neste artigo, exploramos oito aves curiosas que são exclusivas do Brasil, destacando suas características e a importância da conservação de seus habitats.
8 aves curiosas que só podem ser encontradas no Brasil
As informações deste artigo foram retiradas do site WikiAves, a maior plataforma brasileira para observadores de aves. O site conta com informações detalhadas sobre diversas espécies.
Jacupiranga (Penelope pileata)
O jacupiranga, também conhecido como jacu-de-cocoruto-branco, é uma ave da família Cracidae endêmica do Brasil. Habita regiões entre os rios Madeira e Xingu, no Pará, Maranhão e Tocantins. Mede entre 75 e 82,5 cm e pesa entre 1,1 kg e 1,6 kg.
Jacupiranga (Penelope pileata) em cima de um galho e olhando o horizonte (Crédito: Foto: Sem autor em Animaliabio. Mapa: WikiAves)
Possui plumagem escura, peito e ventre castanho-avermelhados, uma crista branca e barbela vermelha. Vive nas copas das florestas e se alimenta de frutos, sementes e pequenos invertebrados. A espécie está vulnerável devido à caça e ao desmatamento.
Rapazinho-estriado-do-leste (Nystalus torridus)
O rapazinho-estriado-do-leste é uma ave discreta encontrada ao sul do rio Amazonas, entre o Pará e o Maranhão.
Rapazinho-estriado-do-leste (Nystalus torridus) trepado em um galho e com uma presa na boca (Crédito: Foto: Sem autor em Animaliabio. Mapa: WikiAves)
Mede cerca de 20 cm e apresenta peito bege com riscas negras, barriga branca com listras grossas e um bico marrom-amarelado. Alimenta-se de pequenos vertebrados e insetos. Pouco se sabe sobre seus hábitos e reprodução.
Cujubi (Aburria cujubi)
Também chamado de jacu-verdadeiro, o cujubi habita a Amazônia meridional e o sudoeste de Goiás. Mede entre 69 e 76 cm e pesa cerca de 1,3 kg.
Cujubi (Aburria cujubi) caminhando pelo solo (Crédito: Foto: Sem autor em Animaliabio. Mapa: WikiAves)
Sua plumagem é preta e branca, com barbela vermelha ou azul. Alimenta-se de frutos e flores nas copas das árvores, mas também busca comida no solo. Vive em grupos e emite assobios e sons com as asas.
Jacu-estalo (Neomorphus geoffroyi)
Essa ave rara da Mata Atlântica mede entre 50 e 51 cm e pesa cerca de 340 g. Tem plumagem em tons vibrantes de verde-bronzeado, azul e ferrugem.
Jacu-estalo (Neomorphus geoffroyi) parada no chão entre várias folhas (Crédito: Foto: Sem autor em Animaliabio, mas a imagem detém a marca d’água de “Greg Kanios”. Mapa: WikiAves)
Seu canto é um pio baixo, e produz estalos característicos com o bico. Alimenta-se de insetos e inspeciona buracos de tatus e cupinzeiros. Está vulnerável devido à destruição do habitat.
Mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii)
Endêmico da Mata Atlântica, o mutum-de-bico-vermelho mede cerca de 84 cm e pesa 3,5 kg. O macho é preto com ventre branco e base do bico vermelha, enquanto a fêmea é ferrugínea.
Mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii) andando pelo solo (Crédito: Foto: Brendn Rayan no Flicker. Mapa: WikiAves)
Alimenta-se de frutos, sementes e pequenos animais. Forma casais monogâmicos, e ambos os pais cuidam dos filhotes. Com apenas cerca de 250 indivíduos na natureza, está em perigo crítico de extinção.
Crejoá (Cotinga maculata)
Ave da família Cotingidae, o crejoá se destaca pelo dorso azul-cobalto, peito roxo e colar de penas azuis. Mede cerca de 20 cm e é frugívora, vivendo nas copas das árvores.
Crejoá (Cotinga maculata) em cima do galho de uma árvore, observando os arredores (Crédito: Foto: Sem autor em Animaliabio. Mapa: WikiAves)
Com população em declínio devido à perda de habitat, está classificada como “Em Perigo”. Sua reprodução ocorre entre outubro e novembro.
Saíra-apunhalada (Nemosia rourei)
Criticamente ameaçada, essa passeriforme mede entre 12,5 e 14 cm e pesa cerca de 22 g. Tem uma mancha vermelha no peito, que contrasta com o corpo branco, asas e cauda negras.
Saíra-apunhalada (Nemosia rourei) pousada em cima de um galho (Crédito: Foto: Sem autor em Animaliabio. Mapa: WikiAves)
Alimenta-se de artrópodes e constrói ninhos em florestas úmidas. Encontra-se principalmente no Espírito Santo, mas também há registros em Minas Gerais e Rio de Janeiro. O desmatamento é sua principal ameaça.
Alimenta-se de invertebrados e pequenos frutos, construindo ninhos pendulares de aproximadamente 30 cm. Apesar da distribuição restrita, é classificada como “Pouco Preocupante” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
Os mamíferos são constituídos por um grupo com mais de 5 mil espécies de distribuição global! Mas, quando pensamos em mamíferos, quase sempre nos vem à mente os animais terrestres, como tigres, elefantes e cachorros. No entanto, há muitos mamíferos aquáticos no oceano.
Os cetáceos compõem um grupo de mamíferos aquáticos bem famosos dos quais fazem parte baleias e golfinhos. Mas estes dois bichos ainda fazem parte de outros grupos, que são os Misticetos e Odontocetos, respectivamente.
Quais as diferenças entre misticetos e odontocetos?
Os Odontocetos formam um dos dois grandes grupos de cetáceos, distinguindo-se dos Misticetos principalmente pela presença de dentes em suas mandíbulas. Ambos fazem parte dos mamíferos aquáticos.
Golfinho com a cabeça fora d’água (Imagem: Christel Sagniez/Pixabay)
Estes animais, altamente adaptados aos ambientes aquáticos, possuem habilidades únicas, como a ecolocalização: um recurso que lhes permite navegar, localizar presas e se comunicar em águas muitas vezes escuras ou turvas. Essa habilidade é particularmente avançada em algumas espécies, como em golfinhos e belugas.
Ao contrário dos misticetos, que utilizam barbatanas (placas flexíveis dispostas nas mandíbulas superiores) feitas de queratina para filtrar plâncton e pequenos peixes, os odontocetos são predadores ativos, utilizando seus dentes para capturar uma ampla variedade de presas.
Dependendo da espécie, sua dieta pode incluir desde peixes pequenos e lulas até grandes mamíferos marinhos e outros cetáceos, como é o caso das orcas. Essa diversidade alimentar reflete a grande variedade de formas e tamanhos dos dentes entre as espécies, bem como suas estratégias de caça.
Tipos de Odontocetos
Beluga
A beluga, facilmente reconhecível por sua coloração branca e cabeça arredondada, é famosa por sua capacidade de emitir uma ampla gama de sons, utilizando-os para ecolocalização.
Beluga. (Imagem: JohnL/Shutterstock)
Elas são extremamente sociáveis e interativas, características que aumentaram sua popularidade em aquários e no cinema. Em “Procurando Dory”, uma beluga desempenha o papel de um personagem simpático e espirituoso, destacando sua capacidade de ecolocalização.
Golfinho-nariz-de-garrafa
Ícone entre os odontocetos, o golfinho-nariz-de-garrafa é amplamente conhecido por sua inteligência e comportamento curioso.
Ele aparece em muitos filmes e programas de TV, como “Flipper” e “Winter, o golfinho”, e é objeto de numerosos estudos científicos devido à sua habilidade de realizar tarefas complexas, compreender comandos e até reconhecer a si mesmo em espelhos — um indicativo de autoconsciência.
Orca
A orca é famosa por sua aparência distinta e comportamento impressionante como predadora de topo. Conhecida como “baleia-assassina”, embora não seja uma baleia (sim, ela é um tipo de golfinho) e muito menos agressiva com os humanos, ela possui uma dieta extremamente diversificada, que inclui peixes, aves marinhas, focas e até outros cetáceos.
Orca. Crédito: Tory Kallman/Shutterstock
Suas habilidades de caça cooperativa e a presença de dialetos únicos em seus grupos sociais são um testemunho de sua complexidade comportamental. Filmes como “Free Willy” e documentários como “Blackfish” ajudaram a moldar a percepção pública sobre esses animais.
Cachalote
O cachalote, o maior odontoceto, é famoso por sua menção em “Moby Dick”, o clássico romance de Herman Melville.
Cachalote na costa de Dominica (Imagem: Animalgraphy/Shutterstock)
Com sua enorme cabeça contendo um órgão chamado de “melão”, usado para ecolocalização, ele é um mergulhador excepcional, capaz de alcançar profundidades de mais de 1.000 metros em busca de lulas gigantes, suas principais presas.
Narval
O narval, conhecido como o “unicórnio do mar”, é uma espécie ártica reconhecida por seu longo dente em espiral que pode atingir até 3 metros.
Conjunto de narvais nadando (Reprodução: Catmando/Shutterstock)
Esse “chifre”, na verdade, um dente modificado, é usado para interações sociais e possivelmente para sensoriamento ambiental. Sua aparência única o tornou um símbolo de mistério e fascínio no mundo marinho.
Os odontocetos são extremamente diversos, habitando desde águas costeiras até os oceanos profundos. Eles desempenham papéis essenciais nos ecossistemas marinhos, regulando populações de presas e contribuindo para o equilíbrio das cadeias alimentares.
Além disso, sua inteligência e sociabilidade os tornaram símbolos de conservação, mas também os colocaram em risco.
Muitos enfrentam ameaças como a poluição, captura incidental em redes de pesca e mudanças climáticas que afetam seus habitats e fontes de alimento.
A preservação desses animais é crucial não apenas para o ecossistema marinho, mas também para a pesquisa científica, que continua a revelar novos aspectos de sua complexa biologia e comportamento.
No fundo dos oceanos, nas profundezas de cavernas e até mesmo enterrados no solo, existem criaturas que desafiam os limites da vida ao sobreviver em ambientes totalmente desprovidos de luz. Esses animais vivem em um mundo de escuridão, onde a visão muitas vezes se torna desnecessária e outros sentidos são refinados para garantir sua sobrevivência.
Alguns animais desenvolvem corpos translúcidos ou despigmentados, já que a coloração não tem utilidade na ausência de luz. Outros aprimoram sentidos como tato, audição e olfato para explorar o ambiente ao redor. Há ainda aqueles que contam com simbiontes para obter nutrientes ou que evoluíram estratégias de caça altamente especializadas.
Confira a seguir 8 animais que vivem no escuro e suas incríveis adaptações para sobreviver nestes ambientes.
8 animais que vivem no escuro e suas incríveis adaptações
Peixe-cego mexicano (Astyanax mexicanus)
O peixe-cego mexicano (Astyanax mexicanus), também chamado de tetra-cego, é um peixe de água doce que apresenta duas formas distintas: uma de superfície, com olhos funcionais e coloração prateada, e outra subterrânea, que evoluiu em cavernas e apresenta um olho vestigial, em função.
A forma cavernícola desse peixe possui características adaptativas notáveis, como a ausência de pigmentação, tornando-o translúcido ou esbranquiçado, além da degeneração dos olhos durante o desenvolvimento.
Para compensar a cegueira, ele desenvolveu um sistema sensorial apurado por meio da linha lateral, que permite detectar vibrações e mudanças na pressão da água, facilitando a navegação e a busca por alimento em ambientes escuros e com escassez de recursos.
Por conta dessa fascinante característica, o Astyanax mexicanus é utilizado em estudos sobre distúrbios visuais humanos, como a degeneração da retina, tornando-se um modelo para compreender a evolução e a plasticidade genética dos organismos.
Peixe-cego das cavernas mexicanas. Crédito: Pavaphon Supanantananont – Shutterstock
Peixe diabo-negro (Melanocetus johnsonii)
Esse peixe abissal é um predador impressionante da zona de escuridão do oceano. Vivendo a mais de 1.000 metros de profundidade, onde a luz solar não alcança, ele se destaca por sua aparência assustadora. Com dentes longos e uma boca capaz de engolir presas quase do seu próprio tamanho, já que seu estômago é extremamente flexível, possibilitando ingerir grandes quantidades de comida de uma vez, garantindo reservas para longos períodos sem alimento.
Para sobreviver nesse ambiente extremo, ele desenvolveu adaptações impressionantes, como um corpo escuro e flácido, que o ajuda a se camuflar na escuridão. Sua característica mais marcante é a presença de um filamento bioluminescente, chamado ilício, que se projeta da cabeça e atrai presas ao emitir luz por meio de bactérias simbióticas. Esse mecanismo permite que o diabo-negro cace sem gastar energia perseguindo suas vítimas, uma estratégia essencial em um ambiente com poucos alimentos.
Peixe diabo-negro. (Imagem: Monterey Bay Aquarium Research Institute)
Caranguejo-yeti (Kiwa hirsuta)
O caranguejo-yeti é um crustáceo descoberto em 2005 nas profundezas do Oceano Pacífico, próximo às fontes hidrotermais. Ele vive a mais de 2000 metros de profundidade, em um ambiente extremo sem luz solar e com temperaturas variando drasticamente devido às emissões químicas das fendas oceânicas.
Uma de suas características mais marcantes são as pinças cobertas por cerdas semelhantes a pelos, que abrigam colônias de bactérias quimiossintetizantes, que ajudam a converter os compostos químicos liberados pelas fontes hidrotermais em energia, fornecendo uma fonte alternativa de alimento para o caranguejo, que pode raspá-las e ingeri-las.
Caranguejo Yeti (Kiwa hirsuta). (Imagem: Bernard Wee/iNaturalist)
Além dessa relação simbiótica, o Kiwa hirsuta possui olhos reduzidos e não funcionais, então para se orientar e detectar presas ou perigos, ele depende de suas longas antenas e de sensores táteis e químicos espalhados pelo corpo. Sua coloração esbranquiçada também é um resultado da ausência de luz, pois não há necessidade de pigmentação para camuflagem.
Isópode-gigante (Bathynomus giganteus)
Esse crustáceo marinho é um dos maiores isópodes conhecidos, podendo atingir mais de 50 cm de comprimento. Habita as regiões abissais do oceano, geralmente entre 500 e 2.500 metros de profundidade, onde a comida é extremamente escassa e a pressão é altíssima. Seu formato achatado e sua rígida carapaça o protege de predadores e do ambiente hostil.
Isópode-gigante da espécie Bathynomus giganteus. (Imagem: kikujungboy CC/Shutterstock)
O isópode-gigante é um necrófago, o que significa que se alimenta de carcaças de peixes e mamíferos marinhos que afundam até o leito oceânico. Para sobreviver, possui um metabolismo extremamente lento e pode ficar meses sem se alimentar. Seu tamanho avantajado é um exemplo do fenômeno conhecido como gigantismo abissal, comum em invertebrados que vivem nas profundezas.
O grilo-das-cavernas, pertencente à família Rhaphidophoridae, é um inseto adaptado a ambientes subterrâneos onde a umidade e escuridão predominam, como cavernas, túneis e fendas em rochas. Esses grilos possuem pernas traseiras muito longas e antenas extremamente compridas, que os ajudam a se locomover e explorar o ambiente ao redor, mesmo sem depender da visão.
Muitas espécies dessa família têm olhos reduzidos ou ausentes, já que vivem em locais onde a luz é praticamente inexistente. Como compensação, desenvolveram um sistema sensorial apurado, usando suas antenas para detectar obstáculos, vibrações e a presença de outros organismos.
Como vivem em locais onde a comida é escassa, os grilos-das-cavernas são oportunistas, alimentando-se de matéria orgânica em decomposição, fezes de morcegos e até mesmo de outros insetos. Algumas espécies podem viver anos sem ingerir grandes quantidades de alimento, graças ao seu metabolismo reduzido.
Grilo das cavernas (Rhaphidophoridae). (Imagem: Tukkatar/Shutterstock)
Poliqueta Osedax sp. (o “verme-zumbi”)
No meio da escuridão, os vermes do gênero Osedax vivem fixados em ossos de baleias que afundam no oceano após sua morte. Sem boca, estômago ou sistema digestivo tradicional, eles contam com bactérias simbióticas para decompor os tecidos e os lipídios dos ossos, absorvendo os nutrientes de maneira indireta.
Uma característica fascinante desses poliquetas é o extremo dimorfismo sexual: as fêmeas são relativamente grandes e dominam os ossos, enquanto os machos permanecem microscópicos e vivem dentro dos corpos das fêmeas, apenas com a função de fertilizar seus ovos.
Criaturas abissais devoradoras de ossos parecem plantas, mas são animais que existem há mais de 100 milhões de anos no fundo dos oceanos. Imagem: Yoshihiro Fujiwara/JAMSTEC/Smithsonian Institution’s Ocean Initiative
Salamandra-cega-do-Texas (Eurycea rathbuni)
Essa salamandra aquática habita cavernas submersas no estado do Texas, nos Estados Unidos. Seu corpo é pálido, quase translúcido, e seus olhos são atrofiados e cobertos por pele, tornando-a completamente cega.
Para sobreviver na escuridão, a salamandra desenvolveu sentidos extremamente aguçados. Seus sensores na pele detectam vibrações na água, permitindo que perceba o movimento de presas, como pequenos crustáceos e insetos. Como o ambiente subterrâneo tem poucos recursos alimentares, essa espécie tem um metabolismo incrivelmente lento e pode sobreviver longos períodos sem comida.
Esse peixe das profundezas tem uma das aparências mais peculiares entre os animais que vivem sem luz. É uma espécie rara e fascinante que vive em profundidades entre 600 e 800 metros, nas zonas escuras do oceano Pacífico. Sua principal característica é a cabeça transparente e em forma de cúpula, através da qual se pode ver seus olhos verdes e tubulares, voltados para cima.
Esses olhos são extremamente sensíveis à luz e permitem que o peixe detecte as silhuetas de presas nadando acima dele, mesmo com pouquíssima luminosidade. Ao contrário do que parece, os “olhos” visíveis na frente do rosto são, na verdade, órgãos olfativos – os olhos reais estão dentro da cabeça translúcida.
Peixe olho-de-barril. (Imagem: Monterey Bay Aquarium Research Institute)
Ele se alimenta principalmente de pequenos animais gelatinosos, como sifonóforos, e é capaz de mover seus olhos dentro da cabeça para mirar à frente quando necessário.
Ao contrário da maioria dos peixes, seus olhos são orientados para cima e podem girar dentro do crânio, permitindo que ele enxergue presas acima sem precisar mover o corpo. Essa adaptação é fundamental para capturar pequenos organismos bioluminescentes que nadam na escuridão.
A eletricidade está presente no nosso dia a dia de inúmeras formas, alimentando desde aparelhos eletrônicos até sistemas de transporte. No entanto, um simples choque elétrico pode representar um risco grave à vida. Mas por que isso acontece? Como a corrente elétrica afeta o corpo humano e quais são os fatores que tornam um choque potencialmente letal?
Quando uma descarga elétrica percorre o organismo, ela interfere nos sinais elétricos naturais do corpo, podendo causar desde uma sensação de formigamento até paradas cardíacas. O perigo de um choque não está apenas na voltagem, mas também na corrente elétrica, na duração da exposição e no caminho que essa eletricidade percorre dentro do corpo. Um choque pode provocar queimaduras graves, danos neuromusculares e até mesmo comprometer funções vitais.
Como a eletricidade afeta o corpo humano
O corpo humano conduz eletricidade devido à presença de água e sais minerais, que facilitam o fluxo de corrente elétrica. Quando alguém sofre um choque, a eletricidade entra no corpo e segue o caminho de menor resistência, podendo atravessar órgãos vitais como o coração e o cérebro.
Os efeitos do choque variam conforme a intensidade da corrente elétrica:
Até 1 mA (miliampère): sensação de formigamento. Aqui entram choques em objetos com eletricidade estática.
1 a 10 mA: contrações musculares involuntárias. Um exemplo é o choque ao tocar na carcaça metálica de um notebook ligado em uma tomada sem aterramento.
10 a 100 mA: dificuldade em soltar o objeto eletrificado, dores intensas e risco de fibrilação ventricular. Neste caso, você pode experimentar o choque ao manusear fios descascados, tomadas defeituosas ou até eletrodomésticos danificados, como ferros de passar ou micro-ondas.
Acima de 100 mA: parada cardíaca, danos neurológicos severos e risco de morte. Exemplos de perigos potenciais são fios descascados na própria rede elétrica residencial; fios de alta tensão na rua; e fuga de corrente ou instalação irregular em chuveiro elétrico.
A corrente alternada (AC), presente na rede elétrica residencial, é mais perigosa do que a corrente contínua (DC), pois interfere mais facilmente nos impulsos elétricos do coração, aumentando as chances de arritmias fatais.
Crédito: ShutterStock
Principais fatores que tornam um choque fatal
Diversos elementos influenciam a gravidade de um choque elétrico. Entre os principais, estão:
Intensidade da corrente elétrica
A corrente elétrica é o fator mais determinante na letalidade de um choque. Acima de 30 mA, já há risco significativo de fibrilação ventricular, que pode levar à morte em minutos se não houver socorro imediato.
Tempo de exposição
Quanto mais tempo a eletricidade percorre o corpo, maiores são os danos. Um choque curto pode causar apenas uma contração muscular dolorosa, enquanto uma exposição prolongada pode ser letal.
Se a corrente passa pelo coração ou pelo cérebro, os riscos aumentam. Um choque que percorre de uma mão para outra pode ser mais perigoso do que aquele que afeta apenas um braço ou perna.
Resistência do corpo
O corpo humano tem certa resistência elétrica, que varia conforme a umidade da pele. Mãos molhadas ou suor diminuem essa resistência, facilitando a passagem da corrente e aumentando a gravidade do choque.
Tensão elétrica (voltagem)
Embora a voltagem por si só não determine a gravidade do choque, tensões elevadas aumentam a probabilidade de queimaduras e lesões severas.
Efeitos de um choque elétrico no organismo
Além dos danos internos, um choque pode provocar ferimentos graves, incluindo:
Queimaduras: a eletricidade gera calor intenso, podendo causar queimaduras internas e externas.
Danos neuromusculares: os impulsos elétricos podem causar espasmos musculares intensos e lesões permanentes nos nervos.
Parada cardíaca: fibrilação ventricular, que impede o coração de bombear sangue adequadamente.
Complicações respiratórias: um choque pode afetar o sistema nervoso e causar falhas na respiração.
(Imagem: RHJPhtotos/Shutterstock)
Como prevenir choques elétricos
Para evitar acidentes elétricos, algumas precauções são essenciais:
Evite mexer em equipamentos elétricos com as mãos molhadas.
Não use extensões ou fios danificados.
Desligue a eletricidade antes de realizar reparos em tomadas ou fios.
Use dispositivos de proteção, como disjuntores e DR (Diferencial Residual), que desligam a corrente elétrica em caso de fuga.
Mantenha crianças longe de tomadas e cabos expostos.
O que fazer em caso de choque elétrico?
Se alguém sofrer um choque, siga estas orientações:
Desligue a fonte de energia antes de tocar na vítima.
Afaste a pessoa da corrente elétrica usando um objeto isolante, como madeira ou borracha.
Chame o socorro imediatamente, especialmente se houver desmaio ou dificuldade para respirar.
Realize manobras de reanimação (RCP) se a vítima não estiver respirando e você for apto para tal.
Tomar um choque pode ser fatal dependendo da intensidade da corrente, do tempo de exposição e do caminho que a eletricidade percorre no corpo. Os efeitos vão desde queimaduras até paradas cardíacas. Para evitar riscos, é fundamental adotar medidas preventivas e agir rapidamente em caso de acidentes elétricos.