chuva_meteoros-1024x643

Como o Sol influencia chuvas de meteoros inesperadas

Um artigo publicado este mês na revista Icarus aponta que o Sol pode ajudar a prever chuvas de meteoros raras e intensas. Segundo os autores, uma oscilação sutil do astro influencia o caminho de nuvens de poeira deixadas por cometas, e isso afeta diretamente quando e onde essas partículas vão colidir com a Terra.

Essas colisões são o que geram as chuvas de meteoros, fenômenos que encantam observadores do céu. Algumas acontecem com regularidade, como a Eta Aquáridas, que surge todos os anos em maio, e as Perseidas, em agosto. No entanto, outras aparecem de forma imprevisível, duram pouco e depois somem por décadas, sem deixar pistas claras.

O novo estudo propõe que essa irregularidade pode ser explicada pelo modo como o Sol se movimenta. Apesar de parecer parado, o Sol oscila em torno de um ponto chamado baricentro, que é o verdadeiro centro de massa do Sistema Solar. Esse ponto muda de lugar por causa da influência gravitacional dos planetas, principalmente Júpiter e Saturno.

Vista do céu noturno com um céu estrelado ao fundo e muitos meteoros voando pela atmosfera, aparecendo como traços brancos, com árvores e plantas em primeiro plano. Crédito: Kenneth Brandon

Essa oscilação, embora pequena, é suficiente para afetar a trajetória de partículas espaciais. Quando um cometa se aproxima do Sol, ele libera uma trilha de poeira. Essas partículas seguem orbitando nossa estrela por séculos e, em alguns casos, cruzam o caminho da Terra, gerando uma chuva de meteoros.

Com o tempo, essas trilhas de poeira se espalham e se deformam, tornando-se mais difíceis de prever. Quanto mais antigas, mais largas e difusas elas ficam. Já as trilhas jovens são estreitas e instáveis – e por isso podem causar chuvas intensas e curtas, ou simplesmente não acontecer.

Novo modelo ajuda a prever chuvas de meteoros

Os pesquisadores Stuart Pilorz e Peter Jenniskens, do Instituto SETI, descobriram que, ao não considerar o movimento do Sol, as simulações anteriores estavam incompletas. As trilhas de poeira reagem de forma sensível a essa oscilação solar, o que muda seu percurso ao longo do tempo.

Quando as partículas estão longe, elas orbitam o baricentro. Mas, ao se aproximarem do Sol, passam a ser puxadas diretamente por sua gravidade. Esse “troca-troca” de centro gravitacional altera levemente a velocidade e o caminho dessas partículas, como se recebessem pequenos empurrões.

Essas mudanças são pequenas, mas somadas ao longo dos anos, fazem diferença. Elas explicam por que algumas trilhas atingem a Terra em momentos inesperados. Com base nisso, os autores desenvolveram um novo modelo para prever melhor essas passagens.

Oscilações do Sol em torno do centro de massa do Sistema Solar, no período de 1945 a 2010. São mostradas as posições celestes anuais do baricentro (pequenos círculos) em relação ao centro do Sol (cruz). Crédito:  Marcos José de Oliveira/Elaborado com base em Landscheidt (1981) e Scafetta (2010).

A teoria foi colocada à prova em 2023, quando Jenniskens usou o modelo para prever o retorno de uma chuva de meteoros quase esquecida. Ele calculou que a trilha de um cometa antigo cruzaria o caminho da Terra por conta de uma combinação exata entre as órbitas de Júpiter e Saturno.

Jenniskens e Pilorz viajaram até a Espanha para observar. A previsão se confirmou: uma chuva rara e intensa riscou o céu durante 40 minutos. O evento foi curto, mas espetacular – e bateu exatamente com o cálculo feito pelo novo modelo.

Essa chuva específica reaparece a cada 60 anos, seguindo um ciclo que coincide com os movimentos combinados de Júpiter (que leva 12 anos para dar a volta no Sol) e Saturno (que leva 29). A interação desses dois gigantes é o que impulsiona a oscilação solar.

Com o tempo, as trilhas de poeira vão se espalhando e ficando mais fáceis de prever. Mas nos primeiros séculos após sua formação, elas são frágeis e sensíveis. Pequenos fatores, como o movimento do Sol, podem desviá-las ou aproximá-las da Terra.

A novidade do estudo é justamente reconhecer a importância dessa influência sutil. Até então, o movimento do Sol era ignorado nas simulações, por parecer insignificante. Mas o novo modelo mostra que ele tem um papel essencial nas chuvas mais raras.

Leia mais:

Mais explosões de estrelas cadentes podem estar a caminho

O impacto é claro: agora os cientistas conseguem prever com mais precisão quando essas chuvas intensas e inesperadas vão ocorrer. Isso ajuda os astrônomos e também fotógrafos e curiosos que gostam de observar o céu.

Além disso, o estudo revela como fenômenos aparentemente invisíveis – como uma leve oscilação solar – podem ter efeitos concretos no nosso planeta. Mostra também como detalhes esquecidos podem mudar nossa compreensão sobre eventos naturais.

Os autores acreditam que o novo modelo vai ajudar a identificar outras chuvas raras no futuro. Eles já planejam novas observações com base nessas previsões. Se tudo correr como esperado, mais explosões de meteoros devem surgir nos próximos anos.

O trabalho também reforça a importância de incluir todos os fatores gravitacionais nas simulações. Mesmo os mais discretos, como a dança do Sol em torno do baricentro, podem mudar o curso de trilhas espaciais com centenas de anos de idade.

Ao entender melhor esses mecanismos, os cientistas abrem caminho para novas descobertas. E para nós, aqui na Terra, isso significa mais oportunidades de presenciar espetáculos celestes que antes pareciam impossíveis de prever.

O post Como o Sol influencia chuvas de meteoros inesperadas apareceu primeiro em Olhar Digital.

meteoros-liridas-1024x576

Chuva de meteoros ilumina a noite no Brasil; veja!

Ao longo desta semana, o céu noturno oferece um espetáculo para quem estiver atento: a chuva de meteoros Líridas. O fenômeno, inclusive, atingiu seu pico entre a noite desta segunda (21) e a madrugada desta terça-feira (22) aqui no Brasil. Se você der sorte, ainda poderá acompanhar essas “estrelas cadentes” até o dia 30 de abril.

Com a Lua abaixo da metade cheia, a observação está ainda mais privilegiada, o que torna o momento propício para assistir ao evento. Não é necessário nenhum tipo de equipamento especial — aliás, telescópios e binóculos podem atrapalhar, já que limitam o campo de visão necessário para ver os meteoros cruzando o céu.

A chuva de meteoros da madrugada

O Observatório Heller & Jung, em Taquara, no Rio Grande do Sul, enviou belas imagens ao Olhar Digital. Diretor da instituição, o professor e doutor Carlos Fernando Jung explica que os meteoros Líridas se caracterizam por serem rápidos e brilhantes.

Apesar de a madrugada ter tido muita umidade e neblina, foi possível, em média, por câmera, uma taxa de 12 meteoros por hora. Foram utilizadas no Observatório 20 câmeras para registrar o evento. Na imagem pode-se verificar a sobreposição de meteoros registrados apenas em uma câmera.

Prof. Dr. Carlos Fernando Jung

Veja!

A chuva de meteoros Líridas

Apesar de estar entre as chuvas de menor intensidade do calendário astronômico, as Líridas se destacam por sua importância histórica.

Segundo Marcelo Zurita, colunista do Olhar Digital, essa é a mais antiga chuva de meteoros conhecida, sendo relatada há mais de 2.700 anos pelos chineses. 

Meteoro cruza os céus do Rio Grande do Sul. Crédito: Observatório Heller & Jung

As Líridas têm como corpo-mãe o cometa C/1861 G1 Thatcher, que completa uma órbita ao redor do Sol a cada 415 anos. Curiosamente, apesar da longa história de observação da chuva, o cometa só foi identificado em sua última passagem próxima à Terra, em 1861. A próxima ocorrência está prevista para 2276.

Zurita ressalta que uma chuva de meteoros é um espetáculo astronômico dos mais democráticos. “Pode ser observada por qualquer um. Não precisa de telescópios, câmeras nem qualquer equipamento especial. Basta ter disposição para perder algumas horas de sono e olhar para o céu!”.

O post Chuva de meteoros ilumina a noite no Brasil; veja! apareceu primeiro em Olhar Digital.

chuva-de-meteoros-2-1024x615

Que horas será possível ver a chuva de meteoros Líridas no Brasil?

Entre a noite desta segunda-feira (21) e a madrugada de terça-feira (22), ocorrerá o pico da chuva de meteoros Líridas. O fenômeno se estende até o dia 30 de abril, mas o melhor momento para observá-lo no Brasil será entre hoje e amanhã.

A boa notícia é que não será necessário nenhum tipo de equipamento especial — aliás, telescópios e binóculos podem atrapalhar, já que limitam o campo de visão necessário para ver os meteoros cruzando o céu.

Como ver a chuva de meteoros Líridas no Brasil?

Para ter mais chances de visualização, recomenda-se procurar locais escuros, longe das luzes da cidade, e olhar na direção norte, a partir da meia-noite até o amanhecer, nos dias 21 e 22 de abril. Mesmo com menor intensidade do que em países do hemisfério norte, os meteoros podem ser vistos a olho nu, cruzando o céu de forma rápida e brilhante.

Estamos na época da chuva de meteoros Líridas. Crédito: Genevieve de Messieres – Shutterstock

O radiante — ponto no céu de onde os meteoros parecem se originar — está localizado na constelação de Lyra, que aparece no céu do hemisfério sul durante as madrugadas, mais próxima do horizonte norte. Isso significa que, embora a taxa de meteoros seja um pouco menor nas latitudes mais ao sul, ainda é possível observar a chuva em várias regiões do Brasil, especialmente em áreas com pouca poluição luminosa.

Origem do espetáculo

Apesar de estar entre as chuvas de menor intensidade do calendário astronômico, as Líridas se destacam por sua importância histórica.

Segundo Marcelo Zurita, colunista do Olhar Digital, a Líridas é a mais antiga chuva de meteoros conhecida, sendo relatada há mais de 2700 anos pelos chineses. 

As Líridas têm como corpo-mãe o cometa C/1861 G1 Thatcher, que completa uma órbita ao redor do Sol a cada 415 anos. Curiosamente, apesar da longa história de observação da chuva, o cometa só foi identificado em sua última passagem próxima à Terra, em 1861. A próxima ocorrência está prevista para 2276.

Leia mais:

Os meteoros, na verdade, não são estrelas, mas pequenos fragmentos de rocha e poeira cósmica, deixados para trás por cometas em sua trajetória pelo Sistema Solar. No caso das Líridas, esses fragmentos entram na atmosfera terrestre e queimam, produzindo os rastros luminosos visíveis a olho nu.

Zurita ressalta que uma chuva de meteoros é um espetáculo astronômico dos mais democráticos. “Pode ser observada por qualquer pessoa que tenha uma visão razoável e acesso a algum pedaço de céu. Não precisa de telescópios, câmeras nem qualquer equipamento especial. Basta ter disposição para perder algumas horas de sono e olhar para o céu”.

O post Que horas será possível ver a chuva de meteoros Líridas no Brasil? apareceu primeiro em Olhar Digital.

chuva-de-meteoros-1-1024x576

Chuva de meteoros Líridas atinge pico nos próximos dias

Na próxima semana, o céu noturno pode oferecer um espetáculo para quem estiver atento: a chuva de meteoros Líridas atingirá seu pico entre a noite de segunda-feira, 21 de abril, e a madrugada de terça-feira, 22 de abril. O fenômeno, conhecido por registros históricos impressionantes, deverá apresentar até 18 meteoros por hora em sua fase de maior intensidade, de acordo com a Organização Internacional de Meteoros (IMO).

Com a Lua abaixo da metade cheia, a observação não será prejudicada por excesso de claridade, o que torna o momento ainda mais propício para acompanhar o evento. Não será necessário nenhum tipo de equipamento especial — aliás, telescópios e binóculos podem atrapalhar, já que limitam o campo de visão necessário para ver os meteoros cruzando o céu.

Fenômeno é visível a olho nu, dispensando uso de equipamentos (Imagem: AstroStar / Shutterstock.com)

Espetáculo com milhares de anos de história

Apesar de estar entre as chuvas de menor intensidade do calendário astronômico, as Líridas se destacam por sua importância histórica.

Segundo Marcelo Zurita, colunista do Olhar Digital, a Líridas é a mais antiga chuva de meteoros conhecida, sendo relatada há mais de 2700 anos pelos chineses. 

A chuva é mencionada em documentos antigos como o Zuo Zhuan, texto da China datado de 687 a.C., que descreve o evento como um momento em que “as estrelas caíram como chuva“. Tradições indígenas da Austrália também fazem referência às Líridas, reforçando o quanto esse fenômeno é conhecido e documentado há milênios.

Há relatos de tempestades de meteoros associadas a esse fenômeno, com centenas de registros por hora. Em 1803, por exemplo, um jornalista de Richmond, nos Estados Unidos, estimou a impressionante marca de 700 meteoros por hora em um único pico.

Origem está em um cometa de longo período

As Líridas têm como corpo-mãe o cometa C/1861 G1 Thatcher, que completa uma órbita ao redor do Sol a cada 415 anos. Curiosamente, apesar da longa história de observação da chuva, o cometa só foi identificado em sua última passagem próxima à Terra, em 1861. A próxima ocorrência está prevista para 2276.

Meteoros são pequenos fragmentos de rocha e poeira cósmica deixados por cometas, como o Thatcher (Imagem: Artsiom P / Shutterstock.com)

Os meteoros, na verdade, não são estrelas, mas pequenos fragmentos de rocha e poeira cósmica, deixados para trás por cometas em sua trajetória pelo Sistema Solar. No caso das Líridas, esses fragmentos entram na atmosfera terrestre e queimam, produzindo os rastros luminosos visíveis a olho nu.

Zurita ressalta que uma chuva de meteoros é um espetáculo astronômico dos mais democráticos. “Pode ser observada por qualquer pessoa que tenha uma visão razoável e acesso a algum pedaço de céu. Não precisa de telescópios, câmeras nem qualquer equipamento especial. Basta ter disposição para perder algumas horas de sono e olhar para o céu”.

Leia mais:

Chuva de meteoros Líridas é visível no Brasil?

Sim, a chuva de meteoros Líridas é visível no Brasil.

A radiante — ponto no céu de onde os meteoros parecem se originar — está localizada na constelação de Lyra, que aparece no céu do hemisfério sul nas madrugadas, mais próxima do horizonte norte. Isso significa que, apesar de a taxa de meteoros ser um pouco menor nas latitudes mais ao sul, ainda é possível observar a chuva de várias regiões do Brasil, especialmente nas áreas com pouca poluição luminosa.

Para ter as melhores chances de visualização, recomenda-se procurar locais escuros, longe das luzes da cidade, e olhar na direção norte, a partir da meia-noite até o amanhecer, nos dias 21 e 22 de abril. Mesmo com menor intensidade do que em países do hemisfério norte, os meteoros podem ser vistos a olho nu, cruzando o céu de forma rápida e brilhante.

O post Chuva de meteoros Líridas atinge pico nos próximos dias apareceu primeiro em Olhar Digital.

lua-de-sangue-eclipse

Eclipse lunar total: noite também terá chuva de meteoros

Um verdadeiro espetáculo astronômico está previsto para a madrugada entre quinta (13) e sexta-feira (14): um eclipse lunar total, também chamado de Lua de Sangue. O evento será visível em todo o Brasil – e quem tiver sorte também pode testemunhar a chuva de meteoros Gama Norminídeos.

Sobre os eclipses lunares:

  • Um eclipse lunar ocorre quando a sombra da Terra “esconde” a Lua, que fica escura e avermelhada  no céu por cerca de uma hora;
  • Isso acontece porque a Terra se posiciona exatamente entre a Lua e o Sol, fazendo com que a sombra do planeta seja projetada sobre o nosso satélite natural;
  • Existem três tipos de eclipse lunar: o total (com a Lua totalmente encoberta), o parcial (em que apenas parte dela é escondida pela sombra da Terra) e o penumbral (quando a sombra do planeta não é suficientemente escura para reduzir o brilho da Lua, que fica meio acinzentada).
Em um eclipse total, a Lua fica totalmente coberta pela sombra da Terra (que passa entre ela e o Sol), e por causa da coloração vista no satélite, o fenômeno é conhecido como Lua de Sangue. Crédito: Small Chip – Shutterstock

Leia mais:

“Lua de sangue” pode ser acompanhada por até 10 meteoros por hora

Esta é uma chuva de meteoros cujo radiante está localizado em Norma, uma constelação do hemisfério sul do céu – um app de observação, como Stellarium, Star Walk, Sky Safari ou SkyView, pode ajudar a encontrá-la.

Em 2025, esse evento está ativo desde 25 de fevereiro e vai até 28 de março, atingindo o pico exatamente no dia do eclipse. Na ocasião, até 10 “estrelas cadentes” poderão ser observadas por hora.

Chuva de meteoros Quadrântidas, a primeira de todos os anos, fotografada da Itália. Crédito: Lamberto Sassoli

De acordo com o guia de observação astronômica In-The-Sky.org, do ponto de vista de São Paulo, a chuva de meteoros começa na quinta, por volta das 20h20 (pelo horário de Brasília), quando seu radiante se eleva sobre o horizonte leste. Ela permanece ativa até o amanhecer, mais ou menos às 5h40.

Chuvas de meteoros acontecem todos os anos basicamente nos mesmos períodos, quando a Terra passa pela trilha de detritos deixados pela passagem de determinados corpos espaciais, normalmente cometas. No caso da Gama Normídeos, o objeto cósmico que a origina é desconhecido dos astrônomos.

Após esse evento, teremos mais quatro chuvas de meteoros no primeiro semestre e seis no segundo – saiba mais aqui. E sobre o próximo eclipse lunar: será no dia 7 de setembro, também total, mas quase imperceptível no Brasil.

O post Eclipse lunar total: noite também terá chuva de meteoros apareceu primeiro em Olhar Digital.