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O que aconteceria com os humanos se toda a água doce da Terra estivesse poluída?

A água é uma das substâncias mais importantes do planeta, imprescindível para que a vida aconteça e sobreviva, principalmente para os humanos. Ela cobre mais de 70% da superfície da Terra, porém, apenas a pequena fração de 2,5% é de água doce e, em teoria, própria para consumo. Dessa quantidade, cerca de 1,8% está congelada nas calotas polares, restando algo em torno de 0,6% de água disponível para vivermos.

Com esses dados, fica evidente a necessidade de cuidado para preservar a água, uma vez que ela existe em pouca quantidade para tantas pessoas que existem no mundo. Porém, esse acaba sendo um paradigma, pois a atividade humana é a principal responsável pela poluição das poucas reservas do líquido que nos restam. Com isso, você já parou para pensar o que nos aconteceria se toda água doce do planeta estivesse poluída?

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Sem dúvidas, essa seria uma situação que complicaria a nossa vida como um todo. Confira abaixo na matéria o que teríamos que fazer para lidar com essa situação.

Apenas 0,6% da água do mundo está disponível para consumo. (Imagem: Freepik)

O que faríamos se toda a água do doce do planeta ficasse poluída?

Por pior que pareça essa situação, nem tudo estaria perdido: mesmo com as reservas de água doce comprometidas, a tecnologia atual não nos deixaria sem esse precioso líquido. Com a evolução considerável das técnicas para tratamento da substância, seria possível até mesmo a transformação de esgoto em água potável.

Entre essas tecnologias estão a ultra e a nanofiltração, além dos processos oxidativos avançados e outras técnicas que se baseiam em mecanismos físico-químicos e biológicos, que estão sendo desenvolvidas e permitem que diversos poluentes sejam removidos da água.

No entanto, mesmo que a tecnologia tenha avançado, ainda há alguns problemas que seriam encontrados em uma situação hipotética de poluição de toda a água. São elas:

  • Custo: o acesso à água potável ficaria consideravelmente mais caro caso esse processo fosse feito em larga escala. Isso poderia piorar mais ainda a situação das regiões onde o recurso já é mais escasso do que a média, além das pessoas que vivem em risco hídrico. Sendo assim, o recurso se tornaria proibitivo para muitas pessoas;
  • Falhas possíveis: com o abastecimento totalmente dependente do tratamento, qualquer pequena falha no sistema poderia comprometer de forma significante o acesso à água. Isso porque, quanto mais complexos os poluentes da água a ser tratada, mais barreiras são exigidas para garantir que ela tenha a qualidade esperada no final do tratamento.
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Alguns rios atingem um nível tão alto de poluição que os tornam “rios mortos”. (Imagem: Freepik)

O que é água poluída?

A poluição da água é um conceito que precisa ser analisado do ponto de vista do equilíbrio ecológico, e também do uso que os seres humanos fazem dela. Primeiro, a água não pode estar tão poluída de modo a impedir a sobrevivência dos organismos e gerar a perda de biodiversidade. Isso acontece com os rios Tietê e Pinheiros em São Paulo, por exemplo, onde o nível de poluição dos trechos que passam pela cidade os transformam em “rios mortos”.

Além disso, a água precisa juntar as condições ideais para ser usada pelos humanos sem que haja risco. Ainda que a água de um rio seja limpa, não significa que não ofereça problema ao ser consumida sem nenhum tipo de tratamento, por exemplo. Contudo, essa água ainda poderia servir para outros usos, como a irrigação de culturas agrícolas.

É importante deixar claro que mesmo as fontes de água que não apresentam poluição causada por seres humanos podem ter características diferentes dependendo de cada região, como o tipo de solo, o relevo e a vegetação. Sendo assim, a ideia de poluição depende de possíveis impactos que a água poluída pode causar para os ecossistemas, ou os prejuízos e limitações que ela pode impor para as atividades humanas.

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A água salgada dos oceanos seria mais uma opção em caso de comprometimento de toda a água doce do planeta. (Imagem: Freepik)

Água salgada como opção

A água salgada dos oceanos seria mais uma opção em caso de comprometimento de toda a água doce do planeta. Isso seria possível com um processo chamado de dessalinização que, basicamente, remove o sal da água e a torna própria para o consumo.

Entretanto, esse procedimento tem um custo muito elevado, o que causaria um problema sério de oferta que já foi citado acima. Além disso, geraria um alto gasto energético e produção considerável de resíduos. Então, em escala global, essa solução traria uma série de outros problemas juntamente com a solução da questão principal.

Preservação: o melhor caminho

Com as soluções apresentadas acima, sabemos que a humanidade dificilmente ficaria sem água. Contudo, o comprometimento completo das reservas de água potável causaria diversas consequências terríveis, como prejuízos aos seres humanos, perdas na biodiversidade e alterações consideráveis nos ecossistemas, por exemplo.

Por isso, é sempre importante reforçar que o tratamento de água precisa estar em última opção no caso de esgotamento de outras atitudes para preservar a qualidade adequada da substância. Para isso, entre as melhores práticas estão a preservação dos mananciais, através de:

  • Tratamento de esgoto;
  • Controle da expansão urbana e agrícola;
  • Reflorestamento de áreas degradadas.
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A melhor forma de evitar a necessidade de tratamento de água não potável é promovendo a preservação. (Imagem: Freepik)

Essas atividades evitariam que os poluentes chegassem até as águas, resolvendo boa parte do problema diretamente em sua origem.

O ciclo hidrológico também merece atenção, incluindo a evaporação da água, a formação das nuvens e a condensação da água, que causa as chuvas que alimentam os rios e demais corpos d’água. O ciclo é fechado e faz com que a quantidade de água se mantenha constante no planeta.

Contudo, ele é afetado diretamente pelas mudanças climáticas, que fazem aumentar a ocorrência de eventos extremos e geram desequilíbrio. Uma consequência disso são as regiões secas que ficam ainda mais secas. Com tudo isso, fica claro que garantir a boa qualidade da água é uma questão de sobrevivência para os seres que dela dependem.

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Gravidade pode ser ilusão? Nova teoria propõe explicação

A gravidade pode não ser uma força fundamental, mas um efeito emergente da entropia. Esse conceito, que mede a desordem dos sistemas, pode esconder a chave para unir relatividade e mecânica quântica. Um novo estudo sugere que a atração entre os corpos celestes pode ser apenas um reflexo de processos mais profundose essa ideia pode até explicar mistérios, como a matéria e a energia escuras.

A proposta vem da professora Ginestra Bianconi, da Queen Mary University of London (Inglaterra). Em seu estudo, publicado na Physical Review D, ela utiliza a entropia quântica relativa para redefinir a gravidade. A pesquisa sugere que a curvatura do espaço-tempo pode ser apenas um efeito de uma interação entrópica, o que ajudaria a explicar anomalias gravitacionais hoje atribuídas à matéria escura.

Matéria escura pode não existir — a resposta pode estar na entropia! (Imagem: Zita/Shutterstock)

O estudo também prevê uma constante cosmológica positiva, relacionada à energia escura. Além disso, introduz um campo G, capaz de modificar a gravidade e dispensar a necessidade da matéria escura. Se confirmada, essa ideia pode revolucionar nossa compreensão do Universo — e, finalmente, aproximar a relatividade da mecânica quântica.

Gravidade e entropia: conexão inesperada?

A entropia é a grande lei do caos: uma medida de desordem que, no Universo, só cresce com o tempo. Mas ela não se resume a bagunça — também está diretamente ligada à informação. E é nessa conexão que o estudo aposta para unir as duas gigantes da física.

A pesquisa usa um conceito chamado entropia quântica relativa para repensar a relação entre matéria e espaço-tempo. Em vez de ver a gravidade como uma força, a ideia é que ela surja naturalmente da interação entre esses elementos, como um efeito secundário da própria estrutura do cosmos.

Nos modelos clássicos, imaginamos o espaço-tempo como uma malha elástica deformada pela matéria. Mas, na prática, essa geometria é definida por uma métrica invisível, influenciada pela massa dos objetos. E se a chave para entender tudo isso estiver na informação, e não na força?

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Novo olhar sobre o cosmos

  • A proposta também mexe com outra peça fundamental do quebra-cabeça cósmico: a estrutura invisível do Universo;
  • O estudo sugere que a gravidade pode não precisar da matéria escura para explicar anomalias gravitacionais;
  • Em vez disso, o campo G modificaria a gravidade em escalas cósmicas, influenciando a rotação das galáxias sem a necessidade de uma substância oculta;
  • Outra implicação direta está na energia escura. O modelo prevê constante cosmológica emergente, que pode ser a chave para entender a aceleração da expansão do Universo;
  • Em vez de ser um ajuste arbitrário nas equações, essa constante surgiria naturalmente da interação entrópica entre espaço-tempo e matéria.

Se confirmadas, essas ideias podem indicar que os fenômenos mais misteriosos do cosmos não são causados por elementos invisíveis, mas por sutilezas profundas nas leis fundamentais da física.

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Campo G: nova peça no quebra-cabeça da gravidade? (Imagem: Atharv77/Shutterstock)

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Computadores quânticos: a revolução que ainda precisa de tempo

A computação quântica acaba de dar um salto promissor: a startup PsiQuantum afirma ter resolvido um dos maiores desafios da tecnologiafabricar chips quânticos em larga escala. Usando fótons para processar dados, a empresa superou barreiras que, antes, pareciam intransponíveis. O avanço pode acelerar a chegada da era quântica.

A PsiQuantum aposta na computação quântica fotônica, abordagem que usa partículas de luz para armazenar e manipular informações. O método tem vantagens, como baixa interferência e alta velocidade, mas sempre esbarrou em desafios práticos. Os fótons são difíceis de criar, detectar e controlar, além de se perderem facilmente.

Agora, a empresa afirma ter solucionado esses problemas. Em artigo publicado na Nature, ela revelou hardware capaz de viabilizar a produção de chips quânticos em massa. Se confirmada, a inovação pode colocar a computação quântica mais perto do mundo real, transformando setores, como segurança digital, pesquisa científica e inteligência artificial (IA).

O que compõe um computador quântico?

  • Os computadores quânticos prometem mudar tudo: da inteligência artificial à segurança digital;
  • Mas, ao contrário dos computadores tradicionais, que armazenam informações em bits — representados pelos números 0 e 1 —, os quânticos usam qubits;
  • A grande diferença é que, enquanto um bit só pode ser 0 ou 1, um qubit pode ser 0 e 1 ao mesmo tempo, graças a fenômeno chamado de superposição quântica.

As maiores apostas estão nos circuitos supercondutores, que funcionam em temperaturas próximas do zero absoluto. Empresas, como Google e IBM, já anunciaram feitos, como a “supremacia quântica“, quando um computador quântico supera o melhor convencional.

Outras abordagens, como íons aprisionados e falhas controladas em diamantes, também disputam espaço nessa corrida tecnológica. Quem também, recentemente, avançou no setor foram pesquisadores chineses, que apresentaram um protótipo de chip quântico de 105 qubits que é um quadrilhão de vezes mais rápido que os supercomputadores mais potentes do planeta.

Diagrama ilustrando os diversos componentes do chip fotônico da PsiQuantum (Imagem: Divulgação/PsiQuantum)

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Apesar do entusiasmo, esses computadores ainda estão longe do uso cotidiano. Algumas versões são vendidas por preços astronômicos, enquanto outras podem ser acessadas pela nuvem. Mas, por enquanto, eles servem mais para experimentos e pesquisas do que para substituir os computadores que conhecemos.

PsiQuantum e a promessa de computador quântico escalável

Ao adotar processos já consolidados na fabricação de semicondutores, a PsiQuantum acredita ter superado um dos maiores obstáculos da computação quântica: a escalabilidade. Seus chips, produzidos em parceria com a GlobalFoundries, já são fabricados aos milhões, algo inédito no setor.

Essa abordagem pode acelerar o desenvolvimento de computadores quânticos com milhões de qubits, feito essencial para alcançar a tolerância a falhas. Se bem-sucedida, a tecnologia fotônica da PsiQuantum promete máquinas mais eficientes, com menor consumo de energia e maior viabilidade comercial.

Ainda há desafios pela frente, mas a empresa aposta que seu modelo trará a primeira geração realmente utilizável de computadores quânticos. Se cumprir o que promete, a era quântica pode estar mais próxima do que imaginamos.

Tecnologia de ponta! Este é o chip fotônico da PsiQuantum, projetado para impulsionar a computação quântica com luz (Imagem: Divulgação/PsiQuantum)

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Por que os asiáticos têm olhos mais alongados? A ciência explica

Algumas populações de regiões específicas pelo mundo apresentam características físicas específicas e marcantes, que são capazes de fazer com o indivíduo seja reconhecido como parte daquele povo. É o caso, por exemplo, dos nascidos ou descendentes de alguns países da Ásia, como os chineses, coreanos, japoneses, mongóis, entre outros.

Apesar de terem diversas características diferentes entre si, eles têm um ponto em comum: os olhos alongados, chamados pela ciência de dobra epicântica (ou apenas epicanto).

Essa característica é uma adaptação evolutiva, para proteger essas populações da luz do sol em regiões frias, assim como alguns povos possuem nariz mais estreito (por conta do clima frio e seco) ou mais largos (em climas quentes e úmidos).

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Confira na matéria abaixo mais informações sobre como e porque essa adaptação acontece, e quais são as pessoas que a possuem.

A dobra epicântica acontece quando uma parte da pele que vai do nariz até o começo da sobrancelha encobre o canto interior do olho. (Imagem: Freepik)

Por que os asiáticos têm olhos mais alongados?

De forma simples, a dobra epicântica acontece quando uma parte da pele que vai do nariz até o começo da sobrancelha encobre o canto interior do olho. A dobrinha nos olhos é muito comum em pessoas naturais da Ásia oriental, como os mongóis, chineses, coreanos e japoneses, além dos países do sudoeste asiático, como vietnamitas, tailandeses, filipinos, indonésios, malaios e polinésios.

Fora do continente asiático, essa característica pode ser encontrada nos nativos inuítes do Canadá e alguns povos indígenas da América do Sul.

Além disso, a dobra epicântica também pode ser vista em pessoas com Síndrome de Down. Observa-se também que algumas crianças, independentemente da etnia, nascem com os olhos mais alongados, mas perdem essa característica com o passar do tempo, conforme o nariz cresce.

Com isso, podemos perceber que esse traço é herdado geneticamente. Porém, por que é tão mais comum nos povos asiáticos?

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Estudos indicam que esse formato de olho bloqueia a entrada de muita luz, protegendo a pessoa contra a cegueira da neve. (Imagem: Freepik)

O que levou essas populações a terem essa característica tão forte?

Estudos indicam que esse formato de olho bloqueia a entrada de muita luz, protegendo a pessoa contra a cegueira da neve – um desgaste da córnea causado pela penetração de radiação ultravioleta. Isso porque, nas partes da Ásia que foram mencionadas, o inverno é bastante rigoroso, e a neve pode refletir até 80% dos raios UV, aumentando o risco de exposição aos olhos.

Isso causa uma queimadura solar nos olhos, chamada cientificamente de fotoceratite. É por isso também que alguns povos indígenas nativos do Ártico teriam criado óculos de Sol com pequenas aberturas horizontais, simulando o estilo do olho mais fechado.

Fora isso, o epicanto é um pedaço de gordura que recobre o canto do olho, ajudando a manter a temperatura corporal do indivíduo, uma vez que essa substância é um bom material insulante e permite que menos calor escape durante os dias de extremo frio. Além de proteger do frio, esse traço também protege os olhos dos ventos intensos.

Aqueles que vivem em regiões próximas dos polos recebem um percentual maior de luz do Sol diretamente nos olhos, onde há mais gelo, e as camadas de solo gelado possuem mais capacidade de refletir a luz solar. Sendo assim, é provável que as populações indígenas que ocuparam as Américas tenham herdado essa característica, uma vez que elas chegaram dessas regiões mais frias.

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É errado pensar que os olhos dos orientais são menores: o que muda é apenas o formato por conta da pálpebra mais saliente. (Imagem: Freepik)

De acordo com o professor de psicologia evolutiva Robin Dunbar, da Universidade Oxford, esses povos da Ásia também são descendentes daqueles que viveram na Sibéria, uma região bastante conhecida pelo seu frio extremo, e depois migraram para o sul. Contudo, é errado pensar que os olhos dos orientais são menores: o que muda é apenas o formato por conta da pálpebra mais saliente.

Segundo um estudo publicado por Dunbar em 2011, após a análise do crânio de 55 esqueletos que viveram no século XIX, as alterações quanto ao tamanho dos olhos não são divididos entre Ocidente e Oriente, mas entre os trópicos e as zonas polares. “Como a quantidade de luz é menor, a retina precisa ser maior para captar mais luz”, diz ele.

Suas conclusões dizem que os povos africanos, indígenas americanos e grupos que moram perto da Linha do Equador têm olhos menores, enquanto os asiáticos e europeus, que vivem mais perto dos polos, têm olhos maiores. Os olhos deles chegam a ser 20% maiores do que os dos que vivem nas áreas com mais calor e luminosidade.

Em 2015, foi publicado um artigo científico contando mais detalhes sobre como esse processo evolutivo aconteceu. De acordo com o texto: “Fatores climáticos como a forte luz ultravioleta, o frio siberiano e a poeira amarela do nordeste da Ásia podem ser causas potenciais de franzimento excessivo, e o franzimento excessivo repetido pode induzir a hipertrofia do músculo orbicular. Antropólogos já presumiram que esses fatores são causas do epicanto. (…) A contração muscular excessiva seria uma ação inevitável para a proteção dos olhos contra a severidade ambiental. Assim, a adaptação ao ambiente seria uma causa básica para a formação do epicanto”.

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O epicanto é um pedaço de gordura que recobre o canto do olho, ajudando a manter a temperatura corporal do indivíduo. (Imagem: Freepik)

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O que é metafísica e como ela influencia a ciência e o estudo do Universo?

A metafísica é um dos ramos mais antigos e complexos da filosofia. Desde os tempos da Grécia Antiga, esse campo do conhecimento busca compreender a realidade para além do mundo físico, explorando questões como a existência, a natureza do ser, a consciência, o espaço, o tempo e a origem do Universo.

A palavra “metafísica” significa literalmente “além da física“, refletindo seu objetivo de investigar aquilo que não pode ser explicado apenas por meio da ciência empírica.

Ao longo dos séculos, a metafísica influenciou diversas áreas do pensamento humano, como a ciência, a religião e a própria filosofia. Seu impacto pode ser percebido em debates sobre a essência da realidade e na formulação de conceitos fundamentais que moldaram o conhecimento moderno.

Questões como “O que é o ser?”, “Existe uma realidade independente da nossa percepção?”, “O tempo e o espaço são reais ou apenas construções humanas?” fazem parte das discussões centrais desse campo do saber.

Mas, afinal, qual é o objetivo da metafísica? E por que ela ainda é estudada? Vamos explorar suas origens, os principais pensadores que ajudaram a estruturá-la e como esse campo do saber ainda influencia diversas discussões atuais.

O que é e quem criou a metafísica?

O termo “metafísica” surgiu na Grécia Antiga e foi popularizado pelo filósofo Andrônico de Rodes, que organizou os escritos de Aristóteles no século I a.C.

O nome deriva do grego “metá ta physiká”, que significa “além da física”, referindo-se a estudos que iam além da matéria e dos fenômenos observáveis. Aristóteles, considerado o principal precursor da metafísica, buscava compreender os princípios fundamentais da realidade e a estrutura do ser, formulando conceitos como substância, causa e essência.

Estátua de Aristóteles (Imagem: FASBAM/Reprodução)

No entanto, Aristóteles não foi o único pensador a influenciar a metafísica. Platão, seu mestre, desenvolveu a teoria das ideias, que defendia a existência de uma realidade superior e imutável, acessível apenas pelo intelecto.

Enquanto Platão argumentava que o mundo sensível é apenas uma cópia imperfeita dessa realidade ideal, Aristóteles se concentrava na investigação da substância e da existência em si.

Com o passar do tempo, a metafísica ganhou novas interpretações. Na Idade Média, pensadores como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino incorporaram elementos religiosos, relacionando a metafísica com a existência de Deus, a natureza da alma e a origem do Universo. Para Aquino, a metafísica era a ciência do “ser enquanto ser”, um estudo da realidade que buscava harmonizar a fé com a razão.

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No período moderno, filósofos como Descartes, Kant e Hegel reformularam suas questões fundamentais. Descartes introduziu a ideia do “cogito, ergo sum” (penso, logo existo), enfatizando a consciência como base da realidade.

Kant, por sua vez, questionou se era possível conhecer a realidade como ela é em si mesma, distinguindo entre o “fenômeno” (o que percebemos) e o “númeno” (a realidade inalcançável pela experiência).

Hegel desenvolveu a dialética, uma abordagem que via a realidade como um processo dinâmico de mudança e contradição.

Para que serve a metafísica?

A metafísica tem um papel essencial na filosofia, pois busca responder questões fundamentais sobre a existência e a realidade. Seu objetivo é investigar a natureza do ser, o conceito de identidade, a relação entre mente e corpo, o livre-arbítrio, a causalidade e a origem do Universo. Essas questões, apesar de abstratas, têm impacto direto em várias áreas do conhecimento e da vida cotidiana.

Ilustração mostra como neurônios se formam, destacando sua estrutura complexa com dendritos e axônios, representando comunicação neural e função cerebral
Ilustração de neurônios (Imagem: Kateryna Kon / Shutterstock)

Na ciência, a metafísica influencia a física teórica e a cosmologia, ajudando a formular questões sobre a existência do tempo, do espaço e das leis naturais. Físicos modernos, como Albert Einstein e Stephen Hawking, discutiram temas metafísicos ao explorar a natureza do tempo e do espaço, a teoria da relatividade e os mistérios dos buracos negros.

Na ética, a metafísica colabora para entender os fundamentos da moralidade, questionando se existem princípios objetivos ou se a moralidade é apenas uma construção social. Até mesmo a inteligência artificial e a computação quântica utilizam princípios metafísicos ao questionar a natureza da consciência e da realidade digital.

Além disso, a metafísica também tem um papel na religião e na espiritualidade, abordando temas como a existência de Deus, a alma e a vida após a morte. Dessa forma, ela continua sendo um campo fundamental para a compreensão do mundo e da própria condição humana.

Quem inventou a metafísica?

O termo foi popularizado por Andrônico de Rodes ao organizar os escritos de Aristóteles no século I a.C. No entanto, os debates metafísicos já existiam desde Platão e outros filósofos gregos.

O que é a metafísica?

A metafísica é o ramo da filosofia que estuda a natureza da realidade, do ser e da existência, indo além da matéria e das observações físicas, abordando questões sobre o tempo, o espaço, a causalidade e a identidade.

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Por que não conseguimos fazer cócegas em nós mesmos? A ciência explica!

As cócegas são uma sensação curiosa: podem ser divertidas, mas também desconfortáveis. E, por mais que tente, você nunca consegue fazer cócegas em si mesmo. O motivo? Seu cérebro já sabe o que vai acontecer e ignora a sensação antes mesmo de senti-la.

Segundo o neurocientista David Eagleman, da Universidade de Stanford, o cérebro não reage apenas ao presente, mas também prevê o futuro. Quando tentamos nos fazer cócegas, o sistema nervoso antecipa o estímulo e reduz sua resposta, tornando a sensação ineficaz.

Esse mecanismo é essencial para evitar distrações com estímulos previsíveis e permitir que o cérebro se concentre no inesperado. É por isso que, quando outra pessoa nos faz cócegas, o toque ativa áreas ligadas à surpresa e ao riso involuntário, tornando a experiência bem diferente.

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O cérebro prevê antes de sentir

Sempre que você faz um movimento, seu cérebro não apenas comanda os músculos, mas também avisa antecipadamente outras áreas responsáveis pelas sensações. Esse aviso prévio, chamado de “cópia de eferência”, evita que o corpo se surpreenda com suas próprias ações.

Cócegas podem ter evoluído como um mecanismo de defesa? Nosso cérebro reage ao toque inesperado para nos proteger (Imagem: fizkes/Shutterstock)

Se você pega um lápis, o cérebro envia sinais para a mão e, ao mesmo tempo, informa o córtex somatossensorial e o córtex visual sobre o que está prestes a acontecer. Dessa forma, o toque e a visão do lápis são percebidos como esperados, sem causar reações exageradas.

O mesmo ocorre com as cócegas: como o cérebro prevê o toque autoinduzido, ele reduz sua intensidade, tornando a sensação ineficaz. Esse mecanismo, além de curioso, é essencial para que o corpo controle melhor seus sentidos e reaja apenas a estímulos inesperados.

O cérebro foca no inesperado

O cérebro ignora estímulos previsíveis para priorizar o que pode ser relevante. Por exemplo, se você fecha a porta de um carro e escuta um som diferente do esperado, seu cérebro percebe o erro imediatamente. Essa capacidade de detectar mudanças foi destacada pelo neurocientista David Schneider, da Universidade de Nova York, em entrevista à revista especializada Live Science.

O cérebro antecipa, bloqueia e até decide quando as cócegas viram risada (Imagem: Alexander Supertramp/Shutterstock)

O mesmo acontece com sons repetitivos, como passos. O cérebro reduz a percepção dos próprios movimentos, mas se alguém caminha atrás de você, a atenção se volta para esse novo estímulo. Como explicou Schneider, isso ocorre porque mudanças inesperadas podem representar riscos à sobrevivência.

Esse fenômeno não é exclusivo dos humanos. Pesquisas com camundongos mostram que seus cérebros quase não reagem ao som de seus próprios passos. No entanto, quando um ruído idêntico vem de uma fonte externa, a resposta neural é intensa.

No fim, seja em humanos ou em animais, o cérebro funciona como um filtro, priorizando o que realmente importa – seja uma ameaça ou apenas uma surpresa.

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