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O que é a Nuvem de Oort? Veja o que há depois dos planetas do Sistema Solar

O Universo é um vasto espaço repleto de estruturas impressionantes. Nele existem estrelas, galáxias, buracos negros, nuvens de gás, nebulosas coloridas e formações que desafiam a compreensão humana.

Ao redor do nosso Sistema Solar, por exemplo, há regiões pouco conhecidas que podem conter pistas valiosas sobre a origem dos planetas. Entre essas regiões está a chamada Nuvem de Oort, uma das formações mais enigmáticas que compõem os limites do domínio gravitacional do Sol.

O que é a Nuvem de Oort?

Diagrama ilustrando a estrutura do Sistema Solar externo com destaque para o Cinturão de Kuiper e a Nuvem de Oort. Imagem: NASA/William Crochot (domínio público)

A Nuvem de Oort é uma das estruturas mais misteriosas do Sistema Solar. Embora nunca tenha sido observada diretamente, ela é amplamente aceita pela comunidade científica como uma enorme nuvem esférica composta por trilhões de corpos gelados.

Esses objetos orbitam o Sol a distâncias extremas, formando uma espécie de fronteira entre o Sistema Solar e o espaço interestelar. Estima-se que a Nuvem de Oort comece a cerca de dois mil unidades astronômicas (UA) do Sol e se estenda até 100 mil ou até 200 mil UA. Isso equivale a mais de três anos-luz de distância.

A teoria da existência da Nuvem de Oort surgiu para explicar a origem dos cometas de longo período. Esses cometas aparecem em órbitas altamente alongadas e muitas vezes parecem surgir do nada. Como eles perdem material a cada passagem pelo Sol, é razoável supor que não se formaram em regiões tão próximas, mas sim em áreas frias e distantes, como a Nuvem de Oort.

A hipótese mais aceita é que essa nuvem foi formada por detritos e planetesimais lançados para a periferia do Sistema Solar durante os estágios iniciais de formação dos planetas gigantes.

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A nuvem leva esse nome em homenagem ao astrônomo holandês Jan Oort, que propôs sua existência em 1950 com base em cálculos sobre as órbitas dos cometas.

No entanto, a ideia original já havia sido sugerida anteriormente por Ernst Öpik, um astrônomo estoniano. Desde então, a Nuvem de Oort se tornou uma peça fundamental para entender a dinâmica do Sistema Solar externo, mesmo sem observações diretas.

Retrato em preto e branco do astrônomo Jan Hendrik Oort ao lado de uma imagem de galáxia, em ambiente fechado.
O astrônomo holandês Jan Hendrik Oort, responsável por propor a existência da Nuvem de Oort, uma das regiões mais distantes do Sistema Solar. Foto: Fotograaf Onbekend / Anefo – Nationaal Archief (domínio público)

A estrutura da nuvem é dividida em duas partes. A região externa tem forma esférica e pode conter trilhões de objetos com mais de um quilômetro de diâmetro. A parte interna, conhecida como Nuvem de Hills, tem formato mais achatado e é composta por corpos que orbitam a uma distância menor, embora ainda muito além de Netuno. Os objetos dessa nuvem são majoritariamente formados por gelo de água, metano, amônia e outros compostos voláteis.

Apesar de não sabermos exatamente qual é a massa da Nuvem de Oort, estimativas apontam que ela pode conter material equivalente a várias vezes a massa da Terra. Além de cometas, acredita-se que a nuvem também abriga asteroides e outros objetos rochosos.

A origem de muitos cometas observados nos últimos séculos está diretamente relacionada a essa nuvem. Eles só se tornam visíveis quando alguma perturbação gravitacional, causada por estrelas próximas ou pela maré galáctica, os empurra para dentro do Sistema Solar.

Até hoje, nenhuma sonda conseguiu alcançar a região da Nuvem de Oort. A Voyager 1, por exemplo, levará mais de 300 anos para alcançá-la e aproximadamente 30 mil anos para atravessá-la completamente.

Mesmo assim, sua importância para o estudo da formação e da evolução do Sistema Solar é enorme. Ela pode ser considerada uma cápsula do tempo cósmica, preservando os vestígios do material que originou os planetas.

Com informações de Phys.org.

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Cometa recém-descoberto pode brilhar nos céus em maio

Um cometa batizado de C/2025 F2 (SWAN), descoberto no final de março, vem chamando a atenção dos astrônomos. Principalmente porque, em poucos dias, ele ficou 30 vezes mais brilhante, tornando-se visível com binóculos em locais com pouca poluição luminosa

A expectativa é que atinja seu brilho máximo ao se aproximar do Sol, em 1º de maio, com magnitude 4, o suficiente para ser visto a olho nu sob céus escuros.

Nos últimos meses, alguns cometas bastante luminosos passaram pelo céu, mas muitos deles estavam próximos demais da nossa estrela no momento de maior brilho, dificultando a observação. Foi o caso do 12P/Pons-Brooks, do C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) e do 2024 G3 (ATLAS). Mesmo com grande potencial, poucos conseguiram vê-los sem equipamentos especiais.

Já com o cometa SWAN, pode ser diferente – mas nem tanto. Primeiro, porque o objeto ficará a uma distância confortável do Sol no céu – cerca de 19 graus – no dia de maior brilho. Isso significa que ele não será ofuscado pela luz solar e poderá ser visto fora do horário do crepúsculo. Segundo, porque sua trajetória o mantém visível por um período mais longo. 

No entanto, para que este seja um cometa tão espetacular quanto o Tsuchinshan-ATLAS e o ATLAS, será preciso torcer por um aumento inesperado de sua luminosidade, já que as atuais previsões de brilho indicam um cometa de luminosidade moderada.

Ele foi identificado em 23 de março por dois astrônomos amadores, Vladimir Bezugly e Michael Mattiazzo, que analisavam imagens feitas pelo Observatório Solar e Heliosférico (SOHO, na sigla em inglês), administrado pela NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA). Diferentemente de outros cometas recém-descobertos, este já estava relativamente brilhante ao ser notado, indicando que pode ser maior do que o esperado ou que teve uma erupção repentina.

Esse tipo de explosão, que libera gás e poeira, é comum em cometas que se aproximam muito do Sol pela primeira vez. Às vezes, o aumento de brilho é temporário, e o cometa pode se fragmentar logo depois. Ainda assim, o SWAN parece estar mantendo seu brilho e segue promissor para observação.

Cometa C/2025 F2 (SWAN) capturado em 8 de abril de 2025, a partir de Payson, no Arizona, EUA. Crédito: Chris Schur via Spaceweather.com

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Mesmo sem se aproximar tanto do Sol quanto outros cometas do tipo “rasante solar”, o objeto chegará a uma distância considerável: cerca de 0,33 unidades astronômicas (UA), o equivalente a um terço da distância entre a Terra e o Sol (que é de cerca de 150 milhões de km), pouco além da órbita de Mercúrio.

O brilho verde do cometa pode ser explicado pela presença de carbono diatômico, um gás que emite esse tom quando iluminado pela luz solar. Algumas imagens já o comparam ao “cometa verde” Nishimura, que ficou famoso pela coloração intensa em 2023.

Quando o cometa será visível nos céus do Brasil?

Atualmente, o C/2025 F2 (SWAN) pode ser visto apenas do Hemisfério Norte, nas últimas horas da madrugada, baixo no horizonte a nordeste. Ele está passando perto da estrela Alpheratz e, nas próximas semanas, deve migrar para o céu noturno.

A melhor visibilidade ocorrerá por volta de 1º de maio, quando o cometa atinge o periélio (ponto mais próximo do Sol). Após esse momento, ele começa a ser observável também no Hemisfério Sul, embora ainda apresentando melhor visibilidade para os observadores localizados mais ao norte do planeta. 

Por volta de 17 de maio, ele cruza o equador celeste e passa a ser melhor visualizado na parte sul do planeta, só que mais distante e menos brilhante que no início do mês. 

Com isso, os brasileiros terão poucas chances de observar o cometa no céu noturno no início de maio – e apenas se as condições meteorológicas e a poluição luminosa permitirem. A Lua em fase crescente pode atrapalhar, mas não deve interferir tanto no momento de sua máxima aproximação, no dia 1° de maio,  quando o SWAN atingir o auge de brilho.

O cometa SWAN ainda é uma incógnita em muitos aspectos. Seu núcleo parece não ser muito grande, mas nas primeiras semanas de observação, seu brilho vem aumentando além das expectativas. 

Em 6 de abril de 2025, o cometa tinha magnitude 8,4 com uma coma verde brilhante e uma cauda fina que se estendia muito além do campo de visão. Crédito: Mike Olason via Spaceweather.com

Segundo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital, o cometa vem se aproximando da Terra de uma direção muito próxima ao Sol, o que parece ter dificultado sua descoberta prévia. 

“Apesar de estarmos a poucos dias de sua máxima aproximação da Terra, ainda não podemos prever ao certo se este será um cometa discreto ou se pode desenvolver uma cauda mais exuberante tornando o C/2025 F2 (SWAN) um objeto mais interessante de ser observado”, disse ele. “As imagens já captadas por telescópios são magníficas, mas o brilho máximo previsto ainda é bem modesto”.

Para nós aqui do Brasil, o objeto estará muito próximo ao horizonte nos dias em que terá maior luminosidade. Mas, se seu brilho seguir aumentando além das expectativas, talvez se torne um cometa facilmente visível a olho nu, gerando belas imagens, principalmente do Hemisfério Norte. 

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