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MPF quer anular venda de créditos de carbono no Pará para coalizão internacional

O Ministério Público Federal recomendou ao governo do Pará a anulação de um contrato de compra e venda de créditos de carbono fechado com uma coalizão estrangeira.

A notificação também foi enviada à Companhia de Ativos Ambientais e Participações do Pará (CAAPP).

Por se tratar de uma recomendação, a medida não tem caráter obrigatório e visa resolver o problema de forma extrajudicial. Tanto o governo estadual quanto a CAAPP têm dez dias úteis para informar a decisão sobre o pedido de anulação do acordo.

Contrato em questão foi fechado em setembro de 2024 (Imagem: BOY ANTHONY/Shutterstock)

Qual é o problema?

A recomendação tem como base a lei que criou o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). De acordo com o MPF, a norma proíbe expressamente qualquer espécie de venda antecipada de créditos de carbono.

O contrato em questão foi fechado em setembro de 2024 com a venda de quase R$ 1 bilhão em créditos de carbono para a coalizão estrangeira denominada LEAF (Lowering Emissions by Accelerating Forest Finance).

O grupo é composto por governos dos Estados Unidos, Reino Unido, Noruega, República da Coreia e grandes corporações mundiais, incluindo a Amazon, Bayer, BCG, Capgemini, H&M Group e Fundação Walmart.

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Vista aérea de desmatamento na Floresta Nacional do Jamanxim, Pará (Imagem: Paralaxis/iStock)

As alegações do MPF

Os promotores argumentam que o acordo configura um “contrato futuro” com a promessa de venda de certificados de emissão reduzida que “ainda não constitui e nem está garantido enquanto patrimônio do Estado”.

Isso porque, segundo o MPF, a própria Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará informou que o Projeto de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, Manejo Sustentável e Aumento do Estoque de Carbono (Redd+) ainda estava “em fase de construção”.

Além disso, os promotores avaliam como inadequado o tratamento dos créditos como “commodity a ser entregue por Ano Safra”, como prevê o contrato. Para o MPF, esse tipo de compensação não pode ser considerado um bem corpóreo ou fungível.

A recomendação ainda cita falta de transparência no processo de construção do sistema Redd+ Jurisdicional, sem informações públicas acessíveis, como riscos associados à especulação financeira e pressão sobre os territórios indígenas no Pará.

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O mais novo investimento tech da Microsoft é o… papel!

A Microsoft anunciou a compra de 3,7 milhões de toneladas métricas em créditos de remoção de carbono da CO280, uma desenvolvedora de projetos de captura de carbono voltados para a indústria de celulose e papel.

O acordo cobre as emissões estimadas de 12 anos do primeiro projeto da empresa, localizado em uma fábrica na Costa do Golfo, cuja operação está prevista para começar em 2028.

Essa iniciativa faz parte do compromisso da Microsoft de se tornar carbono-negativa até 2030 — ou seja, remover mais carbono da atmosfera do que emite.

Apesar dos investimentos pesados em energia renovável, a empresa ainda gera um volume significativo de emissões (17,1 milhões de toneladas métricas em 2023) e busca compensar parte desse impacto por meio da compra de créditos e tecnologias de remoção de carbono.

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Microsoft aposta em captura de carbono para zerar suas emissões – Imagem: ShU studio/Shutterstock

Mais sobre o projeto da CCO280

O projeto da CO280 é inovador por aproveitar o próprio processo industrial da fábrica: ele captura o dióxido de carbono liberado na queima de madeira na caldeira de recuperação, que normalmente seria devolvido à atmosfera.

Como esse carbono foi previamente absorvido por árvores durante a fotossíntese, a captura é considerada uma remoção efetiva de carbono da atmosfera.

A tecnologia será implementada em parceria com a SLB Capturi, uma joint venture entre a SLB (ex-Schlumberger) e a Aker Carbon Capture, utilizando um processo baseado em aminas.

O CO₂ capturado será transportado por 64 km até um aquífero salino subterrâneo para armazenamento permanente.

Fábricas levam parte da receita

  • Nesta primeira fase, a planta deve capturar 40% do carbono biogênico e 30% das emissões totais da fábrica.
  • A CO280 já planeja uma segunda fase que dobrará a capacidade de captura.
  • O modelo de negócio é estruturado em joint ventures com as fábricas, que recebem parte da receita gerada com a venda dos créditos de carbono, atualmente vendidos por cerca de US$ 200 por tonelada.

Além da Microsoft, a CO280 já forneceu créditos de remoção para a Frontier, um fundo de mercado formado por empresas como Stripe, Google, Meta e Shopify, que investem em tecnologias de remoção de carbono.

Tecnologia em fábrica de papel para remover milhões de toneladas de CO₂ da atmosfera (Imagem: 3rdtimeluckystudio / Shutterstock)

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