Os fones de ouvido fazem parte da rotina de milhões de pessoas em todo o mundo. Seja caminhando pela rua, no transporte público, numa viagem de avião ou até mesmo na academia, você com certeza já viu alguém usando um desses.
E não importa a idade. São adultos, adolescentes, idosos e até mesmo crianças. Agora, no caso dos pequenos, é preciso se atentar a algumas condições especiais.
Para ser muito sincero, minha primeira reação ao ver um fone de ouvido projetado exclusivamente para crianças foi: ‘deve ser o mesmo produto, só que com nome diferente (esses caras só querem ganhar dinheiro)’.
Ao conhecer o novo JBL Junior 470NC, porém, eu mudei de opinião. Olhando de longe, parece um fone normal, com cores divertidas. De perto, no entanto, estamos diante de um artigo único e com funções e ajustes que fazem todo o sentido para essa faixa etária.
Produto tem 3 opções de cores diferentes: branco, azul ou rosa – Imagem: Reprodução/JBL
O que o fone tem de diferente
O JBL Junior 470NC merece destaque por 3 características principais: o conforto, a experiência auditiva e o controle parental.
Nesse primeiro quesito, vale falar sobre o design ergonômico e a almofada de 12 mm que é bem fofinha e, ao mesmo tempo, evita a vazão do som.
A estrutura também conta com um microfone integrado e uma alça ajustável, que acompanha o crescimento do seu filho (a).
O principal diferencial, porém, está no segundo tópico, da experiência auditiva.
Esse fone de ouvido vem com um limitador de decibéis: 85 Db, para ser mais exato.
De acordo com especialistas, esse é o limite a partir do qual os sons podem afetar negativamente a audição.
Ou seja, trata-se de algo para proteger as crianças.
Ah, mas os pais podem achar 85 Db (que é um ruído próximo a um secador de cabelo funcionando) alto demais.
Eis que entra o terceiro pilar do produto: o controle parental.
Além de customizar o limite, os pais também podem definir o tempo de uso diário dos fones e acompanhar os filhos em tempo real.
Isso tudo através do app JBL Headphones, que permite esse gerenciamento ao vivo, além da emissão de relatórios periódicos.
No mais, o JBL Junior 470NC é um fone de qualidade como vários outros do mercado.
Ele conta com drivers dinâmicos de 32 mm, cancelamento de ruído ativo e bateria com autonomia para até 50 horas (número que diminui caso o cancelamento de ruído esteja ativado).
A novidade vem ainda com conexão sem fio Bluetooth e carregamento rápido (a promessa é de 3 horas de bateria para cada 5 minutos de recarga).
Um dos grandes destaques desse fone é o controle parental a partir de um aplicativo de celular – Imagem: Reprodução/JBL
Preço e condições
Depois de fazer sucesso no exterior, o fone de ouvido feito para crianças acaba de chegar oficialmente ao Brasil.
No site oficial da JBL, o item sai a R$ 399. Você pode parcelar esse valor em até 6 vezes sem juros. Ou, se pagar à vista no Pix, ganha 10% de desconto.
A marca anuncia ainda frete grátis para todo o país e informa que o item está disponível em estoque. Ao todo, os interessados terão 3 opções de cores: rosa, branco e azul (e todas elas bem claras e delicadas).
O kit também inclui uma embalagem que pode virar um suporte e uma série de adesivos que o seu filho (a) pode usar para customizar o produto.
Entre os adultos, é bastante comum (ou pelo menos deveria ser) realizar um check-up na saúde com certa frequência, principalmente quando a idade começa a avançar. Uma das principais preocupações são os testes de colesterol, sendo parte importante da triagem de saúde cardiovascular, ainda mais em pessoas que possuem histórico de doenças coronárias na família.
Em contrapartida, as crianças e adolescentes não costumam ter seus níveis de colesterol examinados como rotina, por diversas razões, como falta de informação dos pais, ou até mesmo porque os próprios médicos não costumam pedir esse tipo de exame.
Contudo, essa falta de investigação pode ser um problema em alguns casos, já que níveis altos de colesterol levam ao acúmulo de gordura nas artérias, causando a doença aterosclerótica, principal causa de infarto e AVC. E os altos níveis podem acontecer, inclusive, em crianças e adolescentes. Veja mais na matéria abaixo.
O colesterol é uma substância gordurosa que está presente no organismo humano, sendo importante para a produção dos hormônios, de vitaminas e ácidos biliares, além de ser fundamental para a formação de membranas celulares.
Para acompanhar os níveis de colesterol, é importante realizar um exame de sangue que analisa os níveis de gorduras no organismo (Imagem: pch.vector/Freepik)
Essa substância pode ser encontrada em alimentos de origem animal, como ovo, leite e carne. Algumas das funções do colesterol:
Formação de membranas celulares;
Produção de ácidos biliares, que ajudam na digestão;
Síntese de vitaminas, como a D;
Síntese de hormônios sexuais;
Regula a fluidez da membrana em diversas faixas de temperatura.
Existem dois tipos de colesterol: o HDL, considerado o ‘bom’ e que remove o excesso de colesterol do sangue; e o LDL, conhecido como o ‘ruim’ e que se acumula nas artérias.
É importante tentar conservar níveis saudáveis de HDL, já que, além de remover o excesso de colesterol das células e o levar de volta ao fígado, ajuda a prevenir a formação de placas nas artérias e diminuir o risco de ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.
Já o LDL é considerado um problema quando está em excesso, porque pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares como infarto e AVC. Ele transporta colesterol do fígado e do intestino para as células e veias, contribuindo para a formação de placas nas artérias.
Para manter os níveis de colesterol regulares, é importante a ingestão da substância de forma equilibrada, além de acompanhamento médico e nutricional.
Para acompanhar os níveis de colesterol, é importante realizar o exame de sangue chamado lipidograma, que analisa os níveis de gorduras no organismo. Ele é indicado para avaliar o risco de doenças cardiovasculares.
Também pode ser pedido a análise de colesterol total e de suas frações em exames de sangue de rotina, que é feito a partir da coleta de uma amostra de sangue venoso, geralmente do braço.
Antes de fazer o exame, em geral, é recomendado fazer jejum de 8 a 12 horas antes do exame, além de evitar bebidas alcoólicas nos 3 dias anteriores ao exame, e evitar atividades físicas intensas nas 24h anteriores ao exame.
A partir de que idade crianças e adolescentes devem dosar o colesterol?
Em 2023, foi publicado um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no periódico Archives of Endocrinology and Metabolism, revelando que 24,4% das crianças e adolescentes do Brasil possuem alterações nos níveis totais de colesterol.
Além disso, 19,2% apresentam altas taxas de colesterol LDL, considerado ruim por seus riscos à saúde.
Os altos níveis da lipoproteína no sangue pode levar ao acúmulo lento e progressivo de gordura em nossas artérias, o que pode causar a doença aterosclerótica, que é a principal causa de infarto e acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Eles podem provocar a morte ou deixar sequelas nos indivíduos que passam por essas situações.
Orientações de acordo com a idade
De acordo com a cardiologista pediátrica e ecocardiografista fetal, Mirna de Sousa, do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia, o colesterol já pode ser dosado em crianças de 2 a 8 anos de idade.
A alimentação influencia nos níveis de colesterol, além do histórico familiar (Imagem: pvproductions/Freepik)
A dosagem é ainda mais importante quando os pais ou avós das crianças possuem algum histórico de risco, como infarto, AVC, doença arterial periférica, hipercolesterolemia (colesterol total acima de 240mg/dl, de difícil controle) ou outros fatores de risco cardiovascular (hipertensão, diabetes, tabagismo passivo e obesidade, por exemplo).
Dos 9 aos 12 anos, o exame precisa ser feito em todas as crianças, mesmo que não tenham histórico familiar. Na faixa etária de 12 a 16 anos, a avaliação do colesterol volta a ser de acordo com casos na família ou o surgimento de algum novo fator de risco.
Por fim, dos 17 aos 21 anos, é recomendado que todos façam pelo menos uma triagem do colesterol. Se os níveis estiverem alterados, o exame deve ser repetido a cada seis meses, até voltarem ao normal. Já para menores de 2 anos, não existe a indicação de triagem.
De acordo com a profissional, na infância, a elevação do colesterol é assintomática, mas a lesão das artérias começa de forma muito precoce.
Por conta disso, existe a importância do diagnóstico ainda no começo, para que os pais iniciem mudanças no estilo de vida da criança, uma vez que é na infância que se estabelecem os hábitos que se leva para a vida toda. Sendo assim, não há um momento melhor para esse tipo de intervenção.
Mirna ainda complementa que, em sua visão, vivemos atualmente uma “pandemia de doenças do aparelho cardiovascular”, cujo início pode acontecer na infância.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que as doenças cardiovasculares matam quase 18 milhões de pessoas por ano no mundo. “É fundamental investirmos em prevenção, pois nenhuma medida terapêutica isolada até hoje teve impacto em reduzir mortalidade”, alerta a médica do Einstein.
Existe tratamento?
Quando existe o diagnóstico de alteração do colesterol, a primeira recomendação é não medicar, sendo que o ideal é apostar na mudança de estilo de vida, principalmente na prática de atividades físicas regulares e adaptações na dieta.
Os alimentos saudáveis precisam ter preços acessíveis, para estimular uma melhor dieta entre os adultos e as crianças (Imagem: senivpetro/Freepik)
Dependendo do caso, também pode ser que outras doenças estejam levando ao quadro, como diabetes ou problemas renais. Nesses casos, a dieta e mudança no estilo de vida devem ser alinhadas a medicações específicas, prescritas pelo médico.
Mirna explica: “É importante ressaltar que, diferentemente do que acontece com adultos, o uso de medicações depende da faixa etária. Crianças mais velhas podem ser tratadas como adultos, mas o médico deve ser sempre consultado para particularizar o tratamento”.
A médica ainda reforça que é preciso não só divulgar que um estilo de vida saudável previne esse tipo de doença, mas que também é preciso estimular e viabilizar esse estilo de vida.
Para que isso aconteça, é preciso que haja atividades físicas e educação alimentar nas escolas. Parques e praças podem ser meios de facilitar o acesso à prática de exercícios, e os alimentos saudáveis precisam ter preços acessíveis. “Os ultraprocessados devem ser taxados e mais caros para desencorajar seu consumo, assim como acontece com cigarro e álcool”, sugere Sousa.
Em uma iniciativa para ajudar a localizar crianças desaparecidas, o TikTokanunciou que começará a exibir Alertas “AMBER” nos EUA. Caso uma criança desapareça em determinada região, os usuários deste local verão um Alerta AMBER diretamente no feed “Para Você”.
No exemplo compartilhado pela plataforma, o alerta inclui uma foto da criança, informações relevantes e a opção de ligar para o 911.
Nova medida da rede social visa conscientizar usuários sobre crianças desaparecidas – Imagem: TikTok
TikTok focado em proteger as crianças
O TikTok lançou esse recurso em parceria com o National Center for Missing & Exploited Children, uma organização sem fins lucrativos financiada pelo governo dos EUA.
O aplicativo iniciou os testes dessa funcionalidade no Texas no ano passado e observou que os Alertas AMBER na plataforma foram visualizados mais de 20 milhões de vezes.
Apesar das incertezas sobre seu futuro nos EUA, o TikTok segue investindo em funcionalidades voltadas para a segurança infantil, como a recomendação de que adolescentes “relaxem” após as 22h.
Além das notificações automáticas de Alerta AMBER enviadas para telefones nos EUA, outros aplicativos, como Uber e Waze, já haviam integrado essa funcionalidade em 2015, e plataformas como Facebook, Instagram e X também passaram a exibir alertas sobre crianças desaparecidas.
Com relação a uma possível proibição da rede social nos Estados Unidos, um desfecho feliz para o TikTok pode estar próximo, já que a Oracle estaria em perto de fechar um acordo para garantir a manutenção do TikTok nos EUA em troca de uma pequena participação nas operações da empresa no país.
Enquanto vive dias decisivos para saber se continuará operando nos EUA, o TikTok não deixa de anunciar medidas no país para aprimorar sua plataforma – Imagem: 19 STUDIO/Shutterstock
O Google vai lançar em breve um recurso que permite o download do Google Wallet por crianças. A ferramenta também permitirá o armazenamento de ingressos para eventos, cartões de biblioteca e vales-presente dentro do aplicativo.
Mas há uma condição: os cartões de pagamento de menores de idade só podem ser adicionados com o consentimento dos pais, que receberão um e-mail sempre que seus filhos fizerem uma transação, segundo a big tech.
Além disso, os pais poderão rastrear compras recentes, remover cartões de pagamento e desativar o acesso a ingressos no aplicativo Family Link. Inicialmente, a novidade estará disponível apenas nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Espanha e Polônia.
Pais poderão rastrear as compras e cancelar acessos (Imagem: Google/Divulgação)
“A segurança é essencial para a experiência do Google Wallet e esta atualização também oferece aos pais ferramentas para ajudar a gerenciar a experiência do Wallet para seus filhos”, diz o comunicado.
O aplicativo Family Link está disponível para download no Google Play e na App Store. Ele reúne uma série de ferramentas criadas pelo Google para gerenciar definições de privacidade e como a criança utiliza dispositivos móveis e redes sociais.
Family Link permite definir tempo de utilização de dispositivos móveis (Imagem: Google/Divulgação)
É possível definir o tempo de utilização de plataformas digitais, bloquear determinados aplicativos, criar experiências adequadas para a idade, gerenciar autorizações de dados em websites, alterar senhas, eliminar contas e monitorar autonomia de bateria, por exemplo.
A Apple oferece um recurso semelhante que permite que os pais gerenciem os pagamentos para as crianças no iPhone, iPad ou Apple Watch por meio do aplicativo Family Sharing.
À medida que cresce a pressão de legisladores para exigir que plataformas online verifiquem a idade dos usuários, empresas de tecnologia estão debatendo de quem é a responsabilidade, como reportado pelo Washington Post.
A questão central é como proteger as crianças de conteúdo impróprio sem comprometer a privacidade dos usuários ou violar direitos constitucionais. Na semana passada, Utah aprovou um projeto de lei que responsabiliza lojas de aplicativos, como Apple e Google, por diferenciar crianças de adultos online.
As crianças precisariam do consentimento dos pais para baixar aplicativos, o que difere das leis anteriores que colocavam essa responsabilidade nos próprios aplicativos e sites.
Leis para evitar que crianças acessem conteúdo impróprio online já vem sendo aprovadas – Imagem: AYO Production/Shutterstock
Meta e Google com posições divergentes
A Meta apoia a nova lei, argumentando que a verificação pelas lojas de aplicativos é mais prática e menos sujeita a desafios constitucionais.
Em contrapartida, o Google criticou a proposta, alegando que ela transfere responsabilidades das empresas de tecnologia para as lojas de aplicativos, criando riscos à privacidade das crianças.
O Google sugeriu uma abordagem alternativa, na qual as lojas de aplicativos verificariam as idades, mas só compartilhariam essa informação com desenvolvedores de aplicativos voltados para menores, com a permissão dos usuários.
Além disso, outras empresas como Apple também têm investido em recursos de segurança, como configurações de controle parental nos dispositivos. No entanto, defensores da segurança infantil expressam preocupações de que as leis atuais de verificação de idade não sejam eficazes.
Alguns temem que as crianças encontrem formas de contornar as restrições ou pressionem os pais para aprovar aplicativos impróprios. A Electronic Frontier Foundation se opõe a essas leis, afirmando que elas coletam grandes quantidades de dados pessoais de todos os usuários, não apenas de menores.
Estudos recentes indicam que as políticas de verificação de idade para limitar o acesso à pornografia não são eficazes, muitas vezes resultando no uso de VPNs e o acesso a sites que não cumprem as leis.
Medidas para proteger crianças com verificação de idade ainda dividem opiniões – Imagem: Zivica Kerkez/Shutterstock
Segundo informações trazidas pela BBC, o TikTok estaria lucrando com transmissões ao vivo envolvendo sexo com crianças e adolescentes de até 15 anos.
A BBC conversou com três mulheres do Quênia e todas elas disseram que começaram com a atividade ainda na adolescência. Elas afirmaram ao portal que usaram a rede social chinesa para anunciar abertamente e negociar valores por realização de conteúdos sexuais explícitos, que seriam encaminhados por outras plataformas.
Anteriormente, a BBC obteve informações de que o TikTok recebe 70% de valores realizados em transmissões ao vivo, algo negado pela empresa. Diz ainda que a rede social proíbe a solicitação, mas sabe que ela acontece na plataforma.
Moças firmaram que usaram a rede social chinesa para anunciar abertamente e negociar valores por realização de conteúdos sexuais explícito (Imagem: Sergei Elagin/Shutterstock)
Como são as transmissões sexuais infantis na plataforma chinesa
Essas transmissões, diretamente do Quênia, são comuns e populares na rede social;
Todas as noites, em um período de uma semana, a BBC achou, pelo menos, uma dúzia de mulheres dançando de forma sugestiva para uma audiência de centenas de pessoas;
As lives acontecem com música alta ao fundo e os usuários conversando entre si. Enquanto isso, uma mulher fica dançando, rebolando e posando de forma provocativa;
“Mandem mensagem para mim para kinembe, pessoal. Toque, toque”, dizem. “Toque, toque” é uma expressão comum utilizada por usuários da rede social para pedirem, a seus espectadores, que curtam sua live;
Já a expressão “kinembe” significa “clitóris” no idioma suaíli. E “mandem mensagem” é para que o usuário que está acompanhando a transmissão envie uma mensagem privada para solicitar algo personalizado, como masturbação, tirar a roupa, ou, ainda, realizar atividades sexuais com outras mulheres;
Outras transmissões acompanhadas pela BBC continham gírias sexuais codificadas para anúncio de serviços sexuais.
Além disso, vários emojis de presentes aparecem na tela. Isso são os usuários enviando quantias para as “modelos”, servindo também como pagamento do conteúdo explícito a ser enviado por outras plataformas, pois qualquer conteúdo com atos sexuais e nudez são removidos pela rede social chinesa.
Um ex-moderador queniano do TikTok afirmou que “não é do interesse do TikTok reprimir a solicitação de sexo. Quanto mais pessoas derem presentes em uma transmissão ao vivo, [mais] receita para o TikTok”. Ele é um dos 40 mil moderadores globais da empresa, segundo dados da própria.
Ele trabalhou para a empresa Teleperformance, terceirizada pelo TikTok para moderação de conteúdo. Ele afirmou que os moderadores recebem um guia de referência de palavras ou ações sexuais proibidas, mas que ele é restritivo, não levando em consideração gírias e gestos provocativos.
“Você pode ver pela maneira como elas estão posando, com a câmera no decote e nas coxas [por exemplo], que elas estão solicitando sexo. Elas podem não dizer nada, mas você pode ver que elas estão sinalizando para a conta delas [de outra plataforma], mas não há nada que eu possa fazer“, contou.
Outro profissional da Teleperformance disse que a moderação também é limitada por conta da dependência cada vez maior da plataforma chinesa da inteligência artificial (IA), o que, segundo ele, não é sensível o bastante para compreender gírias sexuais locais.
Além da dupla, outros cinco moderadores que trabalham para o TikTok expressaram suas preocupações com a situação. O primeiro moderador afirmou que cerca de 80% das lives sinalizadas nos feeds dos moderadores eram sexuais ou anunciavam serviços sexuais — e o TikTok estaria a par disso.
Moderador afirmou que cerca de 80% das lives sinalizadas nos feeds dos moderadores eram sexuais ou anunciavam serviços sexuais (Imagem: Ascannio/Shutterstock)
Sobre a exploração infantil em lives, a companhia estaria ciente há bastante tempo e conduziu, em 2022, uma investigação interna sobre o tema. Contudo, segundo ação judicial movida pelo Estado de Utah (EUA) contra o TikTok no ano passado, a empresa teria ignorado tal questão, pois “lucrou significativamente” com as transmissões.
Em resposta, a plataforma diz que o processo (que segue em andamento) ignorou “medidas proativas” tomadas para melhora da segurança. Por sua vez, a instituição de caridade ChildFund Kenya informa que o Quênia é pronto crítico para esse tipo de abuso. Isso é agravado por demografia jovem e uso generalizado da internet.
A África como um todo também tem moderação online fraca quando comparada ao ocidente, continua a instituição. A ChildFund Kenya e outras instituições que trabalham no setor disseram à BBC que crianças de até nove anos também participam dessas lives.
Adolescentes e mulheres jovens que conversaram com o portal britânico disseram que passam até seis ou sete horas por noite online e ganham, em média, £ 30 (R$ 223,67, na conversão direta), o que paga, por uma semana, a alimentação e o transporte dessas jovens.
Uma jovem de 17 anos de Nairóbi (Quênia) confirmou que “me vendo no TikTok. Danço nua. Faço isso porque é onde eu consigo ganhar dinheiro para me sustentar“. Ela mora em um bairro pobre, onde três mil moradores compartilham instalações sanitárias.
Ela disse, ainda, que o dinheiro que ganha garante alimentação para seu filho e ajuda sua mãe, que, desde que o marido morreu, vem batalhando para manter a casa.
A moça informou que conheceu o TikTok Lives por meio de um amigo quando tinha 15 anos. Esse amigo a ajudou a contornar as restrições de idade, pois somente maiores de 18 anos conseguem acessar lives. Além disso, precisam ter, ao menos, mil seguidores para utilizarem o serviço.
Ou seja, como a BBC bem define, usuários da rede social chinesa com muitos seguidores podem atuar como “cafetões digitais” e hospedar conteúdo sexual ao vivo. Alguns possuem contas reserva, pois já foram banidos ou suspensos no passado.
Eles sabem como evitar que os moderadores detectem as lives e, ao mesmo tempo, gerar a quantidade ideal de provocações sexuais que despertam o interesse de clientes. “Quando estiver dançando, afaste-se da câmera, senão você será bloqueada”, grita um dos cafetões a uma mulher que rebolava. Como troca por serem hospedadas, as moças dão parte do que ganham aos cafetões.
A moça de 17 anos que atua no TikTok disse também que esse relacionamento pode se tornar explorador com incrível rapidez e que seu cafetão digital tinha ciência de que ela tinha menos de 18 anos. “Ele gosta de usar garotas jovens”, descreveu.
Ele a pressionou para obter mais lucro, significando que ela precisava realizar as transmissões ao vivo mais frequentemente, ficando com parcela maior dos ganhos dela do que ela esperava. “Então, se um emoji for enviado custando 35.000 ksh (£ 213/R$ 1.588,06), ele pega 20.000 ksh (£ 121/R$ 902,13) e você ganha apenas 15.000 ksh (£ 91/R$ 678,46)“, disse.
Ela se sentia “algemada“. “Você é quem está sofrendo porque ele fica com a maior parte e, ainda assim, é você quem tem sido usada.” Outra moça, que tinha 15 anos quando começou os trabalhos no TikTok, recebeu solicitações de homens na Europa para serviços em outras plataformas. Um usuário alemão, por exemplo, quis que ela acariciasse seus seios e genitais por dinheiro.
Hoje, ela tem 18 anos e esclareceu que se arrepende de ter trabalhado online dessa maneira. Alguns dos vídeos enviados por ela aos usuários por meio de outras plataformas foram, então, carregados nas redes sociais sem seu consentimento, disse.
Os vizinhos da moça descobriram e disseram a outros jovens que não tivessem contato com ela. “Me rotulam como uma ovelha perdida e dizem aos jovens que eu os enganarei. Estou solitária na maior parte do tempo“, desabafou.
Outra moça recebeu solicitações de homens na Europa para serviços em outras plataformas (Imagem: Olivier Bergeron/Unsplash)
Outras meninas e mulheres que falaram com a BBC alegaram que foram pagas, também, para conhecer usuários da rede social e fazer sexo com os cafetões.
Os moderadores de conteúdo do Quênia afirmam que o TikTok tem interesse em se estabelecer na África, mas não empregou funcionários suficientes para monitorar o conteúdo eficazmente. O governo do Quênia mostrou que reconhecia a situação. Em 2023, o presidente William Ruto realizou reunião com o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, para pedir melhor moderação de conteúdo na plataforma.
Ruto e o governo disseram que a empresa concordou com regulamentação mais rígida, com um escritório do TikTok no Quênia para ajudar a coordenar as operações. Mas os moderadores disseram que, mais de 18 meses depois, nada disso aconteceu.
O que diz o TikTok
Um porta-voz do TikTok disse à BBC:
“O TikTok tem tolerância zero para exploração. Aplicamos políticas de segurança rigorosas, incluindo regras robustas de conteúdo ao vivo, moderação em 70 idiomas, incluindo suaíli, e fazemos parcerias com especialistas e criadores locais, incluindo nosso Conselho Consultivo de Segurança da África Subsaariana para fortalecer continuamente nossa abordagem.”
A Teleperformance respondeu que seus moderadores “trabalham diligentemente para marcar e sinalizar conteúdo gerado por usuários com base nos padrões da comunidade e nas diretrizes do cliente” e que os sistemas de seus clientes não estão configurados para permitir que a companhia remova material ofensivo ou o denuncie às autoridades.
O Olhar Digital entrou em contato com o TikTok Brasil e aguarda retorno.
Um estudo, publicado na revista Clinical Nutritioncomo, mostrou que alimentos ricos em açúcar, gordura saturada, sal e aditivos químicos favorecem bactérias prejudiciais ao intestino infantil. A pesquisa também aponta que a amamentação materna é um fator de proteção às crianças, amenizando os problemas que esses tipos de comida causam.
Alimentos ultraprocessados, como sorvetes, salgadinhos e bolachas recheadas, podem prejudicar o intestino de bebês (Imagem: Lesterman/Shutterstock)
Como detalha a Agência FAPESP, o estudo mostra que crianças amamentadas tiveram abundância do microorganismo benigno Bifidobacterium, gênero de bactérias famosamente associado à boa saúde intestinal.
Por sua vez, as que não eram amamentadas e comiam ultraprocessados tiveram abundância de bactérias Selimonas e Finegoldia, que são pouco encontradas nas crianças amamentadas e típicas em pessoas obesas ou com doenças gastrointestinais.
“Identificamos, ainda, que o aleitamento materno atenuou os efeitos prejudiciais do consumo de ultraprocessados na composição da microbiota intestinal. O grupo de crianças que recebia o leite materno e não consumia produtos ultraprocessados apresentou microbiota mais estável e com melhores marcadores de saúde, principalmente pela maior abundância de Bifidobacterium”, conta o primeiro autor do estudo, Lucas Faggiani.
“Não existia, até hoje, um estudo com tantos participantes que analisasse, ao longo do primeiro ano de vida, a composição da microbiota intestinal em relação ao consumo de produtos ultraprocessados, justamente quando o sistema imune está se formando. Ainda que a região seja de difícil acesso, esses produtos podem ser obtidos facilmente e acabam substituindo alimentos tradicionais e, até mesmo, o aleitamento materno”, explica Marly Cardoso, professora e coordenadora do projeto.
Além da quantidade de bebês pesquisados, Faggiani explica que o estudo também se destaca pela população estudada, na região amazônica, pessoas com vulnerabilidade social, o que contribui para a investigação de problemas pouco conhecidos dessa população anteriormente.
Realização da pesquisa sobre ultraprocessados em crianças
As coletas foram feitas entre 2016 e 2017 e foram armazenadas seguindo protocolo do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), coordenado pela professora da instituição, Ester Sabino;
Os cotonetes com amostras de fezes foram guardados em temperaturas baixas e enviados para a capital paulista;
Foram coletados, além das amostras fecais, dados, como peso e altura das crianças, se eram amamentadas ou não e um questionário, respondido pela mãe, sobre os hábitos alimentares do bebê e da família;
As amostras foram enviadas para uma empresa sul-coreana especializada para o sequenciamento automatizado dos genomas, método mais rápido que o normal;
E, com os dados em mãos aqui no Brasil, os pesquisadores fizeram suas análises.
Amostras fecais são bastante eficientes para se analisar a microbiota de um indivíduo. (Imagem: Shutterstock/Microgen)
Resultados e conclusões
Além dos níveis de Bifidobacterium, Selimonas e Finegoldia, os pesquisadores detectaram a ocorrência maior de bactérias do gênero Firmicutes nas crianças que não amamentavam, mas, também, não comiam ultraprocessados. Esse gênero é um marcador de uma microbiota adulta, o que sugere maturidade precoce do sistema digestivo devido à falta de leite materno.
Bactérias do gênero Blautia também foram muito encontradas nas crianças desmamadas e consumidoras de ultraprocessados. Porém, ainda não há consenso sobre um potencial benéfico ou prejudicial desse tipo de microorganismo, segundo Faggiani.
“Havíamos notado que o consumo de produtos ultraprocessados ocorria em mais de 80% das crianças participantes do estudo já no primeiro ano de vida, quando a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é não oferecer esses produtos antes dos dois anos de idade. Diante desses resultados, seguimos acompanhando essas crianças para monitorar os possíveis desfechos adversos à saúde a longo prazo”, conclui Cardoso.
Segundo informações do The Guardian, TikTok, Reddit e Imgur estão na mira do Information Commissioner’s Office (ICO), órgão de proteção de dados do Reino Unido. O ICO está investigando se os algoritmos de mídia social estão exibindo conteúdos inapropriados ou prejudiciais para crianças.
O órgão iniciou as investigações após crescentes preocupações sobre a maneira que essas plataformas estão usando e tratando os dados de crianças. A seguir, confira como a investigação será realizada.
Reddit também será investigado (Imagem: Mamun_Sheikh/Shutterstock)
Investigação em cima de TikTok, Reddit e Imgur
O ICO vai analisar como a rede social chinesa usa informações de jovens entre 13 e 17 anos, visando fornecer informações de conteúdo a eles;
O órgão também vai examinar:
O uso de medidas de garantia de idade por Reddit e Imgur;
Como verificam a idade de uma criança;
O que pode ser utilizado para personalizar a experiência desses jovens nas respectivas plataformas;
Ao jornal, o ministro da tecnologia do Reino Unido, Peter Kyle, afirmou, em janeiro, que “Estou genuinamente preocupado com o modelo de propriedade do TikTok. Estou genuinamente preocupado com o uso de dados deles, vinculado ao modelo de propriedade”.
Em 2021, o órgão britânico introduziu um código infantil para privacidade online. Ele determina que as empresas criem medidas para proteger as informações pessoais das crianças nas redes.
À agência de notícias PA, o comissário de informação, John Edwards, afirmou que o órgão regulador esperava detectar muitos elementos positivos de segurança em todos os locais durante as investigações. Contudo, quer garantir que os processos sejam robustos.
É o que eles estão coletando, é como eles trabalham. Espero encontrar muitos usos benignos e positivos de dados de crianças em seus sistemas de recomendação. Espero encontrar elementos projetados para manter as crianças seguras e garantir que elas recebam apenas coisas apropriadas, e isso é tudo para o bem.
O que me preocupa é se eles são suficientemente robustos para evitar que crianças sejam expostas a danos, seja por práticas viciantes no dispositivo ou na plataforma, ou pelo conteúdo que veem, ou por outras práticas prejudiciais à saúde.
John Edwards, comissário de informação, à agência de notícias PA
O ICO se manifestou a respeito, afirmando que as investigações verificarão se houve infração à lei de proteção de dados do Reino Unido. Caso o órgão encontre evidências disso, afirmou que colocará nas plataformas e obterá suas representações antes de concluir o inquérito.
(Imagem: chrisdorney/Shutterstock)
Segundo Edwards, originalmente, o ICO “não ia escolher o TikTok” como objeto de investigação sobre um tópico comum nas redes sociais, esperando entender melhor o cenário amplo das mídias sociais via investigação.
Temos que escolher um – não podemos nos espalhar muito. A seleção foi feita com base na direção da viagem de crescimento em relação aos usuários jovens, domínio do mercado e potencial de dano.
Mas a tecnologia subjacente é o que nos interessa, e isso está presente no X, está presente nos Reels [do Instagram], está presente no Snapchat, está lá em todas as plataformas digitais. Agora, todos eles estão competindo por atenção e olhos, e, então, estão usando técnicas para maximizar isso.
John Edwards, comissário de informação, à agência de notícias PA
O TikTok foi contatado pelo Guardian para comentar, mas, até o momento, não retornou. Reddit e Imgur não se manifestaram.