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Do ar ao concreto: o plano para capturar CO₂ em Las Vegas

Um ex-engenheiro da SpaceX está transformando o ar de Las Vegas em pedra – literalmente. Capturando CO₂ direto da atmosfera, ele o transforma em concreto sustentável. A ideia ambiciosa pode revolucionar a construção civil. E ainda ajudar a frear a crise climática.

O projeto, batizado de Juniper, nasceu no deserto de Nevada. Ali, a startup Clairity Tech está testando uma tecnologia que suga o CO₂ do ar e o armazena em concreto. O sistema usa energia solar e promete remover toneladas de carbono da atmosfera por ano.

Mas não é só captura – é conversão. O CO₂ vira carbonato, um composto que se incorpora ao concreto e o torna mais forte. O resultado é um material com pegada negativa, que reduz emissões em vez de somá-las. Uma virada promissora num setor que emite 7% do CO₂ global.

Entendendo a tecnologia

A mágica começa com um material simples, primo do bicarbonato de sódio. Barato, abundante e já usado em larga escala, ele suga o CO₂ do ar com eficiência. Depois, com pouco gasto de energia, o gás é liberado e armazenado. Diferente de outros compostos usados na captura direta, ele não se desgasta com o tempo – pode ser usado várias vezes.

O reator de captura direta de CO₂ da Clairity em Nevada, uma inovação que transforma gases do ar em concreto sustentável (Imagem: Clairity/Divulgação)

Essa eficiência também vale para as instalações. As plantas industriais da Clairity são tão acessíveis que não precisam operar o tempo todo. Elas funcionam com energia solar intermitente, aproveitando os momentos mais baratos da rede. Um modelo que desafia a lógica das usinas contínuas e que pode disputar espaço com os data centers que também buscam energia limpa.

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Enquanto outros apostam em injetar CO₂ no subsolo – algo ainda distante nos EUA – a Clairity olha para os resíduos. Em vez de enterrar o carbono, ela o mistura com cinzas de carvão para criar concreto de baixo carbono. E faz tudo sozinha, da captura à transformação. Um ciclo fechado que transforma poluição em estrutura.

O futuro da construção civil: revolução à vista?

Por enquanto, a escala ainda é experimental. O Project Juniper captura cerca de 100 toneladas de CO₂ por ano – uma gota no oceano, frente às mais de 40 bilhões de toneladas emitidas globalmente em 2023. O custo atual é alto: US$ 700 por tonelada capturada.

Cartucho de sorvente sendo inserido na estação de adsorção, parte do processo de captura de CO₂ (Imagem: Clairity/Divulgação)

Esse valor só é viável graças a incentivos fiscais do governo dos EUA. Créditos federais ajudam a manter a operação, e contam com apoio bipartidário, incluindo republicanos – o que dá certa estabilidade frente a outros subsídios ambientais em risco.

Mesmo com os custos e a escala limitada, a Clairity aposta na expansão. O plano é ambicioso: remover até 10 megatoneladas de CO₂ nos próximos dez anos. Um salto de cem mil vezes em relação ao primeiro passo dado no deserto de Nevada.

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ONU: aquecimento dos oceanos causará impacto por milênios

Um novo relatório sobre a crise climática global foi divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), a agência climática da ONU. O documento traz diversos dados preocupantes. Um deles diz respeito ao aquecimento dos oceanos.

O trabalho aponta que os níveis recordes de gases de efeito estufa elevaram as temperaturas a um recorde histórico em 2024. E que as consequências disso poderão ser sentidas por milênios nos ecossistemas marinhos.

Situação dos oceanos pode ser irreversível

  • O relatório afirmou que as temperaturas médias anuais ficaram 1,55ºC acima dos níveis pré-industriais no ano passado, superando o recorde anterior de 2023 em 0,1ºC.
  • Este aumento acelerou drasticamente a perda de geleiras e gelo marinho, elevando o nível do mar e aproximando o mundo do limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris.
  • Projeções climáticas também indicam que o aquecimento dos oceanos deve continuar por todo o século XXI, mesmo em cenários de redução nas emissões de carbono.
  • Além disso, a acidificação das águas deve apresentar um cenário semelhante.
  • Segundo os cientistas da OMM, os efeitos podem ser irreversíveis em escalas de tempo centenárias a milenares, como é o caso.
Aumento das temperaturas dos oceanos intensificam derretimento de geleiras (Imagem: Lovelypeace/Shutterstock)

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Efeitos serão sentidos em todo o mundo

O documento destaca que o calor dos oceanos atingiu o nível mais alto já registrado e a taxa de aquecimento está se acelerando, com o aumento das concentrações de CO₂ nas águas também elevando os níveis de acidificação.

Ao mesmo tempo, as geleiras e o gelo marinho continuaram a derreter em um ritmo acelerado, o que, por sua vez, elevou o nível do mar a um novo patamar. De 2015 a 2024, ele aumentou em uma média de 4,7 milímetros por ano, em comparação com 2,1 mm de 1993 a 2002.

Nível do mar continua aumentando (Imagem: Yevhen Prozhyrko/Shutterstock)

O trabalho finaliza alertando que as mudanças citadas podem prejudicar o tipo de circulação geral dos oceanos, afetando o clima em todo o mundo. E faz um apelo para que ações efetivas sejam adotadas para conter a crise climática.

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Crise climática: 2024 acendeu alerta vermelho, diz relatório da ONU

A Organização Meteorológica Mundial (OMM), a agência climática da ONU, divulgou nesta quarta-feira (19) um novo relatório sobre a crise climática global. O trabalho aponta que 2024 ficará marcado na história de forma negativa.

Segundo os pesquisadores, este foi o primeiro ano a ultrapassar a marca de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. A temperatura média global próxima à superfície foi de 1,55°C acima da média registrada entre 1850 e 1900.

Calor histórico e aumento das emissões de gases de efeito estufa

O relatório também aponta que a concentração atmosférica de dióxido de carbono (CO₂), assim como a de metano e óxido nitroso, está nos níveis mais altos dos últimos 800 mil anos. Em 2023, a concentração de CO₂ foi de 420 partes por milhão (ppm), 151% do nível pré-industrial, em 1750. Esse valor corresponde a 3.276 bilhões de toneladas de gás na atmosfera. Dados em tempo real de locais específicos mostram que os níveis continuaram a aumentar em 2024.

Além disso, o trabalho destaca que os últimos dez anos (2015-2024) foram, individualmente, os mais quentes já registrados. De junho de 2023 a dezembro de 2024, todos os meses superaram os recordes anteriores. O forte El Niño no início de 2024 contribuiu para o recorde, mas os gases de efeito estufa foram o principal fator.

Apesar dos alertas, emissões de gases de efeito estufa continuam aumentando (Imagem: Quality Stock Arts/Shutterstock)

Más notícias também para os oceanos, que absorvem cerca de 90% da energia retida pelos gases de efeito estufa, e, em 2024, atingiram a temperatura mais alta em 65 anos de medições. Nos últimos oito anos, o recorde foi superado sucessivamente, e o ritmo de aquecimento desde 2005 mais que dobrou em relação a períodos anteriores.

Esse processo, que leva séculos para ser revertido, degrada ecossistemas, reduz a biodiversidade, intensifica tempestades e contribui para a elevação do nível do mar. A acidificação da superfície oceânica também continua a crescer, afetando a biodiversidade, com impactos na pesca e nos corais.

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Termômetro marcando temperaturas altas em montagem para ilustrar calor e aquecimento global
2024 foi o ano mais quente desde o início das medições (Imagem: Quality Stock Arts/Shutterstock)

Ainda é possível reverter o atual cenário

  • De acordo com a OMM, um único ano com aquecimento acima de 1,5 °C não indica que as metas de temperatura a longo prazo do Acordo de Paris estejam fora de alcance.
  • No entanto, os resultados servem de alerta para os impactos econômicos e sociais do aumento da temperatura média global.
  • Por conta disso, o relatório apela para a adoção de medidas urgentes das autoridades para combater a crise climática.
  • Além disso, observa a importância de fortalecer os sistemas de alerta precoce e os serviços climáticos, visando diminuir os estragos causados por eventos extremos, que se tornarão cada vez mais comuns.

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Anúncios de empresas poluentes são proibidos em várias cidades pelo mundo

Cidades ao redor do mundo estão avançando com políticas climáticas ambiciosas, mesmo diante da fragmentação da colaboração global sobre a crise climática.

Um exemplo notável são as proibições de publicidade para produtos e empresas altamente poluentes, como combustíveis fósseis, companhias aéreas, SUVs e viagens de luxo, como mostra um artigo publicado no The Conversation.

No Reino Unido, cidades como Edimburgo e Sheffield implementaram essas proibições, removendo anúncios de outdoors de empresas como Shell e BP, além de companhias aéreas e veículos movidos a combustíveis fósseis.

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O objetivo é alinhar as políticas locais com metas climáticas, reduzindo a promoção de produtos que contribuem para o aquecimento global. O mesmo movimento pode ser observado em cidades como Haia, Estocolmo, Gotemburgo, Montreal e Toronto, com propostas semelhantes surgindo em outras localidades.

Anúncios de empresas de combustíveis fósseis, como a Shell, vem sendo removidos em várias cidades – Imagem: Magda Wygralak/Shutterstock

Diminuir publicidade já se mostrou eficaz no passado

  • A ideia por trás dessas proibições é reduzir o consumo desses bens e serviços, ajudando a mitigar as emissões associadas a eles.
  • O precedente de proibição de publicidade de tabaco, por exemplo, mostrou resultados positivos na redução do consumo e no impacto na saúde pública.
  • Um estudo recente também destacou que a propaganda de alto carbono, como a de companhias aéreas, impulsiona a demanda por serviços de alto impacto ambiental, como voos frequentes, exacerbando a crise climática.

Em resposta, mais de 1.000 cidades têm metas de emissões líquidas zero, e muitas se uniram ao Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis.

A proibição de publicidade pode ser uma ferramenta crucial para alcançar essas metas. O IPCC estima que estratégias do lado da demanda, como a redução do consumo de bens intensivos em emissões, poderiam cortar até 70% das emissões até 2050.

Com o aumento da popularidade de SUVs e outros produtos de alto carbono, espera-se que mais governos adotem restrições à publicidade de produtos prejudiciais ao meio ambiente.

À medida que os desastres climáticos se intensificam, as cidades enfrentam a pressão de escolher entre promover empresas que estão agravando a crise climática ou tomar medidas mais drásticas para proteger o futuro.

Diante de uma crise climática que vem se agravando, mais medidas para mitigar os riscos vão sendo criadas – Imagem: Lane V. Erickson/Shutterstock

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