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Ozempic: como funciona o remédio à base de semaglutida, segundo especialista

É possível que você já tenha ouvido falar do medicamento chamado Ozempic, já que ele tem ocupado lugar na mídia e nas redes sociais, tendo sido envolvido em controvérsias.

No início de 2023, o apresentador do Oscar, Jimmy Kimmel, chegou a fazer piadas com seu uso na festa do cinema.

Na ocasião, ele disse: “Todo mundo parece ótimo. Quando olho ao redor desta sala, não consigo deixar de me perguntar: Ozempic é o produto certo para mim?”.

Apesar de ser usado na perda de peso, este medicamento é voltado para tratamento de pacientes com diabetes tipo 2. Ou seja, quando uma pessoa usa Ozempic para emagrecer, ela está fazendo um uso errado desse remédio.

Para entender melhor como Ozempic funciona, a forma de atuação, a indicação e os riscos, entrevistamos a especialista Dra. Priscila Cardoso. Confira a seguir!  

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Ozempic: como funciona

O principio ativo do Ozempic é a semaglutida que foi aprovada inicialmente para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2 na dose de até 1mg por semana.

Depois foram feitos mais estudos, agora em pacientes sem diabetes, e a semaglutida foi aprovada também para o tratamento de obesidade, na dose de até 2,4 mg por semana. Quando foi liberada para o tratamento de obesidade, recebeu um novo nome, o Wegovy, e uma nova bula. Ambos injetáveis, via subcutânea.

É preciso prescrição médica para se adquirir o medicamento (Freepik)

A explicação e as respostas foram dadas pela Dra. Priscila Cardoso, endocrinologista da clínica Synesis, localizada na zona oeste de São Paulo. ” O Ozempic e o Wegovy têm o mesmo principio ativo, a semaglutida, o que muda é a dose e a bula”, explica ela. 

A semaglutida, para tratamento de diabetes mellitus tipo 2, está disponível também na forma de comprimidos, para uso diário, via oral, com o nome comercial Rybelsus. 

Ozempic: para que serve?

A semaglutida é semelhante a um hormônio produzido no nosso trato gastrointestinal, chamado GLP-1, e atua nos receptores desse hormônio em vários órgãos do corpo humano, aumentando a sensibilidade à insulina.

No pâncreas, ela aumenta a produção e liberação de insulina em resposta à glicose e reduz a liberação de glucagon (hormônio que aumenta a glicose no sangue). No músculo, ela aumenta a entrada de glicose nas células; e no estômago, retarda o esvaziamento. Finalmente, no hipotálamo, tem um efeito importante de diminuição do apetite.

Assim, justamente por atuar em tantos pontos do metabolismo da glicose, a semaglutida apresenta um ótimo resultado no controle do diabetes mellitus tipo 2.

Dra. Priscila Cardoso é endocrinologista com registros profissionais CRM 144424 | RQE 60595 (Divulgação)

Ozempic é eficaz?

Ele é muito eficaz no tratamento de diabetes tipo 2, com uma redução média de hemoglobina glicada entre 1,5 e 2. Atualmente, é a medicação mais eficaz para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2 disponível nas farmácias aqui no Brasil. Só perde para o Mounjaro (tirzepatida) que já foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e chegará em junho de 2025 nas farmácias aqui no Brasil.

Ozempic é para emagrecer?

Não, o Ozempic não é voltado para o emagrecimento. Mas, ele pode provocar a perda de peso como um efeito secundário no tratamento para o diabetes mellitus tipo 2. Nos estudos com a dose de 1 mg por semana (para tratamento de diabetes) os pacientes perderam cerca de 5 a 7% do peso inicial.

No entanto, o Wegovy – também da Novo Nordisk – pode ser usado em pacientes com sobrepeso ou obesidade que tenham comorbidades associadas ao excesso de peso. Em estudos com foco na obesidade, a dose de 2,4 mg de semaglutida por semana provocou uma perda de peso em torno de 15 a 20%, sendo que cerca de um terço dos pacientes perdeu mais de 20% do peso inicial.

Há riscos no uso do Ozempic?

Os principais efeitos colaterais são náusea e vômito, também é comum dar constipação e refluxo gastroesofágico. Geralmente esses sintomas melhoram após algumas semanas. Há um aumento no risco de formação de cálculo biliar, associado a perda de peso rápida que pode ocorrer com o uso da medicação. 

Isoladamente, não causa hipoglicemia, mas se usado com outras medicações para diabetes, como insulina ou sulfonilureias pode ocorrer hipoglicemia.

Exercício físico é fundamental para boa saúde do corpo e da mente (Freepik)

Ozempic precisa de receita?

Inicialmente, o Ozempic era vendido com receita médica simples. Mas, a Anvisa determinou, no dia 16 de abril, que a retenção de receita médica será obrigatória para esse e outros medicamentos, como Wegovy, Saxenda e similares. Serão duas vias, como a de antibiótico, tendo validade de 90 dias após a emissão.

“É importante ressaltar que o acompanhamento médico é essencial para um bom resultado no tratamento, controle de efeitos colaterais, ajuste de dose, associação com outras medicações e na manutenção do peso perdido”, afirma a Dra. Priscila.

Todos perdem peso com o uso do Ozempic?

É preciso deixar claro que nem todos os pacientes que usaram Ozempic perderam peso. Tem uma pequena porcentagem de pacientes que não respondem à medicação. “Cerca de 15% dos pacientes não perderam nem 5% do peso inicial, mesmo no estudo com a dose de 2,4mg”, afirma a médica.

Todo remédio precisa sempre contar com o acompanhamento médico para que seu uso seja seguro e o paciente tenha benefícios. Tenha sempre responsabilidade com a sua saúde.

As informações presentes neste texto têm caráter informativo e não substituem a orientação de profissionais de saúde. Consulte um médico ou especialista para avaliar o seu caso.

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Novo Ozempic? Entenda como funciona a pílula que deve substituir a injeção

Conforme noticiamos na última quinta-feira (17), uma pílula de Ozempic foi desenvolvida pela empresa farmacêutica Eli Lilly para substituir as canetas injetáveis. Mas como a medicação sólida vai atuar contra a obesidade e diabetes tipo 2 ao substituir as injeções?

A farmacêutica publicou um release (veja aqui) que demonstra os resultados alcançados pelo remédio. A ideia é submeter o ensaio clínico completo para análise do órgão regulatório estadunidense, o Food and Drug Administration (FDA).

Segundo o estudo, as maiores doses do medicamento (em torno de 36 mg) levaram à queda de 8% da gordura corporal dos mais de 550 pacientes em que foi testado.

Doses menores, felizmente, também demonstraram um resultado positivo: quem tomou 12 mg perdeu 6% de gordura corporal; já com 3 mg, foi detectada a queda de 5% de gordura.

Para quem tem pressa:

  • A empresa farmacêutica Eli Lilly criou uma pílula com a mesma eficácia do Ozempic injetável;
  • O medicamento pode ter eficácia superior ao comprimido concorrente Rybelsus, da Novo Nordisk;
  • O estudo mostra uma perda eficiente de gordura corporal e controle da diabetes tipo 2;
  • Caso seja aprovado pelo órgão regulador estadunidense, o FDA, a ‘pílula de Ozempic’ pode chegar ao mercado já em 2026.

Como funciona a ‘pílula de Ozempic’?

O mecanismo de ação dessa pílula, consoante o release publicado pela empresa, é comparável às injeções de Ozempic e Mounjaro: a substância orforgliprona imita o comportamento de alguns hormônios, os quais informam ao cérebro que o estômago está cheio; esta ação diminui o apetite, auxilia no controle da glicose, e ajuda a emagrecer porque, por sentir-se saciado, a pessoa demora mais tempo para comer.

Mulher tomando uma pílula (Reprodução: Doucefleur/Shutterstock)

O maior desafio para criar uma pílula da classe dos GLP-1 eram os peptídeos: um pequeno grupo de proteínas fragmentadas. As canetas, por serem medicamentos injetáveis, não tem problema para administrar os peptídeos no corpo — a pílula, por outro lado, precisaria ser digerido no estômago e isso destruiria os peptídeos que fariam o remédio funcionar.

Então, o objetivo era desenvolver um fármaco sólido de via oral cujas propriedades não fossem destruídas durante o processo de digestão. Nisso, precisavam de uma molécula diferente de um peptídeo, mas cuja ação se assemelhasse a de uma.

Segundo o jornal The New Tork Times, a japonesa Chugai Pharmaceutical Co. tinha a resposta e a licenciou para a empresa Eli Lilly: uma molécula ainda menor do que um peptídeo.

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Esta molécula minúscula tinha a seguinte função: encaixar-se dentro da proteína que seria utilizada para ativar o GLP-1 no corpo humano. Uma vez ali dentro, a molécula obriga a proteína a funcionar da mesma forma como se o peptídeo estivesse inteiro.

Imagem mostra injeção de Ozempic, remédio aliado do controle da diabetes tipo 2.
Caneta injetável de Ozempic (Reprodução: Marc Bruxelle/Shutterstock)

Isto é: a molécula engana a proteína (peptídeo) e isso faz a pílula funcionar com o mesmo efeito que uma caneta injetável da classe dos GLP-1, sem que a digestão da pílula no estômago interfira na eficácia do medicamento.

Todo esse esforço é notável porque a pílula deve funcionar com ou sem comida e a qualquer hora do dia — algo inovador para o tratamento da diabetes, visto que a insulina existe há décadas, também é um fármaco à base de peptídeos e que só está disponível de forma injetável.

A ideia de criar um medicamento oral não é nova: a Novo Nordisk já tem uma medicação oral comparável ao Ozempic e o Wegovy, chamada Rybelsus.

No entanto, o fármaco tem a orientação de ser administrado com doses altas, justamente porque a tecnologia utiliza o peptídeo inteiro — ao contrário do medicamento da Eli Lilly — e tem recebido indicativos de possuir uma eficácia menor porque boa parte da proteína é digerida pelo estômago.

Quais os efeitos colaterais?

Todo medicamento ou vacina que tem o funcionamento cientificamente comprovado possui efeitos colaterais. Com a ‘pílula de Ozempic’ não é diferente.

Os efeitos colaterais registrados pela empresa desenvolvedora foram náuseas, indigestão e diarréia: similares àqueles ocorridos durante o tratamento com as canetas injetáveis.

Os especialistas ainda precisam realizar mais análises sobre o estudo que justifica a eficácia do remédio, assim como a agência reguladora FDA. A proposta, no entanto, é que se esta alternativa for aprovada para comercialização, deve representar uma alternativa mais prática do que a medicação injetável.

Estima-se que o remédio chegue ao mercado em 2026.

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Melhor que Ozempic? Comprimido diário promete perda de peso e controle de diabetes

Na manhã desta quinta-feira (17), a empresa farmacêutica Eli Lilly divulgou resultados de um ensaio clínico que atesta que tomar um comprimido diariamente pode ser tão eficaz quanto os injetáveis Mounjaro e Ozempic quando se fala do controle de diabetes tipo 2.

O medicamento em questão é o orforgliprona e é da classe medicamentosa GLP-1, que é sucesso de vendas por conta de ajudarem na perda de peso. A diferença que podemos verificar entre o comprimido e os injetáveis é que este último é caro, precisa ser mantido em refrigeração constante e é invasivo.

Por sua vez, o orforgliprona tem potencial de ser bem mais utilizado por poder ser armazenada em temperatura ambiente e ser administrada via oral. Contudo, poderá ser tão cara quanto o Ozempic, por exemplo — no Brasil, o medicamento está na faixa dos R$ 1 mil.

Próximos passos para o comprimido chegar às farmácias

  • A Lilly indicou que, agora, vai submeter o remédio à Food and Drug Administration (FDA);
  • A expectativa da empresa é que o órgão estadunidense autorize o orforglipron para obesidade ainda este ano e, no início de 2026, para diabetes;
  • A expectativa de especialistas é que o medicamento seja aprovado em 2026 mesmo e que seja muito lucrativo para a Lilly;
  • O preço do comprimido deve ser anunciado pela farmacêutica apenas após sua aprovação.

Ao The New York Times, Craig Garthwaite, economista de saúde da Universidade Northwestern, disse que “o que estamos vendo começar a acontecer é uma luta pelo futuro do mercado da obesidade“.

Resultados do ensaio do comprimido

No resultado divulgado nesta quinta-feira (17), a farmacêutica apresentou apenas um resumo, algo obrigatório após receberem os resultados de estudos com potencial de afetar o preço de suas ações. Já os dados subjacentes não foram divulgados pela Lilly, tampouco foram examinados por especialistas externos.

A companhia indicou que apresentará resultados detalhados em reunião com pesquisadores sobre o diabetes em junho. Posteriormente, os publicará em periódico revisado por pares.

Medicações injetáveis, como o Wegovy, são invasivas e dependem de refrigeração constante (Imagem: KK Stock/Shutterstock)

Ensaio em si

Foram 559 pessoas que participaram do ensaio clínico. Elas têm diabetes tipo 2 e tomaram o comprimido ou placebo por 40 semanas. Aqueles que tomaram o orforgliprona tiveram a A1C (que mede níveis de açúcar no sangue com o passar do tempo) reduzida entre 1,3% e 1,6%.

Em ensaios não relacionados, o Ozempic e o Mounjaro conseguiram chegar a resultados similares. Em 65% das pessoas que tomaram o novo comprimido, o nível de açúcar no sangue foi reduzido e chegou à faixa normal.

Além disso, quem tomou a pílula também perdeu peso, com média de 7,2 kg para quem foi medicado com doses mais altas. A título de comparação, o Ozempic alcança a mesma quantidade com 40 semanas de tratamento, mas o comprimido perde ligeiramente para o Mounjaro (segundo ensaios clínicos não relacionados).

Já os efeitos colaterais atestados foram os mesmos que os dos injetáveis contra obesidade: diarreia, indigestão, constipação, náusea e vômito. Contudo, é possível que os benefícios diminuam e os efeitos colaterais aumentem conforme mais pessoas utilizarem o medicamento.

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Grupo de farmacêuticas atrás de medicações GLP-1

A Eli Lilly lidera seleto grupo de companhias que competem no desenvolvimento de comprimidos à base de GLP-1. Persistem preocupações significativas sobre possíveis efeitos colaterais graves que poderiam afastar pacientes do uso desses medicamentos.

No início da semana, por exemplo, a Pfizer revelou ter encerrado o desenvolvimento de comprimido semelhante após um participante de seu estudo apresentar “possível lesão hepática causada pelo medicamento”. No entanto, no ensaio conduzido pela Eli Lilly, o orforglipron não apresentou indícios de toxicidade hepática.

As ações da companhia dispararam após a divulgação dos dados promissores. Na quinta-feira, os papéis da companhia encerraram o dia com alta de 14%, o que representou acréscimo de US$ 100 bilhões (R$ 585,53 bilhões, na conversão direta) ao valor de mercado da empresa.

Esse foi o primeiro de sete estudos clínicos principais com o orforglipron a apresentar resultados. Alguns dos demais testes estão avaliando o uso do medicamento na perda de peso entre indivíduos sem diabetes. Resultados relacionados ao uso em pacientes obesos devem ser divulgados ainda neste ano.

Segundo o Dr. Daniel Skovronsky, diretor científico da Lilly, caso o remédio receba aprovação para o tratamento de obesidade e diabetes, a empresa estará preparada para produzir comprimidos em quantidade suficiente para atender à demanda. Ele declarou ter tomado conhecimento dos resultados do estudo na manhã de terça-feira (15), mas que a companhia já vinha se organizando para a fabricação antes mesmo de vê-los.

“Nas próximas décadas, mais de 700 milhões de pessoas em todo o mundo terão diabetes tipo 2 e mais de um bilhão viverão com obesidade”, afirmou Skovronsky. “Injeções não são soluções viáveis para bilhões de pessoas globalmente.”

Segundo o Times, atualmente, 12% dos adultos estadunidenses relatam ter utilizado medicamentos à base de GLP-1. Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, cerca de 40% da população adulta nos Estados Unidos é obesa e mais de 10% têm diabetes, majoritariamente do tipo 2.

Entre os medicamentos injetáveis mais populares já disponíveis, estão os da própria Eli Lilly — Zepbound, para obesidade, e Mounjaro, para diabetes —, além dos da Novo Nordisk, que comercializa o Wegovy (obesidade) e o Ozempic (diabetes).

Com o aumento da procura por esses tratamentos nos últimos anos, os custos crescentes passaram a pesar sobre empregadores e programas públicos de saúde, que já enfrentavam dificuldades com os preços dos medicamentos prescritos. A chegada do orforglipron promete ampliar ainda mais esse mercado e elevar a pressão sobre os orçamentos.

O surgimento do orforglipron representa, de certa forma, avanço notável da química moderna. Os medicamentos injetáveis com GLP-1 são compostos por peptídeos — pequenos fragmentos de proteínas (GLP é a sigla para peptídeo semelhante ao glucagon).

Como os peptídeos são digeridos no estômago, a criação de versão oral exigiu que os químicos desenvolvessem composto não peptídico com ação semelhante. Pesquisadores da Chugai Pharmaceutical, empresa japonesa, encontraram essa solução, licenciando o medicamento para a Lilly em 2018.

O avanço consistiu em descobrir molécula minúsculamilhares de vezes menor que um peptídeo — capaz de se encaixar em pequena cavidade na proteína-alvo dos GLP-1s. Quando isso ocorre, a proteína sofre alteração de forma, assim como acontece com a ligação do peptídeo natural. Segundo Skovronsky, encontrar essa molécula foi “o Santo Graal”.

O resultado é uma pílula que pode ser ingerida em qualquer horário do dia, com ou sem alimentos — algo praticamente inédito entre medicamentos peptídicos.

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Ozempic e medicações similares apresentam resultado similar no controle da diabetes, mas inferior quando o assunto é perda de peso) Imagem: KK Stock/Shutterstock

A insulina, provavelmente o peptídeo mais amplamente conhecido, existe há mais de 100 anos e ainda é administrada exclusivamente por injeção, apesar de tentativas persistentes de criar versão oral. O mesmo se aplica ao hormônio do crescimento humano e a diversos medicamentos para condições, como artrite e câncer.

A Novo Nordisk possui comprimido de GLP-1, o Rybelsus, que contém o próprio peptídeo GLP-1. No entanto, precisa ser administrado em doses elevadas e é menos eficaz que as versões injetáveis, pois é, em grande, parte digerido no estômago.

Para pacientes com diabetes ou que enfrentam a obesidade, uma pílula que substitua as injeções pode representar transformação profunda por diversos motivos. Um deles é a aversão que muitos têm às injeções.

O Dr. C. Ronald Kahn, professor da Escola de Medicina de Harvard e diretor acadêmico do Joslin Diabetes Center, também da universidade, afirmou ter diversos pacientes que evitavam iniciar o uso de Ozempic ou Mounjaro justamente por serem injetáveis. Uma pílula, afirmou, “seria, definitivamente, a escolha preferida da maioria das pessoas”.

O Dr. Sean Wharton, diretor da Wharton Medical Clinic em Burlington, Ontário (Canadá), vê potencial ainda maior. O médico, que participou do estudo da Lilly com o orforglipron voltado à obesidade, acredita que um comprimido pode levar o tratamento com GLP-1 a populações carentes ao redor do mundo.

“Pode ser facilmente produzido em uma fábrica e enviado para qualquer lugar”, afirmou. Seu custo de produção deve ser bem menor que o dos peptídeos e não exige canetas injetoras especiais nem refrigeração. Atualmente, os medicamentos estão disponíveis apenas para uma minoria com acesso a convênios de saúde ou recursos financeiros para arcar com o custo. O acesso está restrito, até agora, a países ricos.

Mas esse cenário começa a mudar: a Eli Lilly, recentemente, lançou seu medicamento injetável de GLP-1 na Índia. Lá, os pacientes teriam que pagar cerca de US$ 200 (R$ 1.171,06) por mês, valor fora do alcance da maioria da população local. Há expectativa de que, já no próximo ano, o Ozempic e o Wegovy possam ser vendidos como genéricos em alguns países, mas não nos Estados Unidos.

Com o orforglipron, “temos a chance de que um medicamento alcance milhões e milhões de pessoas”, disse o Dr. Wharton. No entanto, tudo depende da estratégia de precificação e distribuição da Eli Lilly. “É por isso que enfatizo a palavra ‘chance’”, completou.

Hoje, tanto a Eli Lilly quanto a Novo Nordisk oferecem seus injetáveis — Zepbound e Wegovy — por cerca de US$ 500 (R$ 2.927,65) mensais para pacientes estadunidenses que pagam do próprio bolso. Já empregadores e programas públicos, que cobrem a maior parte dos custos para os pacientes nos EUA, pagam valores semelhantes após negociações e descontos, cujos detalhes não são divulgados.

Logo da Lilly em um smartphone que está em uma mão; atrás, notebook com um gráfico
Ações e valor de mercado da Eli Lilly dispararam após divulgação dos resultados (Imagem: MacroEcon/Shutterstock)

Quando uma farmacêutica anuncia um preço, refere-se ao valor de tabela — ponto de partida para negociações. Raros são os pacientes que pagam esse valor integral. Analistas de Wall Street preveem que a Eli Lilly deverá definir o preço de tabela do orforglipron abaixo de US$ 1 mil (R$ 5.855,30) por mês, inferior aos de Zepbound (US$ 1.086/R$ 6.358,85) e Wegovy (US$ 1.349/R$ 7.898,79).

Como está bem à frente de concorrentes no desenvolvimento de comprimidos com GLP-1, a Eli Lilly deverá manter exclusividade nesse mercado por alguns anos — o que lhe garante margem para manter preços elevados por mais tempo.

Tornar o orforglipron acessível em escala global exigiria preços significativamente menores do que os praticados nos Estados Unidos. Medicamentos injetáveis de GLP-1 já são vendidos a preços bem inferiores na Europa. O presidente dos EUA, Donald Trump, frequentemente, criticava o fato de os estadunidenses pagarem muito mais do que outros países ricos pelos mesmos remédios, completa o Times.

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Esse tipo de alimento altera seu intestino e eleva risco de diabetes

Um estudo realizado por pesquisadores da Université Laval, do Canadá, e do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo faz um alerta importante. O consumo excessivo de frutose pode ser prejudicial à saúde.

Segundo o trabalho, a substância, comum em dietas com alto teor de alimentos ultraprocessados, modifica a forma como o intestino responde à glicose. Isso pode levar ao aumento da absorção de açúcar, comprometendo o controle da glicemia.

Atenção com a frutose adicionada a alimentos ultraprocessados

  • Os efeitos foram observados em camundongos e precedem a intolerância à glicose e o acúmulo de gordura no fígado.
  • Estes dois fatores, alertam os pesquisadores, estão ligados ao desenvolvimento do diabetes tipo 2 e da doença hepática gordurosa associada à disfunção metabólica.
  • Ainda de acordo com o trabalho, a absorção intestinal alterada é o causador do problema.
  • Apesar das conclusões, os cientistas destacam que a fruta não é uma vilã da nossa saúde (muito pelo contrário).
  • Os prejuízos foram verificados em contextos de alto consumo de frutose adicionada a alimentos ultraprocessados.
  • Dessa forma, é recomendado que se evite o consumo de produtos como refrigerantes e sucos industrializados (mesmo os 100% fruta), cereais matinais e barras adoçadas, biscoitos recheados e doces industrializados, pães e bolos prontos, chás prontos e bebidas esportivas adoçadas, molhos industrializados (ketchup, barbecue etc.), além de iogurtes adoçados, sobremesas lácteas e geleias.
  • As informações são da Agência FAPESP e o estudo foi publicado na revista Molecular Metabolism.
Consumo de sucos industrializados pode ser um problema (Imagem: rblfmr/Shutterstock)

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Problemas de saúde podem ser graves

Durante o trabalho, pesquisadores alimentaram camundongos com uma dieta em que 8,5% da energia vinha da frutose, proporção considerada elevada, mas ainda próxima do consumo humano médio. O experimento durou sete semanas.

Apenas três dias após o início das análises, os animais já apresentavam um aumento na capacidade do intestino de absorver glicose, antes mesmo do surgimento da intolerância à glicose.

Após quatro semanas, a glicose já não era eficientemente removida do sangue e, ao fim do estudo, observou-se acúmulo de gordura no fígado, condição que pode evoluir para quadros mais graves, como a cirrose.

ilustração de um intestino sendo desenhado por um médico
Dietas com alto teor de alimentos ultraprocessados modificam a forma como o intestino responde à glicose (Imagem: mi_viri/Shutterstock)

Mesmo com os efeitos adversos, os animais não desenvolveram resistência à insulina nos músculos ou no tecido adiposo, indicando que o descontrole glicêmico inicial ocorre por alterações no intestino e não por falha na resposta insulínica periférica.

Os responsáveis pelo estudo constataram que o consumo excessivo de frutose eleva os níveis circulantes de GLP-2, substância que estimula o crescimento da superfície intestinal e o aumento da absorção de nutrientes. Ao bloquear o receptor desse hormônio (Glp2r), foi possível impedir o aumento da absorção de glicose, evitando tanto a intolerância quanto o acúmulo de gordura no fígado.

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8 sinais que seu nível de açúcar no sangue está elevado – e quando buscar ajuda

O excesso de açúcar no sangue – condição conhecida como hiperglicemia – é um sinal de alerta importante para o desenvolvimento do diabetes e pode afetar várias partes do corpo de maneira significativa.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de casos de diabetes, com 16,8 milhões de adultos diagnosticados. A estimativa é ainda mais preocupante: até 2030, o número pode chegar a 21,5 milhões, segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF).

A seguir, você confere 8 sinais que podem indicar níveis elevados de açúcar no organismo – e como isso pode impactar sua saúde. Vale lembrar: todas as informações aqui são baseadas em estudos e orientações de especialistas da área. Ao identificar qualquer sintoma, procure atendimento médico para avaliação e tratamento adequados.

Por que é ruim ter um nível elevado de açúcar no sangue?

Em entrevista ao Olhar Digital, a nutricionista Olívia Garbin Koller, mestre em Alimentação, Nutrição e Saúde, destacou que a hiperglicemia é um sinal direto de alerta para o diabetes – uma doença crônica caracterizada pela produção insuficiente ou ausência de insulina, hormônio responsável por controlar os níveis de açúcar no sangue.

Segundo Olívia, a glicose pode se elevar em situações de estresse, infecções ou até mesmo diante de desequilíbrios emocionais. “A glicose em jejum entre 100 – 125 mg/dL já é considerada elevada para quem não tem diabetes. Isso significa que o açúcar está acima do normal, mas ainda não é alto o
suficiente para confirmar o diagnóstico de diabetes”, explicou.

Imagem: superbeststock/Shutterstock

Existem pessoas mais propensas a ter o açúcar elevado no sangue?

Sobre pessoas propensas a desenvolver a hiperglicemia, ela destacou que existem alguns grupos como:

  • Quem está acima do peso, especialmente com acúmulo de gordura na região da barriga;
  • Pessoas com histórico de diabetes na família;
  • Quem tem hipertensão ou problemas no coração;
  • Pessoas com níveis elevados de triglicerídeos no sangue;
  • Pessoas sedentárias, que não praticam atividade física regularmente;
  • Quem tem uma alimentação desequilibrada, especialmente baseada em alimentos industrializados ricos em açúcar, gordura e sódio;
  • Mulheres com síndrome dos ovários policísticos;
  • Entre outros.

O nível de açúcar elevado pode provocar quais doenças?

“Os níveis elevados de glicose podem prejudicar o coração, as artérias, os olhos, os rins, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, perda de visão, problemas renais e danos nos nervos”, informou a nutricionista em relação às complicações do excesso de açúcar no organismo.

Mulher mede nível de açúcar no sangue com monitor contínuo e aplicativo de celular
Uma das formas de acompanhar o nível de açúcar no sangue é pelos monitores contínuos conectados a aplicativos de celular. Imagem: Andrey_Popov / Shutterstock

8 dicas que podem ajudá-lo a detectar que a taxa de açúcar no sangue está alta

Segundo Olívia, a hiperglicemia muitas vezes não apresenta sintomas. Mas existem alguns sinais de alerta que o corpo emite quando ingerimos açúcar em excesso. Sendo elas;

Urinar com muita frequência (poliúria)

A incapacidade dos rins de filtrar o excesso de glicose no sangue resulta em sua eliminação através da urina. Esse processo causa uma perda significativa de líquidos.

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Sede excessiva e persistente

Para evitar a desidratação em decorrência da perda rápida de líquido devido ao excesso de glicose, o organismo estimula a sede.

Mulher bebendo água
Imagem: Yaroslav Olieinikov / iStock

Perda de peso sem explicação

Organismo não consegue utilizar a glicose de forma eficiente para gerar energia. Isso acontece porque a insulina, hormônio responsável por transportar a glicose para as células, está em níveis baixos ou não funciona adequadamente. Sem a glicose disponível, o corpo busca fontes alternativas de energia, como as reservas de gordura e, em casos mais graves, as proteínas musculares. Esse processo leva à perda de peso não intencional.

Visão turva (embaçada)

Devido à alta concentração de glicose no sangue, os vasos sanguíneos da retina podem sofrer um aumento de pressão, o que causa visão turva. No entanto, essa alteração visual tende a ser temporária e se resolve quando a glicemia é controlada.

Cansaço excessivo

O excesso de glicose no sangue, em vez de fornecer energia, impede que as células a utilizem adequadamente. Essa ineficiência metabólica resulta em cansaço extremo, pois o corpo não consegue converter o açúcar em energia utilizável.

Homem apertando os olhos por trás dos óculos por conta do cansaço
(Imagem: GBJSTOCK/Shutterstock)

Fome intensa

A fome intensa na hiperglicemia ocorre porque a insulina insuficiente impede a glicose de entrar nas células, gerando falta de energia. O corpo interpreta essa falta de energia como fome, buscando reposição. A desidratação, causada pelo excesso de micção, também contribui para a sensação de fome. A desregulação de hormônios do apetite agrava o quadro.

Cicatrização lenta de feridas

A hiperglicemia retarda a cicatrização ao prejudicar o fluxo sanguíneo, essencial para a reparação dos tecidos. O excesso de glicose compromete o sistema imunológico, aumentando o risco de infecções que dificultam a cicatrização.

Infecções recorrentes, como candidíase e periodontite

A hiperglicemia enfraquece o sistema imunológico, comprometendo a capacidade do corpo de combater infecções. O excesso de glicose cria um ambiente propício para o crescimento de microrganismos, como fungos e bactérias, aumentando o risco de infecções recorrentes, como candidíase e periodontite.

O que fazer?

Caso você tenha se identificado com algum dos sintomas, você pode responder o questionário da Sociedade Brasileira de Diabetes, que avalia o risco de desenvolver diabetes, recomendado pelo Ministério da Saúde.

O teste classifica o risco em níveis baixo, levemente elevado, moderado, alto e muito alto, por meio da idade, peso, atividade física e histórico familiar. O objetivo é identificar indivíduos com maior risco, permitindo intervenções preventivas e acompanhamento médico adequado.

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Anvisa autoriza uso de insulina semanal para pacientes com diabetes

Os pacientes com diabetes tipo 1 e 2 agora poderão utilizar uma insulina semanal para o tratamento da doença. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso do medicamento icodeca, comercializado como Awiqli e produzido pela farmacêutica Novo Nordisk, a mesma do Ozempic.

Atualmente, o tratamento padrão de pessoas com diabetes tipo 1 consiste em usar insulinas basais (de ação lenta), aplicadas uma vez ao dia, e insulinas de ação rápida ou ultrarrápida durante as refeições. Já os pacientes com diabetes tipo 2 que necessitam de insulina, usam apenas a basal.

Melhora na qualidade de vida dos pacientes

  • O novo tratamento substitui a insulina basal, aplicada uma vez ao dia.
  • Dessa forma, pacientes com diabetes tipo 1 continuariam precisando das injeções de insulina rápida ou ultrarrápida antes das refeições, mas não teriam mais necessidade das injeções diárias de insulina basal, assim como os pacientes com diabetes tipo 2.
  • Segundo a Novo Nordisk, a aprovação no Brasil “oferece ainda mais qualidade de vida e autonomia aos pacientes, visto que esse novo medicamento proporciona a redução de 7 aplicações semanais para 1, ou seja, de 365 para 52 aplicações em um ano”.
  • O Awiqli age da mesma forma que a insulina do próprio corpo e ajuda a glicose a entrar nas células, controlando o nível de glicose no sangue e reduzindo os sintomas e complicações do diabetes.
Anvisa liberou o uso do medicamento (Imagem: rafastockbr/Shutterstock)

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Medicamento é seguro e eficaz contra diabetes

Os testes com o medicamento foram realizados com 582 adultos com diabetes tipo 1. Os resultados mostraram que a insulina semana foi tão eficaz quanto a insulina diária degludeca. Já em pacientes com diabetes tipo 2, os estudos envolveram mais de 3.500 participantes e também demonstraram que o tratamento teve eficácia semelhante à da foi semelhante à das insulinas degludeca ou glargina, ambas diárias.

De acordo com a Novo Nordisk, o medicamento se mostrou eficaz em pacientes com diferentes perfis, incluindo aqueles com disfunção renal. Os efeitos colaterais mais comuns incluem hipoglicemia (baixos níveis de glicose no sangue). Em pacientes com diabetes tipo 1, esse efeito colateral seria mais comum do que com a insulina basal. No entanto, a farmacêutica afirma que tanto para diabetes tipo 1 quanto para tipo 2, o tratamento não demonstrou aumento significativo de eventos adversos graves, incluindo hipoglicemia.

Novo medicamento promete melhorar a qualidade de vida dos pacientes com diabetes (Imagem: Africa Studio/Shutterstock)

O Awiqli é administrado como uma injeção sob a pele da barriga, coxa ou parte superior do braço uma vez por semana, no mesmo dia e horário. A dose é ajustada com base no nível de glicose no sangue do paciente, que deve ser testado regularmente.

Não há data prevista de lançamento do produto no Brasil. O próximo passo para que o medicamento possa estar disponível no mercado nacional é a definição do preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

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