Imagine que os dinossauros pudessem voltar a caminhar sobre a Terra, como na franquia de filmes Jurassic Park. A ideia pode parecer emocionante (e assustadora), mas, na prática, está muito distante da realidade. Apesar dos avanços na ciência genética, trazer essas criaturas pré-históricas de volta é, por enquanto, algo impossível.
Recentemente, a startup de biotecnologia norte-americana Colossal Biosciences chamou atenção ao anunciar projetos para “reviver” espécies extintas, como o dodô, um pássaro que desapareceu no século 17, além do mamute-lanoso e do lobo-terrível, animais que viveram há cerca de 10 mil anos, durante a Era do Gelo.
A proposta é usar técnicas modernas de edição genética para recriar essas criaturas. Esses projetos despertaram a curiosidade do público e levantaram uma dúvida: será que dinossauros, como o tiranossauro rex ou o velociraptor, também poderiam voltar à vida?
A resposta direta e reta é: não. A diferença de tempo entre os dinossauros e outros animais extintos é imensa e torna a ideia inviável do ponto de vista científico.
DNA não se preserva por tanto tempo
Para que um animal seja recriado, é necessário conhecer seu DNA – o código genético que define como ele é. No caso dos dinossauros, a ciência até já descobriu partes da estrutura dos seus genes. Porém, não se sabe a ordem exata dessas informações, o que impede a reconstrução precisa do material genético.
Além disso, o DNA é extremamente frágil e se deteriora com o tempo. Um estudo de 2018 indica que, em condições normais, metade do DNA se perde a cada 521 anos. Mesmo em ambientes congelados, sua durabilidade chega no máximo a 158 mil anos – muito longe dos 66 milhões de anos que separam os humanos dos últimos dinossauros.
É por isso que fósseis não contêm mais DNA utilizável. Sem esse material genético completo e bem preservado, não há como recriar um dinossauro real. Podemos até encontrar ossos e outras pistas sobre como viviam, mas isso não é suficiente para trazê-los de volta.

Enquanto alguns animais extintos há pouco tempo ainda têm chances de retorno (será?), os dinossauros devem continuar apenas como peças de museu e estrelas do cinema. A ciência moderna tem feito avanços incríveis, mas a “ressurreição” desses gigantes do passado continua sendo apenas uma fantasia – ainda bem!
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Mas, e se a tecnologia permitisse ressuscitar os dinossauros?
Mas, vamos supor que alcancemos tecnologia suficiente para trazer os dinossauros de volta. O que poderia acontecer?
De acordo com uma reportagem da National Geographic, o retorno desses animais traria uma série de desafios práticos e éticos. O comportamento dessas criaturas é completamente desconhecido no contexto moderno. Sem qualquer convivência anterior com humanos, dinossauros poderiam reagir com agressividade ou simplesmente não conseguir sobreviver às mudanças drásticas que o planeta sofreu desde sua extinção, há 66 milhões de anos.
Outro obstáculo seria fisiológico. O ambiente da Terra no período dos dinossauros era muito diferente: o clima, a composição da atmosfera e a vegetação não se comparam aos de hoje. Trazer essas espécies de volta exigiria ambientes controlados e altamente especializados, com temperaturas, alimentos e umidade simulando o passado. Em outras palavras, seria preciso recriar um pedaço do Cretáceo dentro de estufas tecnológicas – um esforço caro, complexo e de utilidade questionável.
As dificuldades não param por aí. O retorno de dinossauros levantaria dilemas éticos importantes. Qual seria a função desses animais em nosso mundo? Que direitos teriam? Seriam tratados como atrações exóticas, confinados a laboratórios ou parques, ou como espécies a serem reintegradas à natureza? A ciência pode até avançar, mas a questão continua: devemos fazer algo apenas porque podemos?
Além disso, trazer de volta uma espécie extinta há milhões de anos não contribui para a preservação da biodiversidade atual. Pelo contrário, pode desviar recursos e atenção de iniciativas urgentes de conservação.
Para a paleontóloga Victoria Arbour, especialista em dinossauros com couraça do Royal Ontario Museum, em Toronto, no Canadá, a melhor forma de honrar o passado deve ser proteger o presente. “A maravilha que sentimos quando olhamos para fósseis de dinossauros em museus pode ajudar a nos inspirar a apreciar a finitude da extinção e nos encorajar a proteger as espécies que compartilham nosso planeta conosco hoje”.
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