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As plantas que deveriam estar aqui, mas sumiram

Você enxerga uma floresta intacta, mas ela pode estar vazia por dentro. Um estudo global revelou que muitas espécies de plantas que poderiam viver ali simplesmente sumiram. É a chamada “diversidade faltante”, um impacto oculto da ação humana, que atinge até áreas protegidas e compromete a regeneração natural. A meta de preservar 30% do planeta até 2030 pode ser a última chance de reverter esse apagão verde.

A pesquisa foi conduzida por mais de 200 cientistas da rede internacional DarkDivNet, que analisaram 5.500 locais em 119 regiões do mundo, e destacada pela Agência Fapesp. Eles não buscaram apenas o que está presente, mas o que deveria estar e não está. Usando uma metodologia padronizada, os pesquisadores mapearam quais espécies nativas poderiam viver em cada local — mas estão ausentes, muitas vezes por causa de impactos humanos

As conclusões são preocupantes. Mesmo reservas naturais estão ficando cada vez mais empobrecidas. A boa notícia é que há um limite claro: quando ao menos um terço da paisagem ao redor permanece intacto, os danos são muito menores.

O que não se vê também importa

A chamada “diversidade faltante” é um conceito relativamente novo na ecologia, mas tem ganhado força justamente por escancarar o que os olhos não veem. Espécies que desapareceram — ou nunca chegaram a se estabelecer — deixam lacunas importantes na rede de interações do ecossistema. Sem certas plantas, polinizadores perdem alimento. Sem polinizadores, outras plantas deixam de existir. É um efeito dominó silencioso.

Onde o ser humano avança, a natureza recua: o desmatamento é só a face visível de um impacto muito maior (Imagem: Bayu Adli/Shutterstock)

Entre os principais vilões estão a fragmentação dos habitats e o desmatamento. Além disso, o fogo, o pisoteio excessivo por humanos e a poluição por nutrientes também fazem sua parte, alterando o solo e impedindo que espécies nativas se regenerem. Ao longo do tempo, esse conjunto de pressões transforma ecossistemas diversos em paisagens homogêneas e frágeis.

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Os pesquisadores destacam que restaurar áreas degradadas não é suficiente se o entorno continuar destruído. A conectividade entre ambientes naturais é essencial para que espécies consigam retornar, se espalhar e sobreviver. Ou seja, a conservação precisa ser pensada em escala de paisagem, não apenas em áreas isoladas.

O peso invisível das pegadas humanas

Para entender o grau de perturbação em cada área estudada, os pesquisadores usaram um índice conhecido como Pegada Humana (Human Footprint), que mede o impacto humano com base em elementos como densidade populacional, uso da terra (incluindo agricultura e urbanização) e presença de infraestrutura como estradas e ferrovias. A conclusão foi clara: quanto maior essa pegada ecológica, menor a diversidade de plantas observada.

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Estudo global usa o índice Human Footprint para mostrar como a ação humana transforma silenciosamente os ecossistemas ao redor do mundo (Imagem: petrmalinak/Shutterstock)

Segundo os autores, essa influência negativa se manifesta de várias formas. Fragmentação do habitat, perda de conexão entre ecossistemas, desaparecimento de animais que ajudam na dispersão de sementes, além de distúrbios como incêndios e a retirada de madeira, todos contribuem para um cenário de empobrecimento vegetal.

A pesquisa deixa claro: conservar ao menos 30% da paisagem em estado natural é decisivo para conter os impactos humanos. Mais do que proteger áreas isoladas, é preciso preservar o que está ao redor para manter a biodiversidade viva.

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Artemis 3 não vai mais levar à Lua a primeira mulher e a primeira pessoa preta? Entenda

Inicialmente, a missão Artemis 3 prometia levar a primeira mulher e a primeira pessoa preta à Lua. A NASA, no entanto, não menciona mais esse compromisso nos comunicados do programa, levantando dúvidas sobre o futuro da diversidade na exploração lunar.

A mudança ocorre em meio a uma reestruturação de políticas do governo de Donald Trump, que ordenou o fim de programas voltados à diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade (DEIA). Segundo a Casa Branca, essas iniciativas representam “desperdício de dinheiro público e discriminação vergonhosa”.

Donald Trump, presidente dos EUA, determinou o fim dos programas de diversidade da NASA e de todas as instituições apoiadas pelo governo. Crédito: Chip Somodevilla – Shutterstock

Relatórios indicam que a NASA tem eliminado conteúdos relacionados a esses esforços de seus canais oficiais. De acordo com o site Space.com, o jornal Orlando Sentinel apontou que todas as menções ao pouso da primeira mulher e da primeira pessoa afrodescendente na Lua foram removidas do site do programa Artemis.

Medida não altera tripulação selecionada para ir à Lua, diz NASA

Ainda não está claro se essa mudança afetará a escolha de astronautas para futuras missões lunares. Um porta-voz da NASA afirmou que a remoção das referências não altera a composição da tripulação. Segundo ele, o foco continua sendo o retorno da humanidade à superfície lunar.

O site oficial do programa Artemis antes afirmava que a NASA pousaria “a primeira mulher, a primeira pessoa preta e o primeiro astronauta de um país parceiro na Lua”. Agora, a mensagem foi reformulada para destacar apenas os avanços científicos e tecnológicos da missão e a preparação para futuras viagens a Marte.

A missão Artemis 2 vai levar à órbita da Lua, pela primeira vez na história, uma mulher (Christina Koch) e um homem preto (Victor Glover). Também fazem parte da tripulação Reid Wiseman e o canadense Jeremy Hansen. O quarteto, no entanto, não vai pousar em solo lunar. O próximo pouso da humanidade na Lua será com a missão Artemis 3, ainda sem tripulação anunciada. Crédito: NASA

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A exclusão de termos ligados à diversidade segue uma ordem executiva assinada por Trump logo no início de seu segundo mandato. Essa decisão exigiu que agências financiadas pelo governo federal encerrassem programas e fechassem escritórios ligados a iniciativas de diversidade.

Janet Petro, administradora interina da NASA, enviou um comunicado aos funcionários justificando o corte. No memorando, ela afirmou que os programas DEIA “dividiram os americanos por raça, desperdiçaram dinheiro dos contribuintes e resultaram em discriminação vergonhosa”.

A agência espacial não foi a única afetada. Outras instituições científicas financiadas pelo governo dos EUA, como o Observatório Vera C. Rubin, em construção no Chile, também apagaram conteúdos relacionados a DEIA de seus sites.

Além das mudanças de discurso, a NASA enfrenta cortes orçamentários e redução de pessoal, parte de uma política do governo para diminuir gastos federais. Ainda não há informações sobre o impacto total dessas medidas na continuidade dos projetos da agência.

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