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Do Big Data à IA autônoma: como criar uma cultura de dados nas empresas

Nos últimos anos, o volume de dados gerados pelas empresas cresceu de forma exponencial. Mas, ao contrário do que se esperava, a maioria delas ainda não sabe o que fazer com tanta informação. É como se tivessem recebido uma biblioteca inteira sem aprender a ler.

Dados não são valor por si só. Sem contexto, sem estrutura, sem perguntas inteligentes por trás, eles são apenas ruído. E mais: sem uma cultura de dados — aquela que orienta decisões, desafia intuições e sustenta estratégias — nem o melhor algoritmo pode salvar uma organização da mediocridade.

De acordo com uma pesquisa recente da NewVantage Partners, embora 91% das empresas entrevistadas estejam investindo em iniciativas de dados e IA, apenas 26,5% afirmam ter realmente conseguido criar uma cultura orientada por dados. O número assusta, mas explica muita coisa: temos tecnologia de sobra e mentalidade de menos. E cultura, nesse caso, não se compra — se constrói.

Muita gente ainda acredita que criar uma cultura de dados é adquirir plataformas, dashboards e ferramentas de business intelligence. Mas cultura não nasce de um software. Ela nasce de comportamento.

É quando o CEO pergunta “o que os dados dizem sobre isso?” antes de tomar uma decisão estratégica. Quando o RH antecipa pedidos de demissão com base em padrões de comportamento. Quando o marketing fala em comportamento preditivo, e não apenas em campanhas de alcance. Quando o chão da fábrica entende que um dado inserido errado pode comprometer toda uma cadeia de decisões.

Cultura de dados não vem de ferramentas, mas de atitudes: nasce quando decisões em todos os níveis são guiadas pelo que os dados realmente dizem (Imagem: FAMILY STOCK/Shutterstock)

Essa mentalidade é o alicerce necessário para que a inteligência artificial possa, de fato, agir com autonomia. Porque IA autônoma — aquela que aprende, ajusta, decide e executa — precisa de dados limpos, estruturados, confiáveis e disponíveis.

E isso não se improvisa. Não adianta sonhar com uma IA estratégica se os dados ainda estão trancados em silos, espalhados em planilhas desconectadas, com má governança e baixa confiabilidade. A IA só consegue aprender com o que oferecemos — e se oferecermos um ambiente caótico, os resultados refletirão exatamente isso.

O ponto mais crítico é que muitas empresas ainda usam os dados como justificativa para decisões já tomadas. Ao invés de guiar a estratégia, os números viram apenas uma chancela do que a alta liderança já decidiu por instinto.

Esse viés de confirmação destrói qualquer chance de desenvolvimento analítico real. Uma cultura de dados de verdade exige humildade: saber ouvir o que os dados dizem mesmo quando contradizem nossas crenças mais arraigadas.

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Em vez de guiarem decisões, os dados ainda servem como aval para escolhas intuitivas (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

E isso tem tudo a ver com o futuro. Estamos à beira de uma nova era, em que a IA não será apenas uma assistente, mas uma tomadora de decisão. Para isso, precisamos preparar o terreno agora.

Uma boa pergunta para começar: quem toma decisões na sua empresa — os dados ou os cargos? Se ainda é o cargo que pesa mais, a autonomia da IA vai continuar sendo uma promessa distante.

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Criar uma cultura de dados é uma jornada que começa no topo, mas que só se consolida quando chega na base.

E, paradoxalmente, quanto mais autônoma for a inteligência artificial, mais humana precisa ser a cultura que a sustenta. Porque, no fim das contas, dados não servem para desumanizar processos — mas para revelar padrões, entender comportamentos e melhorar a experiência de quem está na ponta.

Cultura de dados, IA
A cultura de dados começa na liderança, se consolida na base e, quanto mais sustenta a IA, mais precisa ser humana (Imagem: metamorworks/Shutterstock)

O dado mais importante ainda é o humano. E a empresa que entender isso, antes das outras, vai deixar de colecionar dados e começar a construir vantagem competitiva real. Não se trata apenas de transformação digital. Trata-se de transformação cultural.

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A arte de enxergar o que o cliente quer antes que ele diga

A maior revolução no atendimento ao cliente hoje não é a rapidez da resposta, mas a precisão da escuta — antes mesmo que a pergunta exista.

Por décadas, o atendimento foi construído sobre a lógica da reação. O consumidor relata um problema, o sistema registra, o atendente responde. Um processo funcional, sim, mas cronicamente atrasado. Porque, enquanto a empresa age, o cliente já acumulou frustração, ruído, desconfiança. Nesse vácuo entre a necessidade e a resposta nasce a ruptura da experiência.

Agora, imagine inverter essa equação: em vez de reagir, prever. Em vez de remediar, antecipar. A análise preditiva torna isso possível. Não como mágica, mas como método. Ao ler padrões de comportamento, cruzar históricos de interação e modelar propensões de consumo, a tecnologia entrega às empresas algo muito mais valioso do que dados: contexto.

Atendimento deixa de ser reação e passa a ser antecipação, com a análise preditiva transformando dados (Imagem: Andrey_Popov/Shutterstock)

É aí que mora a virada. Porque atender bem deixou de significar simplesmente resolver o problema. Hoje, significa não deixar o problema nascer.

Dados da Salesforce apontam que 73% dos consumidores esperam que as empresas entendam suas necessidades e expectativas; 62% acreditam que as empresas deveriam antecipar suas necessidades. Os consumidores entendem que as marcas usam seus dados pessoais para entregar mensagens personalizadas e 90% deles gostariam de receber anúncios baseados em seus interesses e histórico de compras/navegação.

É um espelho cultural: o cliente contemporâneo não quer apenas ser ouvido — ele quer ser adivinhado e empresas que ignoram essa expectativa estão, silenciosamente, cavando seu próprio irrelevante.

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Consumidores querem que marcas antecipem suas necessidades e personalizem interações (Imagem: amgun/Shutterstock)

Mas a análise preditiva vai além do “saber antes”. Ela permite desenhar jornadas mais fluídas, ofertas mais sensíveis, experiências mais coerentes com quem aquele cliente é — e não apenas com o que ele consome.

Um cliente que costuma acessar o aplicativo de madrugada e evita ligações longas, por exemplo, deve ser abordado de forma diferente de outro que prefere atendimento humano em horário comercial. Isso é empatia algorítmica. E está longe de ser trivial.

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Claro, existe o risco de transformar tudo em predição vazia — e aí a tecnologia se torna intrusiva, quase arrogante. Não se trata de vigiar, mas de interpretar. Não de controlar o cliente, mas de cuidar dele. A ética do dado importa tanto quanto a sua capacidade analítica. A boa análise preditiva não anula o humano — ela o refina.

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Análise preditiva refina a experiência do cliente com empatia algorítmica, sem vigiar ou invadir (Imagem: NicoElNino/Shutterstock)

Mais do que nunca, personalizar não é um luxo, é uma expectativa silenciosa que define quem fica e quem desaparece no ruído do mercado. A previsibilidade, nesse caso, não mata a experiência — ela a eleva. Afinal, surpreender também pode ser atender sem que a dor seja expressa.

O desafio, claro, é técnico, estratégico e cultural. Exige investimento, sim, mas sobretudo exige uma mudança de mentalidade: parar de tratar atendimento como custo e começar a tratá-lo como alicerce da reputação. Porque o cliente esquece rápido do atendimento que deu certo — mas nunca esquece do que chegou tarde demais.

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Personalizar virou obrigação: quem antecipa necessidades constrói reputação (Imagem: Atomic62 Studio/Shutterstock)

Quem conseguir antecipar o incômodo, oferecer o caminho antes da dúvida e resolver o que ainda nem se manifestou, cria mais que satisfação. Cria confiança. E confiança, sabemos, não se compra — se conquista. Um insight por vez.

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O que a tecnologia e o Big Data revelam sobre o inadimplente?

Nos últimos anos, a inadimplência se tornou um fenômeno cada vez mais complexo, impulsionado por fatores econômicos, sociais e comportamentais. Só para ter uma ideia, levantamento mais recente feito pelo Serasa mostra que, pelo menos, 73,1 milhões de pessoas estavam endividadas no país. 

Nos últimos anos, a inadimplência se tornou um fenômeno cada vez mais complexo, impulsionado por fatores econômicos, sociais e comportamentais. No entanto, a tecnologia e o Big Data estão mudando a forma como empresas, instituições financeiras e especialistas analisam e entendem o perfil do inadimplente moderno.

Hoje, já não basta apenas olhar para os dados tradicionais, como renda e histórico de crédito, é preciso mergulhar profundamente nos hábitos de consumo, na jornada digital e até mesmo na psicologia financeira desse público.

A tecnologia permite traçar um perfil muito mais detalhado do inadimplente. Com o uso de machine learning e inteligência artificial, empresas conseguem mapear padrões comportamentais e prever tendências antes que uma dívida se torne um problema crônico. Diferente do que se imaginava, o inadimplente atual não é apenas alguém que perdeu o emprego ou passou por uma emergência financeira. 

Muitas vezes, ele é um consumidor ativo, que mantém hábitos de compra regulares e faz uso de múltiplas formas de crédito, mas que enfrenta desafios na organização e priorização de pagamentos. Com base na análise de dados, podemos categorizar os inadimplentes em diferentes perfis:

  • Inadimplente circunstancial: geralmente motivado por imprevistos, como problemas de saúde ou perda de renda, tem histórico de bom pagador e tende a regularizar sua situação rapidamente quando possível. 
  • Superendividado crônico: possui múltiplos compromissos financeiros e dificuldades em gerenciar seus gastos, frequentemente acumulando novas dívidas para cobrir antigas.
  • Inadimplente estratégico: que prioriza certos pagamentos em detrimento de outros, muitas vezes com base na percepção de risco de cobrança ou impacto no seu dia a dia.
  • Inadimplente desinformado: tem dificuldade em compreender suas obrigações financeiras e pode estar fora do sistema bancário tradicional, sem acesso a boas opções de crédito.
Nem todo inadimplente está fora do mercado — muitos continuam consumindo, mas enfrentam desafios para equilibrar as contas e lidar com o acúmulo de dívidas. Imagem: shutterstock/shisu_ka

Graças ao Big Data, a previsibilidade da inadimplência atingiu um novo patamar. Com a análise de dados massivos, é possível identificar sinais precoces de dificuldades financeiras antes que um consumidor se torne inadimplente.

Algumas das principais métricas analisadas incluem padrões de pagamento e consumo, onde mudanças bruscas nos gastos podem indicar problemas financeiros iminentes; uso de crédito rotativo, que aponta uma dependência excessiva de cartão de crédito ou cheque especial; atividade digital, como interações com instituições financeiras, buscas por crédito e até padrões de navegação que podem indicar dificuldades financeiras; e comportamento em redes sociais, onde alguns algoritmos já conseguem captar mudanças de humor e indicadores de instabilidade financeira através da análise de postagens e interações online.

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A mesma tecnologia que permite entender melhor o inadimplente também tem revolucionado a cobrança e a renegociação de dívidas. As abordagens tradicionais, baseadas em ligações insistentes e cartas físicas, estão dando lugar a estratégias mais inteligentes e personalizadas.

Hoje, as empresas utilizam chatbots, notificações automáticas e inteligência artificial para criar abordagens mais eficazes, oferecendo condições personalizadas de renegociação baseadas no perfil de cada consumidor. Além disso, o uso de análise preditiva permite que as empresas entrem em contato no momento certo, quando há maior probabilidade de recuperação do crédito.

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Ferramentas digitais avançadas permitem prever sinais de inadimplência e adaptar abordagens de cobrança ao perfil de cada consumidor (Imagem: TippaPatt/Shutterstock)

Outros dois perfis também se destacam. O inadimplente estratégico faz escolhas conscientes sobre quais contas pagar, priorizando aquelas que impactam mais diretamente seu dia a dia. Já o inadimplente desinformado, muitas vezes fora do sistema bancário tradicional, tem pouco acesso a crédito de qualidade e dificuldade para compreender suas obrigações financeiras. Entender essas nuances é essencial para criar soluções mais eficazes de renegociação e inclusão financeira.

A grande questão que permanece é: até que ponto as empresas utilizarão esses dados para ajudar os consumidores a evitarem a inadimplência, em vez de simplesmente preverem e explorarem seu comportamento?

O futuro da relação entre consumidores e crédito dependerá da forma como essas informações serão utilizadas – se para criar um sistema financeiro mais inclusivo e sustentável ou apenas para potencializar estratégias de cobrança. Independentemente do caminho, uma coisa é certa: a tecnologia e o Big Data já estão transformando o mercado de crédito, e o perfil do inadimplente moderno nunca esteve tão visível aos olhos das empresas.

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Não é só a DeepSeek: conheça outras empresas chinesas que são sucesso

A DeepSeek, uma empresa chinesa de inteligência artificial (IA), surpreendeu os mercados financeiros e grandes empresas de tecnologia dos EUA assim que o ano começou, mas seu sucesso não foi uma surpresa total.

Muitas empresas chinesas têm se destacado por adotar estratégia diferente das gigantes ocidentais, focando em inovação rápida e acessível em vez de depender de marca ou tecnologia exclusiva.

Essas empresas se destacam pela adaptabilidade e velocidade nos negócios, o que as coloca à frente da concorrência. Além da DeepSeek, outras empresas chinesas estão revolucionando a economia global. O The Conversation listou algumas delas. Vamos conhecê-las:

Empresas chinesas de sucesso

DJI Innovations

  • Fundada em 2006, a DJI é líder no mercado de drones e tecnologia de câmeras, com aplicações em áreas, como agricultura e defesa;
  • Sua capacidade de produzir tecnologia de ponta a baixo custo e com processos automatizados permitiu rápida expansão global;
  • Sua tecnologia também foi usada nas filmagens de seriados, como “Better Call Saul” e “Game of Thrones”.
Tecnologia de câmeras da DJI ajudou na filmagens de séries mundialmente famosas, como “Game of Thrones” (Imagem: Divulgação/HBO)

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Unitree Robotics

  • Spin-off da DJI, a Unitree foi fundada em 2016 e é especializada em robôs quadrúpedes e humanoides;
  • Com ciclos de desenvolvimento rápidos e equipes altamente qualificadas, a empresa se destaca no mercado de robótica com inovações, como robôs capazes de soldar e, até, dançar.

Game Science

  • Fundada em 2014, a Game Science conquistou grande sucesso com o RPG “Black Myth: Wukong“;
  • A empresa se diferencia ao integrar elementos culturais chineses em seus jogos;
  • Além disso, ela procura utilizar análise de dados para atender às preferências globais, superando o modelo tradicional de exportação de versões baratas de jogos ocidentais.
Chinesa Game Science desenvolveu o jogo “Black Myth: Wukong”, que alcançou grande popularidade (Imagem: Divulgação/Overload Games)

Yonyou

  • Criada em 1988, a Yonyou se tornou líder no mercado de software de negócios e contabilidade na China, expandindo para outros países da Ásia;
  • Sua abordagem focada em personalizar produtos para as necessidades locais sem aplicar preços premium foi crucial para seu sucesso;
  • A empresa pretende se tornar dominante também fora da Ásia.

Essas empresas demonstram como a inovação tecnológica e boas estratégias podem levar a avanços significativos, embora fatores geopolíticos possam afetar o futuro do comércio e da economia global.

No entanto, ao continuar explorando seus pontos fortes, elas têm grandes chances de continuar disruptivas no mercado global.

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