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“Pílula do exercício” pode ser usada para tratar obesidade?

A chamada “pílula do exercício” tem sido vista com interesse crescente pela comunidade científica por sua capacidade de simular, em alguma medida, os efeitos metabólicos da atividade física. Embora o composto ainda esteja em fase experimental, há quem aponte um possível uso como ferramenta complementar no tratamento da obesidade.

Segundo especialistas, substâncias como o SLU-PP-332 — que mostrou resultados promissores em camundongos obesos ao estimular a queima de gordura e melhorar a sensibilidade à insulina — podem ter aplicação clínica no futuro. A ideia é que essas pílulas possam ativar vias metabólicas semelhantes às do exercício, contribuindo para o gasto energético mesmo em indivíduos com mobilidade limitada.

Uso da pílula do exercício seria restrito e supervisionado

Apesar do potencial, o uso desse tipo de medicamento não seria generalizado nem indicado como substituto ao exercício físico. Em entrevista ao Olhar Digital, o Dr. Marco Aurélio Neves, ortopedista e especialista em cirurgia do Quadril e Joelho do Instituto da Mobilidade – SP, afirma que a aplicação clínica da pílula seria restrita a casos mais graves ou específicos.

Exemplos disto seriam a obesidade severa associada a limitações físicas, doenças crônicas ou quadros pós-operatórios que impeçam a prática de atividade física regular.

Quando aprovado, medicamento pode ser recomendado para casos de obesidade severa, entre outras condições que causem limitação física (Imagem: VGstockstudio / Shutterstock.com)

Segundo ele, pessoas com doenças neuromusculares, idosos com perda de massa muscular (sarcopenia), pacientes renais em hemodiálise ou com doenças degenerativas também podem se beneficiar. “Essa é uma aplicação clínica legítima e até necessária, diferente do uso indiscriminado que alguns podem desejar”, afirma.

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Complemento e não substituto

Mesmo que novos estudos avancem, o tratamento da obesidade deve continuar sendo multidisciplinar, com foco na reeducação alimentar, exercício supervisionado e acompanhamento médico, afirma o Dr. Marco Aurélio. Ou seja, a pílula pode atuar como ferramenta adicional, mas não substitui os efeitos globais da atividade física.

“A chave está em integrar essa inovação com o cuidado humanizado, e não em substituí-lo”, destaca o médico. Ele também alerta que a saúde metabólica é complexa e que intervenções devem ser feitas com critério.

pernas de duas pessoas correndo, fazendo exercícios físicos
“Pílula do exercício” não substitui atividade física (Imagem: sportpoint / iStock)

A proposta da “pílula do exercício” ainda precisa de testes em humanos e de aprovação regulatória. Mas, mesmo com uma futura aprovação para humanos, seu uso deve ser considerado com cautela e rigor técnico.

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Massagem é um ótimo pós-treino – mas não pelo motivo que você imagina

A massagem deixou de ser exclusividade de spas de luxo para se tornar uma prática comum no mundo esportivo, sendo adotada tanto por atletas amadores quanto profissionais como parte da rotina de recuperação.

Presente em competições, academias e equipes de elite, ela também impulsiona um mercado em expansão, como mostra o New York Times.

Apesar da popularidade, os benefícios fisiológicos da massagem são frequentemente superestimados. A ideia de que ela melhora o fluxo sanguíneo ou elimina o ácido lático após o exercício não é sustentada por evidências científicas sólidas.

Efeitos positivos – mas limitados

Estudos mostram que o ácido lático não é responsável pela dor muscular e que o corpo já é capaz de eliminá-lo naturalmente. Além disso, a maioria dos praticantes de atividade física já possui boa circulação, o que torna questionável a eficácia da massagem nesse aspecto.

Pesquisas, como uma meta-análise de 2020, apontam que os efeitos da massagem sobre desempenho, fadiga e dor muscular são limitados e, em muitos casos, apenas modestos. Ainda assim, há indícios de que ela possa aliviar a tensão muscular ao toque e melhorar ligeiramente a flexibilidade.

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Ciência questiona os efeitos físicos da prática, mas aponta ganhos mentais que justificam seu uso por atletas – Imagem: Aleks Gudenko/Shutterstock

No que a massagem realmente tem impacto

  • O maior benefício, segundo especialistas, é de ordem psicológica.
  • A massagem promove relaxamento, alivia o estresse e oferece uma pausa mental que pode ser essencial para a recuperação. Estudos mostram que mesmo os efeitos temporários de alívio da dor podem ter valor subjetivo importante.
  • Além disso, o simples ato de cuidar do corpo e dedicar um momento ao bem-estar pode ter impacto positivo na mente.

Embora os efeitos fisiológicos da massagem sejam limitados e muitas vezes exagerados, seu valor como ferramenta de recuperação mental e emocional é inegável.

Sentir-se bem, mais relaxado e com menos tensão já pode ser considerado um ganho importante — e é justamente isso que leva muitos atletas a continuarem recorrendo à massagem como parte fundamental de sua recuperação.

Alívio mental e a sensação de bem-estar explicam por que tantos atletas não abrem mão da prática – Imagem: MilanMarkovic78/Shutterstock

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Exercícios ajudam a combater insônia, mas quais são mais eficazes?

Um estudo recente revelou que os exercícios físicos são uma solução eficaz, acessível e relativamente barata para melhorar a qualidade do sono em adultos mais velhos (60 anos ou mais) com insônia, condição comum entre essa faixa etária.

A pesquisa, realizada por cientistas do Hospital Ramathibodi da Faculdade de Medicina da Universidade Mahidol (Tailândia), foi uma revisão sistemática e meta-análise de 25 ensaios clínicos randomizados conduzidos entre 1996 e 2021, envolvendo 2,17 mil participantes diagnosticados com insônia de acordo com os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).

A análise focou no impacto de diferentes tipos de exercícios na qualidade do sono dos participantes com 60 anos ou mais. O estudo foi publicado na revista Family Medicine and Community Health.

Os pesquisadores utilizaram o Índice Global de Qualidade do Sono de Pittsburgh (GPSQI, na sigla em inglês) para medir os resultados, levando em consideração aspectos, como qualidade do sono, tempo para adormecer, distúrbios durante a noite e disfunção diurna.

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O estudo revelou que, no geral, os participantes que realizaram exercícios apresentaram melhora significativa na qualidade do sono, com redução na pontuação do GPSQI, o que indicava melhor qualidade do sono.

Todo exercício físico ajuda diminuir a insônia e um estudo avaliou o impacto de cada atividade na qualidade do sono (Imagem: Drazen Zigic/Shutterstock)

Exercícios que melhor impactam a qualidade do sono ante a insônia

  • Entre os tipos de exercício analisados, os exercícios aeróbicos, como corrida, ciclismo e natação, demonstraram efeitos positivos, com uma redução média de 4,36 pontos no GPSQI;
  • No entanto, a pesquisa também indicou que os resultados eram um pouco inconsistentes entre os diferentes estudos, o que sugere que o impacto do exercício aeróbico no sono pode variar;
  • Já o treinamento de força ou resistência, como o uso de pesos livres, faixas de resistência ou máquinas de musculação, teve o maior impacto na qualidade do sono, reduzindo o GPSQI em 5,75 pontos, o que indica melhora substancial no sono dos participantes;
  • Embora os exercícios combinados também tenham mostrado benefícios, a redução do GPSQI foi menor, de 2,54 pontos.

Os pesquisadores destacaram que o estudo reforça a importância do exercício físico, especialmente o treinamento de força, para melhorar a qualidade subjetiva do sono de forma significativa em comparação com a rotina habitual de atividades diárias.

No entanto, eles alertaram que os tipos de exercício podem não ser adequados para todos, pois alguns podem ser desafiadores para pessoas mais velhas devido à complexidade das técnicas envolvidas ou limitações físicas.

Meditação pode ajudar a contornar insônia
Pesquisa reforça a ideia de que praticar exercícios físicos melhora a qualidade do sono (Imagem: Tero Vesalainen/Shutterstock)

Uma das conclusões importantes do estudo é que qualquer forma de exercício pode trazer benefícios para a qualidade do sono, mesmo que a pessoa não consiga realizar treinamento de força.

Além disso, os pesquisadores sugeriram que futuras investigações poderiam combinar medições objetivas e subjetivas, como frequência cardíaca e consumo de oxigênio, para validar ainda mais o impacto dos exercícios no sono.

Esse estudo oferece alternativa acessível e eficaz para tratar a insônia em idosos, além de ser incentivo para que mais pessoas adotem exercícios físicos regulares para melhorar sua saúde e bem-estar geral.

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