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Eclipse solar pode ter feito faraó quebrar tradição milenar do Egito Antigo

Uma pesquisa recente sobre as dinastias egípcias antigas sugere que um eclipse solar total, ocorrido em 2471 a.C., pode ter influenciado a construção da tumba do faraó Shepseskaf. O estudo indica que o evento astronômico teria levado a uma mudança temporária na tradição funerária do Egito.

Em poucas palavras:

  • Um eclipse solar total ocorrido há exatos 4.496 anos pode ter influenciado a tumba do faraó Shepseskaf;
  • Diferentemente de seus antecessores, ele construiu uma tumba retangular, não uma pirâmide;
  • Durante o evento, Vênus, Mercúrio e as Plêiades apareceram alinhados ao redor do Sol ocultado pela Lua;
  • Se confirmada, essa teoria reforça que fenômenos astronômicos afetaram a cultura e religião no Egito Antigo.

Durante a Quarta Dinastia, os faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos ergueram as icônicas pirâmides de Gizé, associadas ao culto ao deus solar Rá. Segundo as crenças egípcias, Rá havia surgido de um monte piramidal e suas pirâmides simbolizavam os raios solares. O nome de vários faraós dessa dinastia incluía o sufixo “-Ra” em referência à divindade.

No entanto, quando Shepseskaf assumiu o trono, essa tradição foi abruptamente interrompida. Em vez de uma pirâmide, sua tumba foi construída em um formato retangular ao sul de Saqqara, longe de Heliópolis, o principal centro de culto a Rá. Com 99,6 metros de comprimento e 74,4 metros de largura, a estrutura era imponente, mas destoava dos túmulos anteriores.

Mastaba de Shepseskaf, túmulo do último faraó da quarta dinastia egípcia. A tumba é uma estrutura retangular de aproximadamente de 10 fileiras de enormes blocos de calcário, que atualmente estão sujeitos a erosão. Crédito: Isida Project

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Fenômenos astronômicos moldaram crenças e tradições no Egito

O arqueoastrônomo Giulio Magli, professor da Faculdade de Arquitetura Civil do Politécnico de Milão, na Itália, investigou várias hipóteses sobre essa mudança. Algumas teorias sugerem que Shepseskaf não teve tempo ou poder para erguer uma pirâmide, mas a grandiosidade de sua tumba indica o contrário. Outra explicação propõe que ele queria se distanciar das pirâmides por razões políticas ou religiosas.

Magli acredita que um evento astronômico pode ter influenciado essa decisão. Ele analisou os eclipses solares que ocorreram na época e calculou que, em 1º de abril de 2471 a.C., um eclipse total aconteceu na região. Esse fenômeno durou quase sete minutos – um tempo excepcionalmente longo para um eclipse solar total.

Tumba do faraó Shepseskaf, retangular, contrastando com o túmulo tradicional em formato de pirâmide ao fundo da imagem. Crédito: Vincent Brown – Flickr

Durante o evento, Vênus e Mercúrio teriam ficado visíveis, alinhados de forma simétrica ao longo da eclíptica, com o Sol e a Lua no centro. Além disso, as Plêiades, um aglomerado de estrelas também conhecido como “As Sete Irmãs”, poderiam ter sido vistas próximas ao Sol obscurecido. Esse cenário raro pode ter impressionado profundamente os egípcios.

Ainda não se sabe se o eclipse foi interpretado como um bom ou mau presságio. No entanto, Magli sugere que a forma e a localização da tumba de Shepseskaf podem estar diretamente ligadas ao evento. O monumento teria sido construído exatamente dentro da área onde a totalidade do eclipse foi visível.

Se essa teoria estiver correta, o eclipse pode ter desencadeado uma mudança momentânea no culto ao Sol, levando Shepseskaf a romper com a tradição das pirâmides. Isso reforça a ideia de que fenômenos astronômicos influenciaram a cultura e as crenças do Egito Antigo de maneiras ainda pouco compreendidas.

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Pirâmides do Egito: resposta para antigo mistério vem do céu

Uma hipótese instigante propõe que um eclipse solar total pode ter marcado o fim da era das grandes pirâmides e provocado uma transformação profunda na cultura do Antigo Egito.

De acordo com o arqueoastrônomo Giulio Magli, professor do Politecnico di Milano (Itália), em entrevista ao portal Space.com, um eclipse ocorrido em 1º de abril de 2471 a.C. teria mergulhado o Delta do Nilo na escuridão durante o dia, fazendo com que o Sol se tornasse um disco negro.

Esse fenômeno, que atingiu diretamente regiões como a antiga capital e Gizé, pode ter sido interpretado como um presságio poderoso, segundo Magli.

Eclipses solares teriam influência no Antigo Egito (Imagem: aeonWAVE/Shutterstock)

O Sol no Antigo Egito

Durante a Quarta Dinastia, os faraós eram devotos do culto solar. Reis como Quéops (Cufu), Quéfren e Miquerinos — responsáveis pelas icônicas pirâmides de Gizé — chegaram a orientar seus túmulos em direção a Heliópolis, centro do culto ao deus Rá.

Muitos deles também incorporaram em seus nomes sufixos em homenagem a esse deus solar. No entanto, o breve reinado de Seberquerés, último faraó da dinastia, representou uma ruptura com essa tradição.

Diferentemente dos governantes anteriores, Seberquerés escolheu um túmulo semelhante aos antigos santuários de Buto, no Delta do Nilo. Ele não direcionou seu sepulcro a Heliópolis, nem o construiu em forma de pirâmide.

Magli sugere que essa mudança repentina pode ter sido influenciada pelo eclipse de 2471 a.C., interpretado como mau presságio. O evento teria gerado uma crise simbólica que levou o faraó a abandonar o tradicional culto solar.

Embora os registros egípcios não relatem explicitamente o eclipse, há indícios indiretos — como inscrições mencionando “trevas durante o dia” — que reforçam a ideia de que os antigos egípcios associavam eventos astronômicos raros a mensagens divinas e mudanças significativas.

Mistério sobre a era das pirâmides pode ser sido revelado. Imagem: Pandora Pictures/Shutterstock

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Cada contexto tem sua história no Egito

Esse possível impacto simbólico do eclipse durante o reinado de Seberquerés contrasta com reações em períodos posteriores. Um exemplo é o eclipse ocorrido em 1338 a.C., durante o governo de Aquenáton, na 18ª Dinastia. Apesar do fenômeno, o faraó estabeleceu uma nova forma de monoteísmo solar, o que mostra que a interpretação de presságios variava conforme o momento histórico e cultural.

Com cálculos cada vez mais precisos sobre a trajetória de eclipses antigos, pesquisadores como Magli avançam na investigação de como esses eventos celestes podem ter influenciado transformações culturais de grande escala.

Essa linha de estudo oferece novas perspectivas sobre o papel dos fenômenos astronômicos em decisões políticas, arquitetônicas e religiosas, apontando como o fim de uma era pode ter começado com um eclipse no céu do Egito.

O estudo foi publicado no repositório de pré-impressão arXiv.

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Tumba de faraó desconhecido é desenterrada no Egito

Uma equipe formada por arqueólogos egípcios e norte-americanos localizou uma enorme tumba em Abidos, uma das cidades mais antigas do antigo Egito. A construção estava soterrada pela areia e, segundo análises, tem 3.600 anos.

Os pesquisadores explicam que este local serviu como ponto sepultamento para os primeiros faraós, e uma necrópole se desenvolveu na Montanha Anúbis, ao sul da cidade. No entanto, não se sabe quem estava enterrado dentro da tumba recém-descoberta.

Não foram encontrados restos mortais no local

  • A câmara funerária possui uma entrada decorada, várias salas e abóbadas feitas de tijolos de barro.
  • Cenas pintadas em alvenaria mostram a deusa Ísis e sua irmã Néftis.
  • No entanto, não havia restos mortais dentro da tuba.
  • Além disso, a estrutura sofreu grandes danos ao longo dos séculos, dificultando o seu estudo.
  • Por conta disso, os pesquisadores do Museu Penn não sabem dizer qual faraó foi enterrado ali.
  • As informações são do The New York Times.
Tumba foi encontrada soterrada pela areia em uma das cidades mais antigas do antigo Egito (Imagem: Museu Penn)

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Teoria defendida pelos arqueólogos

Apesar da falta de evidências, as semelhanças da tumba recém-descoberta com uma construção localizada em 2014, que pertencia ao faraó Seneb-Kay, chamaram a atenção da equipe. Além disso, elas seriam as primeiras a terem decorações em seu interior.

Isso levou os arqueólogos a levantar a hipótese de que o espaço tenha sido construído para um membro da chamada dinastia Abidos. As principais apostas são Senaiib e Paentjeni, que aparecem em monumentos desenterrados em Abidos.

Tumba de faraó
Construção foi dedicada a um faraó ainda desconhecido (Imagem: Merydolla/Shutterstock)

Outra possibilidade é que esta época tenha sido marcada por faraós guerreiros. De qualquer forma, o achado deve ajudar a ciência a entender mais sobre esta antiga dinastia, que possivelmente comandou apenas algumas regiões em torno da cidade, e não todo o Egito antigo.

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Faraó Tutancâmon pode ter passado por ritual da imortalidade

O faraó Tutancâmon pode ter sido o primeiro a passar pelo rito funerário do deus Osíris em busca da imortalidade, aponta um estudo do The Journal of Egyptian Archaeology. Alguns objetos encontrados na tumba do jovem rei sugerem uma conexão com um antigo ritual egípcio para trazer seu corpo mumificado de volta à vida no reino espiritual.

Entenda:

  • Um antigo ritual egípcio de vida após a morte pode ter sido criado pelo faraó Tutancâmon;
  • Um novo estudo sugere que o ritual de imortalidade relacionado a Osíris, deus egípcio do submundo, foi realizado pela primeira vez no corpo mumificado do jovem faraó;
  • Alguns objetos encontrados em sua tumba sugerem a conexão com o rito funerário de Osíris;
  • Até então, os registros mais antigos da celebração datavam de décadas após a morte de Tutancâmon, e os artefatos encontrados em sua tumba não haviam sido relacionados ao ritual.
Artefatos na tumba de Tutancâmon sugerem que o faraó criou ritual de imortalidade. (Imagem: Brita Seifert/Shutterstock)

Considerado uma das divindades mais importantes da mitologia egípcia, Osíris era o deus dos mortos e do submundo, responsável pelo julgamento final dos humanos na passagem para o além. Morto pelo irmão, Seth, e trazido de volta à vida com a ajuda da esposa, Ísis, Osíris representava a imortalidade e inspirou a criação de mitos e rituais de vida após a morte.

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Ritual egípcio de vida após a morte pode ter começado com Tutancâmon

No estudo publicado há cerca de um mês, o autor Nicholas Brown destaca que quatro cajados de madeira foram encontrados no interior da tumba de Tutancâmon. Os objetos, explica Brown, podem estar relacionados a um antigo ritual voltado à ressurreição de um faraó na forma de Osíris.

Até então, os primeiros registros do ritual datavam de algumas décadas após a morte de Tutancâmon – e, por isso, os cajados encontrados em sua tumba não haviam sido relacionados à cerimônia. Para Brown, entretanto, a evidência indica que o rito foi criado especificamente para o jovem faraó.

Tutancâmon pode ter ligação com ritual de imortalidade do deus Osíris. (Imagem: hemro/Shutterstock)

Em seu reinado, Aquenáton – pai de Tutancâmon – criou uma nova religião monoteísta, desafiando a crença nas antigas divindades egípcias. O reinado de Tutancâmon, porém, não só trouxe o politeísmo de volta, mas ainda “incluiu a restauração de crenças mais tradicionais da vida após a morte e ritos e rituais funerários reais”, escreve Brown no estudo.

“É provável que um dos vários rituais funerários representados na Câmara Mortuária de Tutancâmon seja o rito do Despertar de Osíris, e a disposição dos objetos dentro da câmara seja uma representação física dessa cerimônia, destinada a ser realizada eternamente para o rei falecido a fim de garantir sua vida na vida após a morte”, conclui o autor.

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Quem foi o primeiro faraó do Egito?

O período ao qual costumamos chamar de Egito Antigo durou cerca de 2700 anos, e a maior parte desse tempo foi marcada por um governo imperial. Essa história é muito antiga e passou por líderes como Cleópatra e Tutancâmon, mas quem foi o primeiro deles?

Muitas informações desse período se perderam, e muitas lendas dessa época se confundem com fatos. De qualquer forma, a tradição egípcia considera Menés (ou Narmer, em grego) como o primeiro faraó e responsável pela unificação do Egito.

Ele teria sido responsável pela unificação do Egito, que até então era dividido em Alto e Baixo, em um só reino, marcando o início do período dinástico e da Primeira Dinastia do Egito.

Além da tradição, existem alguns documentos que indicam a existência de Menés, como a Paleta de Narmer, um artefato arqueológico decorativo, que consiste em uma placa de pouco mais de 60 centímetros de altura, com desenhos e escritas, incluindo o nome de Narmer.

Placas de Narmer (Imagem: Wikimedia)

Primeiro faraó não é unânime

Apesar da placa, Menés está longe de ser unânime, isso porque nem a certeza de que ele e Narmer sejam a mesma pessoa está totalmente clara.

Alguns egiptólogos argumentam que Narmer e Menés foram um só, sugerindo que “Menés” pode ter sido um título ou nome de coroação adotado por Narmer após a unificação.

Menés
Estátua de Menés (Imagem: Reprodução)

Essa teoria é apoiada pela ideia de que “Menés” pode significar “Aquele que permanece” ou “Aquele que é estabelecido”, um título apropriado para um unificador. Além disso, a falta de evidências arqueológicas diretas sobre Menés pode indicar que ele era conhecido por outro nome durante seu reinado, como Narmer.

Outros estudiosos defendem que Narmer e Menés foram dois governantes distintos. Nesse caso, Narmer teria iniciado o processo de unificação, enquanto Menés (seu sucessor) teria completado o processo e fundado a Primeira Dinastia. Essa visão é baseada em listas de reis e fragmentos de registros históricos que sugerem uma sequência de governantes no início da Primeira Dinastia.

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De qualquer forma, os dois nomes são associados à figura do primeiro faraó, que iniciou um dos maiores e mais importantes impérios da história da humanidade, que resistiu por mais de dois milênios, até ser derrubado pelo Império Romano. Mas isso é história para outro momento.

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