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Fóssil revela que dinossauro gigante foi devorado por vários predadores

Um artigo publicado este mês na revista Publicación Electrónica de La Asociación Paleontológica Argentina revela que um dinossauro gigante virou comida para vários animais depois de morrer. A conclusão foi possível graças a marcas observadas em um fóssil que foi encontrado em Cerro Fortaleza, na província de Santa Cruz, região argentina da Patagônia.

Trata-se de um pedaço de osso que ainda não foi identificado com precisão. Os cientistas acreditam que ele pode ser parte da perna do animal, da cintura pélvica ou da região dos ombros.

O que você vai ler aqui:

  • Um fóssil de dinossauro gigante foi encontrado com marcas de mordida na Patagônia;
  • O osso, possivelmente de um saurópode, foi devorado por ao menos três tipos de predadores;
  • As marcas indicam ataques de dinossauros carnívoros, crocodilos extintos e um pequeno mamífero;
  • A carcaça parece ter ficado exposta por muito tempo, sendo consumida por animais com hábitos diferentes;
  • O achado revela interações complexas entre espécies no Cretáceo e destaca a diversidade de espécies da região.

Esse osso pertenceu a um saurópode, grupo de dinossauros herbívoros, quadrúpedes e de grande porte. Apesar de não saberem a espécie exata, os pesquisadores conseguiram analisar as marcas deixadas no osso e concluir que o animal morto foi devorado por pelo menos três tipos diferentes de predadores.

Entre os animais que se alimentaram dele estão dinossauros carnívoros, crocodilos ancestrais e até mesmo um pequeno mamífero. Cada grupo teria atacado em momentos diferentes, o que indica que o corpo permaneceu exposto por um tempo considerável.

Fragmento de osso de dinossauro com marcas de predação pós-morte por diferentes espécies. Crédito: Paulina-Carabajal et. al.

Predadores arrancaram a carne do osso do animal

A equipe envolvida no estudo é formada por pesquisadores do Museu Paleontológico de Bariloche, do Instituto Patagônico de Geologia e Paleontologia e do Instituto de Pesquisas em Biodiversidade e Meio Ambiente, todas instituições argentinas. Os cientistas analisaram o osso em laboratório e o compararam com outros fósseis já estudados.

Ao todo, foram identificados 99 sulcos e 19 perfurações no fragmento. Essas marcas são diferentes das mordidas de caça, que geralmente acontecem durante o ataque. No caso deste fóssil, os traços são repetitivos e seguem um padrão, o que indica que os animais estavam arrancando carne do osso.

As marcas foram divididas em três tipos. O primeiro apresenta sulcos individuais ou em pares. O segundo tipo mostra sulcos paralelos, semelhantes a cortes feitos com ferramentas afiadas. Já o terceiro corresponde a buracos profundos, redondos ou ovais, que indicam mordidas mais fortes.

Representação dos três tipos de marcas encontrados no fragmento ósseo. Crédito: Paulina-Carabajal et. al.

Os pesquisadores acreditam que essas marcas podem ter sido feitas por dinossauros carnívoros como os abelissaurídeos e os megaraptores, ambos parentes distantes do tiranossauro. Também podem ter vindo de crocodilos extintos chamados notossúquios, além de um pequeno mamífero carnívoro.

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Carcaça de dinossauro foi consumida em horários variados

A diferença nos hábitos desses animais também ajudou a montar o quebra-cabeça. Enquanto dinossauros predadores eram ativos durante o dia, mamíferos costumavam agir à noite. Isso sugere que a carcaça ficou exposta por um bom tempo, sendo visitada por diferentes espécies em horários variados.

Segundo os autores, não é possível dizer com certeza se os animais caçaram o dinossauro ou apenas aproveitaram seus restos. Assim como urubus e hienas hoje em dia, muitos animais do passado se alimentavam de cadáveres que já estavam no chão.

O estudo mostra como a alimentação em grupo, mesmo entre espécies diferentes, já existia há milhões de anos. Além disso, revela a complexidade das relações entre predadores e carniceiros no fim do período Cretáceo, entre 72 e 66 milhões de anos atrás.

Por fim, os pesquisadores destacam a importância do achado para entender a diversidade de espécies que viveram na Patagônia no passado. As marcas de mordida revelam diferentes estratégias de sobrevivência e alimentação em uma região rica em vida pré-histórica.

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Bosque fossilizado de 260 milhões de anos encontrado no Rio Grande do Sul

Paleontólogos da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) descreveram fósseis de plantas com mais de 260 milhões de anos encontrados em Dom Pedrito, no Rio Grande do Sul. A análise dos vegetais pré-históricos permitiu com que a equipe reconstruísse a história ecológica de um bosque que existiu onde hoje estão os pampas gaúchos.

No total, o grupo estudou mais de 200 fósseis de plantas que povoaram o antigo continente Gondwana. Dentre eles estão folhas, ramos e troncos que vieram de samambaias, cavalinhas, licófitas e coníferas do período Permiano, há cerca de 260 milhões de anos. 

Foi em 1951 a primeira vez que esse material foi descoberto. Um grupo de pesquisadores estava fazendo o mapeamento geológico da região de Cerro Chato quando se deparou com os restos de vegetais pré-históricos. No entanto, cientistas só começaram a pesquisar os fósseis em 2021.

Ilustração do bosque que povoava a região de Cerro Chato há 260 milhões de anos. (Imagem: Zeinner de Paula)

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Fósseis revelam um passado caótico

Segundo a equipe, o material encontrado está preservado num nível raro. Isso permitiu com que os paleontólogos reconstruíssem com notável precisão as condições ambientais e ecológicas do local no Permiano, período em que o planeta passava por uma extinção em massa, com eventos climáticos extremos e aquecimento global.

“O Permiano se caracteriza por uma aridificação gradual, com o fim dessa época pontuado por um evento significativo de extinção em massa que impactou profundamente os ecossistemas continentais”, escreveram os pesquisadores no estudo.

Os fósseis se encontram na coleção científica do Laboratório de Paleobiologia da Unipampa. A instituição pública é declarada fiel depositária dos materiais de Cerro Chato e seus paleontólogos pretendem continuar pesquisando os vegetais pré-históricos para reconstruir o passado natural do Brasil e do mundo.

“A natureza excepcional do afloramento do Cerro Chato não apenas enriquece nosso conhecimento sobre a biodiversidade vegetal do Permiano, mas também serve como referência para futuras investigações paleobotânicas e paleoclimáticas no local, destacando a importância de conservar e estudar esse raro patrimônio paleontológico”, concluíram os cientistas.

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Dinossauros poderiam estar vivos até hoje se não fosse por este (grande) detalhe

Se um asteroide não tivesse colidido com a Terra há 66 milhões de anos, os dinossauros jamais teriam entrado em extinção. É o que apontam os autores de um estudo publicado na Current Biology, sugerindo que, ao contrário do que parte da comunidade científica acredita, os dinossauros não estavam em declínio antes do fatídico evento que os apagou do planeta.

Entenda:

  • Se não fosse pelo asteroide que colidiu com a Terra há milhões de anos, os dinossauros provavelmente ainda estariam vivos;
  • Pesquisadores sugerem que, antes do evento de extinção em massa, os dinossauros não estavam em declínio;
  • Essa crença é, para os autores, fruto de um registro fóssil escasso, levando alguns cientistas a acreditarem que os dinossauros estavam caminhando para a extinção já antes do asteroide. 
Dinossauros não estavam em declínio antes do asteroide, sugere estudo. (Imagem: Herschel Hoffmeye/Shutterstock)

Como aponta a equipe por trás da pesquisa, a crença do suposto declínio – em número e diversidade – dos dinossauros no período Cretáceo se deve, na verdade, a um registro fóssil pobre. Para sustentar a hipótese, os cientistas da University College London analisaram o registro fóssil da América do Norte nos 18 milhões de anos que precederam o impacto do asteroide na Terra.

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Dinossauros não caminhavam rumo à extinção antes do asteroide

No estudo, a equipe analisou os registros de cerca de 8 mil fósseis da América do Norte do Campaniano (de 83,6 a 72,1 milhões de anos atrás) e do Maastrichtiano (de 72,1 a 66 milhões de anos atrás), com foco nas famílias Ankylosauridae, Ceratopsidae, Hadrosauridae e Tyrannosauridae.

De acordo com os pesquisadores, os dinossauros atingiram um pico de diversidade há cerca de 76 milhões de anos. 6 milhões de anos antes do evento de extinção em massa, o número de fósseis das quatro famílias no registro geológico já estava diminuindo. O motivo por trás disso, entretanto, ainda é um mistério para os cientistas.

Dinossauros poderiam estar vivos até hoje. (Imagem: funstarts33/Shutterstock)

“Os dinossauros provavelmente não estavam inevitavelmente condenados à extinção no final do Mesozóico [de 252 milhões a 66 milhões de anos atrás]. Se não fosse por aquele asteroide, eles ainda poderiam compartilhar este planeta com mamíferos, lagartos e seus descendentes sobreviventes: pássaros”, sugere Alessandro Chiarenza, coautor do estudo, em comunicado.

Redução de fósseis de dinossauros extintos ainda intriga cientistas

Uma das possibilidades abordadas pelos autores é que as condições geológicas para fossilização no período Maastrichtiano podem ter sido mais precárias. Além disso, as rochas que poderiam conter fósseis dessa época estavam cobertos por vegetação ou inacessíveis, dificultando a descoberta dos restos mortais.

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“Saara verde” já teve habitantes – e são diferentes do que pensávamos

O deserto do Saara já foi uma savana cheia de vida, com corpos hídricos e uma variedade de vegetação durante o Período Úmido Africano (AHP), entre 14.500 e 5.000 anos atrás. Em uma nova pesquisa, cientistas encontraram os restos mortais dos habitantes desse “Saara Verde” e descobriram como provavelmente viviam e o que aconteceu com eles.

Uma equipe de pesquisa do Instituto Max Planck sequenciou o DNA de “dois indivíduos femininos do Neolítico Pastoral com aproximadamente 7.000 anos”. Os fósseis estavam no abrigo rochoso Takarkori, um sítio arqueológico no que hoje é o sudoeste da Líbia.

Após a análise, o grupo descobriu que as representantes desse povo do antigo Saara compartilhavam a maioria dos genes com uma população coletora de forragens de 15 mil anos atrás, que tem seus vestígios na caverna Taforalt, no Marrocos. Isso sugere que essa foi uma civilização duradoura e estável que viveu no Norte da África antes da desertificação.

“Nossa pesquisa desafia suposições anteriores sobre a história da população do Norte da África e destaca a existência de uma linhagem genética profundamente enraizada e há muito isolada”, disse Nada Salem, pesquisadora do Instituto Max Planck, em um comunicado.

Sítio arqueológico abrigo rochoso Takarkori. (Imagem: Archaeological Mission in the Sahara / Sapienza University of Rome)

Habitantes do Saara Verde se isolaram

A linhagem genética de habitantes do Saara abordada no estudo seguiu por um caminho diferente dos povos subsaarianos. Ao invés de se espalhar, ela ficou isolada por milhares de anos. Pesquisadores encontraram apenas alguns traços genéticos na região do Levante, incluindo alguns vindos de neandertais.

No entanto, os indivíduos analisados em Takarkori tinham menos DNA neanderthal do que as antigas populações encontradas no Marrocos, mas mais do que os povos do sul da África. Essa constatação sugere que algo impediu que a chegada de genes da Europa se espalhasse para além da região do Saara.

“Os sujeitos de Takarkori mostram dez vezes menos ancestralidade neandertal do que os agricultores levantinos. Mas, significativamente mais do que os genomas subsaarianos contemporâneos”, escreveram os pesquisadores.

Vista do deserto do Saara
Vista do deserto do Saara em Takarkori. (Imagem: Archaeological Mission in the Sahara / Sapienza University of Rome)

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Pesquisa revela modo de vida do povo antigo

O estudo mostrou que os moradores da região eram criadores de gado, assim como as linhagens marroquinas. O fato de terem adquirido essa prática sem muita troca genética também revela muito sobre sua história.

“Esta descoberta revela como o pastoreio se espalhou pelo Saara Verde, provavelmente por meio de intercâmbio cultural e não de migração em larga escala”, explicou Salem.

A equipe acredita que a diversidade de ecossistemas do “Saara Verde”, que vai desde pântanos até montanhas, pode ter sido uma barreira ao sul que evitou o deslocamento desses povos, os mantendo isolados.

“Nossas descobertas representam um passo inicial importante e estudos futuros podem revelar percepções mais refinadas sobre a migração humana e o fluxo genético através do Saara”, concluem os pesquisadores.

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Como os fósseis se formam e por que são tão raros?

A fossilização é um processo lento e muito raro de acontecer. Segundo o escritor Bill Bryson, em seu livro Uma Breve História de Quase Tudo, estima-se que apenas um osso em cada um bilhão vire um fóssil. A preservação depende de diversos fatores e pode acontecer em materiais diferentes, contato que evitem a decomposição. Mas, como tudo isso acontece?

Fósseis são restos mortais de animais e plantas que foram enterrados em sedimentos, como areia ou lama, no fundo de mares, lagos e rios. O nome vem do latim fossilis, que significa “desenterrado”.

A decomposição dos ossos de um ser vivo demora anos para acontecer, dependo do ambiente em que está o corpo. Para que eles possam se manter preservados, é preciso que os minerais no local preencham a carcaça num processo conhecido como permineralização, uma espécie de proteção que preserva o artefato no decorrer do tempo.

Os restos mortais precisam estar seguros

Segundo Susannah Maidment, pesquisadora sênior do Museu de História Natural de Londres, em entrevista ao IFLScience, é necessário que os restos mortais sejam levados para um lugar onde a decomposição seja limitada. Uma forma de fazer isso é enterrá-los o mais cedo possível.

“Às vezes, temos coisas como pele e outros tecidos moles, como penas, preservados e, geralmente, isso requer um conjunto bastante único de condições de sepultamento, geralmente um sepultamento muito rápido”, explica Maidment.

Esquema da formação dos fósseis. (Imagem: Xabier Murelaga – Elhuyar Fundazioa / WIkimedia Commons)

Locais marinhos ou lacustres são mais propícios para proteger os restos mortais, principalmente porque o enterramento por sedimentos é rápido. Áreas como topos rochosos de montanha, por outro lado, são onde as carcaças se decompõem mais rapidamente e poucos sedimentos se depositam para enterrá-las.

Se os restos mortais estiverem num local de condições ótimas para a fossilização, restam agora milhões de anos para o processo acontecer. As águas subterrâneas ricas em minerais demoram para penetrar nos ossos, mas pesquisadores descobriram algumas condições que podem acelerar essa dinâmica.

Bactérias sepultam sapos em um ano

Um estudo se aprofundou no efeito que os tapetes microbianos têm na decomposição dos sapos anões africanos. O trabalho revelou que os microrganismos “sepultavam” rapidamente o corpo dos anfíbios, criando uma espécie de “sarcófago” que preserva os tecidos moles por anos.

A mineralização do restante do corpo aconteceu entre 540 dias e 1,5 ano. O processo criou restos mortais muito semelhantes a fósseis em um período curto.

Porém, pesquisadores não consideram a carcaça do sapo como um fóssil. A definição criada pela Sociedade Geológica Britânica estabelece que os restos mortais preservados tem que ter mais de 10 mil anos para entrarem na categoria fóssil. Esse número é mais uma questão técnica do que uma marca exata do tempo para a fossilização se concluir.

Etapas do sepultamento do sapo no "sarcófago" de micróbios
Etapas do sepultamento do sapo no “sarcófago” de micróbios. (Imagem: M. Iniesto et al.)

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Onde encontrar os fósseis?

Após a morte em um local ideal e todas as etapas de preservação feitas pela natureza, os fósseis residem em formações específicas. Os cientistas podem encontrá-los em rochas sedimentares e, ocasionalmente, em metamórficas de baixo grau e granulação fina.

Se algo remover os restos mortais, eles deixam moldes na rocha ao redor. Esses espaços podem ser preenchidos posteriormente por outros materiais, formando modelos dos fósseis originais.

“Evidências preservadas de partes do corpo de animais, plantas e outras formas de vida antigas são chamadas de ‘fósseis corporais’. ‘Traços fósseis’ são as evidências deixadas por organismos em sedimentos, como pegadas, tocas e raízes de plantas”, explica a Sociedade Geológica Britânica.

Quando encontrados, esses resquícios do passado ajudam a humanidade a entender a história natural e da Terra. Sem eles, a biologia, a geologia, e muitas outras ciências jamais seriam as mesmas. 

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Pegadas de dinossauro são encontradas em escola da Austrália

Paleontólogos descobriram 66 pegadas de 47 dinossauros de três dedos em uma rocha que estava em exposição numa escola em Queensland, Austrália. O artefato apresenta traços de uma espécie pouco conhecida na história natural da região.

A rocha foi um presente da área de mineração Callide para o colégio Biloela, que fica próximo da mina. Os mineradores de carvão encontraram a pedra e identificaram as pegadas de dinossauro, mas não houve uma pesquisa aprofundada na época.

Tudo mudou quando um time liderado por Anthony Romillo, paleontólogo da Universidade de Queensland, descobriu os vestígios pré-históricos. Eles visitaram a escola após uma pesquisa anterior do grupo ganhar popularidade e a instituição de ensino entrar em contato.

Pegadas na pedra destacadas digitalmente. (Imagem: University of Queensland)

Os cientistas passaram por desafios para fazer a pesquisa. A rocha pesa duas toneladas, por isso foi necessário um grupo grande para que pudessem movê-la até uma posição ideal para ser estudada. Também tiveram que retirar os chicletes que os alunos colaram no artefato.

Depois que a equipe fez um modelo 3D e fotografou o objeto, conseguiram se aprofundar na descoberta.  “Eu pude ver que havia muitas pegadas de dinossauros, sabia que era uma descoberta altamente significativa.” diz Romilio em um comunicado.

O solo onde os animais gravaram os vestígios teria sido uma superfície arenosa com uma camada rasa de água. Ao lado das pegadas, há também buracos que provavelmente foram feitos por invertebrados escavadores.

Uma espécie misteriosa de dinossauro

A equipe não pôde associar nenhum osso fóssil conhecido com as pegadas. Além disso, como esqueletos de dinossauros do Jurássico Inferior nunca foram encontrados na Austrália, o grupo não conseguiu constatar exatamente de qual espécie são as pegadas.

No entanto, a principal hipótese é de que sejam do Anomoepus scambus. Os cientistas a consideram uma icnoespécie, um tipo de espécime conhecido apenas por traços de fósseis e vestígios como pegadas, ninhos e fezes.

“Eles são todos pequenos animais que fizeram as pegadas. Todos parecem ser o mesmo tipo de dinossauro herbívoro de duas pernas”, explica o doutor.

Modelo 3D do Anomoepus scambus
Modelo 3D do Anomoepus scambus. (Imagem: University of Queensland)

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Por meio do tamanho das marcas de três dedos, a equipe estimou que os dinossauros teriam pernas variando de 15 a 50 centímetros de comprimento. Com elas, estariam correndo a uma velocidade entre 2 e 6 quilômetros por hora quando registraram as pegadas.

“Evidências de fósseis de esqueletos encontrados no exterior nos dizem que dinossauros com pés como esses eram herbívoros, com pernas longas, corpo robusto, braços curtos e uma cabeça pequena com bico”, diz Romilio.

Modelos de alta resolução dos fósseis estão disponíveis online, permitindo que qualquer pessoa explore esses vestígios pré-históricos em detalhes. O grupo pretende seguir com as pesquisas a fim de conhecer melhor o passado natural da Austrália.

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Fragmentos faciais de mais de um milhão de anos reescrevem a história da evolução humana

Pesquisadores anunciaram uma descoberta surpreendente nas montanhas da Sierra de Atapuerca, no norte da Espanha. Fragmentos fossilizados da face de um hominídeo – apelidado de “Pink”, em referência à banda Pink Floyd – foram datados entre 1,1 e 1,4 milhão de anos, tornando-se os restos faciais mais antigos já encontrados na Europa Ocidental.

Os restos, que correspondem a porções da face esquerda de um adulto, foram descobertos em 2022 na caverna conhecida como Sima del Elefante (“Fosso do Elefante”), um dos sítios arqueológicos mais emblemáticos da região, que já revelou evidências de antigos crânios humanos e até de práticas de canibalismo. A pesquisa, divulgada na Nature, contou com o esforço de uma equipe multidisciplinar, que extraiu várias toneladas de sedimento do local para análise.

Costela de pequeno animal com marcas de corte recuperada no nível TE7 da Sima del Elefante (Serra de Atapuerca, Burgos, Espanha) (Imagem: Maria D. Guillen/Iphes-Cerca)

Fragmentos que antecedem o Homo antecessor

  • Segundo os estudos, os ossos de “Pink” são significativamente mais antigos do que os restos atribuídos ao Homo antecessor, espécie, até então, considerada a mais antiga presente no local;
  • Com traços primitivos semelhantes aos do Homo erectus – especialmente na estrutura nasal plana e subdesenvolvida –, o hominídeo foi classificado provisoriamente como Homo affinis erectus, indicando relação próxima com o já conhecido “homem ereto”;
  • Essa designação também abre a possibilidade de que “Pink” possa pertencer a uma espécie ainda não identificada.

A arqueóloga Rosa Huguet, uma das autoras do estudo, ressaltou que o achado “introduz um novo ator na história da evolução humana na Europa”. Já María Martinón-Torres, diretora do Centro Nacional de Investigación sobre la Evolución Humana, destacou, ao The Washington Post, que “os traços faciais de ‘Pink’ posicionam-no num espaço evolutivo entre os hominídeos mais antigos da África do Sul, com idades estimadas entre 3,4 e 3,7 milhões de anos, e o Homo antecessor, com cerca de 860 mil anos”.

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Implicações e conexões evolutivas

O achado traz importantes evidências de que hominídeos já exploravam a Europa Ocidental durante o início do Pleistoceno, período que se estende de aproximadamente 2,6 milhões a 781 mil anos atrás.

Especialistas, como o paleontólogo Eric Delson, do American Museum of Natural History e que não participou do estudo, enfatizam, à ABC News, que “é a primeira vez que encontramos restos significativos com mais de um milhão de anos na Europa Ocidental”, comprovando que os ancestrais humanos já faziam excursões para esse continente há muito tempo.

Ademais, as comparações entre os fósseis de Atapuerca e os encontrados em regiões tão distantes quanto Indonésia e África reforçam a ideia de que as populações de hominídeos estavam interligadas geograficamente.

Segundo Rick Potts, diretor do Smithsonian’s Human Origins Program, em entrevista à ABC News, esses primeiros visitantes da Europa podem ter chegado à região vindo do Leste, ainda que não haja evidências de que tenham se estabelecido permanentemente por lá.

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Dra. Rosa Huguet, pesquisadora do Iphes-Cerca e professora da Universidade Rovira i Virgili, primeira autora do artigo (Imagem: Maria D. Guillen/Iphes-Cerca)

Novas perspectivas e pesquisas futuras

A descoberta dos fragmentos faciais de “Pink” não só amplia o conhecimento sobre a diversidade dos hominídeos que habitaram a Europa, como também suscita novas questões sobre os caminhos migratórios e as interações entre as diversas populações ancestrais. As condições ambientais do passado, com florestas úmidas e cursos d’água próximos à caverna, provavelmente favoreceram a ocupação do território por nossos antepassados.

Os pesquisadores já planejam novas expedições para explorar níveis mais profundos da Sima del Elefante, na expectativa de encontrar outros vestígios que possam lançar luz sobre essa complexa e fascinante história da evolução humana.

Com cada nova descoberta, como a de “Pink”, nossa compreensão sobre os primórdios da humanidade se torna mais rica e detalhada, revelando que a trajetória de nossos ancestrais foi repleta de surpresas e conexões inesperadas entre diferentes regiões do mundo.

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Estudo pode mudar o que sabemos sobre a origem dos neandertais

Um novo estudo coloca em xeque a ideia de que a origem da linhagem neandertal estava associada a uma perda significativa de diversidade genética. A dúvida surgiu após análises em estruturas do ouvido interno de duas coleções de fósseis feitas por uma equipe internacional de acadêmicos da Universidade Binghamton e da Universidade Estadual de Nova York.

O estudo publicado na Nature Communications mediu a diversidade morfológica nos canais semicirculares em áreas responsáveis ​​pelo nosso senso de equilíbrio. Foram feitas observações em fósseis encontrados em Atapuerca, na Espanha, Krapina, na Croácia, além de sítios da Ásia Ocidental.

“O desenvolvimento das estruturas do ouvido interno é conhecido por estar sob controle genético muito rígido, uma vez que elas são completamente formadas no momento do nascimento. Isso torna a variação nos canais semicirculares um proxy ideal para estudar relações evolutivas entre espécies no passado”, explicou o professor de antropologia Rolf Quam.

Pesquisadores analisaram área responsável pelo senso de equilíbrio em humanos (Imagem: Reprodução)

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Entendendo a pesquisa

  • Encontrados em Atapuerca, os chamados “pré-neandertais” datam de cerca de 400.000 e são considerados “ancestrais neandertais claros”;
  • Já os neandertais surgiram há cerca de 250.000 anos dessas populações que habitaram o continente eurasiano entre 500.000 e 250.000 anos atrás;
  • A coleção mais completa de neandertais primitivos é datada de aproximadamente 130.000 anos atrás e foi identificada no sítio croata de Krapina;
  • Os pesquisadores compararam as amostras dos neandertais “clássicos” de diferentes idades e origens geográficas para calcular a diversidade morfológica com os demais;
  • O resultado revelou uma perda drástica de diversidade genética entre os primeiros neandertais e os neandertais “clássicos” posteriores;
  • A perda genética é conhecida como “gargalo” e pode ser associada a uma redução no número de indivíduos de uma população;
  • No caso dos neandertais, os dados de DNA antigo indicam que o declínio na variação genética ocorreu há aproximadamente 110.000 anos.
Gráfico mostra queda da variação genética entre neandertais (Imagem: Reprodução)

“Ficamos surpresos ao descobrir que os pré-neandertais de Sima de los Huesos exibiram um nível de diversidade morfológica semelhante ao dos primeiros neandertais de Krapina”, disse Alessandro Urciuoli, autor principal do estudo. “Isso desafia a suposição comum de um evento de gargalo na origem da linhagem neandertal.”

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Chineses encontram fóssil de escorpião que viveu com dinossauros

Pela primeira vez, paleontólogos encontraram um fóssil de escorpião mesozoico na China. O artefato foi descoberto na Província de Liaoning, no nordeste do país, por uma equipe do Instituto de Geologia e Paleontologia de Nanquim, da Academia Chinesa de Ciências.

O fóssil foi chamado de Jeholia longchengi em homenagem ao local de sua descoberta na Biota Jehol do Distrito de Longcheng, e é datado a aproximadamente 125 milhões de anos, segundo a agência de notícias Xinhua.

A região é considerada uma das “descobertas paleontológicas mais importantes do século XX” por abrigar itens bem preservados, incluindo dinossauros emplumados, pássaros primitivos e fósseis de plantas.

Fósseis de escorpiões são raros; apenas quatro foram encontrados na China (Imagem: Divulgação/NIGPAS)

“Fósseis de escorpião não são tão comuns quanto as pessoas podem pensar”, disse Huang Diying, pesquisador do instituto e autor do estudo publicado na revista Science Bulletin. “Se colocado no ambiente atual, ele [Jeholia longchengi] pode se tornar predador natural de muitos animais pequenos e pode até caçar filhotes de pequenos vertebrados”.

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Descoberta foi feita na Província de Liaoning (Imagem: Peng Wang/iStock)

O que se sabe sobre o fóssil Jeholia longchengi?

  • O escorpião tem 10 centímetros de comprimento e supera o tamanho de outros fósseis mesozoicos;
  • Ele apresenta pedipalpos delgados (apêndices sensoriais), pernas longas, um esternito pentagonal (peça ventral do exoesqueleto) e um ferrão venenoso alongado;
  • Foi considerado um mesopredador na cadeia alimentar do ecossistema da época, caçando insetos e aranhas.

Até então, apenas três fósseis de escorpião tinham sido encontrados na China: Shandong, no leste do país; Hubei, na China central, e na Mongólia Interior, no norte. O recém-descoberto Jeholia longchengi está agora abrigado no Museu do Vale dos Fósseis em Chaoyang (China).

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