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Olhar Espacial recebe brasileiro que ajudou a descobrir nova galáxia satélite da Via Láctea

Uma galáxia minúscula e ultrafria foi detectada orbitando a Via Láctea pelo DELVE Survey, uma colaboração internacional para observar o Universo

Batizada de Aquarius III, essa nova vizinha cósmica pode conter apenas algumas centenas ou milhares de estrelas – um número modesto se comparado às grandes galáxias. A nossa Via Láctea, por exemplo, tem de 100 bilhões a 400 bilhões de estrelas, e a Grande Nuvem de Magalhães, algo entre 10 bilhões e 30 bilhões.

A pesquisa foi conduzida em duas etapas. Primeiro, os cientistas usaram imagens públicas capturadas pelo Telescópio Victor M. Blanco, no Chile. Graças ao longo tempo de exposição das fotos, o equipamento registrou áreas com alta densidade de luz, indicando aglomerados de estrelas que poderiam ser galáxias candidatas. Na segunda fase, técnicas de espectroscopia confirmaram que Aquarius III é, de fato, uma galáxia satélite ultrafria com baixa metalicidade, ou seja, poucos elementos químicos além de hidrogênio e hélio – características típicas de objetos antigos no Universo.

Essa descoberta, conforme noticiado pelo Olhar Digital, contou com a participação do astrônomo brasileiro Guilherme Limberg, graduado e doutorado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), que atualmente é pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Cosmologia Física da Universidade de Chicago, nos EUA.

O astrônomo Guilherme Limberg é o convidado desta sexta-feira (25) do Programa Olhar Espacial. Crédito: Arquivo Pessoal

Limberg é o convidado do Programa Olhar Espacial desta sexta-feira (25), para contar tudo sobre essa fascinante descoberta. 

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Como assistir ao Programa Olhar Espacial

Apresentado por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia – APA; membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – BRAMON e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil, o programa é transmitido ao vivo, todas às sextas-feiras, às 21h (horário de Brasília), pelos canais oficiais do veículo no YouTubeFacebookInstagramX (antigo Twitter)LinkedIn e TikTok.

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Uma galáxia minúscula desafia nossa compreensão do Universo

Pesquisadores da Universidade de Michigan encontraram a menor e mais escura galáxia satélite de Andrômeda, a vizinha galáctica mais próxima da Via Láctea. Chamada Andrômeda XXXV, ela está localizada a três milhões de anos-luz de distância — desafiando a comunidade científica a repensar a evolução desse tipo de sistema.

Galáxias satélites ficam distantes de sua hospedeira central, mas ainda próximas o suficiente para serem capturadas em seu alcance gravitacional. A Via Láctea também hospeda dezenas desses sistemas.

“Essas são galáxias totalmente funcionais, mas têm cerca de um milionésimo do tamanho da Via Láctea”, disse o autor sênior do estudo publicado no Astrophysical Journal Letters, Eric Bell. “É como ter um ser humano perfeitamente funcional do tamanho de um grão de arroz.”

Por serem menores, são mais fracas e difíceis de detectar, o que só se tornou realidade nas últimas duas décadas. No caso de Andrômeda XXXV, a equipe liderada pelo pesquisador Marcos Arias fez uma inspeção no espaço usando o Telescópio Espacial Hubble.

Mapa mostra a galáxia de Andrômeda e seus satélites (Imagem: Reprodução)

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Perguntas e mais perguntas…

A descoberta remodela algumas noções de como as galáxias evoluem, como por quanto tempo elas conseguem formar estrelas

“A maioria dos satélites da Via Láctea tem populações de estrelas muito antigas. Eles pararam de formar estrelas há cerca de 10 bilhões de anos”, disse Arias. “O que estamos vendo é que satélites semelhantes em Andrômeda podem formar estrelas até alguns bilhões de anos atrás — cerca de 6 bilhões de anos.”

A formação de galáxias demanda um estoque de gás disponível para condensar em estrelas. Com base na nova observação, a pergunta que fica é: o suprimento de gás acaba por si só ou é sugado por um hospedeiro maior? 

No caso da Via Láctea, a hipótese mais aceita é a de que o o gás para a formação de estrelas se extinguiu por conta própria. Mas as galáxias menores ao redor de Andrômeda parecem ter sido “mortas” por sua galáxia-mãe.

“Está um pouco escuro, mas é se elas caíram ou foram empurradas. Essas galáxias parecem ter sido empurradas”, disse Bell. “Com isso, aprendemos algo qualitativamente novo sobre a formação de galáxias a partir delas.”

Sobrevivência da Andrômeda XXXV ainda é um mistério (Imagem: PavelSmilyk/iStock)

Voltando no tempo

O longo período de formação estelar de Andrômeda XXXV também nos leva de volta à época mais antiga do universo, o Big Bang, quando as condições eram quentes e densas, favorecendo a origem de estrelas e as primeiras galáxias.

Assim como os primeiros buracos negros, esses sistemas explodiram energia, “matando” galáxias muito pequenas (aquelas com menos massa do que cerca de 100.000 sóis). Todo esse calor teria acabado com o gás necessário para a formação de estrelas nesses sistemas. Mas Andrômeda XXXV sobreviveu.

“Essa coisa tem cerca de 20.000 massas solares e ainda assim estava formando estrelas muito bem por alguns bilhões de anos a mais”, disse Bell. “Não tenho uma resposta. Estamos apenas aprendendo que as consequências são mais complicadas do que pensávamos”.

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