O misterioso artefato conhecido como Mecanismo de Anticítera tem mais de 2 mil anos e confunde pesquisadores há décadas. Estudos anteriores lançaram a hipótese de que ele seria uma ferramenta de medição celestial. Porém, uma nova pesquisa sobre suas engrenagens com dentes em forma de triângulo revelou um possível propósito diferente para a máquina.
O mecanismo foi encontrado nos restos de um naufrágio em 1901, no Mar Egeu, próximo à ilha grega de Anticítera. Em 1971, pesquisadores utilizaram raios-x para revelar escritos gravados na ferramenta. Ao serem decifrados, eles sugeriram que o instrumento poderia servir para medições astronômicas, como o cálculo do tempo de translação dos planetas.
A parte que sobrou do artefato original é composta por uma manivela, várias engrenagens e indicadores. Hipóteses anteriores sugeriram que o mecanismo poderia realizar diversas tarefas, como indicar a data de acordo com os calendários egípcio e grego, mostrar as posições da Lua, do Sol e dos planetas no zodíaco e prever futuros eclipses.
No entanto, o grau de deterioração do mecanismo dificulta o trabalho dos pesquisadores, o que abre margem para novas suposições e estudos. “Os efeitos de 2.000 anos debaixo d’água provavelmente causaram corrosão que pode ter deformado as engrenagens, enquanto a resolução das tomografias computadorizadas pode não ser suficiente para detectar com precisão as pontas ou vales dos dentes”, escreveram os cientistas.
Artefato milenar serviu como brinquedo?
Na nova pesquisa, uma equipe de cientistas argentinos programou uma simulação de computador que replica o possível funcionamento do Mecanismo de Anticítera. A experiência também incorporou erros da fabricação do instrumento, principalmente o fato de que as engrenagens não tinham espaçamento exato entre elas.
A partir dos testes, o grupo constatou que o mecanismo não era tão útil como se pensava. Ele só poderia ser girado para calcular até cerca de quatro meses no futuro antes de travar ou suas engrenagens se desgastarem.
O usuário teria que reajustar a ferramenta para fazê-la funcionar novamente. Considerando que as marcas no instrumento indicam um ano inteiro, o problema de travamento parecia atrapalhar a função do mecanismo.
Com base nos resultados, a equipe deu a possibilidade de que ele fosse um brinquedo sofisticado. Assim, ele não teria sido pensado para ser preciso, mas viria com um manual de instruções que pediria ao usuário que reiniciasse após algumas voltas.
Porém, devido à complexidade artesanal do instrumento, o grupo classificou essa como uma ideia pouco possível. Principalmente, porque, se ele fosse pensado para ser um brinquedo e não para a precisão de cálculos astronômicos, não haveria motivo para um trabalho de montagem tão complexo.

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Medidas podem estar erradas
A outra hipótese é de que as medições atuais, feitas por tomografia no artefato, estejam incorretas. As imagens digitalizadas forneceram apenas um certo nível de precisão, que não seria o suficiente, segundo explicou a equipe.
Além disso, dois mil anos de corrosão podem ter deformado os componentes muito além de seu estado original. Isso indica que os criadores do Mecanismo de Anticítera podem ter projetado a ferramenta de forma precisa o suficiente para evitar travamentos e ainda fornecer previsões astronômicas confiáveis.
“Esta análise sugere que devemos ser cautelosos ao presumir que nossas medições dos fragmentos refletem perfeitamente seus valores originais. Em vez disso, destaca-se a necessidade de mais pesquisas e o possível desenvolvimento de técnicas mais refinadas para melhor compreender a verdadeira precisão e funcionalidade do Mecanismo de Anticítera”, concluíram os pesquisadores.
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