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Pioneiros da IA ganham Prêmio Turing de 2025

A Association for Computing Machinery anunciou, nesta quarta-feira (05), os ganhadores da edição de 2025 do Prêmio Turing: Andrew Barto e Richard Sutton, considerados pioneiros da inteligência artificial (IA). A dupla recebeu o prêmio pelo seu trabalho voltado ao aprendizado por reforço – conceito essencial para plataformas como o ChatGPT existirem atualmente.

A dupla vai dividir o prêmio de US$ 1 milhão (R$ 5,9 milhões). O Prêmio Turing, criado em 1966, é considerado o Nobel da computação. E a Association for Computing Machinery é a maior sociedade mundial de profissionais da área.

Dupla que ganhou Prêmio Turing de 2025 aplicou comportamento hedonista da inteligência humana à IA

Em 1977, Andrew Barto, então pesquisador na Universidade de Massachusetts, começou a explorar a teoria de que neurônios se comportavam como hedonistas. A ideia era: as bilhões de células nervosas no cérebro humano tentavam maximizar o prazer e minimizar a dor.

Pesquisadores que ganharam Prêmio Turing de 2025 aplicaram comportamento da inteligência humana à inteligência artificial (Imagem: Anggalih Prasetya/Shutterstock)

Um ano depois, o pesquisador Richard Sutton começou a trabalhar com Barton. Juntos, eles explicaram o comportamento hedonista da inteligência humana. E o aplicaram à inteligência artificial. O resultado: aprendizado por reforço – maneira dos sistemas de IA aprenderem a partir do equivalente digital a prazer e dor.

Psicólogos estudam há muito tempo como humanos e animais aprendem por meio de suas experiências. Na década de 1940, o cientista britânico Alan Turing sugeriu que as máquinas poderiam aprender de maneira semelhante.

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Celular com logotipo da DeepSeek na tela colocado na frente de monitor exibindo logotipo do ChatGPT
Plataformas como ChatGPT e DeepSeek existem graças ao trabalho dos pesquisadores que ganharam Prêmio Turing de 2025 (Imagem: Stock all/Shutterstock)

No entanto, foram Barto e o Sutton que começaram a explorar a matemática de como isso poderia funcionar, baseando-se numa teoria proposta pelo cientista da computação A. Harry Klopf, segundo o New York Times.

Ao longo da última década, o aprendizado por reforço desempenhou um papel crucial no desenvolvimento de plataformas como o ChatGPT, da OpenAI, e seu rival chinês DeepSeek. As técnicas que criaram esse tipo de ferramenta têm raízes no trabalho de Barto e Sutton. Por isso, eles são considerados pioneiros da IA. E, agora, premiados por isso.

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Dublagem mal feita com IA vira alvo de críticas na internet

Há aproximadamente um ano, um grupo de dubladores se uniu numa campanha pela regulamentação do uso da Inteligência Artificial na área. Disseram à época que não eram contra a tecnologia, mas defendiam o próprio trabalho. E um dos argumentos dizia respeito à qualidade do produto oferecido – e eles, aparentemente, tinham razão.

Pelo menos é isso que mostra a primeira experiência do tipo no mercado. Um filme que acaba de entrar no catálogo do Amazon Prime Video virou alvo de críticas nas redes sociais por causa de uma dublagem bem ruim. Mas bem ruim mesmo.

O filme em questão é “O silêncio de Marcos Tremmer”, uma produção uruguaia de língua espanhola. O longa, dirigido por Miguel García de la Calera, conta a história de um publicitário de sucesso que descobre um câncer terminal, o que transforma toda sua vida.

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Não há nada de errado com o enredo – nem com a atuação dos atores. Nem com a tradução em si. A dublagem, no entanto, veio com uma série de erros, com entonações duvidosas e sem emoção nenhuma.

Ok ou “ó-que-quê”?

  • O trecho do filme que viralizou é esse a seguir:

  • A Prime Video ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto.
  • Nem admitiu que o longa utiliza dublagem feita por IA.
  • Esse trecho do ó-que-quê, no entanto, aponta para o uso da ferramenta.
  • O robô não corrigiu o erro de digitação de um “k” a mais e soltou essa pérola – algo que não aconteceria com dubladores humanos.
  • Outro indício que aponta para o uso da tecnologia é a repetição dessa dublagem sem entonação em outras línguas.
  • Tirando o espanhol (a língua original), todas as outras versões, em português e em inglês, por exemplo, sofrem com os mesmos problemas.
  • A boa notícia para os assinantes do Prime Video é que ainda é possível assistir à história com seu áudio original – e com legendas.

O que teria acontecido?

Não dá para dizer com certeza, uma vez que a empresa não se manifestou oficialmente. Uma corrente que ganhou força na internet, porém, afirma que a culpa seria da distribuidora, a argentina Batata Films (que decidiu economizar no orçamento).

Independentemente disso, a Amazon Prime Video também tem uma parcela de responsabilidade, pois divulgou o produto desse jeito em seu catálogo. A demora em se manifestar também está irritando alguns assinantes.

A Prime Video ainda não se manifestou sobre o caso (e o filme continua no catálogo) – Imagem: Koshiro K/Shutterstock

Vale destacar que este texto não descarta totalmente o uso da Inteligência Artificial para esse fim. Até por que a tendência é que a ferramenta melhore bastante com o tempo. É preciso, no entanto, estar sempre atento à qualidade do serviço.

E, você, qual sua opinião sobre o assunto?

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IA produz conteúdo original? E os direitos autorais? Especialistas opinam

O Olhar Digital comemorou 20 anos no evento Spotlight, que explorou os efeitos da inteligência artificial no mercado. A palestra Criatividade e Tecnologia: O papel da IA no Futuro da atenção abordou o papel da tecnologia no mercado da atenção e informação, como na produção de conteúdo e no jornalismo. Por exemplo, a IA produz conteúdo original? E como lidar com os direitos autorais dessa produção?

Especialistas opinaram. Entre eles, Guilherme Ravache, empreendedor e colunista do Valor Econômico; Rafaela Lotto, sócia e head da empresa de influenciadores YOUPIX; Flávio Moreira, jornalista de estratégia e inovação no mercado de mídia e atual Coordenador de Parcerias e Estratégia do InfoMoney; e Pyr Marcondes, investidor, jornalista e sócio sênior do Pipeline Group.

Painel reuniu especialistas do setor de influência e jornalismo (Imagem: João Neto/Reprodução)

Big techs estão vivendo momento importante com IA

Guilherme Ravache, que mediou a conversa, começou o papo com uma analogia interessante: com a inteligência artificial, as big techs estão vivendo um momento semelhante ao da popularização da internet, quando o jornalismo impresso teve que se adaptar para o ambiente digital. Agora, é a vez das empresas de tecnologia se reinventarem. Nesse processo, elas terão que investir muito dinheiro – e possivelmente perderão muito dinheiro.

Mas estaria o mercado saturado dessa inovação?

Para Rafaela Lotto, que trabalha com influenciadores, a IA surgiu como um elemento a se prestar atenção, mas veio acompanhado de um certo alarmismo (como a possibilidade de substituição de trabalhadores humanos pelas máquinas). Ela tranquiliza:

Olhamos para o aspecto humano da influência. O influenciador coloca o contexto em um produto ou marca de uma forma que nenhuma outra mídia consegue. O mercado está saturado da influência? Não está saturado do conteúdo, mas sim do conteúdo igual.

Rafaela Lotto

Ela cita os resultados de uma pesquisa que conduziu no âmbito interno de YOUPIX. Um dos destaques foi que as pessoas se sentem menos incentivadas a consumir um conteúdo criado por IA. Ou seja, ao mesmo tempo que a tecnologia permite aumentar a criação e outros processos, não chega a ser uma ameaça aos humanos. Lotto a enxerga como uma forma de aumentar a produção.

Rafaela Lotto enxerga IA como aliada, mas que não substitui humanos (Imagem: João Neto/Reprodução)

IA x conteúdo de qualidade

O aumento da produção não significa qualidade. No jornalismo, isso é algo a se pensar.

Flávio Moreira destaca que, considerando que o Brasil é um país grande e que nem sempre as notícias chegam em todos os lugares, uma produção de menos qualidade feita com IA, mas que chegue em mais lugares, está cumprindo um papel que o jornalismo não conseguiu.

No entanto, há o lado contrário: “em locais onde o conteúdo é servido, a qualidade faz diferença”, afirma. Ele também lembra a importância de não ter apenas um “conteúdo commodity” para conquistar mercado.

Já para Pyr Marcondes, a questão não é necessariamente a qualidade. A IA está presente desde a produção até a edição, distribuição e comercialização. A questão é: o quanto os leitores conseguem perceber a diferença. Ele chama atenção para a importância de manter a qualidade mesmo usando inteligência artificial, com um processo de edição ou revisão refinado.

Ravache aproveitou para emendar uma questão em alta atualmente: devemos nos preocupar com a IA? Marcondes, que usa a tecnologia ativamente em seu dia a dia para produção de conteúdo, tem uma resposta ampla: depende. Para quem enxerga a IA como um bônus, ela pode ser boa, não um motivo de medo. Já quem não a vê assim, pode não sobreviver no mercado – e aí está o problema.

Depende quem tem medo e o quanto você está preparado. É inevitável, acho que temos todos que nos adaptar.

Pyr Marcondes

Flávio Moreira analisou IA no âmbito do jornalismo (Imagem: João Neto/Reprodução)

Inteligência artificial produz conteúdo original?

Ravache lembra que, com a inteligência artificial, o valor do produto muda. Estaria a IA produzindo conteúdo original? E isso é bom ou ruim?

Para Flávio Moreira, se os produtores treinarem a tecnologia para produzir conteúdo original a seu favor, chegará um momento que a máquina vai se retroalimentar e nada mais será original. Seria um paradoxo. Ele dá um exemplo: se o Google começar a oferecer um resultado pronto baseado em um site, mas sem necessidade do usuário clicar no link, o buscador estaria ‘matando’ o modelo de negócio do site. Porém, se o site ‘morrer’, o Google não terá mais conteúdo para exibir.

Nesse sentido, Rafaela Lotto destaca a importância de um conteúdo autêntico, que dialogue com o público. No caso dos influenciadores, não adianta produzir mais, se o público não se sentir conectado.

O algoritmo vai servir aquilo que a audiência gosta de receber… que muitas vezes é o que dialoga com o público pela autenticidade. A cópia pela cópia, ou pela IA, não é original. Por que um vídeo funciona mais do que outro? Não ter cara de publicidade funciona muito melhor. A capacidade do criador de conteúdo é criar comunidade, algo que a IA não faz.

Rafaela Lotto

Ela também destaca a criatividade do criador brasileiro, algo que a IA não consegue alcançar. A vantagem da tecnologia é permitir exponenciar a criatividade.

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Já Pyr Marcondes acredita em uma espécie de ‘terceira via’. Ela cita uma situação curiosa: ele usa chatbots rotineiramente para produzir textos personalizados. Certo dia, foi viajar e pediu dicas para a IA. Quando voltou de viagem, a ferramenta perguntou qual foi a parte favorita do passeio e ele respondeu que havia sido a miscigenação cultural. Então, a IA sugeriu que ele se aprofundasse no tema em um artigo para as redes sociais. Marcondes teve uma nova ideia: pediu que a própria ferramenta escrevesse esse artigo, o qual, no final, ele editou antes de publicar.

Ele destaca como os humanos têm criatividade e como a IA tem criatividade, de jeitos diferentes. Em ambos os casos, as produções são originais, ainda que de formas diferentes. No entanto, se trabalharmos em conjunto com a tecnologia (como ele fez), podemos criar um terceiro tipo de criatividade.

Pyr Marcondes acredita na união entre humanos e IA para produção de conteúdo original (Imagem: João Neto/Reprodução)

E onde ficam os direitos autorais?

Rafaela lembra como, no âmbito da publicidade e da produção de conteúdo para influenciadores, direitos autorais são pouco regulados. Isso porque é praticamente impossível definir o “dono de um conteúdo”. Flávio concorda: o jornalismo tem o mesmo problema. Até hoje, não definimos, dentro da profissão, quem é o “dono da notícia”.

Ambos acreditam que a IA pode ajudar a identificar quem foi o primeiro a produzir tal conteúdo ou o fez com mais detalhamento. Ainda assim, não temos uma definição de autoria exata.

Já Pyr defende que, com tanto conteúdo disponível, chega um momento em “perdemos a capacidade de identificar originalidade”. E quando identificarmos, o que faremos? Para ele, direito autoral é uma “discussão perdida”.

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Quer um amigo virtual? Aprenda a usar o Character AI para conversar com IA

O conceito de “amigos de inteligência artificial” refere-se à crescente tendência de interação digital com entidades de IA, seja por meio de chatbots, assistentes virtuais ou personagens de IA em plataformas como o Character AI. Essa área em desenvolvimento explora a possibilidade de criar conexões emocionais e relacionamentos com inteligências artificiais.

Já se imaginou batendo um papo com Albert Einstein sobre física quântica, pedindo conselhos amorosos para Machado de Assis ou discutindo a última temporada da sua série favorita com um personagem fictício? Bem-vindo ao Character AI, o lugar onde seus sonhos (e pesadelos) mais estranhos se tornam realidade.

Prepare-se para entrar em um universo paralelo onde a inteligência artificial ganha vida e assume a forma de personagens que você jamais imaginou. Com o Character AI, você pode criar seus próprios amigos virtuais, dar vida a figuras históricas ou simplesmente trollar celebridades com perguntas aleatórias.

(Imagem: ImageFlow / Shutterstock)

Mas é preciso cuidado. As conversas podem ser tão reais que você vai começar a questionar se seus amigos de carne e osso são tão interessantes quanto seus novos amigos de bits e bytes. 

Muitas plataformas de IA são projetadas para fornecer companheirismo, especialmente para pessoas que se sentem sozinhas ou isoladas. Algumas IAs são programadas para oferecer apoio emocional, ouvindo e respondendo às preocupações dos usuários.

Leia mais:

As IAs podem aprender com as interações dos usuários, adaptando suas respostas e comportamentos para se adequarem às preferências individuais. Isso pode criar uma sensação de relacionamento personalizado e único.

Além do companheirismo, os amigos de IA podem ser usados para diversos fins, como:

  • Prática de habilidades sociais.
  • Aprendizado de idiomas.
  • Entretenimento e role-playing (RPG).
Imagem ilustrativa de um robô amigável para interação com Character AI
(Imagem: Roman3dArt / Shutterstock)

A criação de relacionamentos com IAs levanta questões éticas importantes, como:

  • O impacto na saúde mental e nas habilidades sociais dos usuários.
  • A possibilidade de dependência emocional.
  • A necessidade de transparência sobre a natureza da IA.

A cada dia que passa a inteligência artificial evolui, trazendo novas possibilidades de interação, e até mesmo de criação de novos modelos de amizades.

 O que é o Character AI?

Character AI
(Imagem: Ascannio / Shutterctock)

Character AI é uma plataforma online, fundada por Noam Shazeer e Daniel de Freitas, ex-engenheiros do Google, que permite aos usuários criar e interagir com personagens de inteligência artificial (IA). Esses personagens podem ser baseados em figuras históricas, celebridades, personagens de ficção ou até mesmo em criações originais dos próprios usuários.

Os usuários podem definir a personalidade, os traços de caráter e o histórico de seus personagens de IA. Podem conversar com os personagens de IA em texto ou voz, como se estivessem interagindo com uma pessoa real.

A plataforma pode ser usada para entretenimento, aprendizado, role-playing e criação de histórias, por exemplo. Saiba usufruir da melhor forma para sua diversão ou aprendizado.

Recursos:

  • Chat: permite conversas por texto com os personagens de IA.
  • Chamadas: os usuários podem realizar chamadas telefônicas com os personagens de IA.
  • Personalização: os usuários podem personalizar a aparência e a voz de seus personagens.

Como usar o Character AI?

Se você está curioso para explorar essa tecnologia e ter seu próprio amigo virtual, siga este guia passo a passo:

Tempo necessário: 4 minutos

  1. Acesse a plataforma Character AI

    Vá para o site do Character AI ou baixe o aplicativo para Android ou iOS.Como usar Character Ai - Passo 1

  2. Crie sua conta

    Cadastre-se usando sua conta do Google, Facebook ou endereço de e-mail.Como usar Character Ai - Passo 2

  3. Explore os personagens

    Navegue pela biblioteca de personagens IA, que inclui figuras históricas, celebridades, personagens da ficção e criações de outros usuários.Como usar Character Ai - Passo 3

  4. Inicie uma conversa

    Selecione um personagem para começar a interagir por mensagem de texto.Como usar Character Ai - Passo 4

  5. Se preferir, selecione a opção de áudio

    Você pode conversar por voz com o personagem escolhido. Basta apertar o símbolo de telefone e depois selecionar “Sim” para ativar a chamada de voz. Dê autorização para o aplicativo acessar seu microfone e interaja com a IA. Quando quiser terminar, é só desligar a ligação, como uma chamada convencional. Como usar Character Ai - Passo 5

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Dragon Copilot: Microsoft revela assistente de IA de voz para médicos

A Microsoft revelou nesta segunda-feira (03) um novo assistente de IA de voz para médicos, o Dragon Copilot. A tecnologia une ferramentas anteriores em um único lugar, e pode ajudar o setor de saúde a agilizar processos demorados, como redação de encaminhamentos e resumos de consultas.

A IA tem previsão de lançamento já para os próximos meses.

Empresa adquiriu empresa responsável pelos modelos em 2021 (Imagem: LCV/Shutterstock)

Dragon Copilot será focado em atividades médicas

A tecnologia foi batizada de Dragon Copilot e é uma união do Dragon Medical One, que conta com recursos de ditado por voz, e do DAX Copilot, capaz de escuta ativa em ambientes para ajudar a produzir relatórios de consultas.

Segundo a Microsoft, o assistente de IA pode ajudar médicos a obter informações de saúde mais rapidamente, e redigir notas, encaminhamentos e resumos de uma consulta de forma automática.

De acordo com a CNBC, um estudo de outubro do Google Cloud mostrou que médicos gastam cerca de 28 horas por semana apenas em tarefas administrativas, como documentação. O objetivo da IA é reduzir esse número.

Por meio dessa tecnologia, os médicos poderão se concentrar no paciente em vez do computador, e isso levará a melhores resultados e, em última análise, a melhores cuidados de saúde para todos.

Dr. David Rhew, diretor médico global da Microsoft, em um briefing com a imprensa

Leia mais:

Microsoft já tinha IA para assistência médica

Como falamos, a big tech já contava com o Dragon Medical One e o DAX Copilot, ferramentas da empresa Nunance Communications voltadas para assistência médica. A Microsoft comprou a operação por cerca de US$ 16 bilhões em 2021.

O investimento mostra a tentativa das companhias de ajudar profissionais da saúde a diminuir a carga de trabalhando usando IA. O DAX Copilot, por exemplo, recebeu mais de 3 milhões de usuários de 600 organizações em fevereiro.

Imagem gerada por IA demonstrando interação entre aprendizado de máquina e medicina.
Investimentos em IA de saúde mostram guinada da tecnologia nesse setor (Imagem: LALAKA/Shutterstock)

Como usar o Dragon Copilot

  • O assistente de IA está disponível por meio de aplicativo móvel, navegador e desktop. Segundo a Microsoft, ele oferece integração com registros eletrônicos de saúde;
  • Com ele, será possível fazer perguntas em voz alta e receber respostas específicas, como “O paciente estava sentido dor de ouvido?”. Como a IA escutou tudo, pode responder. Também é possível fazer perguntas mais amplas, como possíveis sugestões de tratamento;
  • A Microsoft não revelou quanto custa para operar o Dragon Copilot, mas disse que os preços são “competitivos”;
  • O modelo estará disponível nos Estados Unidos e no Canadá a partir de maio. Nos meses seguintes, chegará à Holanda, França, Alemanha e Reino Unido.

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Devemos ter o direito de nos casar com uma IA? Brasileiros divergem

Em uma palestra para o evento Spotlight, que celebrou os 20 anos do Olhar Digital, a pesquisadora Carla Mayumi Albertuni compartilhou com o público as suas descobertas sobre como os brasileiros têm reagido à influência dos softwares de Inteligência Artificial. Dentre muitos temas, a pesquisa explora até o interesse das pessoas em se casar com uma IA e questiona se deveríamos ou não ter esse direito. Vamos nos aprofundar nesse assunto curioso (e um tanto peculiar) nos próximos parágrafos.

Mayumi justifica a importância da pesquisa não somente devido ao crescimento e difusão acelerados das IAs, mas também pela humanização cada vez maior de avatares e assistentes virtuais — os quais resguardam, como um dos principais papéis, o de nos fazer pensar que falamos com um humano e não com uma máquina.

Essas e outras discussões podem ser acessadas na pesquisa realizada pela Talk Inc., que você confere na íntegra clicando aqui.

Para quem tem pressa:

  • A pesquisadora Carla Mayumi Albertuni, sócia da Talks Inc., realizou uma pesquisa na sociedade brasileira que visa entender o quão profunda é a influência das IA nos cidadãos;
  • Após entrevistar mais de mil brasileiros, a pesquisa coletou dados que informam que 1 em cada 10 pessoas usa a IA como um fiel conselheiro;
  • E também levantou debates importantes, como o questionamento se devemos ou não ter o direito de casarmos com uma IA: uma pergunta baseada no aumento de laços emocionais que os humanos desenvolvem com inteligências artificiais.

Como exemplo para contextualizar o tema, a pesquisadora traz como background o filme HER (2013), que narra a história de um escritor solitário que se apaixona pela voz de um sistema operacional em seu computador. Embora parecesse um tema muito futurístico para a época em que foi lançado, hoje parece estar muito mais próximo da realidade.

E cada vez mais a gente vai ter a sensação de que a gente está falando com um humano, com uma pessoa. Porque os avatares vão ficar cada vez mais reais. As vozes vão ficar cada vez mais parecidas. O jeito de falar, a linguagem, a nossa língua vai ser falada por esses seres artificiais.

— Carla Mayumi Albertuni, pesquisadora e curadora de conteúdo

Um depoimento que demonstra essa realidade foi o de um brasileiro chamado Cristian: ele contou a Mayumi, em um programa sediado pela Globo, que utilizou o ChatGPT como principal consultor de informações após descobrir que seu filho nasceria com Autismo.

Para além de buscar informações sobre o TEA (Transtorno do Espectro Autista), ele também aproveitou a conversa imersiva com o chatbot para desabafar e descreveu a IA como sua “grande conselheira e amiga”.

Carla Mayumi Albertuni em palestra para o evento Spotlight que comemorou os 20 anos do Olhar Digital (Reprodução: João Neto)

Segundo o relato compartilhado na palestra realizada no Spotlight, “ele conversava com a IA, chorava, ele ajudava a mulher e aconselhava a mulher a partir do que ele estava aprendendo [com o ChatGPT]“.

Cristian não está sozinho: a pesquisadora revela em sua pesquisa que 1 em cada 10 brasileiros utiliza os softwares de inteligência artificial como fiel conselheiro. Há pouco tempo, inclusive, publicamos um conteúdo similar, informando como jovens chineses têm usado o DeepSeek para fazer terapia.

Deveríamos ter o direito de casar com uma IA? Público entrevistado responde

Na palestra “IA do jeito brasileiro: transformando o presente“, a pesquisadora Carla Mayumi Albertuni perguntou à audiência do Spolitght: deveríamos ter o direito de nos casar com uma IA?

Votação de cidadãos brasileiros para a seguinte pergunta: deveríamos ter o direito de casar com uma IA?
Votação de cidadãos brasileiros para a seguinte pergunta: deveríamos ter o direito de casar com uma IA? (Divulgação: Talk Inc.)

A pesquisa que engloba esta pergunta foi realizada com mais de mil brasileiros pela empresa Talk Inc., a qual Mayumi é sócia, e analisou de forma quantitativa e qualitativa o jeito como os cidadãos lidam com os diferentes softwares de IA. Em resposta, mais de 50% dos entrevistados respondeu que não devemos ter o direito de casar com uma IA.

Apesar disso, em torno de 31% não demonstrou uma oposição clara quanto ao surgimento de regulamentações que garantissem esse direito de casamento com um software. Ou seja, estariam abertos a analisar e discutir a possibilidade de um brasileiro se casar com uma IA.

Em sua pesquisa, Mayumi destaca como a inteligência artificial já está incrivelmente presente na sociedade brasileira.

Relato de um homem que informa tratar a inteligência artificial como se “estivesse falando com uma pessoa”
Relato de um homem que informa tratar a inteligência artificial como se “estivesse falando com uma pessoa” (Divulgação: Talk Inc.)

O objetivo das conversas tange desde assuntos cotidianos, como discutir sobre o dia a dia, até a troca de confidências e o compartilhamento de conselhos para lidar com problemas no trabalho e vida pessoal.

Apesar da familiaridade crescente dos brasileiros com a IA, e o aumento de laços emocionais desenvolvidos entre humanos e chatbots, surge uma dúvida: até que ponto essa afeição (ou relacionamento) é autêntica?

Esse questionamento fica ainda mais profundo quando refletimos que a IA vai se adaptar à forma como nos comunicamos; isto é, além de se relacionar com uma máquina — que não está viva e, portanto, não é real —, como esperar autenticidade dela se os algoritmos a moldaram da forma como o usuário queria? Ou como ter um relacionamento com um ser que não tem opinião própria?

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Até onde devem ir os ‘laços’ com uma IA?

Mayumi ainda destaca a necessidade de questionar-se sobre até onde devem ir os ‘laços’ que foram desenvolvidos com uma IA. Isso abrange desde a necessidade do ser humano em se conectar aos chatbots até uma possível crise de identidade quando os usuários tentam fazer da IA uma segunda versão de si, mas melhorada.

Atribuições que vários usuários dão às suas IAs favoritas
Atribuições que vários usuários dão às suas IAs favoritas (Divulgação: Talk Inc.)

Esse questionamento também reflete se as informações cedidas pela inteligência artificial são mesmo precisas e baseadas na verdade.

Uma adolescente de 18 anos, moradora de Recife e uma das entrevistadas para a pesquisa, contou que pediu ao ChatGPT uma dieta para implementar uma rotina de déficit calórico.

O resultado foi um desmaio inesperado e um acompanhamento médico devido a um quadro de desnutrição, pois, dentre inúmeros problemas, a dieta fornecida pelo chatbot não fornecia a quantidade correta de gorduras e nutrientes que a adolescente precisava para atingir seu objetivo com saúde.

Essa quebra de expectativa aumenta o debate de que as IAs podem ser melhor utilizadas quando o usuário tem algum letramento sobre o assunto discutido com o chatbot; do contrário, há um risco considerável de cair em desinformação, o que pode ocasionar quadros preocupantes de saúde, por exemplo.

Então, surgem novas dúvidas: se numa conversa simples com a IA já é possível notar erros nas informações compartilhadas, o quão confiável seria para você desenvolver qualquer tipo de laço com ela?

Seja como for, Mayumi destaca que as pessoas aprendem a utilizar os softwares de inteligência artificial por conta própria. Ou seja, não são coordenados por profissionais treinados ou escolas especializadas.

Estatísticas que mostram os benefícios trazidos pela IA, segundo os entrevistados da pesquisa
Estatísticas que mostram os benefícios trazidos pela IA, segundo os entrevistados da pesquisa (Divulgação: Talk Inc.)

Nisso, a criatividade desses usuários torna-se o verdadeiro guia na hora de pensar em como utilizar a IA, seja para roteiro de viagens, resumo de filmes, transcrição de vídeos e até para desabafar sobre problemas pessoais — o que, posteriormente, abre espaço para o desenvolvimento de um laço pessoal com o chatbot.

À medida que concluímos esta jornada pelo mundo da IA, fica claro que estamos à beira de uma transformação profunda e irrevogável. A tecnologia, que antes parecia algo distante e controlável, agora é uma extensão de nossa existência, influenciando desde o cotidiano até as mais profundas questões sobre o que significa ser humano.

— Conclusão extraída da pesquisa realizada por Carla Mayumi Albertuni e Talk Inc

Quem é Carla Mayumi Albertuni?

Carla Mayumi Albertuni é pesquisadora, curadora de conteúdo e escritora com paixão por entender e explorar a intersecção entre ciências sociais e tecnologia. Você pode encontrá-la no Instagram e LinkedIn.

Sobre o Spotlight

Como a inteligência artificial vai mudar o futuro do mercado? O evento Spotlight, que celebrou os 20 anos do Olhar Digital, trouxe 30 especialistas renomados do setor para responder essa pergunta em diferentes frentes. As palestras e painéis abordaram desde as melhores práticas na geração de conteúdo até técnicas para monetizar seu trabalho.

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