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Megadilúvio: maior inundação da história da Terra mudou a geografia global

A formação do Mar Mediterrâneo sempre foi motivo de discussões na comunidade científica. Isso porque há diversas evidências de que o local era um deserto no passado. Foi apenas há cerca de 5 milhões de anos que a água tomou conta da região.

Mas como isso aconteceu? Análises apontam que a água do Oceano Atlântico encontrou um caminho através do atual Estreito de Gibraltar, no que é considerada a maior inundação da história do nosso planeta. Mas um novo trabalho agora afirma que não ocorreu apenas um megadilúvio.

Duas enormes inundações aconteceram na mesma região

  • Os pesquisadores descreveram a teoria após identificarem um desfiladeiro subaquático escavado ao longo do Estreito de Gibraltar.
  • Ele teria sido “esculpido” por uma inundação sem precedentes.
  • No entanto, uma segunda ocorrência do tipo teria acontecido através de uma lacuna entre a atual Sicília e a África continental.
  • Ela, por sua vez, ajudou a reabastecer a metade oriental do Mar Mediterrâneo.
  • As informações foram descritas em artigo publicado no The Conversation por Daniel García-Castellanos, do Instituto de Geociências de Barcelona, e Paul Carling, da Universidade de Southampton.

Para comprovar nosso trabalho, desenvolvemos uma simulação computacional (ou “modelo”) de como as águas da enchente poderiam ter atravessado uma parte do Estreito da Sicília. Ela mostrou que o fluxo da enchente de fato imitaria a direção das colinas aerodinâmicas.

De fato, o modelo mostrou que as colinas teriam sido esculpidas por água com 40 metros ou mais de profundidade, viajando a 115 quilômetros por hora. Na única área que modelamos, 13 milhões de metros cúbicos de água por segundo teriam inundado a bacia do Mediterrâneo oriental (para referência: a Amazônia hoje tem cerca de 200.000 metros cúbicos por segundo). Notavelmente, isso ainda representa apenas uma fração da água que fluiu primeiro por Gibraltar e depois para a bacia do Mediterrâneo oriental, perto da Sicília.

Daniel García-Castellanos, do Instituto de Geociências de Barcelona, e Paul Carling, da Universidade de Southampton, ao The Conversation.

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Colunas de água viajaram a velocidades impressionantes

A teoria foi criada após um dos pesquisadores envolvidos no trabalho perceber que as colinas baixas perto da costa são uma extensão da Sicília. Dessa forma, a inundação pode ter progredido de oeste para leste.

Os cientistas então descobriram que as formas alinhadas e separadas por depressões profundamente erodidas são muito semelhantes ao que é registrado estado de Washington, nos Estados Unidos. Lá, isso também foi fruto de uma enorme enxurrada de água, mas no final da última Idade do Gelo.

Segredo sobre a formação do Mediterrâneo pode ter sido revelado (Imagem: PeterHermesFurian/iStock)

O próximo passo foi buscar detritos rochosos erodidos da base das depressões, o que deu ainda mais força para a hipótese. Com todos estes dados, a equipe criou uma simulação de como as águas podem ter cruzado a Sicília.

A conclusão foi que as ondas chegaram a 40 metros de altura, viajando a impressionantes 115 quilômetros por hora. Foram 13 milhões de metros cúbicos de água por segundo inundando a bacia do Mediterrâneo oriental, muito menos do que o dilúvio original que deu origem ao Mar ocidental, mas ainda assim um evento e tanto.

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Neutrino descoberto no Mar Mediterrâneo pode revelar segredo do Universo

O neutrino mais energético já registrado foi detectado no Mar Mediterrâneo. Chamado de KM3-230213A, ele tem nível de energia mil vezes maior que fragmentos gerados pelo maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês).

Segundo o estudo, o fenômeno carregava energia de 220 peta-elétron-volts (PeV), maior que qualquer episódio já catalogado. O evento foi registrado em fevereiro de 2023 e divulgado em fevereiro em artigo publicado na revista Nature.

A origem do neutrino ainda é desconhecida, mas pesquisadores já especulam hipóteses. Possivelmente, a partícula foi disparada por algum evento astronômico extremo, como blazares ou interações de raios cósmicos com o fundo cósmico de micro-ondas.

Descoberta pode ajudar a desvendar os mistérios dos blazares (Imagem: M. Kornmesser/ESO)

O que são estes fenômenos extremos?

  • Um Blazar é um tipo de galáxia ativa que hospeda um buraco negro supermassivo em seu centro;
  • O que torna os Blazares tão especiais é a maneira como eles emitem radiação eletromagnética, incluindo luz visível, raios-X e raios gama;
  • Já as interações de raios cósmicos com o fundo cósmico de micro-ondas (CMB, na sigla em inglês) ocorrem quando partículas extremamente energéticas, como prótons, colidem com fótons remanescentes do Big Bang;
  • Essas colisões podem gerar novas partículas, como píons, que decaem e produzem neutrinos de alta energia;
  • Esse processo ocorre em escalas cosmológicas e é um dos mecanismos que podem explicar a origem de neutrinos ultra-energéticos detectados na Terra.

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Como o telescópio detectou o neutrino

O Cubic Kilometre Neutrino Telescope (KM3NeT) é um telescópio submarino instalado no fundo do Mar Mediterrâneo, projetado para detectar neutrinos de alta e baixa energia. Seus sensores estão distribuídos a até 3,5 mil metros de profundidade, onde a escuridão e a densidade da água ajudam a minimizar interferências.

Módulo óptico digital do sistema de detecção do KM3NeT, fotografado por submarino a 3050 m de profundidade
Telescópio KM3NeT a 3.050 m de profundidade (imagem: Reprodução/KM3NeT)

A detecção do neutrino KM3-230213A foi realizada pelo ARCA, um dos dois sistemas do KM3NeT, especializado em partículas de altíssima energia. O telescópio identifica neutrinos ao observar os clarões de luz azul produzidos quando essas partículas atravessam a água do mar e interagem com outras partículas, gerando radiação Cherenkov.

Esse brilho é captado por módulos ópticos digitais (DOMs, na sigla em inglês), equipados com fotomultiplicadores que registram o evento e permitem reconstruir a trajetória e a energia do neutrino.

Os pesquisadores ainda não chegaram a uma conclusão se o neutrino veio de um blazar ou das interações de raios cósmicos com o fundo cósmico de micro-ondas (CMB, na sigla em inglês). Saber de onde veio a partícula pode ajudar a entender melhor esses fenômenos.

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