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Um dos maiores enigmas da física pode ter sido desvendado após 125 anos

Uma equipe de matemáticos afirma ter solucionado um dos enigmas mais antigos da ciência: o chamado sexto problema de Hilbert. Lançado em 1900 pelo alemão David Hilbert, o desafio propunha unificar, em uma mesma estrutura matemática, as leis que explicam tanto o comportamento de partículas microscópicas quanto o movimento de fluidos em grande escala, como rios e oceanos.

Em poucas palavras:

  • Matemáticos afirmam ter resolvido o sexto problema de Hilbert, proposto em 1900;
  • O desafio era unificar leis da física em diferentes escalas;
  • A equipe mostrou que equações dos fluidos surgem do movimento de partículas;
  • O estudo também resolve o paradoxo do tempo nas leis físicas;
  • A descoberta pode impactar áreas como meteorologia e engenharia.

O estudo foi hospedado em março no repositório online arXiv, que reúne pesquisas que ainda aguardam revisão por pares para publicação. Os autores são Zaher Hani e Ma Xiao, da Universidade de Michigan, e Deng Yu, da Universidade de Chicago. Apesar de ainda não ter sido oficialmente validado, o trabalho vem chamando a atenção da comunidade científica por enfrentar um dos problemas mais complexos da matemática moderna.

David Hilbert (1862–1943), físico alemão. Créditos: Universität Göttingen. Fundo: Triff – Shutterstock. Edição: Olhar Digital

Matemáticos decifram enigma centenário da física dos fluidos

A dificuldade central do sexto problema está em integrar três níveis distintos de descrição física. No nível microscópico, partículas seguem as leis de Newton. No nível intermediário, o comportamento coletivo dessas partículas é descrito pela estatística de Boltzmann. Já no nível macroscópico, entram em cena equações como a de Navier-Stokes, que modelam o movimento dos fluidos – e cuja solução completa ainda desafia os especialistas.

Segundo os autores, foi possível demonstrar matematicamente que as equações dos fluidos emergem, de forma natural, do comportamento de partículas microscópicas em colisão. Para isso, a equipe utilizou transformadas de Fourier, ferramenta que analisa oscilações e padrões, além de reorganizar cálculos com diagramas desenvolvidos pelo físico Richard Feynman. A chave da proposta foi reduzir a complexidade desses diagramas e traçar uma linha direta entre os diferentes níveis.

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Um ponto importante abordado no estudo é o chamado paradoxo do tempo. As leis de Newton são reversíveis – funcionam igualmente bem se o tempo for invertido. Já as equações de Boltzmann introduzem uma direção no tempo, estabelecendo uma distinção entre passado e futuro. Os matemáticos mostraram quando e como essa diferença aparece, resolvendo a contradição teórica.

China comemora conquista 

Na China, país de origem de Deng e Ma, o feito foi amplamente comemorado nas redes sociais. Usuários da plataforma Zhihu chegaram a chamar o avanço de parte de um “ano milagroso” para a matemática chinesa. Ma destaca que o cerne do sexto problema é verificar se as leis da física podem ser derivadas de axiomas matemáticos. Segundo ele, a nova pesquisa indica que sim.

Outros especialistas também reconheceram a importância do trabalho. “É um resultado impressionante. Eu pensava que isso era inalcançável”, declarou ao site New Scientist Benjamin Texier, da Universidade de Lyon, que não participou do estudo. Ainda assim, os próprios autores evitam declarações definitivas. Para Hani, a solução não encerra o problema, mas aponta novos caminhos.

Se confirmada, a descoberta pode impactar áreas como meteorologia, oceanografia, engenharia hidráulica e construção civil. Além de resolver um desafio histórico, ela reforça a ponte entre teoria matemática e fenômenos do mundo real.

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Pesquisadores ampliam método de Newton, criado há mais de 300 anos

Pesquisadores expandiram o clássico método de Newton, desenvolvido pelo cientista Isaac Newton há mais de 300 anos, para tornar a técnica mais poderosa e eficiente na resolução de funções complexas.

Originalmente, o método de Newton utilizava a primeira e segunda derivada para aproximar soluções de funções difíceis, mas tinha limitações ao lidar com funções de múltiplas variáveis.

Uma equipe liderada por Amir Ali Ahmadi, da Universidade de Princeton, desenvolveu um novo algoritmo que resolve esses desafios, permitindo trabalhar com múltiplas variáveis e derivadas sem perder eficiência. O estudo sobre o algoritmo foi publicado no servidor arXiv.

Princípios do novo método

  • A inovação se baseia na modificação da expansão de Taylor, garantindo que as equações resultantes sejam “convexas” e possam ser expressas como uma soma de quadrados.
  • Isso facilita a minimização da função, um passo crucial para encontrar o valor mínimo desejado.
  • Com essa modificação, o novo algoritmo mantém a capacidade de convergir para o mínimo verdadeiro de uma função de maneira mais rápida, requerendo menos iterações do que as técnicas anteriores.
Método criado por Isaac Newton há séculos ainda possuía limitações – Imagem: Janusz Pienkowski/Shuttertock

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Embora cada iteração do novo algoritmo seja mais cara computacionalmente, ele promete ser significativamente mais rápido à medida que a tecnologia de computação evolui.

Essa abordagem oferece um grande potencial para aplicações em otimização e aprendizado de máquina, podendo, no futuro, substituir o método de Newton em diversas áreas.

Ahmadi e sua equipe esperam que, em 10 a 20 anos, a implementação do algoritmo seja mais viável e prática, trazendo avanços significativos para várias disciplinas.

Várias equações matemáticas
Expansão do método de Newton tem potencial para transformar áreas como aprendizado de máquina e otimização (Imagem: vectorfusionart/Shutterstock)

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Fluxo de pedestres em grandes cidades pode ser melhorado com… matemática

Em ruas ou calçadas, praças ou saguões de aeroportos, as pessoas podem transitar organizadamente ou formar pequeno caos. Pesquisadores do MIT, liderados por Karol Bacik, estudaram esse fluxo de pedestres e desenvolveram abordagem matemática para prever quando esse fluxo se torna desordenado.

Eles identificaram um parâmetro, chamado “dispersão angular“, que mede a variação nas direções dos pedestres. O estudo foi publicado no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences.

Quando essa dispersão ultrapassa 13 graus, o fluxo tende a se tornar desorganizado, dificultando a movimentação eficiente e aumentando o risco de colisões.

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Cientistas puderam identificar o momento em que o fluxo de pedestres se torna desorganizado (Imagem: Karol Bacik/MIT)

Detalhes do estudo sobre o fluxo de pedestres

  • O estudo foi baseado em equações de fluxo de fluidos, geralmente usadas para descrever o movimento de moléculas, e foi aplicado ao comportamento dos pedestres;
  • A equipe realizou experimentos controlados, em que pedestres foram instruídos a caminhar em faixa simulada sem colidir com os outros e os movimentos foram monitorados com câmera aérea;
  • Quando os participantes caminhavam em linha reta, o fluxo se manteve organizado e eficiente, mas, à medida que as pessoas desviavam em ângulos maiores, o tráfego se tornava mais desordenado.

Essas descobertas podem ser úteis no design de espaços públicos, ajudando a criar ambientes mais seguros e eficientes. O estudo sugere que, para promover o fluxo ordenado, é importante que as pessoas andem em direções opostas e com pouca variação em seus caminhos.

Com essa nova teoria, os pesquisadores esperam aplicar suas previsões em situações do mundo real, como praças e aeroportos, para melhorar a mobilidade em locais movimentados.

Além disso, a pesquisa destaca a importância de entender como os pedestres interagem em diferentes contextos e oferece insights valiosos para os profissionais que projetam espaços urbanos, visando otimizar o fluxo de pessoas e evitar congestionamentos e desordem.

Pessoas atravessando a rua na faixa de pedestres
Descoberta do MIT pode ajudar no design de espaços públicos mais eficientes e seguros (Imagem: Conrad Alexander/Unsplash)

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Hoje é o dia do Pi! Entenda a ‘magia’ desse famoso número

Nesta sexta-feira (14) é celebrado o Dia do π (Pi), a mais famosa das constantes matemáticas – isso porque, no formato de datas dos EUA, o dia 14 de março (3/14) faz referência ao valor aproximado 3,14. Essa data é marcada por eventos educativos e atividades lúdicas que ressaltam a relevância do número na ciência e na tecnologia.

O que é o π:

  • O Pi representa a razão entre a circunferência de um círculo e seu diâmetro;
  • Ele é um número irracional, o que significa que seus dígitos decimais nunca terminam nem seguem um padrão repetitivo;
  • É um conceito essencial para diversas áreas do conhecimento, como física, engenharia e computação.
O π (Pi) é essencial para diversas áreas do conhecimento, como física, engenharia e computação: Crédito: Gaydukevich Natalya – Shutterstock

Como o Dia do Pi é comemorado?

De acordo com o site piday.org, a celebração mistura educação e entretenimento. Em algumas escolas e universidades, alunos participam de desafios matemáticos ou competições para memorizar o maior número de dígitos do Pi. Recordes impressionantes já foram alcançados, ultrapassando 70 mil casas decimais.

Outra tradição popular envolve comida: muitas pessoas preparam tortas e pizzas, fazendo um jogo de palavras com “Pi” e “pie” (torta em inglês). Também há corridas de 3,14 milhas e produções artísticas inspiradas na infinidade de dígitos da constante matemática.

No Dia do Pi, muitas pessoas preparam tortas, fazendo um trocadilho entre “Pi” (número) e “pie” (torta em inglês). Crédito: Oksana Mizina – Shutterstock

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A história do Pi

A busca por um valor preciso de Pi tem mais de quatro milênios. Babilônios e egípcios já estimavam essa razão, com aproximações de 3,125 e 3,16, respectivamente. O matemático grego Arquimedes, no século III a.C., refinou esses cálculos ao utilizar polígonos inscritos e circunscritos a um círculo.

O símbolo π foi adotado no século XVII e popularizado por Leonhard Euler no século XVIII. A escolha da letra grega está ligada à palavra “perímetro”, um conceito essencial na geometria de circunferências.

Avanços significativos para a matemática foram alcançados graças ao Pi. Em 1767, Johann Lambert provou que esse número é irracional. Mais tarde, em 1882, Ferdinand von Lindemann demonstrou que ele também é transcendental, o que significa que não pode ser obtido como solução de uma equação algébrica com coeficientes racionais.

Hoje, com a ajuda de supercomputadores, Pi já foi calculado com mais de 31 trilhões de dígitos – embora apenas as primeiras dezenas de casas decimais sejam suficientes para a maioria das aplicações práticas.

Como calcular esta constante?

Há diversas formas de calcular Pi, desde métodos geométricos até processos computacionais avançados. O método de Monte Carlo, por exemplo, utiliza a geração de pontos aleatórios dentro de um quadrado que contém um círculo. A proporção de pontos que caem dentro do círculo permite estimar o valor de Pi.

Outro método clássico é a série infinita de Leibniz, que emprega uma soma alternada de frações para se aproximar do valor da constante. Quanto mais termos são somados, mais precisa se torna a estimativa.

Paquímetro (um instrumento utilizado para medir a distâncias e espessuras) com 3,14 no display – o número Pi tem aplicações em diversos campos da ciência e tecnologia. Crédito: F.Maliki – Shutterstock

E para que serve?

O Pi está presente em vários campos da ciência e tecnologia:

  • Geometria: é essencial para o cálculo de áreas e volumes de figuras circulares;
  • Física: em equações sobre ondas, eletricidade e mecânica quântica;
  • Engenharia: é usado no projeto de estruturas circulares, como pontes e turbinas;
  • Estatística: aparece em distribuições probabilísticas;
  • Computação: é empregado em algoritmos gráficos, simulações e modelagens matemáticas.

Seja nos livros de matemática ou na vida cotidiana, o Pi continua sendo um dos números mais fascinantes e indispensáveis do mundo científico.

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