TDAH-1

O que é o Transtorno do Devaneio Excessivo e como ele impacta a saúde?

Você já se pegou perdido em pensamentos, criando mundos imaginários ou diálogos inteiros em sua mente enquanto o mundo real parecia passar despercebido? Embora sonhar acordado seja algo comum e, muitas vezes, saudável, há situações em que isso ultrapassa os limites do controle e passa a comprometer a vida cotidiana.

Esse fenômeno é conhecido como transtorno do devaneio excessivo, uma condição ainda pouco reconhecida oficialmente pela medicina, mas que tem chamado a atenção de especialistas e pacientes ao redor do mundo.

Entenda o que é o transtorno do devaneio excessivo, como ele se manifesta, seus possíveis gatilhos, impactos na saúde mental e física, e os caminhos possíveis para diagnóstico e tratamento. Também discutiremos como a ciência está olhando para esse fenômeno e quais são os principais relatos de quem vive com essa condição. Entender o transtorno é o primeiro passo para desmistificá-lo e promover mais saúde e qualidade de vida.

O que é o Transtorno do Devaneio Excessivo?

O transtorno do devaneio excessivo, também chamado de Maladaptive Daydreaming (MD) em inglês, é caracterizado por fantasias intensas, prolongadas e recorrentes que substituem significativamente a interação com o mundo real.

Essas fantasias geralmente são muito vívidas, envolvem personagens fictícios, cenários elaborados e até trilhas sonoras internas, funcionando como uma espécie de fuga da realidade.

Imagem: Nazarova Mariia / Shutterstock

Diferentemente do devaneio comum, que costuma ser breve e inofensivo, o transtorno é marcado pela perda de controle sobre a atividade imaginativa. Pessoas com esse quadro podem passar horas imersas em suas fantasias, negligenciando responsabilidades diárias, relações pessoais e o autocuidado. Esse comportamento pode interferir profundamente na vida acadêmica, profissional e social do indivíduo.

Apesar de não estar listado oficialmente no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), muitos profissionais da saúde mental reconhecem o transtorno a partir de relatos consistentes de pacientes e de pesquisas emergentes sobre o tema.

Sintomas e comportamentos comuns

Entre os principais sintomas do transtorno do devaneio excessivo, destacam-se:

  • Fantasias vívidas e complexas, frequentemente com enredos contínuos, como se fossem séries ou filmes internos;
  • Movimentos repetitivos durante o devaneio, como balançar o corpo, andar em círculos ou fazer expressões faciais;
  • Dificuldade de concentração em tarefas do cotidiano devido à invasão frequente dos devaneios;
  • Desejo de se isolar para continuar o devaneio sem interrupções;
  • Sensação de euforia ou alívio emocional ao mergulhar nas fantasias;
  • Culpa ou frustração por perder tempo e deixar de realizar atividades importantes;
  • Capacidade preservada de distinguir fantasia e realidade, diferentemente de condições psicóticas.

É importante destacar que, mesmo sabendo que os cenários imaginados não são reais, a pessoa pode preferir a fantasia à realidade, especialmente em contextos de estresse ou sofrimento emocional.

AI saúde mental
(Imagem: Pavlova Yuliia/Shutterstock)

Causas possíveis

Embora as causas exatas do transtorno do devaneio excessivo ainda não sejam totalmente compreendidas, estudos e relatos indicam alguns fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da condição:

  • Traumas na infância ou vivências de abuso emocional, físico ou negligência;
  • Isolamento social e dificuldades de integração com outras pessoas;
  • Condições psiquiátricas associadas, como depressão, ansiedade, TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade);
  • Falta de estímulo cognitivo ou ambientes monótonos, que incentivam a fuga para o mundo interno;
  • Alto nível de criatividade, muitas vezes presente em pessoas com habilidades artísticas, narrativas ou sensibilidade emocional aguçada.

Não há um único gatilho, mas sim uma combinação de fatores psicológicos, emocionais e ambientais que podem predispor alguém ao transtorno.

Leia também:

O impacto na saúde mental e física

O transtorno do devaneio excessivo pode ter consequências sérias quando não identificado e tratado. A principal delas é a perda de funcionalidade, já que a pessoa deixa de realizar atividades essenciais para seu bem-estar e desenvolvimento. Isso pode incluir desde a higiene pessoal até a execução de tarefas no trabalho ou nos estudos.

A longo prazo, os impactos incluem:

  • Quadros de ansiedade e depressão, agravados pela percepção de improdutividade e isolamento;
  • Insônia e distúrbios do sono, especialmente quando o devaneio se intensifica durante a noite;
  • Problemas de saúde física, como sedentarismo, má alimentação e dores musculares decorrentes de posições mantidas por longos períodos;
  • Dificuldades de relacionamento, já que os laços sociais reais são substituídos por vínculos imaginários com personagens das fantasias;
  • Baixa autoestima e sentimento de inadequação social.

Esses efeitos fazem com que o transtorno vá além de um simples hábito inofensivo, passando a ser um obstáculo real para uma vida saudável e plena.

Imagem: Grupo Braços Abertos/Reprodução

Diagnóstico: um desafio clínico

Um dos maiores desafios em relação ao transtorno do devaneio excessivo é o diagnóstico, justamente por não estar oficialmente reconhecido nos manuais de saúde mental. Muitos pacientes vivem anos com os sintomas sem sequer saber que há um nome para o que sentem.

Hoje, alguns profissionais utilizam a Escala de Devaneio Excessivo de Somer (nomeada em homenagem ao psicólogo Eli Somer, que cunhou o termo em 2002) para avaliar a intensidade e frequência dos devaneios. Essa escala inclui perguntas sobre a duração dos episódios, o impacto na vida cotidiana e a dificuldade em controlar os devaneios.

No entanto, o diagnóstico ainda depende, em grande parte, de uma anamnese cuidadosa e da escuta ativa por parte do profissional, além da disposição do paciente em compartilhar seu mundo interno.

Tratamento e estratégias de enfrentamento

Embora ainda não exista um protocolo oficial de tratamento, algumas abordagens têm se mostrado eficazes para lidar com o transtorno do devaneio excessivo:

  • Psicoterapia cognitivo-comportamental (TCC): ajuda o paciente a identificar gatilhos, modificar padrões de pensamento e desenvolver estratégias para retomar o controle da mente.
  • Técnicas de mindfulness e meditação: promovem o foco no presente e reduzem a tendência a escapar para fantasias.
  • Organização da rotina: criar horários fixos e metas realistas pode ajudar a reduzir o tempo gasto em devaneios.
  • Grupos de apoio online: comunidades de pessoas que compartilham experiências semelhantes têm se tornado uma ferramenta poderosa de acolhimento e troca de estratégias.
  • Tratamento de comorbidades: em muitos casos, tratar a depressão, a ansiedade ou o TDAH subjacente pode atenuar os sintomas do transtorno.

O transtorno do devaneio excessivo ainda é uma condição envolta em dúvidas e preconceitos, mas seu impacto na saúde é real e merece atenção. Ao compreender que sonhar acordado pode deixar de ser apenas um hábito inofensivo e passar a interferir na vida cotidiana, damos o primeiro passo para promover o autoconhecimento e a busca por ajuda profissional.

Se você se identificou com os sintomas descritos, saiba que não está sozinho. Cada vez mais pessoas ao redor do mundo estão reconhecendo o transtorno e encontrando caminhos de cuidado e acolhimento. O importante é lembrar: fugir da realidade pode parecer seguro, mas viver plenamente é o verdadeiro desafio e também a maior conquista.

As informações presentes neste texto têm caráter informativo e não substituem a orientação de profissionais de saúde. Consulte um médico ou especialista para avaliar o seu caso.

O post O que é o Transtorno do Devaneio Excessivo e como ele impacta a saúde? apareceu primeiro em Olhar Digital.

imagem_2025-04-15_173719473

Entenda o que é uma traqueotomia e como o procedimento pode salvar vidas

A traqueotomia é um procedimento médico essencial quando o paciente não consegue respirar normalmente. Ela consiste na abertura da traqueia para criar uma via aérea alternativa, permitindo a passagem do ar até os pulmões. É indicada em casos como obstruções nas vias respiratórias, insuficiência respiratória grave ou quando outros métodos de ventilação não funcionam adequadamente.

Embora seja um procedimento comum em ambientes hospitalares, sua aplicação pode ser decisiva em situações de risco iminente, em que a rápida intervenção é necessária para evitar danos irreparáveis.

Com o avanço da medicina e tecnologias, a traqueotomia tem se tornado cada vez mais segura e eficaz, proporcionando não apenas a sobrevivência do paciente, mas também contribuindo para a sua recuperação a longo prazo. Vamos entender como a traqueotomia é realizada, em que circunstâncias ela é indicada e como pode ser fundamental para salvar vidas.

O que é a traqueotomia?

A traqueotomia é um procedimento cirúrgico em que é realizada uma abertura na traqueia, logo abaixo da laringe, para permitir a passagem do ar diretamente para os pulmões. Essa abertura, chamada de estoma, é normalmente feita utilizando bisturis ou outros instrumentos cirúrgicos de precisão, com o objetivo de garantir a ventilação adequada do paciente quando a respiração está comprometida.

A principal indicação para a traqueotomia é a obstrução das vias aéreas superiores. Isso pode ocorrer devido a diversos fatores, como lesões no pescoço, presença de tumores, doenças respiratórias graves ou até mesmo em pacientes que precisam de ventilação assistida por longos períodos, como aqueles com doenças pulmonares crônicas ou aqueles submetidos a cirurgias complexas.

Imagem: UI Health/Reprodução

Ao criar uma via alternativa de respiração, a traqueotomia permite que o ar flua diretamente para os pulmões, sem a necessidade de passar pela garganta ou vias aéreas superiores, que podem estar bloqueadas ou comprometidas.

Embora pareçam sinônimos, traqueotomia e traqueostomia são coisas diferentes. Tecnicamente, “traqueotomia” é o nome do procedimento cirúrgico, enquanto “traqueostomia” se refere à abertura resultante na traqueia.

Quando a traqueotomia é indicada?

A traqueotomia pode ser necessária em várias situações emergenciais, mas também pode ser realizada de forma planejada para pacientes com necessidades respiratórias crônicas. Abaixo, listamos algumas das condições mais comuns que levam à indicação do procedimento.

Obstrução das vias aéreas superiores

Este é um dos principais motivos para a realização da traqueotomia. A obstrução pode ser causada por inchaços decorrentes de infecções, como laringite, ou por corpos estranhos que bloqueiam a passagem do ar. Em situações mais graves, como traumas no pescoço ou cabeça, pode ser necessário abrir a traqueia para restaurar a passagem do ar.

Doenças respiratórias crônicas

Pacientes com doenças como DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) ou fibrose cística podem ter dificuldades respiratórias graves. Quando os tratamentos convencionais não são suficientes para garantir a ventilação, a traqueotomia pode ser realizada para facilitar a respiração e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Raio-x de câncer de pulmão (Imagem: utah778/iStock)

Ventilação mecânica prolongada

Pacientes que necessitam de ventilação assistida por longos períodos, como aqueles em estado crítico após uma cirurgia complexa ou vítimas de acidentes, podem se beneficiar da traqueotomia. A ventilação mecânica por intubação orotraqueal pode ser desconfortável e gerar lesões nas vias aéreas superiores, sendo a traqueotomia uma opção mais segura e eficaz para a ventilação prolongada.

Leia também:

Cânceres de cabeça e pescoço

Em pacientes com cânceres na região da cabeça, pescoço ou garganta, pode haver comprometimento das vias aéreas. Nesse caso, a traqueotomia é realizada para garantir que o paciente tenha uma via aérea livre, permitindo a respiração durante o tratamento oncológico.

Paralisia das vias respiratórias

Em algumas condições neurológicas, como lesões medulares ou doenças autoimunes, as vias respiratórias podem se paralisar. A traqueotomia pode ser uma medida essencial para assegurar que o paciente consiga respirar com eficiência.

Como a traqueotomia é realizada

A realização de uma traqueotomia é um procedimento cirúrgico, geralmente realizado em ambiente hospitalar. Existem duas formas principais de realizar a traqueotomia: a traqueotomia cirúrgica e a traqueotomia percutânea.

Imagem:
PongMoji/depositphotos

Traqueotomia cirúrgica

Esse método envolve uma incisão feita no pescoço, onde o cirurgião localiza a traqueia e cria uma abertura. A incisão é então expandida para permitir a colocação de um tubo de traqueotomia, que será responsável pela ventilação. Após o procedimento, o paciente permanece em observação para garantir que o estoma cicatrize adequadamente.

Traqueotomia percutânea

Na traqueotomia percutânea, o procedimento é realizado de forma menos invasiva, utilizando agulhas e guias para acessar a traqueia por meio de pequenas incisões. Esse tipo de traqueotomia é geralmente indicado em pacientes com condições menos graves e pode ser realizado com sedação, sem a necessidade de anestesia geral.

Traqueotomia e a evolução na medicina

Com o avanço das técnicas e tecnologias, a traqueotomia tem se tornado cada vez mais segura e eficaz. A introdução de métodos minimamente invasivos, como a traqueotomia percutânea, tem reduzido significativamente o tempo de recuperação e as complicações associadas ao procedimento.

Além disso, a criação de dispositivos modernos, como tubos de traqueotomia mais confortáveis e com melhor vedação, tem permitido que pacientes se recuperem mais rapidamente e retornem a uma vida normal. A combinação desses avanços tem aumentado as chances de sobrevivência em situações críticas, proporcionando aos médicos uma ferramenta importante para salvar vidas.

O impacto da traqueotomia na qualidade de vida

Embora a traqueotomia seja um procedimento que envolve riscos, seu impacto na qualidade de vida do paciente pode ser transformador. Em muitos casos, ela proporciona uma via aérea segura, permitindo que os pacientes se recuperem e voltem a respirar com facilidade. Para aqueles que dependem de ventilação mecânica, a traqueotomia pode oferecer maior conforto e reduzir os danos às vias aéreas superiores, permitindo uma ventilação mais eficaz e confortável.

Além disso, a traqueotomia permite que os pacientes mantenham uma nutrição adequada, pois a passagem de ar pela boca e garganta pode dificultar a alimentação. Com a traqueotomia, o paciente pode ser alimentado adequadamente sem o risco de aspiração.

O post Entenda o que é uma traqueotomia e como o procedimento pode salvar vidas apareceu primeiro em Olhar Digital.

shutterstock_2490079409

Probióticos podem turbinar seu humor — e a ciência explica como!

Você já ouviu dizer que o intestino é o “segundo cérebro”? Pois é, agora a ciência foi além: um simples copo de iogurte pode ser o empurrãozinho que faltava para afastar o mau humor, o estresse e até a ansiedade. Um novo estudo revela que os probióticos não são só aliados da digestão — eles também mexem com suas emoções.

É o que destaca a revista MedicalXpress: pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Leiden testaram probióticos em jovens saudáveis por um mês e perceberam algo surpreendente. Os voluntários começaram a se sentir menos ansiosos e estressados depois de duas semanas. Nada de testes complicados — o que funcionou mesmo foi acompanhar o humor diário com perguntas simples.

Além de melhorar o astral, os probióticos também ajudaram na leitura das emoções alheias. Quem fez o experimento ficou mais afiado para reconhecer expressões faciais. E tem mais: quem é mais cauteloso, com perfil de evitar riscos, parece se beneficiar ainda mais dessas bactérias do bem.

Probióticos mostram efeito rápido no humor e abrem caminho para novas abordagens

Os efeitos positivos começaram a surgir após duas semanas de uso diário — um tempo semelhante ao dos antidepressivos, mas com uma diferença importante: os probióticos reduziram apenas os sentimentos negativos, sem interferir nos positivos.

Além da saúde mental: probióticos ajudam a fortalecer o sistema imunológico e equilibrar a microbiota intestinal (Imagem: Tatjana Baibakova/Shutterstock)

Relatos simples do dia a dia foram mais eficientes do que os tradicionais testes psicológicos para captar as mudanças de humor. Isso mostra como ferramentas diretas podem revelar transformações sutis que passariam despercebidas em métodos mais complexos.

Leia mais:

Apesar do potencial promissor, os pesquisadores reforçam: probióticos não devem ser usados como substitutos de antidepressivos. Eles podem, no máximo, funcionar como aliados — e sempre com orientação profissional.

Uma ajuda que também vem do prato — mas com cautela

Probióticos não estão apenas em copos de iogurte natural. Eles também podem ser encontrados em alimentos como kefir e missô. Incorporar esses itens à rotina pode ser um primeiro passo para quem busca benefícios leves no humor e na saúde digestiva.

COmida probiótica.
Kefir, chucrute e outros fermentados ganham destaque por seus efeitos positivos na saúde intestinal e mental (Imagem: Tatjana Baibakova/Shutterstock)

Ainda assim, nem todo produto com o selo “probiótico” traz os mesmos efeitos. A composição das bactérias, a quantidade ingerida e a duração do uso são fatores decisivos. Nem sempre o que está na prateleira do mercado tem a concentração ideal para influenciar o cérebro.

Por isso, os cientistas são claros: apesar de animadores, os resultados ainda não justificam o uso indiscriminado. A promessa é real, mas os probióticos devem ser vistos como um complemento — e não como substituto para tratamentos médicos tradicionais.

O post Probióticos podem turbinar seu humor — e a ciência explica como! apareceu primeiro em Olhar Digital.

shutterstock_1641528718-1

O nutriente esquecido que turbina seu cérebro

Você talvez nunca tenha ouvido falar dele, mas seu cérebro certamente já sentiu falta. Essencial para a memória, o raciocínio e até o bom humor, a colina é um nutriente vital que participa de funções-chave no corpo — do desenvolvimento do feto ao combate à depressão. O problema? Estudos mostram que quase ninguém consome a quantidade ideal.

Apesar de presente em alimentos como ovos, frango e soja, o nutriente vive à sombra de outras estrelas, como o ômega 3. E isso tem um custo. Pesquisas revelam que cerca de 90% da população consome menos colina do que deveria — o que pode afetar não só a memória, mas também a saúde do fígado, dos músculos e até dos ossos, como destaca matéria da BBC.

A ciência já sabe que bebês nascem com três vezes mais colina no corpo do que suas mães. E não é coincidência: no útero, esse nutriente ajuda a formar as conexões cerebrais que vão definir o desenvolvimento cognitivo por anos. Em adultos, ele continua essencial — mas, sem uma dieta bem planejada (ou um bom suplemento), fica quase impossível atingir a dose ideal.

Nutriente pode ser a chave para turbinar a mente, proteger o fígado e afastar distúrbios neurológicos

A colina é essencial para a produção de acetilcolina, substância que atua na comunicação entre os neurônios e comanda funções como memória, aprendizado e movimentos. Por isso, é considerada um combustível para o cérebro.

A colina é essencial para o cérebro: ela ajuda na formação de neurotransmissores e na proteção dos neurônios (Imagem: Lightspring/Shutterstock)

No fígado, ela age como um agente de limpeza. Facilita o transporte de gordura para fora do órgão e previne o acúmulo que pode causar inflamação e doenças hepáticas. Além disso, é peça-chave na estrutura das células.

Leia mais:

Nos últimos anos, os pesquisadores passaram a investigar seu papel no equilíbrio emocional. Bons níveis do nutriente têm sido associados à estabilidade do humor e à redução do risco de transtornos como ansiedade e depressão.

Pouco falada, muito necessária – e mais fácil de obter do que parece

Apesar de subestimada, a colina é fácil de encontrar no cardápio de quem consome ovos, carne ou derivados de soja. Um único ovo fornece cerca de 150 mg do nutriente — mais de um terço da necessidade diária de um adulto. Mas quem segue dietas veganas precisa prestar atenção: sem alimentos de origem animal, atingir a meta pode ser mais difícil.

Colina
Ricos em colina, ovos ajudam na saúde cerebral e na formação da memória (Imagem: Danijela Maksimovic/Shutterstock)

Fontes vegetais existem, como grão-de-bico, tofu, pasta de amendoim e couve-flor. Só que as quantidades são bem menores. Para garantir o aporte ideal, especialmente em fases como gestação ou lactação, a suplementação pode ser uma aliada importante — uma recomendação cada vez mais comum entre especialistas.

Com benefícios que vão do desenvolvimento cerebral à saúde do fígado e da mente, a colina está deixando de ser um nutriente esquecido. E ganhando o lugar que merece como peça-chave da nossa saúde. Talvez esteja na hora de colocá-la no prato com mais consciência.

O post O nutriente esquecido que turbina seu cérebro apareceu primeiro em Olhar Digital.

HPV

Como vírus HPV pode dar câncer nos ânus?

O papilomavírus humano (HPV) é um dos vírus mais comuns do mundo, conhecido principalmente por causar verrugas genitais e estar associado ao câncer do colo do útero.

No entanto, o HPV também pode levar a outros tipos de câncer, como o câncer anal, que tem ganhado atenção devido ao aumento dos casos nos últimos anos. Esse tipo de câncer, embora menos falado, pode ter consequências graves se não for diagnosticado e tratado precocemente.

O câncer anal ocorre quando células anormais no tecido do ânus sofrem mutações e se multiplicam descontroladamente, formando tumores malignos.

O principal fator de risco para o desenvolvimento dessa doença é a infecção pelo HPV, especialmente pelos tipos oncogênicos, que têm maior potencial de causar alterações celulares. Compreender como o HPV é transmitido e como pode evoluir para o câncer anal é essencial para prevenção e diagnóstico precoce.

HPV: conceito, cepas e transmissão

O HPV (Papilomavírus Humano) é um vírus que infecta a pele e as mucosas, sendo altamente transmissível. Tanto mulheres quanto homens estão suscetíveis a serem infectados.

O vírus HPV infecta não apenas mulheres, mas homens também (Imagem: Evan Lorne/iStock)

Existem mais de 200 tipos de HPV, dos quais cerca de 40 podem infectar a região anogenital. Alguns tipos de HPV são considerados de baixo risco e causam apenas verrugas, enquanto outros são de alto risco, podendo levar ao desenvolvimento de câncer.

As cepas de alto risco, como o HPV 16 e o HPV 18, são as principais associadas ao câncer anal. Elas têm a capacidade de alterar o DNA das células hospedeiras, favorecendo o crescimento desordenado e a formação de tumores.

A transmissão do vírus ocorre principalmente pelo contato direto com a pele ou mucosa infectada, sendo o contato sexual a principal via de transmissão. Isso inclui relações vaginais, anais e orais, mesmo na ausência de penetração.

Outras formas de transmissão incluem o contato com objetos contaminados e a transmissão vertical, quando a mãe infectada passa o vírus para o bebê durante o parto. O uso de preservativos reduz o risco de transmissão, mas não o elimina completamente, pois o vírus pode estar presente em áreas não cobertas pelo preservativo.

Leia também:

Como vírus HPV pode dar câncer anal?

O câncer ocorre quando células sofrem mutações genéticas que fazem com que elas cresçam e se dividam sem controle.

epstein-barr
Vírus dentro do organismo humano (Imagem: Kateryna Kon / Shutterstock.com)

No caso do câncer anal, essas mutações afetam as células que revestem o canal anal e a região perianal. A infecção persistente pelo HPV é o principal fator de risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer.

Quando o HPV infecta a região anal, ele pode permanecer no organismo sem causar sintomas por anos. Em alguns casos, o sistema imunológico consegue eliminar o vírus antes que ele cause danos.

Manequim usando calça jeans
Ilustração de um bumbum (Reprodução: @saintape/Unsplash)

No entanto, em situações onde a infecção persiste, o vírus pode levar à formação de lesões pré-cancerosas, conhecidas como neoplasia intraepitelial anal (AIN). Se não tratadas, essas lesões podem evoluir para câncer anal.

Os sintomas do câncer anal incluem:

  • Sangramento anal;
  • Dor ou pressão na região anal;
  • Coceira ou secreção incomum;
  • Massa ou caroço no ânus;
  • Alteranção nos hábitos intestinais.

Fatores que aumentam o risco de desenvolver câncer anal incluem:

  • Infecção pelo HPV de alto risco;
  • Relações sexuais anais desprotegidas;
  • Sistema imunológico enfraquecido;
  • Tabagismo;
  • Idade avançada.

A prevenção é essencial para reduzir o risco da doença. A vacina contra o HPV é altamente eficaz na prevenção de infecções pelas cepas mais perigosas do vírus. O exame preventivo, como a anuscopia de alta resolução, pode detectar lesões precoces e evitar a progressão para o câncer.

Diante disso, é fundamental aumentar a conscientização sobre a relação entre HPV e câncer anal para que mais pessoas busquem prevenção e tratamento adequado.

O post Como vírus HPV pode dar câncer nos ânus? apareceu primeiro em Olhar Digital.

shutterstock_2452114515

Seu celular pode virar um detector portátil de doenças

Imagine apontar o celular para uma pinta suspeita e, em segundos, saber se ela representa algum risco. Cientistas da Georgia State University estão desenvolvendo uma tecnologia que transforma o smartphone em um detector portátil de doenças — tudo com um escaneamento por infravermelho.

A pesquisa, liderada pelo físico Unil Perera e destacada pelo portal Medical Xpress, utiliza a tecnologia ATR-FTIR, um tipo de espectroscopia baseada em luz infravermelha. Essa técnica permite identificar alterações moleculares em tecidos humanos de forma rápida, indolor e sem necessidade de equipamentos complexos. Em poucos segundos, um sensor acoplado ao celular poderia indicar possíveis sinais de doenças como o melanoma, diretamente na tela.

Além disso, os pesquisadores pretendem ampliar o alcance da tecnologia. Já há indícios de que o método pode detectar outras condições clínicas, como linfomas e colite. O plano de Perera é ousado: transformar o celular em um laboratório pessoal, capaz não apenas de diagnosticar precocemente, mas também de monitorar a evolução da doença e a resposta ao tratamento.

Acompanhamento em tempo real pode revolucionar a medicina preventiva

Agora, a equipe se concentra em um novo desafio: acompanhar o avanço de doenças dia após dia. Para isso, Perera trabalha na definição de parâmetros que permitam medir com precisão a progressão de um quadro clínico. Com essa base, seria possível verificar rapidamente se um tratamento está surtindo efeito — ou se precisa de ajustes antes que o problema se agrave.

Smartphones agora acompanham sinais de saúde em tempo real, transformando o celular em aliado no diagnóstico precoce (Imagem: Kampan/Shutterstock)

O diferencial da espectroscopia ATR-FTIR está na sua capacidade de coletar dados moleculares detalhados sem recorrer a exames invasivos. Segundo Perera, a ideia é integrar essa tecnologia a dispositivos comuns do cotidiano, como os próprios smartphones. Dessa forma, qualquer pessoa poderia analisar sinais do corpo sem sair de casa.

Leia mais:

Se a proposta se concretizar, ela poderá transformar completamente a forma como as doenças são diagnosticadas. De resfriados a tipos mais graves de câncer, o futuro do diagnóstico pode caber no bolso.

Tecnologia aproxima ciência e vida cotidiana

O avanço desse tipo de diagnóstico portátil revela como a ciência aplicada está cada vez mais presente no dia a dia. Pesquisas que antes exigiam laboratórios especializados agora apontam soluções acessíveis, baseadas em dispositivos populares como o celular.

Celulares e Medicina.
Tecnologia aproxima ciência do cotidiano ao transformar o celular em ferramenta de diagnóstico portátil (Imagem: TippaPatt/Shutterstock)

Essa inovação só se torna possível graças à colaboração entre diversas áreas do conhecimento. Física, biologia, engenharia e ciência de dados se unem para interpretar com precisão os sinais emitidos pelo corpo humano, tudo sem a necessidade de métodos invasivos.

O resultado vai além da detecção de doenças. A tecnologia também permite acompanhar a evolução dos quadros clínicos e avaliar, em tempo real, a eficácia dos tratamentos. Assim, abre-se caminho para uma nova era da medicina preventiva: mais acessível, personalizada e guiada por dados confiáveis.

O post Seu celular pode virar um detector portátil de doenças apareceu primeiro em Olhar Digital.

shutterstock_634413407

Novo método para identificar os primeiros sinais do Alzheimer

Colocar óculos de realidade virtual pode até lembrar um videogame, mas pesquisadores estão usando essa tecnologia para algo muito mais sério: identificar os primeiros sinais do Alzheimer. Em vez de batalhas ou mundos medievais, os participantes enfrentam desafios de memória e navegação em salas de estar virtuais. Erros sutis nessas tarefas podem estar ligados a proteínas associadas à doença — anos antes dos sintomas surgirem.

Pesquisadores de Stanford e da Universidade da Colúmbia Britânica apresentaram os estudos na conferência da Sociedade de Neurociência Cognitiva, de acordo com o site EurekAlert!. Nos testes, pessoas com comprometimento cognitivo leve — estágio inicial do Alzheimer — tiveram mais dificuldade em lembrar a localização de objetos no ambiente virtual. Os resultados mostraram uma correlação entre esse desempenho e biomarcadores da doença.

A grande vantagem da tecnologia imersiva é permitir uma avaliação cognitiva não invasiva. Diferente de exames tradicionais, que exigem punção lombar ou imagens cerebrais detalhadas, os testes em VR usam tarefas simples e intuitivas. Ainda assim, conseguem revelar padrões ligados às alterações biológicas que caracterizam o Alzheimer.

Engenharia, sensores e o corpo em movimento

Outro experimento da pesquisa focou na habilidade de navegação espacial. Em vez de interagir com salas mobiliadas, os participantes percorriam longos corredores virtuais, monitorando sua posição inicial e identificando marcos escondidos ao longo do caminho.

Tecnologia imersiva pode se tornar uma alternativa simples e eficaz para clínicas (Imagem: Ground Picture/Shutterstock)

Os testes foram aplicados em adultos jovens e idosos saudáveis, revelando diferenças claras entre os grupos. As tarefas exigiam atenção constante ao ambiente e adaptação a diferentes níveis de complexidade nas rotas simuladas.

Leia mais:

Para garantir a precisão das medições, os sistemas de VR contavam com sensores de movimento, rastreamento ocular e controles manuais. Essa combinação permitiu registrar, em tempo real, tanto as respostas motoras quanto os processos cognitivos, sem recorrer a exames invasivos.

Do laboratório para o futuro do diagnóstico

A aposta dos cientistas é que tecnologias imersivas como a realidade virtual possam se tornar ferramentas acessíveis para rastrear sinais precoces de Alzheimer, muito antes que os sintomas comprometam a vida cotidiana. Por serem mais confortáveis e intuitivas, essas abordagens também facilitam a adesão de participantes, inclusive os mais velhos.

Saúde cerebral.
Exames de imagem ajudam a revelar alterações no cérebro, mas pesquisadores apostam na realidade virtual como uma alternativa mais simples e não invasiva (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Segundo os pesquisadores, a combinação entre dados comportamentais e biomarcadores — como as proteínas associadas ao Alzheimer — pode abrir caminho para diagnósticos mais precisos, personalizados e menos invasivos. E, com o avanço da tecnologia, até mesmo clínicas com menos recursos poderão adotar soluções baseadas em VR.

Além dos dados, chamou atenção o envolvimento dos participantes. Muitos demonstraram interesse genuíno durante os testes, mesmo sem familiaridade com a realidade virtual. Para os cientistas, esse engajamento é um sinal positivo: experiências imersivas podem não apenas medir, mas também aproximar o paciente do cuidado com a própria saúde.

O post Novo método para identificar os primeiros sinais do Alzheimer apareceu primeiro em Olhar Digital.

shutterstock_2122756115

Cérebro em risco: os hábitos que aproximam o AVC da juventude

O AVC não escolhe idade — e está pegando cada vez mais pessoas de surpresa antes dos 55 anos. Pressão alta, sedentarismo, alimentação desequilibrada, cigarro e drogas aumentam o risco, inclusive entre pessoas jovens. Mulheres enfrentam fatores adicionais, como uso de anticoncepcionais e variações hormonais. A boa notícia: mudar hábitos ainda é a forma mais eficaz de se proteger.

É o que diz Siobhan Mclernon, especialista em enfermagem e pesquisadora da London South Bank University, em artigo publicado na revista Science Alert. Segundo ela, pouca gente conhece os sinais de um AVC — e menos ainda sabe como evitá-lo. Isso torna a prevenção desafio urgente para a saúde pública.

Siobhan já viu de perto os efeitos devastadores de um derrame. Atuou por anos em unidades de terapia intensiva neurológica. Agora, como pesquisadora, acompanha mudança preocupante: o AVC deixou de ter perfil único. Entre os pacientes mais jovens, surgem combinações diversas de fatores — do uso de drogas recreativas à sobrecarga mental.

Pessoas com menos recursos enfrentam mais dificuldade para controlar pressão, diabetes e outros riscos de AVC (Imagem: Tunatura/Shutterstock)

Quando o risco de AVC vem do ambiente — não do corpo

Nem todos os fatores de risco para o AVC estão ligados ao organismo. Algumas pessoas já nascem com anomalias vasculares, como aneurismas cerebrais — pequenas fraquezas na parede das artérias que podem romper e causar derrame hemorrágico. Mas outros perigos vêm de fora, moldados pelas condições sociais em que a pessoa vive.

Pessoas com menor renda e escolaridade enfrentam risco maior de sofrer AVC. O motivo não é apenas biológico. Estilo de vida, acesso à informação e qualidade do atendimento médico formam uma rede de desigualdades que pesa mais do que os genes. Quem tem menos, geralmente fuma mais, se exercita menos e consome mais álcool — não por escolha, mas por contexto.

Leia mais:

Além disso, a desigualdade afeta até o tratamento. Pesquisas mostram que pessoas de baixa renda têm menos chances de receber cuidados médicos adequados. A barreira não é só financeira, mas, também, estrutural: menos consultas, menos exames, menos acesso a especialistas.

Pequenas mudanças, grandes efeitos

  • Para escapar do risco de um AVC, algumas mudanças simples no dia a dia podem fazer toda a diferença;
  • Parar de fumar é uma das mais urgentes: o cigarro danifica os vasos, aumenta a pressão e favorece coágulos;
  • Cuidar da pressão arterial e fazer exames regulares também ajuda, já que a hipertensão costuma passar despercebida;
  • Manter o peso dentro do ideal reduz a pressão sobre o coração e os vasos sanguíneos. Para isso, a alimentação tem papel fundamental;
  • A recomendação é seguir dieta rica em fibras, com legumes, grãos integrais, azeite e castanhas — como na tradicional dieta mediterrânea;
  • Além de equilibrar o peso, esse tipo de comida protege as artérias e combate inflamações.

Atividade física regular, sono de qualidade e menos estresse também entram na conta. Evitar o consumo excessivo de álcool fecha o ciclo de cuidados. Nada disso exige medidas radicais — mas, juntas, essas escolhas mudam o rumo da história.

A dieta mediterrânea é rica em azeite, grãos integrais, frutas, legumes e peixes; e protege o cérebro (Imagem: Marian Weyo/Shutterstock)

O post Cérebro em risco: os hábitos que aproximam o AVC da juventude apareceu primeiro em Olhar Digital.

dois-coraes-6-1024x576

Conheça o homem com dois corações – e o que aconteceu quando ambos pararam de funcionar

Pode parecer um enredo de ficção científica ou de uma série de fantasia, como “Doctor Who“, em que o protagonista pertence a uma espécie alienígena com dois corações. No entanto, essa ideia não se limita à cultura pop.

Embora extremamente raro, há registros de pessoas que já tiveram dois corações funcionando simultaneamente em seu corpo, seja por condições médicas específicas ou devido a procedimentos cirúrgicos. 

Episódio de Doctor Who em que é possível ver os dois corações do protagonista / Crédito: BBC (reprodução)

Mas o que acontece quando ambos deixam de funcionar? Esse caso impressionante desafia a medicina e desperta a curiosidade sobre os limites do corpo humano.

Como é possível uma pessoa ter dois corações?

Ter dois corações não é uma condição natural para os seres humanos. No entanto, em alguns casos, uma pessoa pode viver temporariamente com dois corações devido a um procedimento médico chamado transplante cardíaco heterotópico

Nesse tipo de transplante, um coração doado é implantado sem remover o original, o que pode ser necessário quando o novo órgão não é forte o suficiente para funcionar sozinho ou quando o paciente apresenta pressão pulmonar elevada, dificultando o funcionamento de um único coração transplantado. 

Homem com dois corações
Homem com dois corações / Crédito: Imagem feita por inteligência artificial(Grok/reprodução)

Em alguns casos, esse procedimento permite que o coração original tenha tempo para se recuperar, trabalhando em conjunto com o novo órgão. Entre as vantagens dessa técnica, destaca-se o fato de que o coração original ainda pode auxiliar na circulação sanguínea e, caso o coração transplantado falhe, ele pode ser removido sem que o paciente morra imediatamente. 

No entanto, há desvantagens, como o espaço limitado no peito, que pode comprimir outros órgãos, além do maior risco de arritmias e rejeição imunológica.

Quanto ao fluxo sanguíneo e funcionamento, ambos os corações trabalham juntos, mas não de forma completamente sincronizada. O fluxo sanguíneo pode ser mais intenso, mas também exige maior coordenação dos médicos para garantir que a pressão arterial se mantenha equilibrada.

O curioso caso do homem com dois corações

Médicos operando um paciente
Médicos operando um paciente / Crédito: Assist m4x1ight happiness (shutterstock/reprodução)

Em 2010, um homem de 71 anos chegou ao pronto-socorro em Verona, Itália, com falta de ar. O que parecia um caso comum revelou-se uma situação rara: ele possuía dois corações.

Ele nasceu com apenas um coração, mas, devido a uma cardiomiopatia dilatada idiopática, sua função cardíaca estava comprometida. Em 2003, ele passou por um transplante cardíaco heterotópico, mantendo seu coração original e recebendo um novo.

Esse procedimento foi escolhido porque o coração doado era menor que o ideal e precisava de apoio para funcionar adequadamente. Dessa forma, ambos os corações foram conectados para trabalharem juntos.

O que acontece quando dois corações falham?

Desfibrilador em um paciente com parada cardíaca.
Desfibrilador em um paciente com parada cardíaca. / Crédito: trairut noppakaew (shutterstock/reprodução)

Anos depois, sua condição piorou. No hospital, os médicos notaram que seu coração original apresentava um ritmo irregular, enquanto o coração doado batia mais rápido que o normal. A arritmia piorou, levando-o à inconsciência, parada respiratória e perda de pulso.

Diante da situação crítica, a equipe médica aplicou uma descarga de 200 joules com um desfibrilador. O choque conseguiu restaurar o ritmo normal de ambos os corações. Posteriormente, seu marcapasso foi substituído por um cardiodesfibrilador implantável, um dispositivo capaz de corrigir arritmias perigosas automaticamente.

O destino desse paciente anos depois é desconhecido, mas, no momento da publicação do estudo de caso pela IFLScience ele estava “em boas condições clínicas”, um desfecho positivo para uma condição tão incomum.

Leia mais:

Caso semelhante no Brasil

Cirurgião médico com um coração
Cirurgião médico com um coração / Crédito: Marko Aliaksandr (shutterstock/reprodução)

Em 2023, o urbanista Lincoln Paiva, de 54 anos, viveu com dois corações por 45 dias após uma cirurgia inovadora no Instituto do Coração (Incor) em São Paulo. Após sofrer um infarto, um AVC e duas paradas cardíacas, ele foi diagnosticado com insuficiência cardíaca terminal, mas sua pressão pulmonar alta impedia um transplante convencional.

O cirurgião Fábio Gaiotto desenvolveu uma técnica inédita no Brasil, implantando um novo coração sem remover o original. Durante esse período, o coração doado ajudou a reduzir a pressão pulmonar, permitindo que o transplante fosse bem-sucedido. Passados os 45 dias, o coração original foi removido, e Paiva seguiu a vida com o novo órgão.

A técnica ainda está em fase de validação científica, mas pode beneficiar pacientes que não têm acesso a corações artificiais, um tratamento caro e de difícil acesso no Brasil. Graças à cirurgia, Paiva agora tem uma expectativa de vida de pelo menos 20 anos.

O post Conheça o homem com dois corações – e o que aconteceu quando ambos pararam de funcionar apareceu primeiro em Olhar Digital.

Anestesia

Anestesia geral pode matar? Entenda os riscos do procedimento

A anestesia geral é uma técnica médica que induz um estado de inconsciência controlada para que o paciente não sinta dor e não tenha memória do procedimento. Esse tipo de anestesia é utilizado principalmente em cirurgias, exames invasivos e outros procedimentos médicos que exigem a imobilização total do paciente. Mas anestesia geral pode matar?

Recentemente, o influenciador e empresário Ricardo Godoi, de 46 anos, faleceu após receber anestesia geral para realizar uma tatuagem nas costas em Itapema, Santa Catarina. O procedimento ocorreu em um hospital, onde ele foi sedado antes mesmo de a tatuagem começar.

No entanto, logo após a administração da anestesia e a intubação, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória. Os médicos tentaram reanimá-lo, mas ele não resistiu. O caso levantou dúvidas sobre os riscos da anestesia geral e as circunstâncias em que ela pode ser fatal.

O que é e para que serve a anestesia geral?

Imagem: Gumpanat/Shutterstock

Os anestésicos gerais atuam no sistema nervoso central, bloqueando a percepção da dor, a consciência e até mesmo os reflexos musculares. Eles podem ser administrados por via intravenosa ou inalatória, e a profundidade da anestesia é ajustada conforme necessário ao longo do procedimento.

O tempo de duração varia de acordo com a substância utilizada e com a resposta individual do paciente. Alguns anestésicos são mais potentes que outros e podem ser combinados para aumentar sua eficácia e segurança.

A decisão de administrar anestesia geral depende de uma avaliação detalhada, pois nem todos os pacientes podem recebê-la com segurança.

Pessoas saudáveis, de qualquer idade, geralmente toleram bem o procedimento, mas idosos com múltiplas doenças, indivíduos com problemas cardíacos ou respiratórios e aqueles com histórico de reações adversas precisam de uma abordagem cautelosa. Crianças também podem receber anestesia geral, mas a dosagem e o monitoramento precisam ser precisos para evitar complicações.

Leia mais:

Tipos de anestesia

Nem toda anestesia coloca o paciente em um estado de inconsciência profunda. Existem diferentes tipos, cada um adequado para determinadas situações médicas:

  • Anestesia geral: induz inconsciência total e relaxamento muscular, sendo utilizada em cirurgias complexas e procedimentos invasivos.
  • Anestesia regional: bloqueia a sensibilidade de uma região específica do corpo, como a anestesia peridural usada em partos.
  • Anestesia local: aplicada diretamente na área a ser tratada, como em extrações dentárias e pequenas suturas.
  • Sedação consciente: mantém o paciente relaxado e sem dor, mas ele ainda pode responder a comandos verbais.

Cada tipo de anestesia tem riscos específicos, sendo que a anestesia geral, por atuar no sistema nervoso central e em funções vitais, requer monitoramento rigoroso.

Quando a anestesia geral pode matar uma pessoa?

Imagem representando cérebro humano
Imagem: Hospital São Matheus

Embora segura na maioria dos casos, a anestesia geral pode levar à morte em situações específicas. As causas mais comuns incluem reações alérgicas graves, depressão respiratória e complicações cardiovasculares.

Reações alérgicas severas, conhecidas como anafilaxia, podem ocorrer quando o sistema imunológico reage de forma exagerada a um dos componentes da anestesia. Isso pode causar inchaço nas vias aéreas, queda brusca da pressão arterial e choque anafilático, exigindo intervenção imediata.

A depressão respiratória é outro risco importante. A anestesia pode suprimir a atividade do centro respiratório no cérebro, tornando a respiração insuficiente ou até a cessando completamente. Para evitar esse problema, a maioria dos pacientes sob anestesia geral é intubada, garantindo que o oxigênio continue a ser fornecido aos pulmões.

Complicações cardiovasculares também são preocupantes. Algumas drogas anestésicas podem causar arritmias, queda abrupta da pressão arterial ou, em casos extremos, parada cardíaca. Pacientes com histórico de problemas cardíacos precisam ser monitorados cuidadosamente para evitar esses eventos.

Médico e enfermeiras durante cirurgia
(Imagem: Pixabay)

Além dessas causas, existe a hipertermia maligna, uma condição genética rara que provoca aumento extremo da temperatura corporal e rigidez muscular quando o paciente é exposto a certos anestésicos. Essa reação pode ser fatal se não for tratada rapidamente.

Outro fator de risco são condições pré-existentes que aumentam a vulnerabilidade do paciente. Pessoas com doenças pulmonares, insuficiência renal ou hepática, obesidade mórbida e distúrbios neuromusculares têm mais chances de sofrer complicações. Por isso, exames e testes pré-operatórios são fundamentais para minimizar esses riscos.

A segurança na administração da anestesia depende de uma equipe bem treinada, monitoramento constante e equipamentos adequados para lidar com emergências.

Quem não pode receber anestesia geral?

Pessoas com problemas respiratórios severos podem apresentar riscos elevados. O médico anestesiologista avalia cada caso antes da administração.

Precisa entubar durante a anestesia geral?

Sim, na maioria dos casos. A intubação protege as vias aéreas e garante que o paciente receba oxigênio suficiente enquanto está inconsciente.

Com informações de PMC.

O post Anestesia geral pode matar? Entenda os riscos do procedimento apareceu primeiro em Olhar Digital.