Março é o mês mundial do sono, especialistas destacam como as novas tecnologias, especialmente os vestíveis, estão ajudando a melhorar a qualidade do descanso.
Esses aparelhos são práticos, fornecendo informações detalhadas sobre os padrões noturnos de cada indivíduo. Além disso, eles ajudam a identificar comportamentos que podem prejudicar o descanso.
O que são os vestíveis?
Entre os dispositivos mais inovadores entre os vestíveis, estão os smartwatches, anéis e outros dispositivos que monitoram sono e metabolismo, oferecendo benefícios para a saúde física e mental. Esses dispositivos utilizam sensores para coletar dados, como saturação de oxigênio, frequência cardíaca, temperatura corporal e movimento.
Um exemplo é a healthtech brasileira Biologix, que criou uma inteligência artificial (IA) para diagnosticar apneia do sono em casa e já realiza mais de 10 mil exames por mês.
Vestíveis se mostram importantes para a saúde (Imagem: Lysenko Andrii/Shutterstock)
Sara Giampá, pesquisadora científica da Biologix, explica que “esses dispositivos analisam os padrões de sono, estimam a qualidade e a duração do descanso e podem identificar distúrbios, como a apneia do sono, caracterizada por pausas respiratórias.” Ela complementa: “Além de alertar o usuário sobre problemas, como a apneia, que, muitas vezes, passa despercebida, também sugerem práticas para melhorar a qualidade do sono.”
É importante lembrar que, como qualquer tecnologia, esses dispositivos podem apresentar alguns desafios. “Os dados coletados nem sempre são totalmente precisos. Além disso, nem todos os dispositivos têm validação clínica, o que pode levar a interpretações equivocadas“, explica Sara. Por isso, ela enfatiza a importância de buscar orientação médica para diagnóstico adequado de possíveis distúrbios do sono.
A quantidade de sono necessária varia de pessoa para pessoa. Contudo, especialistas recomendam que adultos durmam entre sete a nove horas por noite;
Sara ressalta que, além do tempo, a qualidade do sono também é vital. “Mesmo que uma pessoa durma por oito horas, se não passar pelos estágios mais profundos do sono, como o sono REM e o sono profundo, ela pode não se sentir completamente descansada“;
Os vestíveis têm se mostrado aliados importantes no monitoramento do sono;
No entanto, fatores, como estresse, exposição à luz azul das telas e hábitos diários, podem afetar a qualidade do descanso;
Para melhorar o sono, a especialista sugere evitar o uso de aparelhos eletrônicos uma hora antes de dormir e praticar exercícios regularmente.
Com o auxílio de tecnologias inovadoras, como os vestíveis, é possível ter um controle mais detalhado sobre os fatores que impactam o sono. No entanto, é fundamental usar esses dispositivos com consciência e sempre contar com a orientação de profissionais de saúde para garantir o diagnóstico e tratamento adequados de distúrbios do sono.
Com o auxílio de tecnologias inovadoras, como os vestíveis, é possível ter um controle mais detalhado sobre os fatores que impactam o sono (Imagem: New Africa/Shutterstock)
Se você está pensando em parar de beber álcool, provavelmente já sabe que a sobriedade pode trazer uma série de benefícios, tanto mentais quanto físicos. Claro, esses benefícios podem variar de pessoa para pessoa, dependendo da relação anterior com o álcool, mas, de modo geral, diversas vantagens são esperadas.
O que acontece no seu corpo quando você para de consumir bebidas alcoólicas?
De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o consumo de álcool está associado a mais de 200 doenças e lesões. Os impactos mais significativos ocorrem no fígado, onde o álcool é metabolizado, mas também há efeitos em outros órgãos, como o coração, o trato gastrointestinal, o pâncreas e o cérebro.
Esses efeitos negativos podem variar bastante, dependendo da frequência de consumo e da quantidade ingerida.
Entretanto, os problemas de saúde – bem como os problemas de segurança pública causados pelo álcool – podem ser significativamente reduzidos por meio de ações que abordem os níveis, padrões e contextos do consumo. Veja abaixo como o nosso corpo reage quando paramos de consumir bebidas alcoólicas.
Foi-se o tempo em que as pessoas acreditavam que uma taça de vinho tinto ao dia poderia ser boa para o coração. Segundo a OMS, além do consumo de álcool não fazer bem para nenhum órgão, não existe dose segura para a nossa saúde.
Assim, diminuir o consumo ou parar de beber álcool pode reduzir sua pressão arterial, os níveis de gordura chamados triglicérides e as chances de insuficiência cardíaca.
O fígado pode se recuperar
A função do fígado é filtrar as toxinas, e o álcool é tóxico para as nossas células. Ou seja, o consumo excessivo de álcool pode prejudicar o órgão e causar esteatose hepática, cirrose e outros problemas. A boa notícia é que o fígado pode se recuperar e, dependendo do contexto de cada pessoa, até se regenerar quando paramos de beber.
Além disso, na ausência de álcool no sistema, o fígado pode se concentrar em suas outras funções, como a quebra de outras toxinas produzidas pelo corpo e o metabolismo de gorduras.
Mulher bebendo um copo de cerveja com uma expressão de desgostos / Crédito: frantic00 (shutterstock/reprodução)
As funções cognitivas e o sono também melhoram
De acordo com pesquisas, em apenas uma semana sem álcool, nosso corpo é capaz de prover melhores padrões de sono e clareza mental. Isso porque o consumo de álcool pode aumentar a supressão do sono REM, que é a parte mais profunda do ciclo do sono e tem o impacto mais restaurador no corpo.
A fase REM desempenha um papel importante em nossa função cognitiva, permitindo que nosso cérebro processe memórias, tome decisões mais claras e regule nossas emoções – viabilizando e facilitando nossas tarefas diárias.
A pele fica mais bonita
Pode parecer supérfluo mencionar a aparência, mas ela é uma das consequências positivas por um motivo importante: hidratação. O álcool é um diurético, o que significa que faz com que o corpo perca líquidos e se desidrate rapidamente.
Além disso, a desidratação prejudica a absorção de nutrientes essenciais, como as vitaminas A, C e E. Ao parar de beber, a pele – e outras partes do corpo – retém mais umidade e pode absorver melhor vitaminas importantes para sua saúde.
Copo de água. Imagem: Fizkes/Shutterstock
Quanto para perceber mudanças depois de parar de beber?
A maior parte das pesquisas sobre os efeitos da interrupção do consumo de álcool tem foco em pessoas com consumo pesado. Assim, os sintomas físicos de abstinência são os mais perceptíveis durante os primeiros dias, mas geralmente melhoram bastante em poucas semanas.
De qualquer forma, até mesmo para aquelas pessoas que consomem álcool de maneira mais moderada, é possível observar diversos efeitos positivos na saúde após parar de beber álcool por um mês.
O escorbuto, doença causada pela deficiência de vitamina C, voltou a ser motivo de preocupação para as autoridades de saúde ao redor do mundo. A condição, que vitimou milhões de marinheiros entre os séculos XVI e XVIII, era considerada rara em países desenvolvidos. No entanto, casos recentes indicam um ressurgimento da doença, especialmente em populações vulneráveis.
Exemplos preocupantes são o de um australiano de 51 anos, que foi internado com um caso agudo da doença, e crianças francesas de baixa renda diagnosticadas com a doença. Estes quadros clínicos levantaram um alerta sobre a relação entre dificuldades econômicas e a falta de acesso a uma alimentação equilibrada.
Paciente descobre escorbuto após quadro grave
O paciente apresentou erupções cutâneas dolorosas nas pernas, que rapidamente se espalharam pelo corpo.
Durante uma série de exames para investigar a inflamação dos vasos sanguíneos, também foram identificados sangue na urina e sinais de anemia.
Contudo, os testes não apontaram evidências de doenças autoimunes ou hemorragia interna.
A causa dos sintomas só foi identificada quando os médicos investigaram os hábitos alimentares do paciente.
Um estudo do caso revelou que ele enfrentava dificuldades financeiras, o que o levou a negligenciar a alimentação, eliminando frutas e vegetais de sua dieta.
Além disso, após passar por uma cirurgia, ele parou de tomar os suplementos vitamínicos e minerais prescritos devido à falta de dinheiro, agravando ainda mais a deficiência nutricional.
Os resultados do caso foram publicados na revista BMJ Case Reports.
O paciente se recuperou após iniciar um tratamento com suplementação de vitamina C, vitamina D3, ácido fólico e multivitamínicos.
No entanto, especialistas alertam que o escorbuto pode ser fatal se não for tratado.
Escorbuto ressurge na França e afeta crianças de baixa renda
Pesquisadores franceses identificaram um crescimento preocupante nos casos de escorbuto, especialmente entre crianças de quatro a dez anos de famílias de baixa renda. Um estudo publicado na revista The Lancet aponta a relação entre o aumento da doença e a insegurança alimentar agravada pela inflação pós-pandemia.
Erupções cutâneas estão entre os sintomas do escorbuto (Imagem: BlurryMe / Shutterstock.com)
Aumento significativo desde 2020
Dados analisados por médicos e pesquisadores indicam que as hospitalizações por escorbuto cresceram 34,5% desde março de 2020, período que coincidiu com o início da pandemia de Covid-19. O aumento dos preços dos alimentos, com destaque para o índice de 15% de inflação nos alimentos em janeiro de 2023, limitou o acesso de muitas famílias a frutas e vegetais ricos em vitamina C, essenciais para a prevenção da doença.
Além da desnutrição, muitos dos casos analisados apontaram que crianças afetadas passaram dias sem se alimentar, segundo relatos de enfermeiros. Especialistas defendem a necessidade de políticas públicas mais eficazes, incluindo maior investimento em assistência social e programas alimentares para mitigar o impacto da crise econômica na nutrição infantil.
A vitamina C é essencial para a cicatrização de feridas, fortalecimento do sistema imunológico e regeneração óssea. Por isso, uma dieta pobre neste nutriente por apenas um mês pode desencadear a doença. Os sintomas incluem fadiga, inchaço nas pernas, hematomas frequentes e infecções graves.
Suplementação de vitaminas, especialmente a vitamina C, é o tratamento para o escorbuto (Imagem: Valentyna Yeltsova / iStock)
Embora tenha sido uma das principais causas de morte entre marinheiros há séculos, o escorbuto ainda está presente na atualidade. Um estudo recente nos Estados Unidos apontou que os casos de escorbuto pediátrico triplicaram entre 2016 e 2020. A condição está frequentemente associada a problemas como obesidade, transtorno do espectro do autismo e baixa renda.
Apesar do aumento dos casos, a doença tem tratamento simples e seus sintomas podem desaparecer em menos de 24 horas com a suplementação adequada. Ainda assim, especialistas reforçam a necessidade de conscientização sobre a importância da vitamina C na alimentação e os riscos de deficiências nutricionais para a população em situação de vulnerabilidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 5% da população mundial apresenta altas habilidades, ou seja, são consideradas superdotadas. No Brasil, esse percentual equivale a cerca de 2,3 milhões de crianças. No entanto, muitas dessas crianças passam despercebidas, pois os sinais da superdotação podem ser confundidos com outros transtornos ou mesmo ignorados no ambiente escolar.
A superdotação pode se manifestar de diversas formas, como nas áreas psicomotora, intelectual, acadêmica, de talento especial, social e criativa. Para identificar uma criança superdotada, é importante observar sinais específicos que podem indicar um desenvolvimento cognitivo acima da média.
A seguir, destacamos os principais sinais da superdotação em crianças, com base em estudos e apontamentos de especialistas da área.
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Veja os sinais mais comuns da superdotação em crianças
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Crianças superdotadas frequentemente demonstram uma curiosidade incomum para a sua idade. Elas fazem perguntas profundas e insistentes, buscando entender o “porquê” e o “como” das coisas.
Essa característica está ligada a uma maior atividade no córtex pré-frontal, região do cérebro associada ao pensamento crítico e à resolução de problemas.
Segundo a Cartilha Saberes e Práticas da Inclusão, publicada pelo Ministério da Educação (MEC), essa curiosidade excessiva é um dos primeiros sinais observados pelos pais e educadores.
Vocabulário avançado para a idade
Outro sinal comum é o uso de um vocabulário complexo e preciso, muitas vezes surpreendente para a faixa etária. Isso ocorre porque crianças superdotadas têm uma capacidade acelerada de processamento linguístico, associada a uma maior conectividade neural nas áreas do cérebro responsáveis pela linguagem.
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Facilidade de aprendizagem e alfabetização precoce
Crianças superdotadas costumam aprender rapidamente e, muitas vezes, se alfabetizam antes dos colegas. Essa facilidade está relacionada a uma maior eficiência na formação de sinapses no hipocampo, região cerebral associada à memória e ao aprendizado.
De acordo com o Conselho Brasileiro para Superdotação (ConBraSD), essa característica é frequentemente observada em crianças com altas habilidades acadêmicas.
Memória excepcional
Uma memória acima da média é outro sinal marcante. Crianças superdotadas conseguem reter e recuperar informações com facilidade, seja de eventos cotidianos ou de conteúdos acadêmicos.
Pesquisas em neurociência sugerem que isso está associado a uma maior densidade de neurônios no lobo temporal, área do cérebro responsável pelo armazenamento de memórias.
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Criatividade elevada
A criatividade é uma característica central da superdotação, especialmente na forma criativo-produtiva, como destacado por Joseph Renzulli em sua Teoria dos Três Anéis.
Crianças superdotadas frequentemente apresentam pensamento divergente, ou seja, a capacidade de gerar múltiplas soluções para um mesmo problema. Essa habilidade está ligada a uma maior atividade no hemisfério direito do cérebro, associado à imaginação e à inovação.
Muitas crianças superdotadas desenvolvem um interesse profundo e persistente por um tema específico, dedicando horas ao estudo e à exploração desse assunto. Esse comportamento, conhecido como “hiperfoco“, está relacionado a uma maior liberação de dopamina no cérebro, neurotransmissor associado à motivação e à recompensa. Segundo a OMS, esse traço é comum em indivíduos com altas habilidades.
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Habilidades de liderança e autoconfiança
Crianças superdotadas frequentemente demonstram habilidades de liderança e uma autoconfiança acima da média. Elas tendem a organizar atividades, influenciar colegas e assumir papéis de destaque em grupos. Essa característica está associada a uma maior maturidade emocional e cognitiva.
Importância da identificação precoce
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Testes de QI, avaliações neuropsicológicas e observações comportamentais são essenciais para confirmar altas habilidades. Além disso, é importante diferenciar a superdotação de outros transtornos, como autismo ou TDAH, que podem apresentar características semelhantes.
Aviso importante: as informações deste artigo foram baseadas em apontamentos de profissionais da saúde e fontes científicas confiáveis. No entanto, elas não substituem um diagnóstico profissional. Caso suspeite que uma criança possa ser superdotada, procure um especialista para avaliação e acompanhamento adequados. Pesquisas e informações da internet não podem diagnosticar superdotação.
Um medicamento ainda em fase de testes pode reduzir o risco de demência relacionada ao Alzheimer em pessoas na faixa dos 30, 40 ou 50 anos. É o que mostra um estudo liderado pela Knight Family Dominantly Inherited Alzheimer Network-Trials Unit (DIAN-TU), com sede na Washington University School of Medicine.
Os resultados do ensaio clínico sugerem que o tratamento precoce remove placas amiloides do cérebro muitos anos antes do surgimento dos sintomas em pessoas com maior chance de desenvolver a doença, atrasando o início da demência de Alzheimer.
O experimento foi feito em escala global e envolveu 73 pessoas com mutações genéticas raras e herdadas que causam a superprodução de amiloide no cérebro. Esse é um dos principais fatores que levam ao Alzheimer na meia-idade, segundo o artigo.
Randall J. Bateman conduziu ensaios clínicos por 8 anos (Imagem: WashU Medicine)
No subgrupo de 22 participantes que não tinham problemas cognitivos no início do estudo e que receberam o medicamento por mais tempo — uma média de oito anos — o risco de desenvolver sintomas caiu de 100% para cerca de 50%.
“Ainda não sabemos por quanto tempo eles permanecerão sem sintomas – talvez alguns anos ou talvez décadas. Para dar a eles a melhor oportunidade de permanecerem cognitivamente normais, continuamos o tratamento com outro anticorpo antiamiloide na esperança de que eles nunca desenvolvam sintomas”, disse o autor sênior, Randall J. Bateman.
O estudo faz parte do primeiro teste de prevenção de Alzheimer no mundo, conhecido como Knight Family DIAN-TU-001. A pesquisa foi lançada em 2012 para avaliar medicamentos antiamiloides como terapias preventivas para a doença de Alzheimer.
O teste chegou a ser paralisado por causa de resultados divergentes, já que alguns participantes tiveram problemas cognitivos leves, enquanto outros não tiveram nenhum. O laboratório Roche descontinuou a fabricação do gantenerumab em 2022, e os médicos substituíram a medicação pelo lecanemab.
Rorche descontinuou remédio usado na pesquisa global (Imagem: hapabapa/iStock)
O gantenerumabe e outros antiamiloides foram associados a um efeito colateral conhecido como ARIA. As anormalidades são detectáveis em exames cerebrais e representam pequenas manchas de sangue no cérebro ou inchaço localizado do cérebro.
No entanto, não houve eventos adversos com risco de vida e nenhuma morte. No geral, o perfil de segurança do gantenerumabe na extensão foi semelhante ao do ensaio original e em outros ensaios clínicos de gantenerumabe, disseram os pesquisadores.
Agora, a conclusão dos testes depende de financiamento do National Institutes of Health (NIH). Enquanto isso, a universidade está recrutando voluntários para um novo experimento com o medicamento.
A relação entre os níveis de vitamina B12 e a saúde cognitiva tem sido objeto de investigação em diversos estudos. Uma pesquisa recente, publicada na Annals of Neurology, analisou a presença dessa vitamina no organismo de idosos e sua influência no funcionamento do sistema nervoso central. Os resultados sugerem que os valores atualmente considerados normais podem não ser suficientes para prevenir o declínio cognitivo.
A pesquisa acompanhou adultos saudáveis, com idade média de 71 anos, e revelou que aqueles com níveis mais baixos de B12 apresentaram processamento cognitivo e visual mais lentos. Além disso, houve uma maior incidência de lesões na substância branca do cérebro, condição que pode estar associada a problemas como demência e AVC.
Estudo ofereceu novas perspectivas sobre a influência dos níveis de vitamina B12 em problemas cerebrais e cognitivos (Imagem: Roman Zaiets/Shutterstock)
Apesar da relevância dos achados, especialistas ressaltam que o estudo é observacional, ou seja, não estabelece uma relação de causa e efeito.
Vitamina B12 e a saúde cerebral
A vitamina B12 é fundamental para diversas funções do organismo, incluindo a síntese de DNA, a formação dos glóbulos vermelhos e o funcionamento do sistema nervoso.
Apesar disso, um novo estudo publicado no Annals of Neurology indica que os limites atualmente considerados saudáveis para essa vitamina podem não ser adequados para garantir a saúde cognitiva.
A pesquisa, liderada pela Universidade da Califórnia, analisou os efeitos da vitamina B12 em 231 participantes com idade média de 71 anos.
Todos tinham níveis da vitamina acima do mínimo recomendado, mas ainda assim apresentaram relação entre a B12 e a cognição.
Impacto da vitamina B12 na cognição
Os pesquisadores observaram que níveis baixos da forma ativa da vitamina B12 estavam associados a um processamento cognitivo mais lento, especialmente em idosos. O exame de ressonância magnética revelou também que esses indivíduos apresentavam mais danos na substância branca do cérebro, uma região essencial para a comunicação entre neurônios.
Além disso, altos níveis da forma inativa da B12 foram correlacionados com uma maior presença da proteína tau, ligada a doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.
A opinião dos especialistas
Para entender melhor a relevância do estudo, consultamos dois médicos especialistas na área de nutrologia.
O Dr. Matheus Azevedo, especialista em nutrologia e medicina anti aging, aponta que o estudo reforça uma discussão sobre os valores de referência da vitamina. “A pesquisa sugere que os níveis considerados normais de vitamina B12 podem não ser suficientes para prevenir o declínio cognitivo. Isso indica a necessidade de revisão dos valores de referência, já que, na prática clínica, buscamos manter os níveis acima de 500 pg/mL”, afirma.
Níveis ideais de vitamina B12 hoje flutuam entre valores acima de 300 pg/mL e 500 pg/mL (Imagem: CeltStudio / Shutterstock.com)
O Dr. Neto Borghi, nutrólogo integrativo e especialista em emagrecimento, vitaminas e hormônios, destaca que a pesquisa levanta uma questão importante, mas é fundamental interpretá-la com cautela.
“Esse estudo analisou a relação entre os níveis de vitamina B12 e a saúde do sistema nervoso central, encontrando uma associação entre baixos níveis e alterações cerebrais. No entanto, é um estudo observacional, ou seja, ele apenas aponta uma correlação, sem provar que a falta de B12 causa declínio cognitivo”, explica Borghi.
Segundo ele, outros fatores podem influenciar esses resultados. “Pode ser que os idosos com níveis mais altos de B12 tenham uma condição socioeconômica melhor, o que lhes garante uma alimentação mais equilibrada e maior acesso à saúde. Isso por si só poderia explicar a melhor saúde cognitiva”, ressalta o médico. Ele também enfatiza que, para comprovar os efeitos da suplementação de B12 na função cerebral, seriam necessários ensaios clínicos que avaliassem diretamente essa intervenção.
Como identificar uma deficiência de B12
Os exames laboratoriais são a forma mais precisa de avaliar os níveis de vitamina B12 no organismo. Segundo o Dr. Neto Borghi, o valor de referência pode variar entre laboratórios, mas o ideal é que fique acima de 300 pg/mL. “Alguns estudos indicam que níveis acima de 400 ou 500 podem ser mais adequados à saúde do sistema nervoso central”, comenta.
Sinais como cansaço, fraqueza sem motivo aparente, formigamento nas mãos e nos pés, perda de memória, alterações de humor e anemia podem indicar uma deficiência da vitamina. Dr. Azevedo acrescenta que sintomas gastrointestinais, como perda de apetite e constipação, também podem estar associados à baixa de B12.
A identificação de níveis saudáveis de vitamina B12 e sinais de alerta envolve a realização de exames laboratoriais. Os níveis sanguíneos de referência podem variar, mas geralmente, níveis abaixo de 200 pg/mL são considerados deficientes.
Dr. Matheus Azevedo, especialista em nutrologia e medicina anti aging
Apesar desta recomendação, ele destaca que, na prática clínica, busca-se manter níveis de vitamina B12 superiores a 500 pg/mL.
A importância da vitamina B12 para a saúde
A vitamina B12 é essencial para diversas funções vitais do organismo. Ela participa da formação dos glóbulos vermelhos, prevenindo a anemia megaloblástica, que pode causar cansaço e fraqueza. Além disso, tem papel crucial na manutenção da mielina, a substância que reveste os nervos e garante a transmissão adequada dos impulsos nervosos.
Borghi explica que uma deficiência prolongada pode levar a danos neurológicos irreversíveis. “Quando os níveis de B12 estão muito baixos, o paciente pode apresentar sintomas como formigamento nas extremidades, dificuldade de memória e até alterações no equilíbrio”, esclarece.
A principal fonte de vitamina B12 são os alimentos de origem animal, como carnes, peixes, ovos e laticínios. Por isso, vegetarianos e veganos devem ter uma atenção especial e, muitas vezes, necessitam de suplementação.
Alimentos ricos em vitamina B12 incluem – entre outros – carnes, peixes, ovos e laticínios (Imagem: Tatjana Baibakova / Shutterstock.com)
Estudo não é conclusivo, mas deixa alerta
Embora o estudo publicado na Annals of Neurology traga informações relevantes sobre a vitamina B12 e sua influência na saúde cognitiva, especialistas reforçam que ele não é conclusivo. A relação entre os níveis da vitamina e a saúde do sistema nervoso ainda precisa de mais investigações, especialmente através de ensaios clínicos.
Enquanto isso, manter uma alimentação equilibrada e monitorar os níveis de B12 é essencial para a prevenção de doenças neurológicas e anemia.
Por que quando sentimos cócegas temos aquela sensação misteriosa que nos faz contorcer e gargalhar, mesmo quando não há nada engraçado acontecendo? É como se nosso corpo tivesse um botão secreto de “risada automática”, ativado por toques inesperados. Seria nosso corpo nos pregando peças? Ou será que existe explicações científicas por trás dessa reação peculiar?
As cócegas são uma sensação intrigante e complexa, com nuances que vão além da simples reação física. A ciência ainda não desvendou completamente todos os seus mistérios, mas algumas teorias se destacam.
As cócegas são uma resposta fisiológica e neurológica complexa que envolve interações entre o sistema nervoso, a pele e o cérebro. A sensação de cócegas é geralmente dividida em dois tipos: knismesis e gargalesis.
Knismesis: é uma sensação leve, semelhante a um formigamento, que pode ser causada por um toque suave, como o de uma pena ou um inseto caminhando sobre a pele. Esse tipo de cócega geralmente não provoca risos, mas pode causar uma sensação de desconforto ou coceira.
Gargalesis: é uma sensação mais intensa, que provoca risos e é causada por um toque mais firme e repetitivo, como quando alguém faz cócegas em outra pessoa. Esse tipo de cócega está mais associado ao riso e à interação social.
Por que nós sentimos cócegas?
A sensação de cócegas está relacionada à ativação de receptores sensoriais na pele, que enviam sinais ao cérebro através do sistema nervoso.
Quando a pele é tocada de forma leve ou repetitiva, os receptores sensoriais, especialmente os relacionados ao tato e à pressão, são ativados. Esses sinais são processados em áreas do cérebro como o córtex somatossensorial (que interpreta o toque) e o córtex cingulado anterior (que está associado à sensação de prazer ou desconforto).
O riso que acompanha as cócegas, especialmente no caso da gargalesis, está ligado à ativação do hipotálamo, uma região do cérebro envolvida em respostas emocionais e comportamentais. O hipotálamo está conectado ao sistema límbico, que regula emoções, e ao sistema de recompensa, o que pode explicar por que as cócegas podem ser tanto prazerosas quanto desconfortáveis.
Cócegas nos pés são causadas por um toque leve ou fricção que irrita as inúmeras terminações nervosas da região (Imagem: Oleksii Synelnykov / Shutterstock)
Acredita-se que a imprevisibilidade do toque seja um fator crucial para a sensação de cócegas. Quando tocamos a nós mesmos, o cérebro antecipa a sensação e a reação é minimizada.
Um estudo francês descobriu que a esquizofrenia pode afetar a capacidade do cérebro de diferenciar entre sensações autoproduzidas e externas, fazendo com que as pessoas com a doença sintam cócegas em si mesmas.
Há várias teorias sobre a função evolutiva das cócegas:
Proteção: a sensibilidade ao toque leve (knismesis) pode ter evoluído como um mecanismo de proteção contra insetos ou parasitas que caminham sobre a pele. A sensação de cócegas alertaria o indivíduo para a presença de um potencial perigo, como um inseto venenoso ou um parasita.
Desenvolvimento social e vínculos: as cócegas que provocam riso (gargalesis) podem ter um papel importante no desenvolvimento social e na formação de vínculos, especialmente entre pais e filhos ou entre indivíduos de um grupo. O riso é uma forma de comunicação não verbal que fortalece os laços sociais e promove a coesão do grupo.
Treino de defesa: alguns pesquisadores sugerem que as cócegas podem ser uma forma de “treino” para situações de luta ou fuga. A sensibilidade a toques em áreas vulneráveis do corpo, como as axilas ou a barriga, pode ajudar a desenvolver reflexos de proteção.
Os animais sentem cócegas?
Sim, muitos animais sentem cócegas, especialmente mamíferos sociais como primatas e ratos. Estudos mostram que ratos emitem sons ultrassônicos (semelhantes ao riso humano) quando recebem cócegas, e primatas, como chimpanzés, também riem durante interações de cócegas. Isso sugere que as cócegas têm uma função social e evolutiva em várias espécies.
Você sabia que a sensibilidade a cócegas varia de pessoa para pessoa e podem ser influenciadas por fatores psicológicos, como humor e ansiedade? A ciência ainda está estudando as cócegas, e nem tudo foi descoberto.
Para saber mais sobre o assunto, estudos como “The mystery of ticklish laughter”, “Laughing rats and the evolutionary antecedents of human joy?” e “Why can’t you tickle yourself?” são alguns exemplos interessantes. Se você tiver acesso a bibliotecas universitárias ou plataformas como PubMed,Springer, ou JSTOR, poderá encontrar esses e outros trabalhos para leitura detalhada.
Um estudo realizado pelo Hospital Universitário LWL, em Bochum, Alemanha, mostrou que a ilusão da mão de borracha pode reduzir a percepção da dor, oferecendo uma nova perspectiva para o controle da dor crônica. O estudo foi publicado na revista PAIN Reports.
A pesquisa descobriu que, ao fazer com que os participantes percebesse uma mão de borracha como parte de seu corpo, a intensidade da dor causada por estímulos de aquecimento foi significativamente reduzida.
Descobertas do estudo
A ilusão foi criada ao esconder a mão real do participante e posicionar uma mão falsa na frente dele.
Quando ambos os objetos eram acariciados ou aquecidos simultaneamente, o cérebro passava a tratar a mão de borracha como parte do corpo, diminuindo a percepção da dor.
O experimento utilizou calor controlado em uma mão escondida e luz vermelha sob a mão de borracha, enquanto os participantes avaliavam seus níveis de dor.
Em uma condição de controle, a mão falsa foi colocada de forma a não ser reconhecida como parte do corpo, o que resultou em uma percepção de dor mais intensa.
A mão de borracha é percebida como parte do seu próprio corpo quando você não consegue ver a sua própria mão – Imagem: Damian Gorczany/Hospital Universitário de Bochum
Os resultados sugerem que a integração sensorial entre informações visuais, táteis e proprioceptivas pode ser responsável pela diminuição da dor.
O fenômeno, conhecido como analgesia visual, pode ocorrer quando uma pessoa vê uma parte de seu corpo durante a dor, reduzindo sua intensidade.
Embora o mecanismo neural por trás desse efeito ainda não seja totalmente compreendido, as descobertas indicam que essa abordagem poderia ser aplicada no tratamento de condições como a síndrome da dor regional complexa (SDRC), oferecendo uma alternativa ao uso de medicações.
Pesquisadores de uma equipe internacional, incluindo cientistas da Charles Darwin University (CDU), desenvolveram um modelo de inteligência artificial (IA) chamado ECgMPL, que identifica o câncer endometrial com uma precisão impressionante de 99,26%.
Este câncer é um dos tipos mais comuns de tumores reprodutivos e, se diagnosticado precocemente, tem boas chances de tratamento. O estudo foi publicado no jornal Computer Methods and Programs in Biomedicine Update.
Detalhes do estudo
O modelo supera os métodos tradicionais, que têm uma precisão de cerca de 79%, ao analisar imagens microscópicas de células e tecidos, melhorando a qualidade da imagem e focando em áreas específicas que podem passar despercebidas a olho nu.
O ECgMPL foi otimizado para ser computacionalmente eficiente e é capaz de identificar não só câncer endometrial, mas também cânceres colorretal, de mama e oral, com altas taxas de precisão (98,57%, 98,20% e 97,34%, respectivamente).
Os pesquisadores acreditam que esse modelo pode ser uma ferramenta valiosa para médicos, ajudando na detecção precoce do câncer, no acompanhamento do tratamento e na tomada de decisões clínicas.
Métodos tradicionais para detectar presença do câncer endometrial possuem precisão menor que o alcançado pela IA – Imagem: Peakstock/Shutterstock
Embora a IA não substitua os médicos, ela oferece uma solução rápida, acessível e econômica para o diagnóstico do câncer, com o potencial de melhorar os resultados dos pacientes.
A detecção precoce, especialmente do câncer endometrial, é crucial, pois facilita o tratamento eficaz e aumenta as chances de sobrevivência.
O modelo ECgMPL não só representa um avanço na luta contra o câncer, mas também abre portas para a aplicação dessa tecnologia em outros tipos de doenças, oferecendo uma nova abordagem no diagnóstico médico.
Modelo se apresenta como uma potencial ferramenta valiosa para médicos no diagnóstico precoce – Imagem: MUNGKHOOD STUDIO/Shutterstock
O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, conhecida por seus benefícios à saúde, como aumento da disposição e melhora da concentração. No entanto, o que acontece quando ele é consumido depois de horas ou dias do preparo? Será que o café velho ou requentado faz mal à saúde?
Vamos explorar os efeitos dessa prática no corpo e entender por que o café fresco é a melhor opção.
Por que o café velho ou requentado pode fazer mal?
Xícara de café / Crédito: worradirek (shutterstock/reprodução)
O café, quando preparado, começa a passar por um processo natural de oxidação. Esse fenômeno ocorre quando os compostos químicos presentes na bebida entram em contato com o oxigênio do ar, alterando suas propriedades. No caso do café, a oxidação afeta principalmente os óleos essenciais e os polifenóis, responsáveis pelo aroma, sabor e parte dos benefícios à saúde.
O que é o café de um dia para o outro?
O café de um dia para o outro é aquele que foi preparado e armazenado por horas ou dias, seja em uma garrafa térmica, na geladeira ou em temperatura ambiente. Por exemplo:
Fazer o café em um dia à noite para tomá-lo na manhã seguinte.
Preparar uma quantidade grande de café e guardá-lo na geladeira para consumir ao longo da semana.
Deixar o café em uma garrafa térmica por várias horas.
Essas práticas são comuns, mas podem comprometer a qualidade da bebida e, em alguns casos, trazer efeitos indesejados à saúde.
O processo de oxidação do café
Grãos de café/ Crédito: ril21 (shutterstock/reprodução)
A oxidação é um processo químico que ocorre quando o café entra em contato com o oxigênio. Esse fenômeno começa logo após o preparo da bebida e se intensifica com o tempo. Conforme o café oxida, ele perde seu aroma característico e adquire um sabor amargo e desagradável. Além disso, a degradação dos compostos pode gerar substâncias que irritam o sistema digestivo.
Segundo a nutricionista Luciene de Oliveira, diretora científica do Departamento de Nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), em um artigo pulicado no site do instituto, o café oxidado pode causar desconfortos como azia, náuseas e dores de estômago. Embora não haja evidências científicas conclusivas sobre danos graves à saúde, o consumo de café requentado ou velho não é recomendado.
Café requentado: o que acontece?
Bule derramando café em uma xícara / Crédito: Lucas de Freitas (shutterstock/reprodução)
Requentar o café é uma prática comum, mas pode agravar os efeitos da oxidação. Quando a bebida é aquecida novamente, os compostos já degradados sofrem novas alterações, intensificando o sabor amargo e potencializando a produção de substâncias que podem causar desconforto gastrointestinal.
Em entrevista ao portal R7 a endocrinologista Thais Mussi, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), alerta que o reaquecimento degrada ainda mais os óleos essenciais e a cafeína, podendo levar a sintomas como dor de cabeça, refluxo e indigestão. Além disso, o café requentado perde suas propriedades antioxidantes, que são benéficas para a saúde.
O ideal é consumir o café fresco, logo após o preparo. A nutricionista Gabriela Cilla, em entrevista ao jornal Folha Vitória, recomenda que a bebida seja ingerida em até 30 minutos após o preparo, pois após esse período o processo de oxidação já começa a alterar o sabor e as propriedades do café. Se armazenado em uma garrafa térmica de qualidade, o café pode manter suas características por até uma hora.
Mulher assoprando café em uma xícara / Crédito: Pheelings media (shutterstock/reprodução)
Café na geladeira: pode ou não pode?
Guardar o café na geladeira é uma prática comum, mas não é a mais indicada. O frio pode alterar o sabor da bebida, e o café ainda continuará oxidando, mesmo em temperaturas mais baixas. Além disso, o café pode absorver odores de outros alimentos na geladeira, comprometendo ainda mais sua qualidade.
Pode guardar café na geladeira?
Não é recomendado. O café perde sabor e aroma, e o processo de oxidação continua ocorrendo.
Café só deve ser consumido fresco?
Sim, o ideal é consumir o café fresco, preparado na hora, para aproveitar seus benefícios e sabor.
Quanto tempo dura o café após o preparo?
O café deve ser consumido em até 30 minutos após o preparo. Em garrafas térmicas de qualidade, pode durar até uma hora.