Cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, desenvolveram uma maneira de converter células da pele diretamente em células cerebrais de forma extremamente eficiente. O processo é revolucionário porque não exige a etapa intermediária de convertê-las em células-tronco.
O problema do método mais comum, segundo pesquisadores, é que grande parte das células pode ficar presa nos estágios intermediários, reduzindo a eficiência da técnica. No novo trabalho, entretanto, a eficácia pode chegar a 100%.
Técnica é considerada revolucionária
Durante o trabalho, a equipe do MIT descobriu uma maneira de eliminar o processo intermediário, ignorando a etapa das células-tronco.
Isso quer dizer que as células são convertidas de um tipo para outro.
Segundo os cientistas, a técnica permite que, para cada célula de origem, sejam obtidas 10 ou mais células-alvo.
As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Cell.
Método não depende de células-tronco (Imagem: anusorn nakdee/iStock)
Para o novo estudo, os pesquisadores experimentaram seis fatores de transcrição de trabalhos anteriores, tentando diferentes combinações para encontrar o menor número que ainda poderia ser eficaz. Depois de muitas tentativas e erros, eles identificaram uma combinação de três, conhecida como NGN2, ISL1 e LHX3, que poderia realizar a conversão.
Apenas usar esses três permitiu que todos eles fossem amontoados em um vetor viral, possibilitando que a dosagem certa chegasse a todas as células. Usando um segundo vírus, a equipe entregou dois outros genes que fazem com que as células comecem a proliferar primeiro.
Nova técnica gerou células cerebrais funcionais em camundongos (Imagem: MIT)
A equipe testou a técnica convertendo células da pele de camundongos em neurônios motores. Descobriu-se que eles eram funcionais, sendo capazes de de formar conexões com outras células cerebrais. Agora, os pesquisadores querem aprimorar o método para poder utilizá-lo em humanos.
Doar sangue é um dos atos mais nobres que existem. Você dá uma parte do seu corpo para ajudar outras pessoas. E isso só é possível por que nosso organismo tem a incrível capacidade de se “regenerar”.
De acordo com o site do Hospital Israelita Albert Einstein, um dos maiores centros médicos da América Latina, a recuperação do volume coletado ocorre aproximadamente 24 horas após a doação. Já a recuperação das hemácias (que contém a hemoglobina) é mais lenta e pode levar de 6 a 8 semanas.
Quem já doou sangue conhece a sensação positiva e psicológica de ter feito o bem, de ter ajudado alguém que precisa. Agora, essa não é a única recompensa que o nosso corpo recebe. Pelo menos é isso o que indica uma pesquisa britânica que acaba de ser divulgada.
Cientistas do Francis Crick Institute, em Londres, descobriram que doar sangue com frequência pode deixar as suas células sanguíneas mais saudáveis.
Autoridades brasileiras defendem a doação de sangue e explicam que nossos estoques são baixos – Imagem: LuAnn Hunt/Unsplash
Como isso é possível?
A resposta está em um gene chamado DNMT3A.
Os pesquisadores analisaram dados genéticos extraídos de células sanguíneas doadas por 429 homens de 60 a 72 anos na Alemanha.
Desse total, 217 doaram sangue mais de 100 vezes na vida e os outros 212 doaram menos de 10 vezes – ou nenhuma.
O estudo concluiu que esse gene DNMT3A sofre mutações benéficas apenas entre os maiores doadores.
Em testes de laboratório, eles identificaram que as células com as mutações do doador frequente cresceram 50 por cento mais rápido do que aquelas sem as mutações.
Em uma outra experiência, a equipe as misturou essas células com outros que aumentam o risco de leucemia.
O resultado é que as “mutantes” cresceram substancialmente mais que as outras.
Segundo os autores do artigo, isso sugere que as mutações DNMT3A são benéficas e podem suprimir até mesmo o crescimento de células cancerígenas.
Você pode ler o estudo na íntegra na revista científica Blood.
A chave está em um gene chamado DNMT3A – Imagem: angellodeco/Shutterstock
Próximos passos
Os próprios cientistas afirmaram que são necessários agora novos estudos, mais amplos, para confirmar essa hipótese. Explicaram que experimentos de laboratório fornecem uma imagem altamente simplificada do que acontece no nosso corpo.
Além disso, sugerem que são necessários novos testes com diferentes etnias, entre mulheres e outras faixas etárias. Só assim eles terão uma visão mais universal dessa propriedade mutagênica.
Até lá, porém, podemos dizer que estamos diante de uma grande descoberta científica. E que tem potencial de incentivar o importante ato de doar sangue regularmente.
Cientistas da Universidade da Virgínia descobriram que a COVID-19 pode prejudicar a capacidade das células imunológicas de reparar os pulmões, o que pode ajudar a explicar os efeitos persistentes da COVID longa.
A pesquisa, publicada na revista Science, foi liderada por Jie Sun e revelou que infecções virais graves, como a COVID-19 e a gripe, danificam os peroxissomos, organelas essenciais dentro dos macrófagos — células imunológicas responsáveis pelo reparo pulmonar após danos nos tecidos.
Quando esses peroxissomos são danificados, sua função é comprometida, o que resulta em inflamação contínua e cicatrizes nos pulmões.
Descobertas do estudo
Os pesquisadores descobriram que essa disfunção nos peroxissomos é uma das causas da dificuldade de recuperação pulmonar observada em pacientes com COVID longa.
O estudo também sugeriu uma abordagem promissora para tratar esses efeitos persistentes: o uso do fenilbutirato de sódio, um medicamento já aprovado pelo FDA para tratar pacientes com altos níveis de amônia no sangue.
Esse medicamento foi capaz de restaurar a função dos peroxissomos em testes iniciais, melhorando a capacidade do sistema imunológico de reparar os pulmões.
Medicamento já aprovado pela FDA foi capaz de ajudar o sistema imunológico a reparar a inflamação dos pulmões (Imagem: JOURNEY STUDIO7/Shutterstock)
Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar a eficácia desse tratamento na COVID longa, os cientistas acreditam que suas descobertas podem abrir novas possibilidades terapêuticas.
Além disso, o estudo sugere que o tratamento dos peroxissomos também pode ser útil no tratamento de outras doenças respiratórias, tanto agudas quanto crônicas, como a gripe ou a doença pulmonar intersticial (DPI).
A pesquisa é um passo importante para entender melhor a COVID longa e outras condições pulmonares, oferecendo esperança de novas terapias centradas no peroxissomo para ajudar os pacientes a se recuperarem e melhorarem sua qualidade de vida.
A Covid longa ocorre quando os sintomas da doença persistem, ou aparecem pela primeira vez meses após a contaminação, causando danos ao pulmão – Imagem: Josie Elias/Shutterstock
O sonambulismo é um distúrbio do sono no qual a pessoa realiza atividades motoras, como andar e executar tarefas, sem estar consciente. Embora haja um mito popular de que “não pode acordar sonâmbulo”, a realidade é mais complexa. Acordá-los abruptamente pode causar reações inesperadas, como confusão, desorientação e até mesmo agressividade.
Neste artigo, exploramos as razões por trás dessa recomendação e o que fazer ao encontrar alguém em um episódio de sonambulismo.
Uma dúvida comum é se o sonâmbulo pode ser acordado. Segundo especialistas, é possível, mas deve-se fazer isso com muito cuidado. Acordá-los de forma brusca pode gerar reações imprevisíveis. O ideal é conduzir o indivíduo suavemente de volta para a cama para evitar riscos. Se for necessário acordá-lo, deve-se fazer isso de forma delicada e sem o assustar.
O sonambulismo é mais comum em crianças, afetando até 40% delas em algum momento, e geralmente desaparece na adolescência. Entre adultos, a prevalência varia de 0,5% a 4%. O sonambulismo tem forte componente genético, sendo mais frequente em gêmeos idênticos e em pessoas com histórico familiar.
Os episódios ocorrem geralmente nas primeiras horas do sono profundo e podem durar de segundos a mais de 30 minutos. A causa exata ainda é desconhecida, mas envolve a ativação irregular das áreas motoras do cérebro enquanto as responsáveis pela consciência permanecem inativas.
Fatores como uso de sedativos, álcool, estresse, ansiedade e febre aumentam o risco de sonambulismo. Além disso, problemas respiratórios, refluxo gastroesofágico e transtorno de estresse pós-traumático podem estar associados ao distúrbio.
Para conviver com um sonâmbulo de forma segura, é essencial tomar alguns cuidados com o ambiente. Trancar portas e janelas, retirando as chaves, ajuda a evitar que a pessoa saia de casa sem perceber.
Também é recomendável instalar telas ou grades de proteção nas janelas, além de bloquear o acesso às escadas e evitar o uso de beliches para reduzir o risco de quedas. Além disso, é importante guardar objetos cortantes em locais seguros e remover e obstáculo para minimizar a chance de tropeços.
Outra medida útil é o uso de luzes com sensor de movimento, que podem alertar os familiares caso o sonâmbulo se movimente durante a noite.
Cientistas da Espanha criaram dispositivo — ainda em fase de protótipo — capaz de destruir cálculos de forma não invasiva. O equipamento de baixo custo usa um ultrassom que transmite ondas sonoras para quebrar pedras nos rins dentro do corpo.
O tamanho e a portabilidade do dispositivo tornariam o tratamento de cálculos renais um procedimento ambulatorial sem a necessidade de máquinas, como é o caso atualmente.
Como funciona a tecnologia para “quebrar” pedras nos rins?
Com uma “cabeça terapêutica” de vórtices acústicos de alta intensidade montados em um braço robótico automatizado, o tratamento é guiado por um sistema de imagem;
Os feixes giram em torno das pedras como tornados e não focam no cálculo em si, como é o caso dos pulsos ESWL, que trata cálculos renais e ureterais em até uma hora;
“Os feixes podem produzir forças de cisalhamento em cálculos renais de forma mais eficiente do que um feixe convencional. É como se eles dessem uma pinça microscópica dentro das pedras, e essa pinça faz com que a pedra se fragmente em pedaços muito finos, quebrando-se em areia que é finalmente expelida pela uretra“, explicou o pesquisador Noé Jiménez.
Illustração de como funciona o feixe de vórtice (Imagem: Divulgação/UPV)
Por enquanto, o protótipo foi validado com cálculos artificiais e, no ano que vem, passará por testes em modelo animal. O experimento será realizado em colaboração com a Unidade de Litotripsia do Hospital La Fe de Valência.
“A vantagem de usar esse tipo de feixe é que, por serem tão eficientes, permitem que a amplitude da onda seja reduzida pela metade, e isso também reduz a probabilidade de produzir lesões e dor em tecido saudável”, acrescenta o Dr. César David Vera Donoso, que realizou o estudo inicial.
Cientistas da Universidade de Pequim anunciaram um projeto ambicioso: a criação de um “rim digital” através da integração de tecnologias de imagem multimodal e inteligência artificial.
O “Projeto Imageomics do Rim” visa construir um atlas digital detalhado do órgão, abrindo novas perspectivas para o diagnóstico e tratamento de doenças renais.
A importância do diagnóstico precoce de doenças renais
A doença renal crônica (DRC) é uma condição silenciosa, frequentemente diagnosticada tardiamente, quando o comprometimento renal já é significativo. A falta de sintomas evidentes e de biomarcadores diagnósticos confiáveis dificulta a detecção precoce, crucial para prevenir a progressão da doença.
O “rim digital” surge como uma ferramenta inovadora para superar esses desafios. Através da visualização detalhada da arquitetura renal em múltiplas escalas — desde a dinâmica molecular até a função sistêmica do órgão — a plataforma promete revolucionar a nefrologia de precisão.
O “rim digital” se torna um “órgão transparente”, capaz de revelar a origem de lesões e auxiliar na personalização de tratamentos. (Imagem: Natali _ Mis/Shutterstock)
Uma das características mais notáveis do “rim digital” é sua capacidade de integrar imagens multimodais, como ultrassom, ressonância magnética (MRI), tomografia computadorizada (CT) e patologia. Essa integração permite uma visualização panorâmica e multidimensional do órgão, revelando detalhes que os exames tradicionais não conseguem captar.
Além disso, a plataforma oferece simulação dinâmica da função renal, permitindo a detecção precoce de alterações e a simulação de diferentes cenários clínicos. O “rim digital” se torna um “órgão transparente”, capaz de revelar a origem de lesões e auxiliar na personalização de tratamentos.
Na prática clínica, o “rim digital” auxiliará na localização precisa de lesões e na construção de modelos digitais personalizados, baseados nos dados clínicos de cada paciente. Essa abordagem personalizada permitirá a seleção de tratamentos mais eficazes e o aprimoramento do diagnóstico precoce.
Os pesquisadores planejam construir um rim digital animal em três anos e um rim digital humano em dez anos. O projeto também servirá como modelo para a criação de atlas digitais de outros órgãos, impulsionando a pesquisa em diversas áreas da medicina.
A pandemia de Covid-19, um período marcado por desafios globais sem precedentes, catalisou avanços científicos que transcendem a luta contra o coronavírus.
A tecnologia de mRNA, que se provou fundamental no desenvolvimento de vacinas eficazes contra a Covid-19, agora emerge como uma poderosa aliada na batalha contra o câncer, abrindo um novo capítulo na oncologia.
A oncologia e a revolução do mRNA
Lennard Lee, oncologista do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido e figura central na vanguarda dessa transformação, destaca o papel crucial da pandemia em demonstrar a viabilidade das vacinas de mRNA (Via: Wired).
Anteriormente, as vacinas contra o câncer enfrentavam inúmeros obstáculos, com resultados clínicos frustrantes. A chegada da Covid-19, no entanto, impulsionou a pesquisa e o desenvolvimento, provando que a tecnologia de mRNA poderia ser utilizada para treinar o sistema imunológico a reconhecer e atacar células cancerígenas.
A capacidade de personalizar tratamentos, a eficácia comprovada da tecnologia de mRNA e o progresso acelerado das pesquisas clínicas indicam que estamos à beira de uma revolução no combate ao câncer.(Imagem por pedro7merino – Shutterstock)
Vacinas personalizadas e mais precisão no combate ao câncer
A tecnologia de mRNA permite a criação de vacinas personalizadas, adaptadas ao perfil genético de cada paciente. O processo envolve a realização de uma biópsia do tumor, o sequenciamento do tecido e o desenvolvimento de uma vacina sob medida, capaz de instruir o sistema imunológico a identificar e eliminar as células cancerígenas específicas daquele paciente.
Essa abordagem individualizada representa um avanço significativo em relação aos tratamentos convencionais, que muitas vezes apresentam efeitos colaterais severos e resultados limitados.
A tecnologia de mRNA permite a criação de vacinas personalizadas, adaptadas ao perfil genético de cada paciente. (Imagem: angellodeco/Shutterstock)
O Reino Unido, reconhecendo o potencial transformador das vacinas de mRNA contra o câncer, lançou o Cancer Vaccine Launch Pad em 2022. Essa iniciativa ambiciosa visa acelerar os testes clínicos e impulsionar a pesquisa na área, aproveitando a infraestrutura e a experiência adquiridas durante a pandemia.
O país estabeleceu parcerias estratégicas com empresas líderes no setor, como BioNTech e Moderna, consolidando sua posição como um centro de excelência em oncologia de precisão.
Atualmente, diversos testes clínicos de vacinas de mRNA contra o câncer estão em andamento em todo o mundo, com resultados promissores.
No Reino Unido, um teste para prevenir a recorrência do câncer de pele já concluiu a fase de recrutamento, com resultados esperados para o final de 2025 ou início de 2026. A expectativa é que, em breve, a primeira vacina de mRNA personalizada contra o câncer seja aprovada, marcando um novo marco na história da medicina.
O número de afastamentos do trabalho por saúde mental dobrou na última década, segundo dados concedidos pelo Ministério da Previdência Social ao g1. Só em 2024, foram registradas 472.328 licenças médicas relacionadas a transtornos mentais – recorde histórico que resultou em um aumento de 68% em relação ao ano de 2023.
Entenda:
Em 2024, foram registrados 472.328 afastamentos do trabalho por saúde mental;
Comparado a 2023, o aumento de casos foi de 68%;
Em 2014, o número de afastamentos por transtornos mentais foi de 221.721 – ou seja, os casos mais que duplicaram em 2024;
Ansiedade e depressão foram os transtornos que mais causaram afastamentos no ano passado;
Mulheres lideraram com 301.348 licenças médicas, e os homens somaram 170.980;
São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro foram os estados com maior número de afastamentos por saúde mental.
Número de afastamentos por saúde mental mais que duplicou na última década. (Imagem: pathdoc/Shutterstock)
Com 221.721 afastamentos registrados em 2014, o número de casos no ano passado mais que duplicou. Além disso, em 2024, as mulheres lideraram com 301.348 licenças médicas, enquanto os homens somaram 170.980 afastamentos. A idade média foi de 41 anos para os dois perfis.
Ansiedade e depressão lideram afastamentos por saúde mental
Em 2024, ansiedade e depressão foram os transtornos que mais causaram afastamento do trabalho por saúde mental. Quadros como transtorno bipolar e estresse também aparecem no ranking:
Ansiedade: 141.414 casos;
Depressão: 113.604 casos;
Depressão recorrente: 52.627 casos;
Transtorno bipolar: 51.314 casos;
Vício em drogas: 21.498 casos;
Estresse grave e transtornos de adaptação: 20.873 casos;
Esquizofrenia: 14.778 casos;
Alcoolismo: 11.470 casos;
Vício em cocaína: 6.873 casos.
Ansiedade liderou ranking de afastamentos por transtornos mentais em 2024. (Imagem: Tero Vesalainen/Shutterstock)
De 2014 a 2020, os casos de depressão lideraram o ranking. A partir de 2021, porém, a ansiedade passou a ser o principal transtorno por trás dos afastamentos. Para se ter uma ideia, há dez anos, os afastamentos por ansiedade somavam 32 mil. O aumento em comparação com o ano passado foi de mais de 400%, enquanto os casos de depressão quase dobraram (59.268 em 2014).
Quanto aos estados com mais casos de afastamento por saúde mental, São Paulo lidera com 125.141 registros. Em segundo lugar está Minas Gerais, com 65.420 casos em 2024. O Rio de Janeiro vem logo em seguida, com 31.660 afastamentos. Os estados com maior proporção de afastamentos em relação à população, entretanto, foram Distrito Federal, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A anestesia geral é uma técnica médica que induz um estado de inconsciência controlada para que o paciente não sinta dor e não tenha memória do procedimento. Esse tipo de anestesia é utilizado principalmente em cirurgias, exames invasivos e outros procedimentos médicos que exigem a imobilização total do paciente. Mas anestesia geral pode matar?
Recentemente, o influenciador e empresário Ricardo Godoi, de 46 anos, faleceu após receber anestesia geral para realizar uma tatuagem nas costas em Itapema, Santa Catarina. O procedimento ocorreu em um hospital, onde ele foi sedado antes mesmo de a tatuagem começar.
No entanto, logo após a administração da anestesia e a intubação, ele sofreu uma parada cardiorrespiratória. Os médicos tentaram reanimá-lo, mas ele não resistiu. O caso levantou dúvidas sobre os riscos da anestesia geral e as circunstâncias em que ela pode ser fatal.
O que é e para que serve a anestesia geral?
Imagem: Gumpanat/Shutterstock
Os anestésicos gerais atuam no sistema nervoso central, bloqueando a percepção da dor, a consciência e até mesmo os reflexos musculares. Eles podem ser administrados por via intravenosa ou inalatória, e a profundidade da anestesia é ajustada conforme necessário ao longo do procedimento.
O tempo de duração varia de acordo com a substância utilizada e com a resposta individual do paciente. Alguns anestésicos são mais potentes que outros e podem ser combinados para aumentar sua eficácia e segurança.
A decisão de administrar anestesia geral depende de uma avaliação detalhada, pois nem todos os pacientes podem recebê-la com segurança.
Pessoas saudáveis, de qualquer idade, geralmente toleram bem o procedimento, mas idosos com múltiplas doenças, indivíduos com problemas cardíacos ou respiratórios e aqueles com histórico de reações adversas precisam de uma abordagem cautelosa. Crianças também podem receber anestesia geral, mas a dosagem e o monitoramento precisam ser precisos para evitar complicações.
Nem toda anestesia coloca o paciente em um estado de inconsciência profunda. Existem diferentes tipos, cada um adequado para determinadas situações médicas:
Anestesia geral: induz inconsciência total e relaxamento muscular, sendo utilizada em cirurgias complexas e procedimentos invasivos.
Anestesia regional: bloqueia a sensibilidade de uma região específica do corpo, como a anestesia peridural usada em partos.
Anestesia local: aplicada diretamente na área a ser tratada, como em extrações dentárias e pequenas suturas.
Sedação consciente: mantém o paciente relaxado e sem dor, mas ele ainda pode responder a comandos verbais.
Cada tipo de anestesia tem riscos específicos, sendo que a anestesia geral, por atuar no sistema nervoso central e em funções vitais, requer monitoramento rigoroso.
Quando a anestesia geral pode matar uma pessoa?
Imagem: Hospital São Matheus
Embora segura na maioria dos casos, a anestesia geral pode levar à morte em situações específicas. As causas mais comuns incluem reações alérgicas graves, depressão respiratória e complicações cardiovasculares.
Reações alérgicas severas, conhecidas como anafilaxia, podem ocorrer quando o sistema imunológico reage de forma exagerada a um dos componentes da anestesia. Isso pode causar inchaço nas vias aéreas, queda brusca da pressão arterial e choque anafilático, exigindo intervenção imediata.
A depressão respiratória é outro risco importante. A anestesia pode suprimir a atividade do centro respiratório no cérebro, tornando a respiração insuficiente ou até a cessando completamente. Para evitar esse problema, a maioria dos pacientes sob anestesia geral é intubada, garantindo que o oxigênio continue a ser fornecido aos pulmões.
Complicações cardiovasculares também são preocupantes. Algumas drogas anestésicas podem causar arritmias, queda abrupta da pressão arterial ou, em casos extremos, parada cardíaca. Pacientes com histórico de problemas cardíacos precisam ser monitorados cuidadosamente para evitar esses eventos.
(Imagem: Pixabay)
Além dessas causas, existe a hipertermia maligna, uma condição genética rara que provoca aumento extremo da temperatura corporal e rigidez muscular quando o paciente é exposto a certos anestésicos. Essa reação pode ser fatal se não for tratada rapidamente.
Outro fator de risco são condições pré-existentes que aumentam a vulnerabilidade do paciente. Pessoas com doenças pulmonares, insuficiência renal ou hepática, obesidade mórbida e distúrbios neuromusculares têm mais chances de sofrer complicações. Por isso, exames e testes pré-operatórios são fundamentais para minimizar esses riscos.
A segurança na administração da anestesia depende de uma equipe bem treinada, monitoramento constante e equipamentos adequados para lidar com emergências.
Quem não pode receber anestesia geral?
Pessoas com problemas respiratórios severos podem apresentar riscos elevados. O médico anestesiologista avalia cada caso antes da administração.
Precisa entubar durante a anestesia geral?
Sim, na maioria dos casos. A intubação protege as vias aéreas e garante que o paciente receba oxigênio suficiente enquanto está inconsciente.
Os incêndios florestais urbanos têm se tornado cada vez mais comuns devido ao crescimento desordenado das cidades, às mudanças climáticas e ao aumento de eventos extremos, como secas prolongadas e ondas de calor.
Embora o fogo em si represente um perigo imediato, a perigosa fumaça gerada em um incêndio florestal urbanos pode ser ainda mais prejudicial à saúde humana e ao meio ambiente. Diferente da fumaça de incêndios em áreas naturais isoladas, a fumaça de incêndios florestais urbanos contém uma combinação ainda mais tóxica de partículas finas, metais pesados e compostos químicos nocivos.
O que são incêndios florestais urbanos?
Os incêndios florestais urbanos ocorrem em áreas onde há uma sobreposição entre vegetação natural e estruturas urbanas, como casas, edifícios e indústrias. Diferente dos incêndios em florestas remotas, esses incêndios apresentam um risco ampliado porque além da vegetação seca, o fogo consome materiais de construção, plásticos, produtos químicos industriais e outros resíduos urbanos.
Isso resulta em uma combustão mais complexa e em uma fumaça altamente tóxica, que pode afetar não apenas os moradores locais, mas também cidades vizinhas, dependendo da direção dos ventos.
Esses incêndios são particularmente difíceis de combater, pois a proximidade com áreas habitadas aumenta os riscos para bombeiros e moradores, além de dificultar a contenção das chamas. O crescimento urbano próximo a florestas e a falta de planejamento adequado tornam essas regiões altamente vulneráveis a incêndios catastróficos.
Por que a fumaça de incêndios florestais urbanos é tão perigosa?
Qualquer bombeiro vai responder para você que em um incêndio o que mata, muitas vezes não é nem o fogo e nem as altas temperaturas. O maior inimigo da vida em um incêndio é a fumaça. O fogo é definido como o decaimento rápido de um combustível que gera calor e luz, o que sobra, a fuligem é então projetada pelo ar quente e se espalha pelos ambientes.
Essas partículas de fuligem em contato com a mucosa das vias respiratórias do corpo humano vão causar uma série de problemas já que não absorvidas pelo corpo. Asfixia, queimaduras graves, intoxicação e envenenamento são apenas alguns dos problemas causados pela inalação de fumaça.
Pessoas com doenças, como asma e bronquite, são mais vulneráveis aos efeitos da fumaça causada por incêndios. Imagem: JOURNEY STUDIO7 / Shutterstock
A perigosa fumaça de um incêndio florestal urbano contém uma mistura de partículas finas (PM2.5 e PM10), gases tóxicos e produtos químicos perigosos, tornando-a extremamente prejudicial para a saúde humana.
Diferente da fumaça de incêndios em áreas exclusivamente florestais, a queima de materiais urbanos adiciona componentes altamente nocivos ao ar, como metais pesados, dioxinas e compostos orgânicos voláteis (COVs).
A combustão de materiais urbanos libera gases tóxicos, como monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e dióxido de enxofre (SO₂).
O monóxido de carbono reduz a capacidade do sangue de transportar oxigênio, levando a sintomas como tontura, fadiga e, em casos graves, morte por asfixia. Já os óxidos de nitrogênio podem provocar inflamações pulmonares e aumentar o risco de infecções respiratórias.
Quando plásticos, tintas e produtos industriais pegam fogo, liberam substâncias tóxicas, incluindo metais pesados como chumbo, cádmio e mercúrio, além de compostos orgânicos voláteis e dioxinas. Esses elementos são altamente tóxicos e podem causar danos ao sistema nervoso, além de estarem associados a um maior risco de câncer.
Danos para a saúde e o meio ambiente
(Imagem: eley archive / Shutterstock.com)
Estudos mostram que a exposição contínua à fumaça de incêndios urbanos aumenta o risco de ataques cardíacos, arritmias e acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Isso ocorre porque a inflamação causada pelas partículas finas e pelos gases tóxicos afeta a circulação sanguínea e pode levar à formação de coágulos.
Além disso, a exposição prolongada pode comprometer o sistema imunológico, tornando o organismo mais suscetível a infecções e doenças crônicas.
Além disso, essa fumaça contém substâncias que contribuem para o agravamento do efeito estufa e podem impactar ecossistemas inteiros, prejudicando a qualidade do solo e da água. Isso acontece porque partículas tóxicas podem se depositar em rios e lagos, contaminando a água utilizada para consumo e irrigação.
Diante desses riscos, especialistas recomendam medidas preventivas, como evacuações rápidas, uso de máscaras adequadas (como N95), filtros de ar em ambientes fechados e monitoramento constante da qualidade do ar.
Além disso, políticas públicas voltadas para o manejo responsável das áreas de interface entre florestas e cidades podem ajudar a reduzir a incidência desses incêndios e seus impactos devastadores.