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Oceano de magma ancestral ainda influencia a Terra, diz estudo

Durante seus anos iniciais, a Terra teve um oceano de magma borbulhando abaixo de sua superfície. Esse fenômeno ainda é nebuloso para os geólogos, que buscam entender sua origem e implicações. Uma nova pesquisa se aprofundou no assunto e descobriu que anomalias atuais no manto podem estar ligadas a esse momento da história do planeta.

A comunidade cientifica debate o assunto há décadas. Evidencias geoquímicas de estudos anteriores indicaram que um mar de magma se formou entre o núcleo e o manto terrestre há centenas de milhões de anos. Porém, modelos científicos de formação planetária indicam que a Terra se solidificou de dentro para fora, sendo difícil a formação de um oceano de lava.

A nova pesquisa demonstrou que a existência de um mar de magma é possível e, além disso, inevitável para a formação do planeta. Independente de onde a Terra começou a se solidificar, um oceano de basalto – rocha que surge quando o magma resfria – se formou, o que indica a presença de lava.

Animação mostra as plumas mantélicas nas profundezas da Terra. (Imagem: Sanne.cottaar / Wikimedia Commons)

Outro remanescente desse oceano borbulhante pode ser as plumas mantélicas. Elas são regiões gigantes no manto onde as ondas de choque dos terremotos viajam mais lentamente, o que denota sua composição diferenciada.

Há um debate entre os cientistas sobre se as plumas seriam restos da crosta que foram empurradas para o fundo do manto, tendo algumas centenas de anos. Ou, se são sobras do oceano de magma basal da Terra, o que as faz ter cerca de 4,4 bilhões de anos.

Os resultados do novo estudo colaboram para a segunda perspectiva. As descobertas podem ter impacto em como os cientistas entendem a história da Terra, segundo explicou o pesquisador Charles-Édouard Boukaré, autor principal do artigo.

Oceano de magma se formou abaixo do manto

A equipe de pesquisa construiu um novo modelo da formação da Terra. Eles utilizaram dados geoquímicos e sísmicos para analisar o comportamento de diversos elementos, principalmente os que compõem o magma e os que mais facilmente se cristalizam. Ao observar esses elementos-chave, o grupo conseguiu revelar quando e em que ordem as rochas do manto solidificaram.

Estudos anteriores da formação do planeta focavam na solidificação inicial do manto enquanto ele ainda estava líquido. O grupo foi além, olhando para o ponto no qual o manto estava cristalizado o suficiente para se comportar mais como um sólido do que como líquido. Nesse momento, eles descobriram que, independentemente de onde a solidificação começou, um oceano de magma se formaria.

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Ilustração das camadas da Terra. A crosta é a camada mais superficial; o manto é a camada intermediária; e o núcleo, a camada central. (Imagem: Rost9 / Shutterstock)

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O processo de formação do mar de lava teria começado com uma fina crosta de materiais sólidos na superfície quente e líquida da Terra jovem. Como eles estavam cristalizados e frios, acabavam afundando e derretendo novamente. A medida que o manto esfriava, esses materiais começaram a ir mais fundo e se acumular no manto inferior.

Esses sólidos eram ricos em óxido de ferro, que é denso e tem baixo ponto de fusão, por isso continuou a derreter e afundar mais. Assim, em determinada profundidade, o calor do núcleo manteve grandes quantidades desse material derretido, formando o oceano de magma basal.

Modelo inédito poderá ser aplicado em Marte

O estudo sugere que a estrutura principal do planeta se formou no começo de sua história. A base para as dinâmicas da Terra continuam a influenciar o seu funcionamento, segundo explicaram os cientistas.

“Podemos dizer que, se tivermos alguma condição inicial do planeta e pudermos modelar os estágios iniciais da evolução planetária, poderemos então prever a maior parte de seu comportamento em longas escalas de tempo”, disse Boukaré ao site Live Science.

A equipe agora está em busca de aprimorar o modelo de formação de planetas desenvolvido na pesquisa. Eles planejam aplicar o sistema para outros astros, como Marte, para ver se planetas rochosos passaram por transições similares.

“Este trabalho pode servir como base para reexaminar a intrincada interação entre a dinâmica do manto, a petrologia e a geoquímica durante os primeiros bilhões de anos da evolução dos planetas rochosos”, concluíram os pesquisadores.

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Navio da China pode desvendar segredos do manto da Terra

O primeiro navio de perfuração em alto mar já está em operação na China. Com 179,8 metros de comprimento e 32,8 metros de largura, o Meng Xiang alcança profundidade máxima de 11 quilômetros — abrindo caminho para desvendar segredos do manto do planeta Terra.

Historicamente, a exploração científica em alto-mar tem se limitado à crosta terrestre, que tem, em média, 15 quilômetros de espessura. Abaixo disso, há um universo a ser descoberto entre a camada que liga a superfície ao núcleo.

O maior navio de pesquisa científica do país asiático foi oficialmente comissionado na metrópole de Guangzhou, em novembro do ano passado. A embarcação tem autossuficiência de 120 dias e capacidade para acomodar 180 pessoas, com alcance de 15 mil milhas náuticas, segundo a agência de notícias Xinhua.

Navio recebeu o primeiro equipamento de elevação hidráulica do mundo (Imagem: Reprodução/Xinhua)

“As amostras de núcleo da terra profunda que ele recupera fornecerão aos cientistas globais evidências diretas para estudar as placas tectônicas, a evolução da crosta oceânica, os climas marinhos antigos e a evolução da vida”, disse Xu Zhenqiang, diretor do Guangzhou Marine Geological Survey sob o China Geological Survey. “Ele ajudará a humanidade a entender, proteger e utilizar melhor os oceanos.”

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Um navio grandioso da China

  • O Meng Xiang pode ser usado não apenas na perfuração em alto-mar, mas, também, na exploração de petróleo e gás, extração experimental e investigação de hidrato de gás natural;
  • Parte disso é possível graças à instalação do primeiro equipamento de elevação hidráulica do mundo, com capacidade de elevação de até 907 toneladas;
  • Além disso, a embarcação recebeu nove laboratórios avançados, cobrindo áreas como geologia, geoquímica, microbiologia, ciência oceânica e tecnologia de perfuração;
  • E a pesquisa marinha ganhou uma aliada: o primeiro sistema automatizado de armazenamento de amostras de núcleo embarcado do mundo.

De acordo com a reportagem, o navio passou por duas rodadas de testes no mar, com desempenho acima do esperado. Além disso, ele atende os padrões de segurança para supertufões e pode operar normalmente em condições de mar agitado.

Embarcação recebeu nove laboratórios avançados (Imagem: Reprodução/Xinhua)

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