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Cientistas têm um plano para encontrar ‘visitantes’ no nosso Sistema Solar

Encontrar vida alienígena é um dos grandes objetivos da ciência atualmente. Mas não são apenas os ‘aliens’ que podem estar vivendo planeta afora: objetos interestelares se originam fora do nosso Sistema Solar, mas, eventualmente, podem fazer uma ‘visitinha’ por aqui.

Porém, esses corpos celestes apresentam dois problemas: eles são extremamente rápidos e têm trajetórias inesperadas, o que torna muito difícil detectá-los e estudá-los a tempo.

Um projeto em colaboração com o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA tem uma solução para viabilizar o estudo desses objetos.

Ilustração do conceito do projeto Neural-Rendezvous. Na imagem, as linhas amarelas representam as trajetórias dos objetos interestelares e as linhas azuis, a trajetória do enxame de naves (Imagem: Tsukamoto et al. 2025)

Objetos interestelares fazem ‘visitas’ ao nosso Sistema Solar

Objetos interestelares são corpos que nascem foram do Sistema Solar, como cometas, asteroides e meteoros. Alguns deles corriqueiramente passam por aqui e chamam atenção da ciência.

O 1I/’Oumuamua, por exemplo, foi o primeiro deles a ser descoberto passando pelo nosso Sistema Solar, em 2017. Ele viajou em uma velocidade de cerca de 315.400 km/h e, inicialmente, foi classificado como um cometa. Depois, foi renomeado apenas como “objeto interestelar”, porque não atendia às características de cometa.

Em 2019, foi a vez do 2I/Borisov, o primeiro a ser classificado como “cometa interestelar”.

Os objetos intrigam a ciência, mas, como são extremamente rápidos e têm trajetórias imprevisíveis, costumam ser difíceis de se descobrir e estudar. Uma equipe liderada por Hiroyasu Tsukamoto, professor da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, em parceria com a NASA, pensou em uma alternativa para detectar esses corpos a tempo.

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Projeto quer detectar objetos interestelares com segurança

O projeto reconhece os dois desafios (velocidade e trajetória dos objetos interestelares) e pensou em uma solução: uma estrutura de orientação e controle baseada em aprendizado profundo que permite que naves espaciais encontrem os objetos com segurança.

Segundo Tsukamoto, em comunicado, a equipe está “tentando encontrar um objeto astronômico que atravesse nosso Sistema Solar apenas uma vez e não queremos perder essa oportunidade”. Ele destaca que, embora seja possível prever a aproximação dos objetos com antecedência, as condições de sua ‘visita’ são imprevisíveis.

A solução foi o projeto Neural-Rendezvous, que permite que uma nave espacial use IA para “pensar” rapidamente ao se aproximar dos objetos interestelares. De acordo com o Space.com, funcionaria como um cérebro humano, capaz de tomar uma decisão enquanto realiza a ação.

Uma interpretação artística do estranho formato de charuto do 'Oumuamua
O objeto interestelar ‘Oumuamua (Crédito: ESO/M. Kornmesser)

Em que pé está o projeto?

  • Tsukamoto quer projetar o ‘cérebro’ e provar que ele funciona com segurança;
  • Para chegar nesse objetivo, dois membros da equipe, os graduandos Arna Bhardwaj e Shishir Bhatta, tiveram a ideia de implementar o sistema em várias naves ao mesmo tempo. A intenção é maximizar a coleta de informações sobre os objetos interestelares e potencializar a atuação do sistema;
  • A dupla colocou esse conceito à prova usando simuladores multi-espaçonave M-STAR e pequenos drones chamados Crazyflies, que funcionaram como uma espécie de enxame de naves trabalhando em conjunto;
  • Os avanços foram descritos em um artigo, mas, por enquanto, o Neural-Rendezvous ainda é um “conceito teórico“. O primeiro teste foi uma tentativa de “torná-lo mais útil e prático”.

Um vídeo no YouTube descreveu como o sistema funcionaria:

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Nova classe de objetos interestelares pode ter sido descoberta

Um artigo publicado recentemente no periódico científico The Astrophysical Journal descreve a descoberta de uma possível nova classe de corpos interestelares, descritos como “objetos gelados embutidos peculiares”. A pesquisa foi conduzida por Takashi Onaka, Itsuki Sakon e Takashi Shimonishi, astrônomos da Universidade de Tóquio e da Universidade de Niigata, no Japão

O que você vai ler aqui:

  • Astrônomos japoneses descobriram uma possível nova classe de corpos interestelares;
  • Esses objetos contêm gelos orgânicos, mas estão isolados, o que é incomum;
  • Observações detectaram monóxido de silício e carbono, sem sinais de formação estelar;
  • Eles estão a 30-40 mil anos-luz e não emitem a radiação esperada.

De acordo com o site Phys.org, a investigação teve início em 2021, quando, ao analisar dados do telescópio infravermelho japonês AKARI, a equipe identificou dois objetos interestelares contendo gelos formados por água e moléculas orgânicas. 

Linhas de emissão molecular de misteriosos objetos gelados capturados pelo telescópio ALMA. A imagem de fundo é um mapa colorido composto infravermelho, onde a luz de 1,2 mícron é mostrada em azul e a luz de 4,5 mícrons em vermelho. Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), T. Shimonishi et al. (Niigata Univ.)

Esse tipo de gelo desperta interesse porque pode estar ligado à origem da vida. O aspecto surpreendente dessa descoberta foi o isolamento desses gelos, que normalmente aparecem em regiões onde estrelas estão se formando.

Objetos interestelares recém-identificados têm características incomuns

Para entender melhor essas estruturas, os pesquisadores recorreram ao telescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter (ALMA), no Chile, e analisaram os dados infravermelhos dos objetos. Eles buscavam assinaturas químicas relacionadas à formação estelar, mas encontraram apenas moléculas de monóxido de silício e monóxido de carbono. Além disso, a distribuição desses compostos era mais compacta do que a observada em outros objetos gelados conhecidos.

Oumuamua (Crédito: ESO/M. Kornmesser)
‘Oumuamua, objeto interestelar descoberto no Sistema Solar em 2017. Crédito: ESO/M. Kornmesser

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Com base nos dados coletados, a equipe calculou que os objetos estão de 30 mil a 40 mil anos-luz de distância da Terra. Outro ponto intrigante foi a diferença de velocidade entre os dois corpos, sugerindo que eles não possuem ligação entre si. Além disso, a ausência de radiação submilimétrica, comum nesse tipo de estrutura, chamou a atenção. Os pesquisadores também notaram que a quantidade de monóxido de silício em relação ao monóxido de carbono era maior do que a encontrada em outros objetos gelados.

Diante dessas características incomuns, os astrônomos sugerem que esses corpos possam representar um novo tipo de objeto interestelar. Para confirmar essa hipótese, eles propõem uma análise mais detalhada com os dados do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, que pode oferecer novas pistas sobre a composição e a origem desses misteriosos gelos cósmicos.

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