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Amassaria? Cientistas criam 1º ‘nugget’ com carne de laboratório

Pesquisadores da Universidade de Tóquio desenvolveram o que pode ser o maior pedaço de carne cultivada em laboratório já produzido. Pesando 11 gramas, ele é mais ou menos do tamanho de um nugget de frango.

Os cientistas envolvidos no estudo usaram um um sistema circulatório artificial que fornece nutrientes e oxigênio. Assim, eles fizeram crescer um pedaço único de “frango” com sete centímetros de comprimento, quatro de largura e 2,25 de espessura.

Quem liderou a pesquisa foi Shoji Takeuchi, engenheiro de sistemas bio-híbridos. Os resultados saíram nas revistas Nature e Trends in Biotechnology.

‘Nugget’ de laboratório não pode ser consumido – pelo menos, por enquanto

A carne ainda não foi produzida com materiais de grau alimentar – ou seja, não pode ser consumida. Por isso, ninguém da equipe provou o alimento. Mas os cientistas conversam com empresas para levar a tecnologia adiante.

(Imagem: Shoji Takeuchi/Universidade de Tóquio)

Para especialistas, essa é uma conquista notável. “Uma realização extraordinária de engenharia”, disse Mark Post, diretor da empresa Mosa Meat, na Holanda, segundo a Nature. Post apresentou o primeiro hambúrguer cultivado em laboratório em 2013.

A carne de laboratório já é realidade em alguns países, com produtos licenciados para venda. Mas a maioria é feita em pequenos pedaços, reunidos depois por meio de impressão 3D ou aglutinantes comestíveis.

Tamanho é documento

A novidade no trabalho dos japoneses está na produção de uma peça única e espessa de carne. Sim, por mais que seja “apenas” do tamanho de um nugget.

Isso é importante porque imita melhor a textura e estrutura da carne natural. No entanto, cultivar um tecido espesso é um dos maiores desafios.

Fibras usadas para fazer crescer carne usada em nugget de laboratório
(Imagem: Shoji Takeuchi/Universidade de Tóquio)

Para superar esse obstáculo, a equipe usou fibras ocas semipermeáveis, semelhantes às de filtros de água e máquinas de diálise. Essas fibras funcionam como vasos sanguíneos artificiais, levando nutrientes e oxigênio às células.

Por enquanto, as fibras não são comestíveis e precisam ser retiradas manualmente. A equipe busca maneiras de substituí-las por materiais comestíveis, como celulose. Ou de automatizar a remoção.

Críticas e próximos passos

Apesar do avanço, há críticas sobre o custo e o uso de energia. Alguns especialistas defendem que uma dieta vegetariana ainda é mais sustentável.

Mesmo assim, a tecnologia pode ter aplicações futuras além da alimentação. Segundo Takeuchi, ela também pode ser últil na medicina regenerativa, como na produção de tecidos e de órgãos artificiais.

Ilustração de braços robóticos produzindo nuggets em laboratório futurista
(Imagem: Pedro Spadoni via ChatGPT/Olhar Digital)

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Os próximos passos são escalar a produção, reduzir custos e melhorar sabor e textura do “nugget”. Isso será essencial para conquistar o paladar do consumidor. No fim do dia, a pergunta que importa é: você amassaria um desses acompanhado de uma coquinha gelada?

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Descoberta no Marrocos reescreve parte da História

Uma escavação arqueológica no noroeste do Marrocos revelou o primeiro assentamento da Idade do Bronze na região do Magreb, no norte da África. A descoberta muda a compreensão histórica sobre o continente, antes considerado “terra vazia” até a chegada dos fenícios.

O local escavado se chama Kach Kouch e fica perto do Estreito de Gibraltar, nas margens do rio Lau. Segundo os pesquisadores, trata-se do assentamento da Idade do Bronze mais antigo conhecido no norte da África mediterrânea, exceto pelo Egito.

A pesquisa é liderada por Hamza Benattia Melgarejo, doutorando da Universidade de Barcelona. As descobertas foram publicadas na revista Antiquity.

Assentamento descoberto desafia o que se sabe sobre história da África na Idade do Bronze

Durante as escavações, foram encontradas evidências de três períodos distintos de ocupação humana entre 2200 e 600 a.C. Isso desafia os relatos históricos que afirmavam não haver população fixa antes de 800 a.C.

Arqueólogos encontraram evidências de três períodos de ocupação humana, entre 2200 e 600 a.C, no assentamento da Idade do Bronze (Imagem: Universidade de Barcelona)

O primeiro período, entre 2200 e 2000 a.C., tem poucos vestígios materiais. Mas já representa presença humana importante.

entre 1300 e 900 a.C., Kach Kouch viveu uma fase próspera, com construções de tijolos de barro, silos e pedras de moagem. Ali floresceu uma sociedade agrícola, com plantação de cevada e trigo; e criação de animais.

O último período, de 800 a 600 a.C., mostra um povo adaptável e aberto às inovações. Ferramentas de ferro, cerâmica moldada em roda e arquitetura em pedra mostram influências externas, como as do Mediterrâneo oriental.

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Arqueólogos durante escavação no Marrocos que descobriu assentamento da Idade do Bronze
Escavação revela primeira evidência de vida sedentária anterior aos fenícios na região africana (Imagem: Universidade de Barcelona)

Para Benattia (líder do estudo, lembra?), essa é a primeira evidência de vida sedentária anterior aos fenícios na região. “Mostra a história de comunidades locais dinâmicas, longe de serem isoladas”, disse, em comunicado publicado pela Universidade de Barcelona.

A descoberta de Kach Kouch ajuda a corrigir antigos vieses sobre a história africana, segundo o pesquisador. “[O estudo] revela que o Magreb foi um participante ativo nas redes culturais, econômicas e sociais do Mediterrâneo”, conclui.

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O fim é o começo: morte de células ativa processos de cura, revela pesquisa

A necrose – morte precoce de células – geralmente está associada a danos graves no organismo. Mas um estudo publicado recentemente no eLife mostra que, em vez de apenas causar estragos, a necrose também pode ativar processos de cura.

Diferente da apoptose – morte celular programada e controlada – a necrose é desorganizada. E costuma ocorrer após algum trauma no organismo, como derrames e ataques cardíacos. Ainda assim, ela pode acionar respostas positivas no corpo, segundo cientistas da Universidade Estadual do Arizona (ASU).

Pesquisadores observam, pela primeira vez, células que atuam em necrose e regeneração

Os pesquisadores estudaram moscas-das-frutas, conhecidas por sua capacidade de regeneração. Durante o processo de necrose, eles perceberam que células vizinhas às afetadas enviam sinais para outras partes do tecido. E esses sinais estimulam o crescimento celular em regiões saudáveis.

Cientistas descobriram comportamento inusitado da necrose após observarem moscas-das-frutas (Imagem: Ernie Cooper/Shutterstock)

Enzimas chamadas caspases mediam esses sinais. Na apoptose, elas agem como executoras da morte celular. Mas, nesse caso, parecem atuar na reparação ao ativar células à distância.

Essa descoberta é significativa porque não só reforça as evidências de que caspases participam de sinais que estimulam a reparação, como também mostra, pela primeira vez, que esse fenômeno ocorre após necrose.

Rob Harris, geneticista e biólogo da ASU, em comunicado publicado pela universidade

O estudo em questão amplia uma pesquisa feita em 2021, na qual sinais emitidos por células necróticas já haviam sido detectados. Agora, os cientistas identificaram células específicas, chamadas Caspase Positiva Induzida por Necrose (NiCP). Elas reagem à necrose com respostas de regeneração.

Próximos passos

Imagem de microscópio de elementos fluorescentes
Próxima etapa dos cientistas é entender por que apenas algumas células NiCP sobrevivem após a necrose (Imagem: Rob Harris/Universidade Estadual do Arizona – ASU)

Ainda que isso não tenha sido comprovado em humanos, entender esse mecanismo pode abrir caminhos para tratamentos mais eficazes. Especialmente porque, com o tempo, nosso corpo perde parte da capacidade de se curar sozinho.

A próxima etapa dos cientistas é entender por que apenas algumas células NiCP sobrevivem após a necrose. Essa resposta pode ser essencial para desenvolver novas formas de acelerar a cicatrização e a regeneração de tecidos.

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“Por enquanto, [as descobertas do estudo] revelam uma importante resposta genética à morte celular que pode ser aproveitada para melhorar a regeneração de feridas necrosadas“, conclui Harris.

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Se você olhasse para a Terra bilhões de anos atrás, não veria um planeta azul

Bilhões de anos atrás, o planeta Terra não era azul. É o que sugere um estudo recente, publicado na Nature Ecology & Evolution. Nele, pesquisadores apontam que os primeiros oceanos do planeta podem ter sido verdes. E isso pode ser útil para a busca de vida alienígena.

Pesquisadores da Universidade de Nagoya, no Japão, usaram simulações químicas para entender como a luz atravessava os mares no período Arqueano, entre 4 e 2,5 bilhões de anos atrás.

Oxigênio produzido por bactérias reagiu com ferro nos oceanos, o que teria deixado suas águas verdes

A vida surgiu ao menos 800 milhões de anos após a formação da Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Mesmo sem vida, os oceanos já existiam e recebiam ferro liberado por fontes hidrotermais.

Oceanos recebiam ferro liberado por fontes hidrotermais antes de existir vida na Terra (Imagem: Governo dos EUA)

As primeiras formas de vida fotossintéticas foram as cianobactérias. Elas surgiram por volta de quatro bilhões de anos atrás. Esses microrganismos usavam pigmentos chamados ficobilinas, além da clorofila, para captar a luz solar.

Com a chegada das cianobactérias, começou o Grande Evento de Oxigenação, há cerca de 2,4 bilhões de anos. O oxigênio produzido por elas reagiu com o ferro dos oceanos, o que criou partículas semelhantes à ferrugem.

Ilustração com planeta Terra visto do espaço, bactérias e moléculas de CO2
Reação entre cianobactérias e ferro dos oceanos criou partículas semelhantes à ferrugem, o que teria deixado oceanos verdes (Imagem: Takashi Tsujino/Universidade Nagoya)

Essas partículas absorviam luz azul e vermelha e refletiam luz verde. Por isso, os oceanos da época podem ter tido coloração esverdeada, segundo os pesquisadores envolvidos no estudo.

Liderados por Taro Matsuo, os pesquisadores envolvidos nos estudo em questão concluíram que a luz verde dominava os oceanos primitivos. E que as cianobactérias evoluíram para usar ficobilinas como a ficoeritrina, pigmento capaz de absorver essa luz com eficiência.

  • Essa adaptação pode ter sido essencial para que esses microrganismos prosperassem.

Pesquisa sobre oceanos pode ajudar busca por vida alienígena, diz cientista que liderou o estudo

Para Matsuo, os apontamentos da sua pesquisa amplia as possibilidades de encontrar vida em outros planetas.

Embora planetas azulados frequentemente indiquem a presença de água, ele sugere que os astrônomos ampliem o espectro de cores na busca por mundos potencialmente habitáveis.

Segundo Matsuo, planetas com oceanos verdes podem ser mais fáceis de detectar com sensores espaciais.

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Foto de águas verdes da Ilha Iwo, no Japão
Águas na Ilha Iwo, no Japão, são verdes por serem ricas em ferro (Imagem: Taro Matsuo/Arquivo pessoal)

Águas ricas em ferro, como as da Ilha Iwo, no Japão, são visivelmente mais brilhantes, segundo o pesquisador.

“Isso nos leva a pensar que oceanos verdes podem ser observáveis a distâncias maiores, tornando-os mais fáceis de detectar”, disse Matsuo, em comunicado. Fica a dica, astrônomos.

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Espécie de dinossauro descoberta na Mongólia tinha garras gigantes

Espécie de dinossauro descoberta no Deserto de Gobi, na Mongólia, tinha duas garras gigantes em cada braço. É o que revela um estudo publicado no iScience na terça-feira (25).

Essa pode ser “a maior garra de dinossauro totalmente preservada” já desenterrada, disse a coautora Darla Zelenitsky, paleontóloga e professora na Universidade de Calgary, ao jornal Washington Post.

Os fósseis foram desenterrados em 2012 durante obras numa cidade no sul da Mongólia. Sim, a publicação da análise deles levou 13 anos.

Garras gigantes de dinossauro estavam ‘excepcionalmente preservadas’

Os fósseis de Duonychus tsogtbaatari estudados pelos cientistas incluíam uma garra “excepcionalmente preservada” e bem curvada.

Isso é surpreendente porque a garra tinha capa de queratina sobre o osso. E esse material é muito vulnerável à desintegração ao longo do tempo.

Fósseis de Duonychus tsogtbaatari incluíam garra “excepcionalmente preservada” (Imagem: Yoshi Kobayashi/Universidade Hokkaido)

A garra pode ter sido tão bem preservada devido ao que acontecia quando o dinossauro morreu. “As condições devem ter sido ideais para que a capa de queratina fosse fossilizada antes de se decompor”, disse Zelenitsky.

A pesquisadora acrescentou que o dinossauro provavelmente foi coberta por terra logo após morrer. Isso protegeu a garra de intempéries e de animais carniceiros por cerca de 90 milhões de anos.

Garras grandes e seu propósito

“Sabemos a partir deste espécime que as garras eram enormes, com cerca de 30 centímetros de comprimento, e muito afiadas em comparação com o núcleo ósseo subjacente”, disse Zelenitsky.

“Apesar de ter garras grandes e feias, o Duonychus não era carnívoro“, acrescentou. Na verdade, ele era mais parecido com “preguiças ou pandas do Cretáceo”. E provavelmente usava suas garras para agarrar vegetação e puxá-la para a boca.

Fósseis de garra gigante de dinossauro
“Garras eram enormes, com cerca de 30 centímetros de comprimento”, diz pesquisadora (Imagem: Yoshi Kobayashi et al.)

Além disso, a nova espécie tinha dois dedos, o que a torna incomum entre seus parentes no grupo dos Terizinossauros, escreveram os autores do estudo.

Os Terizinossauros eram dinossauros herbívoros ou onívoros de pescoços longos que viveram na Ásia e na América do Norte durante o período Cretáceo.

Importância do estudo

Presume-se que muitos dinossauros tinham cobertura de queratina em suas garras, disse Jake Kotevski, paleontólogo de vertebrados da Universidade Monash, em Melbourne, na Austrália.

No entanto, “muito, muito raramente” fósseis são encontrados com essa cobertura ainda intacta, acrescentou Kotevski. Ele não participou do estudo.

Fósseis de dinossauro com garras gigantes
“Novas descobertas como essa destacam o quão estranhos eles [Terizinossauros] realmente eram”, disse professor que não participou do estudo (Imagem: Yoshi Kobayashi et al.)

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“Os Terizinossauros são classicamente alguns dos dinossauros mais bizarros que existem”, disse ao jornal Phil Bell, professor de paleontologia na Universidade de New England, também na Austrália.

Novas descobertas como essa destacam o quão estranhos eles realmente eram“, acrescentou o professor, que também não participou da pesquisa.

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Moleculas-organicas-em-Marte

Curiosity encontra as maiores moléculas orgânicas já descobertas em Marte

O rover Curiosity encontrou as maiores moléculas orgânicas já descobertas em Marte. Elas estavam dentro de uma rocha de argila de 3,7 bilhões de anos, na Cratera Gale. Na Terra, moléculas como essa surgem por meio de processos biológicos e não biológicos. Ou seja, a descoberta não prova que o Planeta Vermelho já abrigou vida. Nem que ainda exista vida por lá.

Por outro lado, a descoberta – publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences na segunda-feira (24) – indica que se Marte teve vida em seus primeiros dias, os “produtos” dessa vida poderiam ter sobrevivido por quase quatro bilhões de ano.

Apesar de não provarem existência de vida, moléculas orgânicas encontradas pelo Curiosity em Marte não têm precedentes

“Moléculas orgânicas” significa “moléculas com carbono”. Moléculas orgânicas complexas são a base da vida na Terra (e provavelmente em outros planetas). Mas nem todas as moléculas orgânicas exigem vida para serem formadas. Na busca por vida em Marte, uma grande questão tem sido o quanto da evidência dessa época teria sobrevivido.

As maiores moléculas orgânicas já descobertas em Marte foram encontradas em cratera (Imagem: NASA/JPL-Caltech/MSSS, Caroline Freissinet)

A composição da Cratera Gale foi estudada conforme amostras coletadas pelo Curiosity foram colocadas no Sample Analysis at Mars (SAM). Assim, o SAM revelou a presença de moléculas orgânicas com até seis átomos de carbono, incluindo algumas com cloro ou enxofre.

Preocupados com o oxigênio presente em outros produtos químicos marcianos que poderiam oxidar algumas das moléculas que procuravam, os operadores do SAM experimentaram um processo de aquecimento em duas etapas.

Quando esse processo de aquecimento duplo foi realizado numa amostra de rocha Cumberland, produziu alta concentração de clorobenzeno, molécula orgânica cujos seis átomos de carbono representaram o registro marciano.

No entanto, os pesquisadores notaram pequenas quantidades de moléculas orgânicas de cadeia longa conhecidas como alcano, especificamente decano (C10H22), undecano (C11H24) e dodecano (C12H26).

Ok, mas e daí?

Os átomos de carbono do benzeno formam um anel. Já os alcanos são uma longa cadeia de moléculas de carbono com hidrogênio pendurado. Isso é algo novo para Marte, não apenas uma expansão das descobertas anteriores.

Representação artística da superfície de Marte
Se a vida prosperou em Marte, seus “produtos” podem ser detectados por rover mais avançado do que o Curiosity (Imagem: Artsiom P/Shutterstock)

Os autores acreditam que os alcanos são produto do processo de aquecimento. E provavelmente não estavam presentes na rocha marciana. No entanto, o SAM não teria desencadeado a formação de uma cadeia de carbono mais longa, mas sim alterado os átomos ligados à espinha de carbono.

De novo: a descoberta não prova que Marte já abrigou vida. Mas torna mais provável a suposição que, se a vida existiu bilhões de anos atrás por lá, qualquer ácido oleico e outros ácidos graxos de cadeia longa produzidos podem ter sobrevivido nas rochas.

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Em outras palavras: se a vida prosperou no Planeta Vermelho, agora se considera mais provável que seus “produtos” possam ser detectados por um rover melhor equipado do que o Curiosity. A ver.

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Graças ao Hubble, Webb investiga mais a fundo nebulosa misteriosa

O Telescópio Espacial James Webb, da NASA, mirou numa região densa e empoeirada da Nebulosa da Chama. E registrou o fraco brilho infravermelho de anãs marrons jovens – objeto que é quase uma estrela. Isso é difícil, senão impossível, para a maioria dos telescópios. E só foi possível graças a décadas de dados coletados por meio de outro telescópio: o Hubble.

Localizada a cerca de 1,4 mil anos-luz da Terra, a Nebulosa da Chama é um berço de formação estelar que existe há menos de um milhão de anos. Nela, há objetos tão pequenos que seus núcleos nunca serão capazes de fundir hidrogênio como as estrelas completas – são as anãs marrons, muitas vezes chamadas de “estrelas fracassadas“.

Com o tempo, o brilho dessas anãs se torna muito tênue. E elas ficam muito mais frias do que outros tipos de estrelas. Por isso observá-las é tão difícil. Mas não impossível – pelo menos, para o telescópio James Webb.

Equipe de astrônomos usa telescópio James Webb para entender formação de estrelas e planetas

Uma equipe de astrônomos usou a capacidade do Webb para explorar o limite de massa mais baixo das anãs marrons dentro da Nebulosa da Chama. O que eles descobriram: objetos flutuando livremente com cerca de duas a três vezes a massa de Júpiter.

Imagem em infravermelho capturada pelo telescópio James Webb destaca três objetos de baixa massa na Nebulosa da Chama (Imagem: NASA, ESA, CSA, STScI, M. Meyer – Universidade de Michigan)

“O objetivo deste projeto foi explorar o limite fundamental de baixa massa do processo de formação de estrelas e anãs marrons”, disse o autor principal do estudo, Matthew De Furio, da Universidade do Texas em Austin, em comunicado publicado pela NASA.

A fragmentação de estrelas e anãs marrons

O limite de baixa massa procurado pela equipe é definido pela fragmentação. Nesse processo, grandes nuvens moleculares se fragmentam em unidades menores e menores. Tanto estrelas quanto anãs marrons se originam dessas nuvens.

A fragmentação depende de vários fatores. Entre os principais, está o equilíbrio entre temperatura, pressão térmica e gravidade.

Conforme os fragmentos se contraem por conta da gravidade, seus núcleos aquecem. Se um núcleo for grande o suficiente, começará a fundir hidrogênio. Então, a pressão externa criada por essa fusão contra-ataca a gravidade, o que impede o colapso e garante a estabilização do objeto (leia-se: estrela).

Colagem de imagens da Nebulosa da Chama mostra imagem do Hubble à esquerda, enquanto as duas inserções à direita são imagens do James Webb
Colagem de imagens da Nebulosa da Chama mostra imagem do Hubble à esquerda, enquanto as duas inserções à direita são imagens do James Webb (Imagem: NASA, ESA, CSA, M. Meyer – University of Michigan, A. Pagan – STScI)

No entanto, fragmentos cujos núcleos não são compactos e quentes o suficiente para queimar hidrogênio continuam a se contrair enquanto irradiam seu calor interno.

A fragmentação cessa quando um fragmento se torna opaco o suficiente para reabsorver sua própria radiação, o que interrompe o resfriamento e impede o colapso adicional.

Teorias colocaram o limite inferior desses fragmentos em algum lugar entre uma e dez massas de Júpiter. O estudo em questão, publicado no Astrophysical Journal Letters, reduz significativamente essa faixa.

“Encontramos menos objetos com cinco vezes a massa de Júpiter do que objetos com dez vezes a massa de Júpiter”, disse De Furio. “E encontramos muito menos objetos com três vezes a massa de Júpiter do que objetos com cinco vezes a massa de Júpiter. Não encontramos nenhum objeto com massa abaixo de duas ou três vezes a de Júpiter.”

Legado do Hubble

Embora o Hubble não consiga observar anãs marrons na Nebulosa da Chama com massa tão baixa quanto o Webb consegue, o telescópio foi crucial para identificar candidatos para estudos mais aprofundados.

Na imagem do Hubble, os objetos de baixa massa estão escondidos pela densa poeira e gás da região; nas imagens do Webb, eles aparecem devido à sensibilidade do telescópio à luz infravermelha tênue
Na imagem do Hubble, os objetos de baixa massa estão escondidos pela densa poeira e gás da região; nas imagens do Webb, eles aparecem devido à sensibilidade do telescópio à luz infravermelha tênue (Imagem: NASA, ESA, CSA, Alyssa Pagan – STScI)

“Ter dados [coletados por meio] do Hubble nos últimos 30 anos nos permitiu saber que esta é uma região realmente útil para estudar a formação de estrelas”, disse De Furio. Ele se referiu aos “pedaços” da Nebulosa da Chama investigados pela equipe por meio do Webb.

“É um salto quântico em nossas capacidades em relação ao que entendíamos com o Hubble. O Webb realmente está abrindo um novo campo de possibilidades, entendendo esses objetos”, explicou o astrônomo Massimo Robberto, do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial.

Investigar anãs marrons a fundo é importante porque pode ajudar a ciência a entender melhor como estrelas e planetas se formam.

Próximos passos

A equipe vai continuar estudando a Nebulosa da Chama por meio das ferramentas espectroscópicas do Webb. O objetivo é detalhar ainda mais os diferentes objetos dentro de seu casulo empoeirado.

“Há uma grande sobreposição entre as coisas que poderiam ser planetas e as coisas que são anões marrons de massa muito, muito baixa”, disse Michael Meyer, da Universidade de Michigan. “E esse é o nosso trabalho nos próximos cinco anos: descobrir o que é o quê e por que.”

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Cafeína pode ajudar seu cérebro – e a ciência explica como

Tomar café – ou ingerir cafeína de alguma forma (em chás, energéticos, refrigerantes) – te dá energia e deixa sua percepção mais afiada. Dizer isso num país onde a cultura em torno do café é tão forte beira o óbvio. Mas entender como a cafeína funciona no seu organismo é essencial para tirar vantagem dela. E, por sorte, a ciência sabe muito sobre isso.

Em suma, café e cafeína são ferramentas úteis para te ajudar tanto a pensar melhor quanto ficar acordado. E o jornal Washington Post conversou com especialistas – incluindo um pesquisador militar – que explicaram como tirar o máximo proveito disso.

Como usar café (e cafeína) para pensar melhor, ficar alerta, permanecer acordado…

Antes de conferir as dicas, é bom você entender o que a cafeína faz após cair no seu estômago. A substância bloqueia os receptores para a adenosina, composto que se acumula em nossos cérebros ao longo do dia.

“Acreditamos que a adenosina serve como uma molécula de sinalização importante para nos avisar de que precisamos descansar”, explicou Shawn Arent, professor, especialista em cafeína e chefe do departamento de ciência do exercício na Universidade da Carolina do Sul, nos EUA. “Ela induz o sono.”

A cafeína bloqueia receptores para adenosina, molécula que induz sono e cansaço (Imagem: Danijela Maksimovic/Shutterstock)

O professor continua: “Do ponto de vista da vigilância, a cafeína age nesse receptor de adenosina para impedir que a adenosina faça o seu trabalho. Estamos tentando evitar a fadiga, estamos tentando adiar a sonolência ou superar a fadiga se estivermos, por exemplo, privados de sono.”

No entanto, a maneira e intensidade que a cafeína afeta o organismo humano muda de pessoa para pessoa. É o que disseram tanto Arent quanto o psicólogo Harris Lieberman, pesquisador do Instituto de Pesquisa Médica Ambiental do Exército dos EUA. Lieberman estudou a cafeína extensivamente, incluindo como o estimulante pode ajudar soldados a permanecerem acordados e vigilantes no campo.

Outro ponto importante: qual é a quantidade recomendada de café (e/ou cafeína) para uma pessoa? As diretrizes do governo federal estadunidense, por exemplo, recomendam que adultos consumam não mais do que 400 miligramas de cafeína por diano caso do café, significa de duas a três xícaras.

  • A quantidade de cafeína varia conforme o tipo de café tomado – espresso tem mais cafeína do que coado, por exemplo.

Como tirar o máximo de vantagem do café e da cafeína

Agora, vamos às dicas dos especialistas:

café
Especialistas dão dicas de quando tomar e quando evitar café (Imagem: Narong Khueankaew/Shutterstock)

Pode tomar café quando acordar, sim

Você deve ter visto em alguma rede social a recomendação de adiar o primeiro café do dia para evitar cansaço à tarde. Balela. É uma má interpretação sobre como a cafeína e nosso organismo funcionam.

“A cafeína começa a agir muito rapidamente, em 15 minutos, e atinge sua máxima eficácia em cerca de meia hora a uma hora”, disse Lieberman. “Dependendo da dose, ela continuará a funcionar por quatro horas ou mais se você tomar 200 miligramas, o que é cerca de duas xícaras de café.”

Se você adiar a ingestão pela manhã e ainda precisar de uma ingestão à tarde, “provavelmente você a empurrou [ingestão de cafeína] para mais tarde, então agora pode interferir no sono”, acrescentou Arent.

Evite tomar café/ingerir cafeína pelo menos seis horas antes de dormir

A sensibilidade à cafeína muda de pessoa para pessoa. Mas os especialistas oferecem essa diretriz geral para aumentar a chance do café não prejudicar sua capacidade de dormir.

Pessoa segurando bule colocando café em xícara de vidro
Tomar café depois de almoçar e, em seguida, tirar cochilo pode te deixar mais alerta depois (Imagem: Lucas de Freitas/Shutterstock)

A dica dentro da dica é: faça experimentações para descobrir qual é o horário de corte que funciona melhor para você, sua rotina e seu sono.

Almoçar, tomar café e tirar soneca pode ser bem útil

Um pequeno estudo mostrou que beber café e tirar uma soneca breve logo depois pode te ajudar a ficar alerta quando acordar. Além do efeito revigorante de uma soneca de 20 minutos, ela dá tempo para a cafeína começar a fazer efeito.

As “sonecas de café” funcionam melhor após o almoço. Mas outra pesquisa descobriu que combinar cafeína e soneca também ajudou a melhorar a vigilância e o desempenho de trabalhadores escalados para turnos da noite.

Leia mais:

Está nervoso? Vá pescar (e não tome café)

Para alguns, a pausa do café pode acalmar os nervos. Mas, na verdade, a cafeína só piora a situação. Isso porque estimula o sistema nervoso central, o que leva à liberação de adrenalina.

Resultado: você pode ter fugido para o canto do café para se acalmar, mas a cafeína pode te fazer sentir mais ansioso ou nervoso ainda.

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Saúde do oceano depende do… xixi das baleias!

Baleias movem toneladas de nutrientes por milhares de quilômetros oceano afora por meio do seu xixi. É o que revela uma pesquisa publicada na Nature Communications nesta semana. E não é só a urina das baleias que ajuda a saúde do oceano – o cocô delas também.

Quando defecam, as baleias movem toneladas de nutrientes das águas profundas para a superfície. Mas essa informação é antiga. Isso porque trata-se de algo descoberto por cientistas em 2010. Agora, 15 anos depois, sabe-se que a urina das baleias desempenha um papel parecido ao das suas fezes.

Xixi de baleia transporta nutrientes por bacias oceânicas – e salva ecossistemas inteiros

O transporte (horizontal) de nutrientes via xixi das baleias cobre bacias oceânicas inteiras. O trajeto vai das águas frias onde se alimentam até as águas quentes próximas à Linha do Equador. Lá, elas se acasalam e parem seus filhotes.

Jornada das baleias para acasalar e parir seus filhotes transporta nutrientes importantes para a saúde do oceano (Imagem: Kertu/Shutterstock)

A urina das baleias é o principal, digamos, meio de transporte para nutrientes. Mas pele descascada, carcaças, fezes de filhotes e placentas também contribuem.

Segundo a pesquisa, espécies como baleia-de-direita, baleia-cinzenta e baleia-jubarte transportam cerca de quatro mil toneladas de nitrogênio anualmente para áreas costeiras de regiões tropicais e subtropicais.

Além disso, elas trazem mais de 45 mil toneladas de biomassa. E, antes da era da caça industrial, que dizimou as populações, esses aportes de longa distância podem ter sido três vezes maiores. Ou mais.

Aporte de nutrientes

Por exemplo, milhares de baleias jubarte viajam de uma vasta área onde se alimentam no Golfo do Alasca para uma área mais restrita no Havai, onde se reproduzem. Lá, no Santuário Nacional Marinho das Baleias Jubarte, o aporte de nutrientes das baleias dobra o que é transportado pelas forças locais, estimam os cientistas.

Infográfico mostrando movimento de funil feito por baleias ao transportarem nutrientes pelo oceano
Movimento parecido com funil feito por baleias ao transportarem nutrientes pelo oceano durante jornada para acasalar e parir (Imagem: A. Boersma/Universidade de Vermont)

“Nós chamamos isso de ‘a grande correia transportadora das baleias’ ou também pode ser visto como um funil“, diz Joe Roman, biólogo da Universidade de Vermont, que co-liderou a pesquisa, num comunicado publicado no site da instituição de ensino.

Isso porque “as baleias se alimentam em grandes áreas, mas precisam estar num espaço relativamente confinado para encontrar um parceiro, acasalar e dar à luz“, explica. Além disso, as baleias provavelmente permanecem em águas rasas e arenosas porque abafam seus sons.

Com isso, nutrientes espalhados por vastos oceanos se concentram em ecossistemas costeiros e de recifes de corais bem menores. “É como coletar folhas para adubar seu jardim”, diz Roman. Isso salva ecossistemas inteiros.

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“Os nutrientes vêm de fora – e não de um rio, mas desses animais migratórios”, diz Andrew Pershing, um dos dez co-autores do novo estudo e oceanógrafo da organização sem fins lucrativos Climate Central, no comunicado.

“É superlegal e muda como pensamos sobre os ecossistemas no oceano. Não pensamos em animais, além dos humanos, tendo impacto em uma escala planetária. Mas as baleias realmente fazem [diferença].”

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Arqueólogos descobrem ‘Cidade do Ouro’ de 3 mil anos no Egito

Uma espécie de cidade usada para mineração de ouro três mil anos atrás foi descoberta no Egito, conforme divulgado pelo Ministério do Turismo e Antiguidades. O local fica em Jabal Sukari, na província do Mar Vermelho.

A escavação demorou dois anos para ser concluída. “O projeto envolveu extensas escavações arqueológicas, documentação e esforços de restauração para salvaguardar os elementos arquitetônicos descobertos no local”, informou a pasta numa postagem em sua página no Facebook.

‘Cidade do Ouro’ no Egito ajuda arqueólogos a entenderem vida e trabalho de garimpeiros da época

O projeto encontrou equipamentos dos garimpeiros e artefatos usados por quem morava na “Cidade do Ouro”. “É uma descoberta significativa porque expande a nossa compreensão das antigas técnicas de mineração egípcias”, disse o ministro Sherif Fathy.

‘Cidade do Ouro’ foi encontrada em Jabal Sukari, na província do Mar Vermelho, no Egito (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

O assentamento tinha estações de moagem e britagem; bacias de filtração e de sedimentação; e fornos de argila, onde se fundia o ouro extraído dos veios de quartzo.

Além disso, os arqueólogos encontraram um bairro onde os garimpeiros moravam. O distrito tinha ruínas de casas, oficiais, templos, balneários e edifícios administrativos da era ptolomaica (305 e 30 a.C).

Montagem de artefatos encontrados em cidade do ouro de três mil anos no Egito
Artefatos encontrados na ‘Cidade do Ouro’ no Egito ajudam arqueólogos a entenderem como as pessoas viviam lá na época (Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito)

Os artefatos encontrados no local também ajudam pesquisadores a entender a vida social, econômica e religiosa dos garimpeiros, segundo Fathy. Entre os objetos encontrados, estavam: perfumes, remédios, vasos de cerâmica e estatuetas de pedra com imagens de divindades – por exemplo: Bastet (deusa da proteção, do prazer e da boa saúde) e Harpócrates (deus do silêncio e do segredo).

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Descoberta de nova tumba real reacende mistérios sobre Tutmósis II

Em achado que remete aos tempos de Howard Carter e do túmulo de Tutancâmon, egiptólogos desenterraram uma tumba real decorada na região de Luxor, a oeste do icônico Vale dos Reis. Trata-se do primeiro local desse tipo descoberto em mais de um século.

Suposta múmia de Tutmósis II dentro de caixa de vidro
Suposta múmia de Tutmósis II em exposição (Imagem: B.O’Kane/Alamy)

Fragmentos de cerâmica e vestígios diversos encontrados no amplo espaço subterrâneo indicam que a tumba pertencia a Tutmósis II, jovem faraó que morreu prematuramente há mais de três mil anos.

Saiba mais sobre a tumba milenar e a identidade do faraó nesta matéria do Olhar Digital.

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