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Cientistas do Brasil ajudam a desvendar origem de Mercúrio

Uma equipe internacional de cientistas do Brasil, Alemanha e França propõe uma nova explicação para a origem do enigmático Mercúrio. Segundo o estudo, o planeta pode ter surgido após uma colisão violenta entre dois corpos celestes de tamanho semelhante, no início da formação do Sistema Solar.

Mercúrio é o menor mundo do Sistema Solar e também o mais próximo do Sol. Apesar do tamanho modesto, ele é surpreendentemente denso. Cerca de 60% da massa de Mercúrio está concentrada em seu núcleo, extremamente rico em ferro – algo que não se observa nos outros planetas rochosos, como Terra, Vênus ou Marte.

Essa característica sempre intrigou os cientistas, porque não se encaixa nas teorias tradicionais sobre como os planetas se formam. Além disso, a sonda MESSENGER, da NASA, que estudou Mercúrio entre 2011 e 2015, revelou outra surpresa: sua superfície é rica em elementos voláteis como potássio, enxofre e sódio.

Esses elementos são facilmente destruídos por calor extremo. Se Mercúrio tivesse sofrido um único impacto colossal, como se pensava antes, esses voláteis teriam desaparecido. Isso levou os pesquisadores a duvidar da ideia de uma colisão única e rara no passado do planeta.

Colisão com corpo celeste de tamanho semelhante ao de Mercúrio (e nao maior) teria dado origem ao planeta mais próximo do Sol. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital

Objeto “atropelou” Mercúrio e “fugiu”

Agora, novas simulações mostram que uma colisão diferente pode explicar tanto o núcleo grande quanto a presença de voláteis. Em vez de bater em um corpo muito maior, Mercúrio teria colidido de forma oblíqua com outro protoplaneta de tamanho parecido.

Esse tipo de colisão – apelidada de “atropelamento e fuga” – pode acontecer com mais frequência do que se imaginava. O impacto não teria destruído completamente os dois corpos, mas teria arrancado parte da camada externa de Mercúrio, sem vaporizar ou derreter seus elementos voláteis.

Segundo o astrofísico Patrick Franco, principal autor do estudo, esse tipo de evento não seria tão raro. “Esses impactos podem ser os verdadeiros responsáveis pela forma final dos planetas rochosos no sistema solar”, disse ele em entrevista ao site Live Science.

As simulações feitas pela equipe conseguiram recriar a estrutura interna e a composição química de Mercúrio com impressionante precisão. Um fator essencial foi o ângulo da colisão: certos ângulos permitiram que o planeta perdesse a quantidade certa de massa para adquirir sua atual configuração.

Outro fator importante é o momento em que o impacto teria ocorrido. A colisão teria acontecido dezenas de milhões de anos após o nascimento do Sistema Solar, quando os planetas jovens já possuíam núcleos e mantos bem definidos.

Um impacto nesse estágio da formação planetária poderia remover seletivamente parte do manto rochoso de Mercúrio, sem destruir sua estrutura interna. Segundo Franco, se o choque tivesse ocorrido antes, quando ainda havia muitos detritos no espaço, Mercúrio poderia ter sido reabsorvido por outros corpos.

Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, mas pode ter nascido entre as órbitas de Vênus e da Terra, migrando posteriormente. Cédito: Withan Tor – Shutterstock

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Planeta teria mudado de posição no Sistema Solar

As simulações também indicam que o impacto teria acontecido entre as órbitas de Vênus e da Terra – uma região muito mais tumultuada nos primeiros tempos do Sistema Solar. Isso sugere que Mercúrio pode ter se formado ali e migrado para mais perto do Sol mais tarde.

Essa nova hipótese ainda precisa ser confirmada por dados reais. E a resposta pode estar a caminho: a missão BepiColombo, uma parceria entre as agências espaciais da Europa e do Japão, chegará a Mercúrio em 2026. Seus instrumentos poderão testar as previsões do novo modelo.

Até lá, a origem exata de Mercúrio continua sendo um mistério em aberto. Mas o novo estudo oferece uma explicação mais plausível e coerente com o que se conhece hoje sobre colisões cósmicas e a formação dos planetas.

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Sim, Mercúrio está “retrógrado” – e o que isso significa cientificamente?

Para os que acreditam em astrologia, “Mercúrio retrógrado” parece ser um termo um tanto assustador. Segundo dizem, essa movimentação do planeta exerceria influências energéticas turbulentas sobre variadas áreas da vida. 

Isso, no entanto, não é o que nos interessa aqui. Afinal, cientificamente, o que significa, de fato, Mercúrio estar retrógrado e por que isso acontece?

  • De três a quatro vezes por ano, Mercúrio parece andar para trás pelo céu;
  • Esses períodos marcam momentos em que o planeta está em aparente movimento retrógrado;
  • A explicação astronômica para isso parte do princípio que os planetas no Sistema Solar orbitam o Sol a diferentes distâncias e velocidades;
  • Enquanto a Terra contorna o astro, nós podemos observar os outros planetas se movendo pelo nosso céu, seguindo seus próprios caminhos;
  • Então, vez ou outra, pode parecer (do nosso ponto de vista) que um planeta mudou abruptamente de direção e começou a se mover ao contrário pelo céu.
Mercúrio estará em movimento retrógrado três vezes em 2025. Crédito: NASA images – Shutterstock

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Mercúrio retrógrado é ilusão de ótica

Isso, obviamente, é uma ilusão causada pela posição da Terra em relação à do planeta. Afinal de contas, cada planeta em órbita sempre viaja em uma direção definida e não pode de repente inverter o curso. É por isso que o fenômeno é chamado de movimento retrógrado aparente, pois apenas parece que o planeta está se movendo para trás, ou seja, “movimento retrógrado”.

Mercúrio faz esse tal movimento mais do que outros planetas por causa de sua órbita curta, que provoca, por consequência, um ano muito breve de 88 dias terrestres. É por isso que, como dito anteriormente, três ou quatro vezes por ano, ele aparenta se mover para trás no céu, entrando em um movimento retrógrado que dura cerca de três semanas.

Simulação de Mercúrio retrógrado no céu mostra que o movimento forma uma parábola. Crédito: Stellarium

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Em 2025, Mercúrio estará em movimento retrógrado aparente durante os seguintes intervalos de datas:

  • 15 de março a 7 de abril
  • 18 de julho a 11 de agosto
  • 9 a 29 de novembro

Segundo o colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON), quando se trata dos planetas com órbita mais externa que a da Terra (de Marte em diante), a designação mais adequada é “laço” retrógrado. Isso porque, durante o curso percorrido, o planeta parece formar um laço no céu cada vez que é ultrapassado pela Terra.

“No caso dos planetas internos, são eles que ultrapassam a Terra em sua órbita”, explica Zurita. “Daí, nós observamos este movimento aparentemente retrógrado quando eles estão dando a volta por trás ou na frente do Sol. Nesse caso, geralmente se forma uma parábola e não um laço”.

Neste ano, outros planetas que entrarão em “movimento retrógrado” serão Netuno e Saturno, em julho, Urano, em setembro, e Júpiter, em novembro.

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