A Foxconnlançou nesta segunda-feira (10) seu primeiro grande modelo de linguagem. A maior fabricante de eletrônicos do mundo pretende aplicar o FoxBrain em sistemas internos da empresa, como análise de dados, suporte a decisões, colaboração de documentos, matemática, raciocínio e resolução de problemas e geração de código.
O modelo foi treinado usando 120 GPUs Nvidia H100, dimensionado com a rede Quantum-2 InfiniBand e concluído em quatro semanas. Esse é o primeiro LLM com capacidades otimizadas para os estilos de linguagem tradicional chinês e taiwanês.
“Comparado com modelos de inferência lançados recentemente no mercado, o método de treinamento de modelos mais eficiente e de menor custo define um novo marco para o desenvolvimento da tecnologia de IA de Taiwan”, diz o comunicado.
LLM será de código aberto para aprimorar processos internos da empresa (Imagem: BING-JHEN HONG/iStock)
O FoxBrain é baseado na arquitetura Meta Llama 3.1 e destaca-se particularmente em matemática e raciocínio lógico. Ainda há lacunas do modelo na comparação com o DeepSeek, mas o desempenho “já está muito próximo dos padrões líderes mundiais”, segundo a empresa.
“Nosso modelo FoxBrain adotou uma estratégia muito eficiente, focando na otimização do processo de treinamento em vez de acumular cegamente poder de computação”, disse o Dr. Yung-Hui Li, Diretor do Centro de Pesquisa de Inteligência Artificial do Hon Hai Research Institute.
A Foxconn informou que o LLM será de código aberto para promover a IA na fabricação, no gerenciamento da cadeia de suprimentos e na tomada de decisões inteligentes. A empresa fabrica iPhones para a Apple e também produz servidores da Nvidia.
Nvidia forneceu consultoria técnica para treinamento do modelo (Imagem: Tada Images/Shutterstock)
A empresa de Jensen Huang, aliás, forneceu suporte para o treinamento do modelo por meio do supercomputador Taipei-1. Os resultados do FoxBrain estão programados para serem compartilhados pela primeira vez em uma conferência da Nvidia no dia 20 de março.
“Esta grande pesquisa de modelo de linguagem demonstra que o talento tecnológico de Taiwan pode competir com contrapartes internacionais no campo de modelos de IA”, conclui a nota.
O mercado de inteligência artificial segue bastante aquecido e oferecendo uma série de novas oportunidades para os principais players do setor. De fato, diversas empresas seguem surfando a onda da IA.
Uma delas é a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC), uma das maiores produtoras de chips semicondutores do planeta. A empresa taiwanesa acaba de divulgar um novo balanço financeiro apontando importantes resultados.
Forte crescimento no início de 2025
De acordo com os números, a receita da companhia subiu 39% nos primeiros dois meses de 2025.
O resultado indica que a demanda por chips de IA continua bastante elevada.
Os analistas, em média, projetam um crescimento de cerca de 41% neste trimestre.
A fabricante de chips ainda registrou receita combinada de US$ 16,8 bilhões (cerca de R$ 97 bilhões) no período.
TSMC é uma das principais empresas do setor (Imagem: Nambawan/Shutterstock)
O balanço foi divulgado após o anúncio de um investimento de US$ 100 bilhões (quase R$ 600 bilhões) para expandir as operações da TSMC nos Estados Unidos. O plano inclui a construção de três novas fábricas no Arizona, no mesmo local onde já opera sua unidade Fab 21, perto de Phoenix.
A empresa ainda não especificou quais tecnologias serão produzidas nas novas instalações. A expectativa é gerar 40 mil empregos na construção civil nos próximos quatro anos, o dobro da estimativa inicial de 20 mil até o fim da década.
Empresa vai seguir em Taiwan (Imagem: Jack Hong/Shutterstock)
Segundo Nina Kao, chefe de relações públicas da TSMC, as construções devem ocorrer simultaneamente, aumentando a demanda por mão de obra. Além das fábricas, a empresa pode adicionar plantas de empacotamento de chips e um centro de pesquisa e desenvolvimento, o que impactaria diretamente clientes como Apple, AMD, Broadcom, Nvidia e Qualcomm.
Apesar do avanço nos EUA, a produção de tecnologias mais avançadas da TSMC deve continuar em Taiwan, onde a empresa mantém seus centros de desenvolvimento de processos de fabricação. O refinamento da produção e a redução de defeitos ainda dependem do suporte direto das equipes locais.
A inteligência artificial mudou a forma como o mercado pensa e produz conteúdo. Qual o impacto disso na prática? Quais os riscos? Esse foi o assunto do painel “Impactos da IA na criação de conteúdo: a nova era da influência?”, que aconteceu durante o Spotlight, evento que comemorou os 20 anos do Olhar Digital.
Quem conduziu a conversa foi Cris Dias, ex-executivo do Facebook e do Buzzfeed, e criador e apresentador do podcast Boa Noite Internet. Ele contou com a presença de Carla Mayumi, sócia e pesquisadora da Talk INC; Fátima Pissarra, empresária e CEO da Mynd; e Alexandre Kavinski, fundador da i-Cherry e líder de inteligência artificial da WPP Brasil.
Painel abriu os debates em grupo no Spotlight (Imagem: João Neto/Reprodução)
A mensagem também depende do receptor
Antes de começar a conversa, Domenico Massareto, fundador da Rain (IA especialista em marketing e publicidade), passou para dar um recado em vídeo. Ele lembrou de algo que ouviu de um professor ainda na faculdade: 50% da comunicação está no receptor.
Os criadores de conteúdo e profissionais da área planejam e projetam o possível impacto da produção, mas, quando colocam o trabalho no mundo, os consumidores também têm uma intenção própria ao receber a mensagem. Ou seja, metade é a intenção do produtor com aquele conteúdo e metade é o que efetivamente chega ao receptor.
Diante disso, Massareto questiona: o que as pessoas vão fazer com a IA? Ele destaca que, apesar da intenção do produtor, 50% está na mão de quem recebe aquele conteúdo, o que torna tudo mais complexo.
Domenico Massareto mandou um recado em vídeo (Imagem: João Neto/Reprodução)
Expectativa x realidade de inteligência artificial
É com esse questionamento que os convidados começam o debate. Dias ainda provoca: diante do deslumbramento com a IA, qual a realidade do uso da tecnologia nas profissões de cada um?
Carla Mayumi, que trabalha com pesquisa de comportamento de mercado, destaca o cenário fora do Brasil, onde esses aplicativos de inteligência artificial são muito difundidos. Para ela, uma realidade preocupante são os apps que replicam comportamentos humanos, como conversas e interações. Isso porque as pessoas – principalmente as mais jovens – tendem a criar certo relacionamento com a tecnologia e “podem ir por caminhos perigosos”.
Mayumi cita pesquisas recentes que apontaram que usuários tendem a ter interações com mais confiança e empatia com as IAs do que com outras pessoas.
Já Fátima Pissarra, que trabalha com influenciadores, menciona que toda semana chegam vídeos fakes, desde propagandas de sites de apostas até bancos. E isso é perigoso:
Toda semana chega vídeo fake de influenciador. Isso é perigoso e, ao mesmo tempo, o Instagram diminui cada vez menos o controle [dos conteúdos fake]. Está um mar revolto e acho que vai piorar. Isso pode evoluir para as fake news, se não tiver controle… e não vejo controle.
Fátima Pissarra
Já Alexandre Kavinski lembra que “novas tecnologias trazem problemas inéditos. São complicados, mas são desafios que teremos que encarar”.
Fátima Pissara destacou falta de moderação com conteúdos falsos no Instagram (Imagem: João Neto/Reprodução)
Como incentivar o uso saudável da IA?
Nem tudo é negativo. Os especialistas contam como incentivam o uso saudável da inteligência artificial em suas equipes.
Kavinski, que é líder de IA da WPP Brasil, contou que começou com uso embrionário, a nível de aprendizado, no RH. Para isso, a empresa conta com uma personalidade de IA para resolver dúvidas – mas claro, com apoio humano. Ele lembra que, como as perguntas direcionadas ao RH muitas vezes são repetidas entre si, é fácil treinar a tecnologia para aprender e dar essas respostas, agilizando a resolução.
Pissarra menciona a agilidade e facilidade na produção de conteúdo. Antes de gravar uma campanha, por exemplo, é preciso maquiar, arrumar cabelo e fazer testes de câmera com o influenciador. Já com a tecnologia, basta fazer alguns vídeos e treinar a IA para que faça o resto, o que diminui o número de diárias de gravação e agiliza a produção.
Cris Dias traz um ponto importante a se refletir: a principal vantagem no produto final com a IA não é a qualidade, mas sim a quantidade.
Alexandre Kavinski contou sobre o uso de IA no RH da WPP Brasil (Imagem: João Neto/Reprodução)
Como estará a IA daqui 10 anos?
Alexandre Kavinski destaca o potencial da IA no futuro. Ele contou que grava tudo que fala hoje em dia para que, quando falecer, os filhos possam conversar com ele. Isso também vale para a produção de conteúdo:
Dados são muito importantes para a IA. Em 10 anos, acredito que as marcas terão seus próprios influenciadores de IA que carregam a característica da marca e são construídos de acordo com o perfil específico de cada público.
Alexandre Kavinski
Ele dá o exemplo da Magalu, do Magazine Luíza. Mas lembra: a tecnologia não consegue reproduzir tudo que é humano, e nós ainda temos valor.
Fátima analisa o setor da Música. Ela comenta como a IA consegue analisar canções de sucesso e criar o próximo ‘hit’ musical. No entanto, a IA não tem a conexão com o público que um artista humano tem. Mas também chama atenção para outro ponto: talvez essa geração ainda não enxergue esse potencial de conexão que ela menciona, mas as crianças já estão humanizando a tecnologia.
Carla Mayumi acredita que, no futuro, seres sintéticos estarão respondendo pesquisas de mercado (Imagem: João Neto/Reprodução)
Mayumi leva a conversa para o setor de pesquisa de mercado. Ela lembra que, poucos anos atrás, qualquer trabalho exigia um esforço de coletar respostas, separá-las e analisá-las manualmente. Agora, a própria IA já faz boa parte do trabalho de organização cabe aos humanos analisar os resultados.
Para ela, o que pode acontecer no futuro são os “seres sintéticos”. Ou seja, talvez em alguns anos a tecnologia não esteja somente participando da coleta e organização de dados, mas será possível treinar IAs para responder essas pesquisas.
A concorrência dentro do setor de inteligência artificial está cada vez mais acirrada. São diversas empresas (incluindo as maiores do mundo) disputando o valioso mercado global, com muitos analistas defendendo que ainda há muitas oportunidades de crescimento.
Agora, uma reportagem publicada pelo The Information aponta que podem haver grandes mudanças no cenário atual. Segundo o portal, a Microsoft estaria desenvolvendo modelos internos de raciocínio de IA para competir com a OpenAI, dona do ChatGPT.
Parceria entre as partes pode ser encerrada
A notícia chama a atenção porque a Microsoft é uma das principais apoiadoras da OpenAI.
A big tech, inclusive, injetou enormes quantias em investimentos no desenvolvimento da tecnologia nos últimos anos.
De acordo com a reportagem, a gigante do setor tecnológico pretende acabar com o atual acordo.
No entanto, não se sabe exatamente o que teria motivado esta mudança abrupta de postura.
OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT, tem parceria com a Microsoft (Imagem: One Artist/Shutterstock)
Ainda segundo a reportagem do The Information, a Microsoft teria começado a testar modelos da xAI, Meta e DeepSeek como possíveis substitutos da OpenAI no Copilot. A ideia é vender os modelos desenvolvidos para empresas terceiras, o seria uma forma de abrir um novo mercado dentro da já valiosa e diversificada companhia.
Ideia é utilizar os novos modelos no Copilot (Imagem: Mojahid Mottakin/Shutterstock)
A Microsoft e a OpenAI não se pronunciaram oficialmente sobre o assunto até o momento. Em dezembro do ano passado, uma reportagem da Reuters afirmou que a empresa estaria trabalhado para adicionar modelos próprios e de terceiros para equipar seu principal produto de IA, o Microsoft 365 Copilot, em uma tentativa de diversificar a tecnologia atual da OpenAI e reduzir custos.
A pergunta “você sabe usar IA?” tem sido cada vez mais comum em processos seletivos, segundo o Wall Street Journal (WSJ). Principalmente em vagas de emprego no setor de tecnologia. Mas não apenas neste nicho. Exigir conhecimento sobre inteligência artificial é uma tendência que tem furado a bolha tech.
Nos Estados Unidos, por exemplo, quase uma em cada quatro vagas de emprego no setor de tecnologia, publicadas entre janeiro e fevereiro de 2025, querem funcionários com habilidades em IA. Isso conforme “empresas de praticamente todos os setores da economia ajustam seus processos de recrutamento para abraçar a tecnologia“, de acordo com o WSJ.
Empresas de diversos setores abrem vagas de emprego para quem tem IA no currículo
Em janeiro, 36% das vagas de TI, por exemplo, estavam relacionadas a IA. Enquanto isso, empresas dos setores financeiros (bancos) e de consultoria buscavam profissionais que soubessem usar ou criar algoritmos e modelos de IA.
IA tem sido requisitada para vagas em empresas fora do setor de tecnologia (Imagem: NONGASIMO/Shutterstock)
Dados compilados pela Universidade de Maryland mostram que IA tem sido requisitada para vagas em empresas fora do setor de tecnologia. Por exemplo:
Grande empresa varejista: tem vaga para diretor para área de ciência da computação que consiga aplicar algoritmos preditivos para melhorar layout de lojas;
Fornecedor de utilidades: procura analista para avaliar o risco de incêndios florestais por meio de aprendizado de máquina;
Empresa farmacêutica: busca programador para seu grupo que usa conhecimento em química e computação.
Na área da saúde, uma parcela bem pequena das vagas de emprego são voltadas para tecnologia. Mas a fração de vagas com IA envolvida divulgadas em janeiro foi quase o dobro do que há alguns anos, segundo o WSJ.
Boom do ChatGPT despertou a percepção sobre o poder de integrar IA em produtos e fluxos de trabalho (Imagem: Kitinut Jinapuck/Shutterstock)
Jobs, tarefas e empregos com IA envolvida existem há mais tempo do que o ChatGPT, reforça o professor Anil Gupta, da Universidade de Maryland, em entrevista ao WSJ. Mas o boom do chatbot da OpenAI despertou a percepção sobre o poder de integrar IA em produtos e fluxos de trabalho, segundo Gupta.
Por sua vez, isso levou a uma “disseminação” da tecnologia por diversos setores. Ou seja, é uma tendência. Seja no ramo que for.
Adiar a atualização da Siri que deixaria a assistente mais inteligente também vai atrasar o lançamento do display inteligente – espécie de fusão entre iPad e HomePod (tela com caixinha) – da Apple. Pelo menos, é o que sugere o analista Mark Gurman, da Bloomberg, na edição mais recente da sua newsletter Power On.
Segundo Gurman, a Apple adiou o lançamento do aparelho porque ele “depende, pelo menos em parte, das capacidades atrasadas da Siri”. Especulava-se, há meses, que a big tech lançaria um dispositivo estilo o Echo Show, da Amazon – com Apple Intelligence – no começo de 2025.
Como seria o display inteligente da Apple – e o nó no update da Siri
Além de Apple Intelligence, o display inteligente rodaria o tvOS – sistema operacional do aparelho Apple TV – e teria aplicativos da Apple, como Calendários, Notas e Mensagens. Ou seja, seria um hub de casa inteligente.
Display inteligente da Apple poderia ter design de Mac retrô (Imagem: Reprodução/MacRumors)
Quando a Apple anunciou a Apple Intelligence, na WWDC de 2024, mostrou uma versão da Siri muito mais avançada que a atual. A assistente virtual entendia contextos do usuário e agia com base no que estava na tela do aparelho. Mas concretizar essa visão vai levar mais tempo do que a big tech tinha imaginado.
Pelo menos, é o que disse a porta-voz da Apple, Jacqueline Roy, ao Daring Fireball na sexta-feira (07).
Jacqueline disse o seguinte: “Estamos trabalhando numa Siri mais personalizada, dando a ela mais consciência do seu contexto pessoal, além da capacidade de agir por você dentro e fora dos seus aplicativos. Vai levar mais tempo do que imaginávamos para entregar esses recursos e esperamos lançá-los no próximo ano.”
Apple adiou lançamento de Siri que entenderia o que está na tela do aparelho (Imagem: Reprodução/YouTube/Apple)
Até então, a expectativa era que essa Siri turbinada aparecesse em algum momento entre março e junho de 2025, numa atualização do iOS 18. Mas na edição de 2 de março da Power On, Gurman escreveu que uma “versão modernizada, conversacional da Siri” pode não chegar até o iOS 20 “no melhor dos casos”.
O Nubank, um dos vários bancos digitais do Brasil, visando manter bom padrão de serviço e impulsionar a produtividade interna, passou a apostar em soluções de inteligência artificial (IA) desenvolvidas em parceria com a OpenAI. A seguir, confira quais são esses recursos.
Nubank e OpenAI: o que a parceria trouxe?
Busca interna
Uma das primeiras iniciativas adotadas pela fintech foi a criação de uma solução de busca corporativa customizada, integrada ao ambiente de trabalho dos funcionários.
Utilizando os modelos GPT‑4o e GPT‑4o mini e técnicas de Retrieval-Augmented Generation (RAG), o sistema permite o acesso instantâneo a informações essenciais, como FAQs, diretrizes de marca e políticas internas.
Essa ferramenta foi refinada com modelos treinados especificamente com conteúdo da área de atuação do Nubank, garantindo respostas precisas e contextualizadas, aponta a OpenAI.
Com interface de chat intuitiva, mais de cinco mil colaboradores já utilizam a ferramenta mensalmente. O sistema acelera o processo de integração de novos funcionários e auxilia os agentes de atendimento e desenvolvedores, “proporcionando decisões mais rápidas e informadas“.
Segundo a empresa de Sam Altman, essa abordagem elimina a necessidade de navegar por repositórios fragmentados e desatualizados, otimizando o fluxo de trabalho e elevando a eficiência operacional.
Startup de Sam Altman reforça parcerias com importantes empresas do mundo (Imagem: jackpress/Shutterstock)
Atendimento ao cliente com soluções de IA
A base sólida construída com a busca interna permitiu ao Nubank expandir o uso da IA para um dos maiores desafios enfrentados por empresas em crescimento: manter um bom atendimento ao cliente.
Em parceria com a OpenAI, a fintech desenvolveu o Call Center Copilot, ferramenta que integra a base de conhecimento e o histórico de conversas do banco para oferecer suporte, em tempo real, aos agentes de atendimento.
Desenvolvido com o GPT‑4o, o copiloto utiliza recursos multimodais – combinando texto e voz – para fornecer respostas rápidas e contextualizadas. Entre suas funcionalidades, destacam-se:
Sugestões de respostas: recomenda as melhores respostas para que os agentes possam fornecer atendimento preciso e empático;
Resumo de conversas: gera resumos de diálogos em andamento ou já finalizados, facilitando a compreensão do contexto;
Orientação passo a passo: auxilia na resolução de questões técnicas ou consultas complexas, reduzindo o esforço cognitivo dos atendentes.
Além disso, a própria ferramenta de chat alimentada por IA lida com mais de duas milhões de interações mensais, conseguindo resolver até 50% das dúvidas de primeiro nível sem necessidade de intervenção humana. Segundo a startup, essa automatização reduziu o tempo de resposta em cerca de 70%, proporcionando “experiência de atendimento mais ágil e satisfatória para os clientes”.
Assistente de IA para interações diretas com clientes
Paralelamente ao copiloto para os agentes, o Nubank implementou um assistente de IA, também alimentado pelo GPT‑4o, para interagir diretamente com os clientes.
Esse assistente é capaz de gerenciar até cinco interações automáticas antes de encaminhar o atendimento para um humano, permitindo que questões mais simples sejam resolvidas de forma rápida e eficiente.
Com média de mais de dois milhões de chats mensais, a ferramenta não só alivia a demanda sobre os atendentes, mas, também, eleva a precisão e a velocidade na resolução de problemas.
Graças a essas inovações, o Nubank conseguiu reduzir o tempo de resolução de consultas em até 2,3 vezes, mantendo índices elevados de satisfação, medidos pelo Transactional Net Promoter Score (tNPS). Segundo a OpenAI, “essa estratégia não só preserva o alto padrão de atendimento da empresa, como, também, sustenta seu crescimento em um mercado cada vez mais competitivo”.
Combate à fraude: visão computacional para análise de transações e documentos
O banco digital de origem brasileira está também testando uma solução que utiliza visão computacional aliada à IA para detectar fraudes.
A tecnologia GPT‑4o vision combina processamento de linguagem natural com reconhecimento de imagens, possibilitando análise conjunta de dados textuais e visuais.
Essa inovação é aplicada na verificação de registros de transações, comunicações com clientes e documentos enviados, identificando padrões e anomalias que possam sinalizar tentativas de fraude.
O uso dessa tecnologia “segue rigorosamente as políticas internas de prevenção, além de atender às exigências regulatórias e contar com a supervisão de equipes especializadas”, descreve a startup estadunidense. Ao integrar essa camada extra de segurança, o Nubank visa garantir serviço mais seguro e confiável para seus usuários.
Soluções servem para clientes e funcionários da fintech (Imagem: Divulgação/OpenAI)
Nova era no setor financeiro com parceria de fintech com OpenAI
Com a implementação dessas soluções de IA, o Nubank otimiza processos internos e redefine o padrão de atendimento ao cliente no mercado financeiro.
A parceria com a OpenAI demonstra como a tecnologia pode ser utilizada para criar sistemas mais inteligentes, eficientes e seguros, que atendem tanto às necessidades dos colaboradores quanto às expectativas dos clientes.
Resta esperarmos para ver se as demais fintechs e bancos disponíveis no mercado seguirão a nova onda inaugurada pelas empresas e passarão a criar soluções de IA para seus colaboradores e clientes.
O que diz o Nubank
O Olhar Digital pediu, ao Nubank, um posicionamento oficial sobre a parceria com a empresa de Sam Altman e aguarda retorno.
Neste domingo (9), o bilionário Elon Musk publicou, no X, sobre a importância da internet provida por sua empresa, a Starlink, para o exército ucraniano. Segundo o empresário, sem o serviço via satélite, as linhas de frente da Ucrânia “entrariam em colapso“.
“Literalmente desafiei [Vladimir] Putin para uma luta física um contra um pela Ucrânia e meu sistema Starlinké a espinha dorsal dos militares de Kiev. Toda a sua linha de frente entraria em colapso se eu o desligasse“, disse.
Segundo Musk, sem sistema de internet de sua empresa, os russos bloqueariam ascomunicações ucranianas (Imagem: AdrianHancu/iStock)
Contudo, Musk descartou quaisquer chances de desligar a Starlink na Ucrânia. “Para ser extremamente claro, não importa o quanto eu discorde da política da Ucrânia, a Starlink nunca será desligada no país. Sem nossa empresa, os russos poderiam bloquear todas as outras comunicações e nós nunca faríamos tal coisa”, enfatizou.
Após as falas de Musk, o governo da Polônia, que paga pelos serviços da Starlink na Ucrânia, disse que buscará outra provedora caso a da companhia estadunidense “não se mostre confiável“;
“A Starlink na Ucrânia é paga pelo Ministério polonês da Digitalização por um valor de U$S 50 milhões [R$ 288,41 milhões, na conversão direta] por ano“, disse o ministro das Relações Exteriores do país, Radosław Sikorski;
Sikoski foi prontamente respondido por Musk: “Fique quieto, homenzinho. Você paga uma pequena parte do custo. E não existe nada que possa substituir a Starlink”, frisou.
Vale lembrar que o bilionário sul-africano, além de ser dono de X, Tesla, SpaceX, Starlink, The Boring Company e xAI, está à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês).
O órgão foi implantado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, na semana passada, bateu boca com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em reunião no Salão Oval da Casa Branca, abalando as relações entre os países. Contudo, os ucranianos receberam apoio da maioria dos países europeus.
Trump e Zelensky discutiram, na semana passada, em encontro na Casa Branca, azedando a relação entre os países (Imagem: Joshua Sukoff/Shutterstock)
Uma ex-diretora de políticas globais da Meta revelou ao The Washington Post que a empresa estaria disposta a ir ao extremo para conquistar a aprovação do Partido Comunista Chinês e levar a rede social a milhões de internautas na China. Segundo a denúncia, a big tech chegou a desenvolver um sistema de censura que permitiria controlar e suprimir opiniões dissidentes.
De acordo com Sarah Wynn-Williams, que atuava na equipe responsável pelas políticas voltadas para a China, a empresa planejava entregar ao governo chinês o controle de todo o conteúdo publicado no país.
A proposta incluía a instalação de um “editor-chefe” encarregado de decidir o que seria removido – com o poder de desativar toda a plataforma em momentos de “agitação social”. Essa informação consta em reclamação de 78 páginas apresentada à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) em abril de 2024 e obtida exclusivamente por veículos jornalísticos.
Mark Zuckerberg passou a adotar discurso favorável aos EUA após posse de Donald Trump (Imagem: Rokas Tenys/Shutterstock)
A denúncia também aponta que, pressionada por um alto funcionário chinês, a Meta chegou a acatar a ideia de reprimir a conta de um conhecido dissidente chinês radicado nos Estados Unidos, numa tentativa de facilitar sua entrada no lucrativo mercado da China.
Contudo, quando questionados sobre essas iniciativas, executivos da empresa teriam “empacado” as respostas, fornecendo informações imprecisas ou enganosas a investidores e autoridades reguladoras.
Wynn-Williams, demitida em 2017 e que deve lançar uma autobiografia nesta semana, apresentou à SEC documentos internos da Meta que corroboram seus relatos.
Em um dos memorandos, ela afirma que os líderes da empresa sofreram intensa pressão por parte de autoridades chinesas para que os informações dos usuários fossem armazenados em centros de dados locais, o que facilitaria o acesso do Partido Comunista às informações pessoais dos cidadãos.
Para Katitza Rodriguez, diretora de políticas globais de privacidade na Electronic Frontier Foundation, essa prática “transforma os controles governamentais rigorosos em instrumentos de censura, vigilância e repressão”.
Meta a favor da China?
Por anos, a Meta posicionou a China como inimiga da internet livre e aberta;
Em 2019, o cofundador e CEO da empresa, Mark Zuckerberg, alertou que o país estava “exportando sua visão da internet para outros países”;
No ano seguinte, o então vice-presidente de assuntos globais, Nick Clegg, lamentou que governos estivessem seguindo o exemplo chinês ao isolar suas redes do restante do mundo;
Além disso, a empresa financiou organizações, como a American Edge, que promoveram campanhas críticas contra China e TikTok, aplicativo de origem chinesa e de propriedade da ByteDance;
O discurso anti-China da empresa se intensificou recentemente, especialmente após a ascensão do assistente de inteligência artificial (IA) DeepSeek, que ganhou destaque nas lojas de aplicativos em janeiro;
Em publicação no Threads, o diretor global de assuntos da Meta, Joel Kaplan, afirmou que a empresa colaboraria com o governo dos EUA para manter o país na vanguarda da IA e assegurar que os padrões globais da tecnologia fossem baseados em valores compartilhados – e não na visão chinesa;
Em janeiro, Zuckerberg chegou a anunciar parceria com o presidente dos EUA, Donald Trump, para “revidar contra governos que vêm atacando empresas estadunidenses e pressionando por mais censura”, ressaltando que “a China já impediu o funcionamento de nossos aplicativos no país”.
Para Wynn-Williams, “uma das maiores prioridades do presidente Trump é que o Ocidente vença essa corrida crítica da IA, mas, por muitos anos, a Meta trabalhou em conluio com o Partido Comunista Chinês, repassando-lhes informações sobre os avanços tecnológicos e mentindo a respeito disso. As pessoas merecem saber a verdade”.
Em resposta, o porta-voz da Meta, Andy Stone, afirmou que “não é segredo” o interesse da empresa em operar na China – algo amplamente divulgado há mais de uma década –, mas que, no final das contas, optaram por não dar continuidade às ideias exploradas, conforme anunciado por Zuckerberg em 2019.
Há dez anos, empresa trabalhou para agradar ao governo chinês e, assim, participar do mercado tech local (Imagem: kovop/Shutterstock)
Projeto Aldrin
Há cerca de dez anos, a Meta enxergava a China como oportunidade inexplorada e extremamente lucrativa, com milhões de usuários de internet disponíveis – número que, segundo alguns, superava o do mercado estadunidense.
Na época, vendedores chineses já compravam anúncios no Facebook, por meio de revendedores, para atingir clientes no exterior.
Em e-mail de 2014, Zuckerberg teria afirmado a executivos, como a COO Sheryl Sandberg e o ex-chefe de comunicação e políticas públicas Elliot Schrage, que expandir a presença do Facebook na China era fundamental para cumprir a missão da empresa de conectar o mundo e que era preciso iniciar esforços intensivos para isso.
O interesse de Zuckerberg pelo país ficou evidente publicamente. Ele chegou a escrever um prefácio para o livro “The Governance of China”, do secretário do Partido Comunista Chinês e atual presidente da China, Xi Jinping, e exibia uma cópia do volume em sua mesa durante uma visita de Lu Wei, então vice-chefe do departamento de propaganda do partido.
Em outra ocasião, o CEO proferiu discurso de 20 minutos em mandarim para estudantes universitários e pediu a Xi que concedesse um nome honorário em chinês para sua filha ainda não nascida, conforme noticiado pelo The New York Times.
Segundo a denúncia, por trás dos bastidores, Zuckerberg reuniu uma equipe dedicada à China em 2014 para desenvolver uma versão dos serviços do Facebook que cumprisse a legislação local – ideia com o codinome “Projeto Aldrin”, em homenagem ao astronauta Buzz Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua.
A empresa demonstrava grande disposição em atender às exigências do Partido Comunista Chinês. Em julho de 2014, funcionários da Meta teriam preparado um rascunho de carta para que Zuckerberg enviasse a Lu Wei, informando que a empresa já havia cooperado com o Consulado Chinês em São Francisco para “retirar sites terroristas potencialmente perigosos para a China” e oferecendo colaboração mais estreita com todas as embaixadas ou consulados chineses ao redor do mundo. Um porta-voz do consulado, entretanto, afirmou não ter conhecimento da situação.
Para reforçar sua posição nas negociações, os líderes da Meta chegaram a considerar flexibilizar suas rígidas regras de privacidade em benefício do governo chinês. Em agosto de 2014, membros da equipe de privacidade discutiram se deveriam confirmar ao comissário de proteção de dados da Irlanda que os usuários de Hong Kong manteriam os mesmos direitos de privacidade dos estadunidenses e europeus.
Poucos dias após um encontro com a equipe de negociação para a China, esses funcionários demonstraram disposição em reduzir os direitos de privacidade dos usuários de Hong Kong, conforme troca de e-mails interna.
Um dos documentos indicava: “Em troca da permissão para estabelecer operações na China, o Facebook concordará em conceder, ao governo chinês, acesso aos dados dos usuários chineses – incluindo os de Hong Kong.”
Em 2015, as negociações entre a Meta e autoridades chinesas avançaram para a elaboração de um plano mais detalhado de atuação no país.
Em uma das versões do acordo proposto, a Hony Capital, firma chinesa de private equity, seria responsável por avaliar se o conteúdo postado por usuários baseados na China – inclusive estrangeiros em visita – estaria “de acordo com as leis vigentes”, conforme consta em proposta enviada a Lu Wei.
Para dar suporte a essa iniciativa, a Meta desenvolveu sistema de censura especialmente projetado para o mercado chinês, com funcionalidades para detectar, automaticamente, termos restritos e conteúdos populares no Facebook.
Brigas recentes entre chineses e estadunidenses mudaram perspectiva da Meta com relação à China (Imagem: Dilok Klaisataporn/Shutterstock)
A empresa se comprometeu, inclusive, a contratar, pelo menos, 300 moderadores de conteúdo para operar esse sistema. Após a análise do projeto pela Administração do Ciberespaço da China, autoridades manifestaram preocupação de que o governo dos EUA pudesse acessar os dados de usuários chineses armazenados fora do país.
Em 2015, Lu Wei foi afastado de seu cargo e, posteriormente, condenado a 14 anos de prisão por acusações de suborno. Mesmo após a perda de um dos principais aliados regulatórios na China, a Meta seguiu tentando conquistar o mercado chinês.
Em 2017, a empresa lançou, discretamente, alguns aplicativos sociais sob o nome de uma companhia chinesa criada por um de seus funcionários. Na mesma época, após sugestão de Zhao Zeliang – importante regulador de internet no país –, a Meta restringiu a conta do empresário Guo Wengui, crítico ferrenho do governo, numa tentativa de demonstrar disposição para “atender a interesses mútuos”.
Em reunião interna, executivos constataram que a inação em relação à conta de Guo poderia impactar a cooperação com as autoridades chinesas. Mais tarde naquele ano, a empresa retirou uma página ligada a Guo e restringiu seu acesso, alegando violações das regras de conteúdo.
Em 2019, com a administração Trump intensificando sua batalha comercial contra a China, a Meta desistiu de suas ambições no país. Atualmente, a empresa busca se beneficiar da postura firme de Washington ante Pequim.
Em reunião com funcionários realizada neste ano, Zuckerberg afirmou que seus negócios poderiam ganhar se o TikTok fosse proibido nos Estados Unidos. “Eles são um dos nossos principais concorrentes”, disse o CEO, conforme gravação obtida por jornalistas, ressaltando que essa seria uma “carta” estratégica a seu favor.
O que diz a Meta
O Olhar Digital entrou em contato com a Meta e aguarda retorno.
Imagine um mundo onde grandes esferas, do tamanho de uma bola de basquete, estejam espalhadas, examinando profundamente nossos olhos para captar os padrões únicos das nossas íris.
Esses dispositivos, que a empresa chama de “Orbs”, permitiriam a realização de qualquer atividade que exija identificação – seja na internet ou na vida real – desde comprar um pão até pagar impostos.
Essa ideia remete a outros projetos recentes, como a tentativa da Amazon de substituir os cartões de crédito pela leitura da palma da mão, e os esforços do Ant Group, na China, para possibilitar pagamentos por reconhecimento facial.
Câmera Orb vai diferenciar humanos de robôs e IA (Imagem: Reprodução/World)
A principal inovação, porém, é a visão dos criadores do aplicativo da World. Liderado pelo CEO Alex Blania e cofundado por Sam Altman, o projeto prevê um cenário num futuro não muito distante em que quase nada poderá ser feito sem uma verificação ocular.
À medida que os agentes de inteligência artificial (IA) se tornam mais presentes e humanizados, será preciso demonstrar, repetidamente, que somos humanos, para evitar que essas IAs se disfarcem de pessoas reais em transações financeiras e interações em redes sociais.
World e seu aplicativo de verificação humana
Para acelerar a adesão ao que a World denomina seu sistema de “prova anônima de humanidade”, a empresa lançou, recentemente, uma mini loja de aplicativos integrada ao próprio app, disponível para dispositivos iOS e Android;
Segundo o The Wall Street Journal, essa iniciativa faz parte de uma estratégia maior para desenvolver um “aplicativo para tudo” – ou “super app” –, conceito amplamente disseminado na Ásia, onde plataformas, como WeChat, Grab, Alipay e KakaoTalk, possibilitam desde compras e conversas até pedidos de refeições ou serviços de transporte;
Na mini loja da World, os usuários já podem acessar serviços para enviar e receber criptomoedas, conversar com pessoas verificadas e até solicitar microcréditos;
Esse é apenas o primeiro passo rumo à criação de um vasto ecossistema que, segundo Altman, Blania e sua equipe, pode chegar a atender mais de um bilhão de pessoas;
Com a expansão do sistema de identificação, eles antecipam que seu maior concorrente será o próprio “aplicativo para tudo” de Elon Musk, o X.
“Creio que ainda levará um tempo até termos uma concorrência direta e acirrada”, afirmou Blania, destacando que, atualmente, o X funciona principalmente como uma rede social.
O aplicativo, que já foi conhecido como o saudoso Twitter, ainda não lançou seu serviço de pagamentos – peça-chave na visão de Musk – e a World também ainda não estreou oficialmente nos Estados Unidos. Por enquanto, não há “Orbs” disponíveis por lá.
Entretanto, Blania projeta que, dentro de aproximadamente 12 meses, ambos os serviços comecem a competir de forma mais intensa.
Essa disputa é particularmente interessante, considerando que o sucesso dos “super apps” no Ocidente tem se mostrado um desafio, já que a maioria dos usuários de smartphones que não cresceram imersos no ecossistema tecnológico asiático já desfrutam da versatilidade oferecida pelas lojas de aplicativos convencionais.
Além disso, a participação de Sam Altman na World pode acirrar ainda mais a rivalidade com o X, dado o histórico de confrontos entre Altman e Musk. Blania chegou a afirmar que a World não é um projeto secundário para Altman – com quem mantém contato frequente –, estando ele envolvido em praticamente todas as decisões estratégicas da empresa.
No cenário estadunidense, a World, anteriormente conhecida como Worldcoin, ainda é pouco conhecida. Quando mencionado, geralmente é em referência ao seu sistema biométrico inovador, centrado na esfera de identificação.
Contudo, a prática de escanear os olhos de milhões de pessoas não tem agradado a governos ao redor do mundo. Já mais de uma dúzia de países suspenderam suas operações ou estão investigando como os dados pessoais são tratados.
Sam Altman, CEO da OpenAI, e o bilionário Elon Musk, dono do X, brigam, há tempos, entre si (Imagem: jamesonwu1972/Frederic Legrand – COMEO/Shutterstock)
Em um episódio recente de seu podcast com Marc Andreessen, o investidor e capitalista de risco Ben Horowitz afirmou que, com o afrouxamento das restrições às empresas de criptomoedas nos EUA, espera que a World se torne “legal” no país ainda este ano.
Atualmente, a empresa evita realizar escaneamentos oculares nos Estados Unidos e impede que os estadunidenses possuam o token Worldcoin por receio das autoridades regulatórias, conforme explicou Altman.
Quando questionado sobre quando a World poderá inaugurar pontos de atendimento no país para que as pessoas possam se cadastrar por meio do escaneamento de suas íris, Blania não deu previsão exata, mas ressaltou que essa é uma prioridade.
Blania também minimiza as preocupações em relação aos reguladores, tanto nos EUA quanto em outros países. “Conheço bem as características do sistema e estou convencido de sua conformidade – ele vai além das expectativas dos próprios reguladores. Basta fazê-los compreender cada detalhe”, afirma.
Recentemente, a World contratou um ex-executivo do X para assumir a chefia da área de privacidade, numa tentativa de reforçar sua credibilidade nesse aspecto.
Sistemas de identificação por biometria já causaram inquietação entre usuários e governos anteriormente.
É fácil lembrar da polêmica em torno do Face ID do iPhone, tecnologia de reconhecimento facial que hoje é amplamente utilizada para desbloquear os dispositivos da Apple, mas que, na época de seu lançamento, levantou preocupações quanto à segurança e ao potencial de vigilância em massa, especialmente em comparação com sistemas chineses de monitoramento.
A World, por sua vez, defende que sua rede é anônima e segura, comprovando apenas que você é humano – sem revelar sua identidade.
Um dos diferenciais do sistema é justamente essa “prova anônima de humanidade”: o escaneamento ocular confirma que se trata de um ser humano e não de uma inteligência artificial, mas não permite identificar quem você é sem o apoio de softwares e sistemas adicionais.
Segundo Tiago Sada, diretor de produto da empresa, o avanço de IAs cada vez mais sofisticadas pode forçar a adoção de um sistema como esse, já que, sem ele, transacionar na internet poderá se tornar praticamente inviável.
Empresa quer ser o app tudo em um, algo muito comum na Ásia (Imagem: CryptoFX/Shutterstock)
As capacidades de “prova de humanidade” da World possibilitaram o lançamento de um novo mini-aplicativo, chamado Credit, na loja da World. Diego, desenvolvedor argentino – que utiliza apenas o primeiro nome – explica que o Credit oferece microcréditos entre US$ 5 e US$ 100 (R$ 28,84 e R$ 576,82, na conversão direta) sem necessidade de garantias, mas bloqueia usuários inadimplentes.
O sistema, baseado em identificador único, à prova de bots, impede que as pessoas criem novas contas para burlar a restrição. Desde seu lançamento em dezembro, o aplicativo já conquistou 70 mil usuários na Argentina e está dando lucro.
Apesar das ambições ousadas tanto da World quanto do X, há vários motivos para se questionar se eles conseguirão atingir suas metas, segundo o Journal. Atualmente, a World verificou apenas 11 milhões de pessoas em todo o mundo – mesmo pagando por meio de tokens criptográficos para que os usuários tenham seus olhos escaneados.
Inicialmente, eram distribuídos 25 tokens por cadastro (cerca de US$ 25 [R$ 144,20] pelos preços atuais), e o valor, agora, caiu para 16 tokens. Além disso, a data de lançamento do serviço de conta digital do X, chamado Money Account, ainda é incerta. A empresa chegou a mencionar a Visa como sua primeira parceira, mas não respondeu aos pedidos de comentário do Journal.
O CEO da Visa, Ryan McInerney, disse, na última teleconferência de resultados, que o X Money utilizará os sistemas da empresa para permitir que os usuários financiem sua “X Wallet” com um cartão de débito, facilitando, também, transações entre pessoas.
Embora o X conte com base de usuários muito maior que a da World, permanece a dúvida sobre quantas pessoas estarão dispostas a confiar sua vida financeira a uma empresa pertencente a Elon Musk.
No final das contas, a confiança será o principal fator determinante para o sucesso ou fracasso de ambos os projetos. Blania está convicto de que, com o tempo, reguladores e especialistas em privacidade reconhecerão a robustez e a segurança do sistema World.
“Esse sistema foi construído de forma que é comprovadamente muito mais seguro do que os concorrentes em potencial. É como se fosse uma verdadeira ciência da privacidade – algo que, acredito, nunca foi implementado dessa maneira no mundo”, concluiu.