Cientistas da Universidade da Virgínia descobriram que a COVID-19 pode prejudicar a capacidade das células imunológicas de reparar os pulmões, o que pode ajudar a explicar os efeitos persistentes da COVID longa.
A pesquisa, publicada na revista Science, foi liderada por Jie Sun e revelou que infecções virais graves, como a COVID-19 e a gripe, danificam os peroxissomos, organelas essenciais dentro dos macrófagos — células imunológicas responsáveis pelo reparo pulmonar após danos nos tecidos.
Quando esses peroxissomos são danificados, sua função é comprometida, o que resulta em inflamação contínua e cicatrizes nos pulmões.
Descobertas do estudo
Os pesquisadores descobriram que essa disfunção nos peroxissomos é uma das causas da dificuldade de recuperação pulmonar observada em pacientes com COVID longa.
O estudo também sugeriu uma abordagem promissora para tratar esses efeitos persistentes: o uso do fenilbutirato de sódio, um medicamento já aprovado pelo FDA para tratar pacientes com altos níveis de amônia no sangue.
Esse medicamento foi capaz de restaurar a função dos peroxissomos em testes iniciais, melhorando a capacidade do sistema imunológico de reparar os pulmões.
Medicamento já aprovado pela FDA foi capaz de ajudar o sistema imunológico a reparar a inflamação dos pulmões (Imagem: JOURNEY STUDIO7/Shutterstock)
Embora mais pesquisas sejam necessárias para confirmar a eficácia desse tratamento na COVID longa, os cientistas acreditam que suas descobertas podem abrir novas possibilidades terapêuticas.
Além disso, o estudo sugere que o tratamento dos peroxissomos também pode ser útil no tratamento de outras doenças respiratórias, tanto agudas quanto crônicas, como a gripe ou a doença pulmonar intersticial (DPI).
A pesquisa é um passo importante para entender melhor a COVID longa e outras condições pulmonares, oferecendo esperança de novas terapias centradas no peroxissomo para ajudar os pacientes a se recuperarem e melhorarem sua qualidade de vida.
A Covid longa ocorre quando os sintomas da doença persistem, ou aparecem pela primeira vez meses após a contaminação, causando danos ao pulmão – Imagem: Josie Elias/Shutterstock
O oxigênio é essencial à vida, mas é possível morrer por excesso deste gás fundamental para a respiração da maioria dos seres vivos? É até difícil de imaginar uma circunstância em que o oxigênio possa se tornar prejudicial e até perigoso, mas existe.
Sim, é possível morrer por excesso de oxigênio, embora seja uma situação rara e geralmente associada a condições específicas.
O termo médico usado para descrever o excesso de oxigênio nos tecidos do corpo é hiperóxia. Embora o oxigênio seja essencial para a vida, em concentrações elevadas pode ser tóxico e causar danos a diversos órgãos, principalmente os pulmões e o sistema nervoso central.
A toxicidade do oxigênio ocorre porque ele aumenta a produção de radicais livres, moléculas instáveis que podem danificar as células do corpo. Nos pulmões, o excesso de oxigênio pode levar a inflamação, dificuldade respiratória e, em casos graves, insuficiência respiratória. No sistema nervoso central, a hiperóxia pode causar convulsões e outros problemas neurológicos.
A hiperóxia é mais comum em situações como:
Mergulho: mergulhadores que utilizam misturas de gases com altas concentrações de oxigênio podem ter hiperóxia se não seguirem os protocolos de segurança adequados.
Oxigenoterapia: pacientes que recebem oxigênio suplementar em hospitais, principalmente em unidades de terapia intensiva, podem ter hiperóxia se a dose de oxigênio for muito alta ou o tempo de exposição for prolongado.
Câmaras hiperbáricas: pessoas que se submetem a tratamento em câmaras hiperbáricas, onde a pressão e a concentração de oxigênio são elevadas, também correm risco de hiperóxia.
A hiperóxia é uma condição rara e geralmente ocorre em situações específicas, como as mencionadas acima. A maioria das pessoas não precisa se preocupar com a toxicidade do oxigênio em seu dia a dia, pois o ar que respiramos tem uma concentração de oxigênio segura para a saúde.
Na verdade, o ar que respiramos é composto por cerca de 21% de oxigênio, sendo o restante principalmente nitrogênio. Essa proporção é essencial para a nossa saúde e equilíbrio do organismo.
Quando inalamos oxigênio em excesso, corremos o risco de desenvolver hiperóxia, uma condição em que os níveis de oxigênio nos tecidos do corpo se tornam tóxicos. Essa toxicidade ocorre porque o oxigênio em excesso aumenta a produção de radicais livres, moléculas instáveis que podem danificar as células do corpo.
A câmara hiperbárica é um equipamento médico que administra oxigênio puro a uma pressão elevada (Imagem: O2 Medicina Hiperbárica / Divulgação)
Outro exemplo importante de situação em que o oxigênio em excesso se torna prejudicial, é a administração dele em pacientes na UTI. Essa é uma preocupação constante dos profissionais de saúde. Embora o oxigênio seja essencial para a vida, em concentrações elevadas e por períodos prolongados, ele pode se tornar tóxico e causar danos a diversos órgãos, principalmente os pulmões.
O oxigênio em excesso aumenta a produção de radicais livres, moléculas instáveis que podem danificar as células do corpo. Nos pulmões, a hiperóxia (excesso de oxigênio) pode levar a inflamação, dificuldade respiratória e, em casos graves, insuficiência respiratória.
Pacientes em estado crítico na UTI frequentemente precisam de oxigênio suplementar para manter níveis adequados de oxigênio no sangue. No entanto, a administração de oxigênio em altas doses e por tempo prolongado aumenta o risco de hiperóxia.
Para evitar a hiperóxia, os profissionais de saúde monitoram de perto a quantidade de oxigênio que o paciente recebe, ajustando a dose conforme necessário. Eles também avaliam regularmente a função pulmonar do paciente e outros parâmetros clínicos para identificar precocemente sinais de toxicidade do oxigênio.
Quais partes do corpo a hiperóxia afeta?
Principalmente os pulmões e o sistema nervoso central. A hiperóxia também pode afetar outros órgãos e sistemas do corpo, como os olhos, o coração e os rins, embora os mecanismos exatos ainda não sejam totalmente compreendidos.
É importante ressaltar que:
Morrer por excesso de oxigênio é uma condição relativamente rara em pacientes que recebem oxigênio suplementar sob supervisão médica adequada.
A necessidade de oxigênio suplementar em pacientes na UTI é avaliada individualmente, e a dose e o tempo de exposição são determinados por profissionais de saúde qualificados, levando em consideração o quadro clínico do paciente e outros fatores.
Se você tiver dúvidas sobre a hiperóxia ou o uso de oxigênio suplementar, converse com seu médico. Ele poderá te explicar os riscos e benefícios do tratamento e te orientar sobre a forma mais segura de utilizá-lo.