Astronauta da ISS filma raro relâmpago colorido do espaço

A Estação Espacial Internacional (ISS) mais uma vez nos brinda com imagens espetaculares de nosso planeta, desta vez capturando um fenômeno atmosférico raro e fascinante: os relâmpagos coloridos, também conhecidos como Eventos Luminosos Transientes (TLEs na sigla em inglês) ou “sprites”.

O astronauta da NASA Don Pettit, em órbita sobre a América do Sul, registrou em vídeo esses flashes de luz vibrantes, proporcionando um vislumbre valioso de um dos mistérios da atmosfera terrestre.

“Sprites” vermelhos e azuis

As imagens mostram os sprites brilhando acima das densas nuvens da bacia amazônica, um espetáculo de luzes que dura apenas alguns segundos, mas que revela a complexidade e a beleza dos processos atmosféricos.

Os sprites, diferentemente dos raios comuns que se propagam da nuvem para o solo, ocorrem nas camadas superiores da atmosfera, a cerca de 80 quilômetros de altitude. Eles são criados por descargas elétricas que se propagam para cima, gerando explosões de plasma na ionosfera.

A sigla “TLE” (Eventos Luminosos Transientes) descreve a natureza fugaz e a localização desses fenômenos, que permanecem um tanto quanto enigmáticos para a ciência.

Pettit compartilhou o vídeo do fenômeno no X (antigo Twitter):

A captura de vídeo por Pettit não é um evento isolado. Em 2024, o astronauta Matthew Dominick também registrou sprites vermelhos, um tipo ainda mais raro de TLE, durante uma tempestade particularmente intensa. Essas observações espaciais são cruciais para a pesquisa, pois fornecem uma perspectiva única e privilegiada para o estudo desses fenômenos.

Apesar de terem sido relatados há mais de um século, os sprites só foram capturados em vídeo pela primeira vez em 1989. Desde então, a tecnologia avançou consideravelmente, permitindo que astronautas e cientistas registrem esses eventos com detalhes cada vez maiores. As imagens capturadas da ISS, como as de Pettit e Dominick, ajudam os pesquisadores a entender melhor a dinâmica da atmosfera e a relação entre os raios comuns e os sprites.

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O estudo dos sprites é importante para a compreensão dos processos elétricos na atmosfera e seu impacto no clima e nas comunicações. A ionosfera, onde os sprites ocorrem, desempenha um papel fundamental na propagação de ondas de rádio, e as perturbações causadas por esses eventos podem afetar as comunicações e os sistemas de navegação.

A cada nova imagem capturada da ISS, os cientistas se aproximam um pouco mais da compreensão completa desses fenômenos luminosos e misteriosos, que continuam a encantar e intrigar a humanidade.

Com informações do Space.

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Árvore desafia a morte e cresce mais poderosa após ser atingida por raios

Um estudo publicado na revista New Phytologist revelou que algumas árvores tropicais não apenas sobrevivem a raios, como podem até se beneficiar desses eventos. Liderada por Evan Gora, ecologista do Instituto Cary de Estudos de Ecossistemas, nos EUA, a pesquisa analisou o impacto dos raios na floresta tropical do Panamá e encontrou uma espécie que se destaca: a Dipteryx oleifera.

Quando um raio atinge uma árvore nos trópicos, a descarga pode eletrocutar dezenas de árvores ao redor, formando um círculo de destruição. Em poucos meses, essa área pode secar completamente. No entanto, enquanto a maioria das árvores morre, algumas resistem e parecem prosperar. Esse fenômeno intrigou os cientistas, que buscaram entender como certas árvores conseguem se beneficiar de um evento tão violento.

O estudo foi realizado no Monumento Natural Barro Colorado, um dos locais mais pesquisados sobre ecossistemas tropicais. No início, Gora subia nas árvores para procurar marcas de raios, mas esse método era lento e ineficiente. Além disso, abelhas frequentemente atacavam os pesquisadores, dificultando o trabalho. Para resolver a questão, a equipe desenvolveu um sistema que detecta sinais eletromagnéticos emitidos pelos raios, permitindo localizar rapidamente as árvores atingidas.

A Dipteryx oleifera emergiu como uma espécie de para-raios arbóreo nas florestas tropicais do Panamá. Crédito: Evan Gora / Instituto Cary de Estudos Ecossistêmicos

Árvore funciona como para-raios vivo

Entre 2014 e 2019, os pesquisadores registraram 94 raios atingindo árvores na floresta. Eles identificaram 85 espécies afetadas, das quais apenas sete sobreviveram. A Dipteryx oleifera se destacou por sua resistência: foi atingida nove vezes, incluindo um exemplar que sobreviveu a dois impactos e parecia mais saudável depois. Isso sugere que essa espécie, além de resistir às descargas elétricas, pode até tirar vantagem delas.

A explicação pode estar nas características da Dipteryx oleifera. Essas árvores são cerca de 30% mais altas que as demais e possuem copas 50% maiores. Esse tamanho avantajado pode torná-las alvos naturais para descargas elétricas, funcionando como verdadeiros para-raios vivos. Mas, diferentemente de outras espécies, elas parecem lidar bem com os impactos, continuando a crescer e prosperar.

Os efeitos dos raios na floresta foram impressionantes. Enquanto todas as Dipteryx oleifera atingidas sobreviveram, 64% das outras espécies morreram em até dois anos. Além disso, árvores próximas a uma D. oleifera atingida tinham 48% mais chances de morrer. Em um caso, um único raio matou 57 árvores ao redor, enquanto a D. oleifera central permaneceu ilesa.

Outro efeito observado foi a destruição de trepadeiras parasitas que cresciam nas D. oleifera. Com a eliminação dessas plantas, as árvores atingidas ganharam mais espaço para crescer e produzir mais sementes. Isso significa que ser atingida por raios pode tornar essa árvore mais competitiva dentro da floresta.

Os pesquisadores utilizaram modelos de computador para entender como os raios poderiam influenciar a longevidade dessas árvores. Os cálculos indicam que ser atingida várias vezes pode prolongar a vida útil de uma D. oleifera em até 300 anos. Isso mostra que, paradoxalmente, algo que seria fatal para a maioria das espécies pode ser um fator de sucesso para essa árvore.

Uma árvore Dipteryx oleifera logo após ser atingida por um raio em 2019. Crédito: Evan Gora / Instituto Cary de Estudos Ecossistêmicos

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Descargas elétricas oferecem vantagens ecológicas

Antes desse estudo, a ideia de que um raio poderia beneficiar uma árvore parecia improvável. No entanto, as evidências mostram que, pelo menos para algumas espécies, as descargas elétricas podem oferecer vantagens ecológicas. “As árvores competem constantemente entre si, e qualquer vantagem pode ser decisiva”, afirmou Gabriel Arellano, ecologista da Universidade de Michigan, que não participou da pesquisa, ao jornal The New York Times.

Ainda não se sabe exatamente quais mecanismos físicos ajudam essas árvores a suportar raios tão intensos. Gora sugere que algumas podem ter estruturas internas mais condutoras ou formatos que minimizam os danos. “Precisamos entender melhor como essas árvores lidam com esse tipo de estresse”.

Embora a pesquisa tenha sido realizada no Panamá, padrões semelhantes já foram observados em outras florestas tropicais. Adriane Esquivel Muelbert, ecologista da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, reforça que esse fenômeno não é raro. “É um padrão claro e recorrente”.

Com as mudanças climáticas, tempestades tropicais devem se tornar mais frequentes e intensas. Nesse cenário, algumas árvores parecem estar mais preparadas para um futuro repleto de raios e trovoadas. A Dipteryx oleifera pode ser uma das grandes vencedoras nesse novo equilíbrio da floresta tropical.

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Raro relâmpago gigante sobre a Terra é fotografado do espaço

Uma imagem impressionante capturada na Estação Espacial Internacional (ISS) revelou um raro “jato gigante” de relâmpago se estendendo por mais de 80 km acima da costa dos EUA. Esse fenômeno, que dispara descargas elétricas para cima das nuvens, foi registrado em 19 de novembro de 2024, mas só agora veio a público.

O registro foi descoberto pelo fotógrafo Frankie Lucena, especialista em fenômenos atmosféricos, no banco de imagens da NASA Gateway to Astronaut Photography of Earth. Lucena encontrou quatro registros do evento e compartilhou um deles com a plataforma de meteorologia e climatologia espacial Spaceweather.com na última semana. A localização exata do jato ainda não foi confirmada, mas especialistas acreditam que tenha ocorrido próximo ao litoral de Nova Orleans.

Imagem de plano aberto fotografada por um astronauta não identificado em 19 de novembro de 2024 mostra o “jato gigantesco” no canto superior direito. Crédito: Gateway to Astronaut Photography of Earth/NASA

Como se formam os “jatos gigantes” de relâmpagos

Jatos gigantes são relâmpagos que sobem das tempestades em direção à alta atmosfera, emitindo um brilho azulado devido ao nitrogênio presente nessa camada. Eles duram menos de um segundo e podem alcançar a ionosfera, a cerca de 80 quilômetros de altitude. Por isso, são considerados os relâmpagos mais altos já registrados na Terra.

Além da altura impressionante, esses raios também são extremamente poderosos. Um dos mais intensos já medidos ocorreu em Oklahoma, em 2018, e liberou uma energia 60 vezes maior que a de um relâmpago comum, atingindo temperaturas superiores a 4.400°C.

Provável local onde o relâmpago gigante se formou. Crédito: Frankie Lucena via Spaceweather.com

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Nas imagens recentes, é possível ver tentáculos avermelhados no final do jato. Essas descargas elétricas se assemelham a um outro fenômeno atmosférico, conhecido como “sprite“, que tem formato de água-viva e ocorre acima das tempestades. No entanto, de acordo com o explicado por especialistas ao site EarthSky.com,  jatos gigantes e sprites são fenômenos distintos.

Esse tipo de raio só foi identificado em 2001, e desde então, poucas dezenas de registros fotográficos foram feitos. Ainda assim, os cientistas acreditam que ocorram até mil jatos gigantes invisíveis por ano. A maioria das imagens foi capturada do espaço, mas há registros feitos por passageiros de aviões sobrevoando tempestades.

O estudo desses jatos pode ajudar a entender melhor as interações entre tempestades e a atmosfera superior. Pesquisadores continuam analisando novos registros para desvendar os mecanismos que impulsionam esse fenômeno raro e fascinante.

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