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Sabia que sapos eram usados para conservar o leite quando não existiam geladeiras?

A conservação de alimentos sempre foi um desafio para a humanidade, especialmente antes da invenção da geladeira. Em algumas culturas, métodos alternativos foram desenvolvidos para prolongar a durabilidade dos alimentos.

Um dos mais curiosos vinha da Rússia e da Finlândia, onde os habitantes costumavam colocar sapos vivos dentro dos recipientes de leite para impedir sua deterioração. Embora possa parecer um mito, a prática tem uma explicação científica.

Pesquisadores descobriram que a pele de algumas espécies de sapos secreta peptídeos antibióticos naturais, que ajudam a combater o crescimento de bactérias e fungos.

Esses compostos evitavam a proliferação de micro-organismos responsáveis pelo azedamento do leite. Em 2010, cientistas identificaram mais de 100 substâncias antibióticas na pele desses anfíbios, o que reforça a eficácia da técnica usada pelos povos nórdicos.

Sapos e geladeiras: entende sua conexão para conservar o leite

A refrigeração revolucionou a maneira como os alimentos são armazenados, tornando possível prolongar sua vida útil e garantir sua segurança para o consumo humano.

Leite de vaca em copos de vidro (Imagem: New Africa/Shutterstock)

As primeiras geladeiras domésticas começaram a se popularizar entre as classes mais altas na década de 1940, sendo gradativamente adotadas em larga escala. O frio desacelera a multiplicação de bactérias, retardando a deterioração de produtos como o leite, mas não impede sua contaminação por completo.

No caso dos sapos, a espécie Rana temporaria, encontrada na Eurásia, era a mais utilizada na conservação do leite. Estudos conduzidos pela Universidade de Moscou identificaram 97 substâncias antibióticas na pele desse anfíbio, algumas eficazes contra bactérias como Salmonella e Staphylococcus.

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Rana temporaria é uma das espécies utilizadas para conservar o leite para consumo humano (Reprodução: Joel Sartore/Photo Ark)

Esse mecanismo de defesa natural permite que o sapo sobreviva em ambientes úmidos e potencialmente contaminados.

O método consistia em colocar um desses sapos dentro do recipiente de leite, permitindo que suas secreções antibacterianas se misturassem ao líquido e retardassem o processo de fermentação. Essa prática era comum em regiões rurais, onde o acesso a técnicas modernas de conservação era limitado.

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Apesar de eficaz, o uso de sapos para conservar leite, obviamente, não é recomendado atualmente. Isso porque algumas espécies podem conter toxinas perigosas para os seres humanos, além do risco de transmissão de doenças zoonóticas.

A extração e o uso dos peptídeos antibióticos de forma segura ainda são desafios para a ciência, embora seu potencial para a indústria farmacêutica seja promissor.

Porém, os avanços na tecnologia de refrigeração eliminaram a necessidade de utilizar métodos arcaicos como esse. Afinal, hoje em dia, a conservação do leite, e de alimentos em geral, se baseia em processos como a pasteurização e o resfriamento adequado, impedindo a proliferação de bactérias prejudiciais à saúde humana.

Ainda assim, a descoberta das propriedades antibióticas na pele dos sapos desperta interesse na pesquisa biomédica. Cientistas buscam maneiras de sintetizar esses compostos em laboratório para o desenvolvimento de novos antibióticos, evidenciando, dessa forma, como o conhecimento tradicional pode se unir à ciência, inspirando novas descobertas e inovações.

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Os sapos realmente andam sobre a água? Entenda esse mistério

Os sapos são conhecidos por sua habilidade de saltar grandes distâncias em terra firme, mas algumas espécies também demonstram um comportamento curioso na água.

A ideia de que um sapo anda na água pode parecer coisa de desenho animado. Mas, com a ajuda de tecnologia de alta velocidade, pesquisadores analisaram a maneira como alguns sapos interagem com a superfície aquática e os resultados são surpreendentes.

O estudo, publicado no Journal of Experimental Biology, examinou o comportamento do sapo-grilo do norte (Acris crepitans), comum na América do Norte. Para entender melhor o fenômeno, os cientistas filmaram os saltos do animal tanto na terra quanto na água, em alta velocidade.

O que se viu foi que, ao pousar na superfície líquida, o corpo do sapo afunda parcialmente, mas ele rapidamente se impulsiona de volta para cima, criando um efeito de “quicar” sobre a água.

Os sapos realmente andam sobre a água?

Embora pareça que o sapo anda na água, o que ele faz é um movimento cíclico que lembra o chamado “efeito golfinho”. Esse fenômeno também é observado em cetáceos como os golfinhos, que saltam fora da água enquanto nadam rapidamente. O segredo está na maneira como os sapos usam suas pernas para criar impulso, aproveitando a resistência da água e a força da gravidade.

Estudo analisou como o sapo-grilo do norte consegue se locomover sobre a água
(Reprodução/Weiss et al., Journal of Experimental Biology, 2024)

A estratégia dos sapos consiste em bater a barriga na água e estender as pernas para trás, gerando um impulso que os lança novamente para cima. Antes de pousar novamente, eles repetem o movimento, garantindo uma sequência de “saltos” rápidos.

Assim, cria-se a ilusão de que um sapo anda na água, quando, na verdade, ele está se utilizando de uma técnica que lembra a de uma pedra quicando em um lago.

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Essa habilidade não exige uma adaptação anatômica específica. Os cientistas concluíram que, apesar de serem exímios saltadores em terra, nem todas as espécies de sapo desenvolvem essa técnica na água. O motivo para essa diferença entre as espécies ainda é incerto, mas fatores como tamanho corporal, habitat e pressões evolutivas podem, possivelmente, influenciar essa capacidade.

O fenômeno de um sapo andar sobre a água pode ser comparado a outras situações em que o corpo ganha impulso sem um contato sólido. Atletas de polo aquático e nadadoras de nado sincronizado utilizam um princípio semelhante para se projetar acima da superfície.

Então, ao empurrar a água para baixo com força suficiente, criam um impulso que permite elevação momentânea, antes de voltarem a submergir parcialmente.

Embora a ideia de um sapo andar sobre a água seja um mito, o fenômeno real por trás dessa impressão revela a incrível complexidade da locomoção animal. Cada salto e cada movimento desses anfíbios mostram como a natureza encontra soluções eficientes para desafios aparentemente simples.

No caso dos sapos, essa habilidade exemplifica perfeitamente como a física e a biologia se unem para criar comportamentos únicos e surpreendentes.

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Como ‘parentes’ dos anfíbios sobreviveram à maior extinção do planeta

Pesquisadores descobriram como antigos ancestrais e parentes dos atuais anfíbios, como os sapos e rãs, sobreviveram ao maior evento de extinção em massa do planeta. Ocorrida no final do Período Permiano, há 252 milhões de anos, ela causou a morte de quase 90% de todas as espécies do planeta.

No trabalho, os cientistas acompanharam a trajetória dos temnospondyli, uma categoria de anfíbios que tinha uma dieta generalista, ou seja, podia se alimentar de uma vasta gama de animais. Este teria sido um fator chave para sua sobrevivência, bem como o habitat localizado em água doce.

Animais antigos sobreviveram mesmo em condições adversas

  • A ciência já sabia que os temnospondyli tinham sobrevivido à extinção do Permiano, mas como isso ocorreu ainda era um mistério.
  • Estes animais eram predadores que se alimentavam de peixes e outras presas, mas eram ligados à água assim como os anfíbios modernos, como rãs e salamandras.
  • No início do Triássico, após o evento de extinção, houve grande atividade vulcânica, o que gerou o aumento das temperaturas, além da aridez da terra, redução do oxigênio atmosférico, chuva ácida e incêndios florestais, deixando o ambiente bastante hostil.
  • Este cenário acabou fazendo com que os trópicos se tornassem uma “zona morta tropical”.

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Criaturas praticamente não sofreram alterações

Durante o trabalho, os pesquisadores avaliaram 100 temnospondyli com o objetivo era entender como eles foram afetados pelas mudanças climáticas. A descoberta, no entanto, surpreendeu a equipe de cientistas. De acordo com o estudo, as criaturas antigas quase não sofreram alterações. Seus corpos continuaram na mesma proporção, com alguns pequenos, se alimentando de insetos, e outros grandes, com focinhos compridos para caçar peixes ou largos para dietas generalistas.

O que também chamou a atenção foi a diversificação de corpos e funções corporais nos 5 milhões de anos seguintes, expandindo a variedade de animais após a crise. Apesar do sumiço dos animais dos trópicos, os temnospondyli conseguiram cruzar a zona morta, o que provavelmente aconteceu durante períodos mais frios.

Estudo analisou mais de 100 fósseis de temnospondyli (Imagem: Royal Society Open Science)

Esta certeza vem da presença de fósseis na África do Sul, Austrália, América do Norte, Europa e Rússia. Acredita-se que a baixa seletividade alimentar das espécies tenha ajudado em sua sobrevivência, uma vez que eles comiam a maioria dos animais disponíveis e se escondiam em grandes corpos d’água.

O declínio destes animais só aconteceu na metade do Triássico, quando ancestrais dos mamíferos e dos dinossauros começaram a dominar o planeta. As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Royal Society Open Science.

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