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Por que o governo Trump usa o Signal? Entenda o apelo do aplicativo

Integrantes da administração de Donald Trump e do DOGE, departamento liderado por Elon Musk, conversam sobre assuntos importantes e delicados no Signal. Mas por que o aplicativo de mensagens caiu nas graças do governo?

Esse aplicativo é conhecido por sua segurança e privacidade. E por oferecer um bom ambiente para conversas “em off”. Servidores públicos federais e oficiais do alto escalão do governo Trump migraram para o app em busca de sigilo, segundo o jornal Washington Post.

Nesta semana, ocorreu um deslize. A Atlantic revelou que integrantes do governo Trump discutiram planos de guerra no app. Como a revista descobriu isso? O editor-chefe, Jeffrey Goldberg, foi incluído por acidente no grupo onde figurões conversaram sobre ataques militares.

“Eu não conseguia acreditar que a liderança da segurança nacional dos Estados Unidos iria comunicar no Signal sobre planos de guerra iminentes”, escreveu Goldberg em seu relato, publicado na segunda-feira (24).

Signal passou a ser usado pelo governo dos EUA após Trump reassumir presidência

Até pouco tempo atrás, o Signal era mais conhecido entre geeks do Vale do Silício e dissidentes globais por deixar poucos vestígios digitais.

Uso do Signal é tática para proteger comunicação do governo, diz jornal (Imagem: Anna Moneymaker/Shutterstock)

Sua adoção entre burocratas federais ocorreu após o retorno de Trump à cadeira de presidente dos EUA. É uma tática para proteger a comunicação do governo, disseram servidores ouvidos, sob condição de anonimato, pelo jornal.

Essa mudança marcam uma transformação cultural para os oficiais do governo federal, funcionários e o público que eles servem, aponta a reportagem. “Adotar o Signal e outras táticas de fuga de vigilância dos espiões e bilionários vem com a possível perda de histórico em tempo real da administração Trump.”

Os eleitores nunca terão um relato completo das políticas feitas em seus interesses quando oficiais e trabalhadores se comunicam em canais privados e fechados para os cidadãos dos EUA. É o que disse Lauren Harper, da Freedom of the Press Foundation.

Quando há “segredo de ambos os lados”, disse Harper, “o público não tem como entender o que está acontecendo dentro do governo”.

Organização sem fins lucrativos processa membros do governo Trump por uso do Signal

Um grupo de vigilância governamental processou o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, e outros oficiais da administração Trump por discutirem planos militares no Signal.

A American Oversight alega que a conversa no aplicativo violou as leis federais de registros. A ação foi apresentada num tribunal federal de Washington D.C.

Ícones dos aplicativos Telegram, Signal e WhatsApp num celular Android
Organização sem fins lucrativos alega que conversa entre membros do governo Trump no Signal violou as leis federais de registros (Imagem: Michele Ursi/Shutterstock)

“A Lei de Registros Federais exige que os oficiais federais preservem as comunicações relacionadas a negócios oficiais do governo”, afirmou a organização sem fins lucrativos em comunicado.

A organização disse, em comunicado, que busca “recuperar mensagens deletadas ilegalmente e evitar destruição adicional”.

Além de Hegseth, oficiais mencionados incluem a diretora de inteligência nacional, Tulsi Gabbard; o diretor da CIA, John Ratcliffe; o secretário do Tesouro, Scott Bessent; e o Secretário de Estado, Marco Rubio.

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Outro desdobramento do caso

O conselheiro de segurança nacional Mike Waltz disse, na terça-feira (25), que assume “total responsabilidade” pelo incidente envolvendo o Signal e o jornalista da Atlantic.

Mike Waltz
O conselheiro de segurança Mike Waltz assumiu a responsabilidade pelo deslize da semana do governo Trump envolvendo o Signal e um jornalista (Imagem: noamgalai/Shutterstock)

Em entrevista à Fox News, Waltz disse que foi ele quem criou o grupo no qual o editor-chefe foi incluído por acidente. E acrescentou: “cometemos um erro”.

Waltz afirmou que lições foram aprendidas e que “não estamos mais usando” o aplicativo de mensagens.

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O que é Signal? Conheça o aplicativo de mensagens usado pelo governo Trump

Signal é um aplicativo de mensagens. Seu nome pipocou na imprensa após a The Atlantic revelar que integrantes do governo Trump discutiram planos de guerra no app. Como a revista descobriu isso? O editor-chefe, Jeffrey Goldberg, foi incluído por acidente no grupo onde figurões da administração conversaram sobre ataques contra rebeldes no Iêmen.

“Eu não conseguia acreditar que a liderança da segurança nacional dos Estados Unidos iria comunicar no Signal sobre planos de guerra iminentes”, escreveu Goldberg em seu relato, publicado na segunda-feira (24). Para você ter ideia, entre os integrantes deste grupo no Signal estavam o secretário de Defesa, Pete Hegseth; o secretário de Estado, Marco Rubio; e o vice-presidente J.D. Vance.

Ao ser questionado sobre o episódio, considerado “uma falha extraordinária” de segurança pelo jornal New York Times, Donald Trump disse apenas: “Eu não sei de nada. Você está me contando isso pela primeira vez”, segundo a BBC.

Signal parece Telegram e WhatsApp, mas tem camadas a mais de privacidade

O Signal é um aplicativo de mensagens com foco em privacidade e segurança. No geral, é parecido ao Telegram e ao WhatsApp. Por meio dele, dá para enviar mensagens, áudios e figurinhas. Também dá para fazer chamadas de áudio e vídeo. Mas o app tem camadas a mais de privacidade.

Signal parece Telegram e WhatsApp, mas facilita anonimato (Imagem: Michele Ursi/Shutterstock)

O aplicativo usa protocolo de criptografia de ponta a ponta – assim, interceptar a troca de mensagens fica basicamente impossível. Se isso parece familiar para você, é porque deve ser mesmo. O WhatsApp usa esse protocolo (e o menciona em suas propagandas) desde 2016.

Além disso, não dá para rastrear os usuários do Signal pelo número de celular. Em outras palavras, é um ambiente mais adequado para conversas “em off” por garantir o anonimato. Por isso, atrai informantes, jornalistas e ativistas de direitos humanos, por exemplo. Isto é, pessoas que geralmente precisam de mais privacidade na hora de se comunicar.

Lançado em 2012, o aplicativo é mantido atualmente pela Signal Foundation, organização sem fins lucrativos criada em fevereiro de 2018. Figuras como Elon Musk (conselheiro de Trump, aliás) e Edward Snowden já recomendaram o uso do Signal.

Aplicativo é conhecido no Brasil

Foi também no Signal onde quatro militares do Exército brasileiro discutiram o Plano Punhal Verde e Amarelo. Num grupo chamado “Copa 2022” e sob codinomes de países, eles conversavam sobre plano de golpe de estado e execução de autoridades, segundo a investigação da Polícia Federal (via G1).

Celular exibindo logomarca do Signal na tela
Foi também no Signal que militares do Exército brasileiro conversaram sobre golpe de estado, segundo a Polícia Federal (Imagem: Daniel Constante/Shutterstock)

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Entre as autoridades na mira do plano, estavam: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Os militares envolvidos foram presos em novembro de 2024.

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