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O que é asterismo?

Ao observarmos o céu noturno, é comum identificar padrões formados pelas estrelas, que muitas vezes lembram objetos, figuras ou formas conhecidas. Desde os tempos antigos, diferentes culturas atribuem significados e nomes a esses desenhos celestes.

Entre essas formações estão os chamados asterismos, estruturas que, embora não sejam oficialmente reconhecidas como constelações, são amplamente usadas para facilitar a navegação astronômica e a localização de estrelas.

Eles representam um elo entre o conhecimento científico moderno e a observação ancestral do cosmos.

O que é um asterismo?

Asterismo é o nome dado a um padrão reconhecível de estrelas no céu que forma uma figura, como um triângulo, uma colher ou uma linha brilhante.

A nebulosa NGC-1999, que fica a 1,4 mil anos-luz de distância na Terra, na constelação de Órion, é uma nebulosa de reflexão. Imagem: Tragoolchitr Jittasaiyapan – Shutterstock

Esses desenhos, visíveis a olho nu, não são considerados constelações formais, mas ainda assim ajudam observadores a se localizar no céu noturno.

Enquanto as constelações foram oficialmente definidas pela União Astronômica Internacional (UAI), os asterismos são construções populares, criadas por culturas ao longo da história para facilitar a navegação e a identificação de regiões celestes.

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A diferença entre constelação e asterismo está principalmente na oficialidade e abrangência. Uma constelação é uma área do céu com fronteiras claramente definidas, como Leão ou Escorpião.

Já o asterismo é apenas um agrupamento de estrelas dentro de uma ou mais constelações. Eles podem ser parte de uma constelação (como o Cruzeiro do Sul, que é ao mesmo tempo constelação e asterismo) ou compostos por estrelas de várias constelações diferentes.

Um dos asterismos mais conhecidos do Hemisfério Norte é o Grande Carro (ou Big Dipper), que faz parte da constelação Ursa Maior.

Ele forma a figura de uma grande concha ou colher e tem sido usado há séculos como uma ferramenta para localização no céu. Prolongando-se em linha reta a partir das duas estrelas frontais do Grande Carro, é possível encontrar a Estrela Polar, que está alinhada com o Polo Norte Celeste.

Constelações de Ursa Maior e Ursa Menor, com a estrela Polaris na ponta. Crédito: Mycola – iStockphotos

Outro exemplo importante é o Triângulo de Verão, composto pelas estrelas Vega (da constelação Lira), Altair (da constelação Águia) e Deneb (da constelação Cisne).

Esse triângulo imaginário se destaca durante os meses mais quentes no Hemisfério Norte e serve como ponto de partida para localizar outras estrelas e constelações.

Já no Hemisfério Sul, o Cruzeiro do Sul é um asterismo notável e culturalmente importante, presente até mesmo em bandeiras de países como Brasil, Austrália e Nova Zelândia.

Os asterismos também são valiosos na educação astronômica. Como são fáceis de visualizar e memorizar, eles ajudam iniciantes a se familiarizarem com o céu noturno.

Alguns são visíveis mesmo em áreas urbanas, onde a poluição luminosa torna difícil identificar constelações completas. São como atalhos visuais que introduzem os curiosos à astronomia, funcionando quase como placas de trânsito estelar.

Vale destacar que diferentes culturas podem reconhecer diferentes asterismos. Antes da padronização das constelações pela UAI, em 1922, muitos povos já mapeavam o céu com base em padrões próprios. Isso faz dos asterismos uma ponte entre ciência e tradição, unindo conhecimento astronômico moderno com saberes antigos.

Com informações de EarthSky

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Cadáver estelar revela passado de buraco negro

O material que circunda um buraco negro é muito rico em história, mesmo que parte dela tenha sido apagada pelo próprio fenômeno. Em um estudo recente, pesquisadores usaram o registro nesse material para descobrir a origem de um misterioso sistema com uma estrela e um buraco negro.

A pesquisa se contrapõe a um erro comum dos astrônomos: pensar que os buracos negros devoram também a história da matéria que consomem. Isso não é totalmente verdade e a informação só se perde quando o material cruza o horizonte de eventos.

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Buraco negro e estrela fazem par

O grupo escolheu o sistema binário conhecido como GRO J1655-40, composto por um buraco negro com sete massas solares e uma estrela de mais de três vezes a massa do Sol. Antigamente, o conjunto era composto por duas estrelas, mas a maior colapsou em uma supernova e se tornou o buraco negro. Isso deixou no sistema os restos da explosão estelar.

Para entender essa história, o grupo estudou dados de 2005 do Telescópio Espacial Chandra, da NASA. A nave coletou as informações num momento em que GRO J1655-40 estava brilhante e ótima para os sensores de raios-x

Com esse conteúdo, os astrônomos puderam identificar vários elementos do sistema e destacaram os 18 principais e mais abundantes. Nesse momento, a arqueologia astronômica entrou em ação.

Ilustração do sistema GRO J1655. (Imagem: ESA, NASA e Felix Mirabel)

Os elementos deixados pela estrela dependem de sua composição e massa inicial. Quando o grupo examinou o conteúdo deixado após a supernova, puderem reconstruir as características originais do astro estelar.

A partir disso, descobriram que a mãe do buraco negro tinha uma massa de 25 sois. O que, comparado ao cenário atual do sistema, demonstrou que a maior parte da matéria estelar original se perdeu no espaço, sendo levada pela explosão e pelos ventos solares.

O uso desse método permitiu aos astrônomos entender a história do sistema binário GRO J1655-40, como ele evoluiu e como sua estrela se tornou um buraco negro. Em pesquisas futuras, o uso da técnica desenvolvida pode ajudar pesquisadores a compreender outros sistemas e, mais profundamente, a história do Universo.

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Par de estrelas prestes a colidir resolve mistério de décadas da astronomia

Uma pesquisa publicada sexta-feira (4) na revista Nature Astronomy confirma uma teoria importante da astrofísica: supernovas do Tipo Ia podem surgir da colisão de duas estrelas anãs brancas – remanescentes estelares que já esgotaram seu combustível.

Os cientistas observaram um sistema estelar a 150 anos-luz da Terra, formado por duas anãs brancas que orbitam uma à outra. Segundo cálculos, essas estrelas devem colidir dentro de 23 bilhões de anos, resultando em uma poderosa explosão.

Em poucas palavras:

  • Acaba de ser confirmada a teoria de que supernovas do Tipo Ia podem surgir da colisão de duas anãs brancas;
  • Um sistema com duas anãs brancas, a 150 anos-luz da Terra, foi identificado como candidato a essa colisão;
  • A explosão deve ocorrer dentro de bilhões de anos e terá brilho uniforme, útil para medir distâncias cósmicas;
  • Esse sistema vai ultrapassar o limite de Chandrasekhar, necessário para desencadear a supernova;
  • É o primeiro sistema com massa e tempo adequados para causar uma supernova do Tipo Ia detectado;
  • A descoberta explica por que esses sistemas são raros de observar, apesar das supernovas serem comuns;
  • O achado ajuda a entender a evolução estelar e melhora as medições sobre a expansão do Universo.

Essa explosão é conhecida como supernova do Tipo Ia. Essas supernovas têm brilho uniforme, o que as torna úteis para medir distâncias cósmicas com precisão. São, por isso, chamadas de “réguas do Universo”.

Conceito artístico de uma anã branca binária desencadeando uma supernova do Tipo Ia. Crédito: Universidade de Warwick / Mark Garlick

Atração gravitacional condena as estrelas à destruição

Até agora, havia apenas hipóteses de que colisões entre anãs brancas poderiam causar essas supernovas. Com essa descoberta, foi identificado o primeiro sistema que comprova essa teoria na prática.

O sistema foi batizado de WDJ181058.67+311940.94. As duas estrelas completam uma volta uma em torno da outra a cada 14 horas, o que indica uma proximidade extrema entre elas.

Com o tempo, a gravidade fará com que se aproximem ainda mais até colidirem. Quando isso ocorrer, a massa somada das estrelas ultrapassará o chamado “limite de Chandrasekhar”, desencadeando a supernova. Esse limite é de 1,4 vezes a massa do Sol. Quando uma anã branca excede esse valor, torna-se instável e explode. No caso desse sistema, a massa total é de 1,56 vezes a massa solar.

Simulação das etapas da evolução temporal da anã branca binária WDJ181058,67+311940,94 perto da fusão. Crédito: Munday et al., Nat. Astron., 2025

Segundo James Munday, astrofísico da Universidade de Warwick, esse é o primeiro sistema do tipo que atende aos critérios de massa e tempo para gerar uma supernova do Tipo Ia em escala comparável à idade do Universo.

“Encontramos um sistema que cumpre os dois critérios. E ele está próximo de nós, o que sugere que há muitos outros na galáxia esperando para ser descobertos”, explicou Munday ao site ScienceAlert.

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O que é uma anã branca?

Anã branca é o remanescente de uma estrela comum, como o Sol, após ela consumir seu combustível. A estrela libera suas camadas externas e seu núcleo colapsa, formando um objeto muito denso e quente.

Esses objetos têm massa semelhante à do Sol, mas são do tamanho da Terra. Embora não produzam mais energia, continuam brilhando por bilhões de anos. Cerca de 97% das estrelas do Universo terminarão como anãs brancas.

Muitas dessas estrelas estão em sistemas binários, onde duas anãs brancas orbitam juntas. A colisão entre elas pode gerar supernovas do Tipo Ia, desde que estejam suficientemente próximas e tenham massa suficiente.

Animação duas estrelas muito densas se fundindo e explodindo em uma supernova. Crédito: Observatório Europeu do Sul (ESO)

O problema é que, até então, os sistemas observados ou não tinham massa suficiente ou levariam mais tempo que a idade do Universo para colidir. Este novo sistema resolve essa lacuna.

A descoberta foi feita com dados do levantamento astronômico DBL (Deep Blue Survey), que analisa objetos no céu com alta precisão. Com base nesses dados, os cientistas identificaram o padrão orbital do sistema WDJ1810+3119.

Esse achado resolve uma antiga dúvida: se as supernovas do Tipo Ia são tão comuns, por que é tão raro encontrar seus sistemas de origem? Agora sabemos que eles existem, mas são difíceis de detectar.

Embora a explosão só vá acontecer daqui a bilhões de anos – bem depois do fim da Terra e do Sol – a descoberta é relevante agora, pois ajuda os cientistas a entender melhor a evolução do Universo. Além disso, abre caminho para identificar outros sistemas semelhantes. Isso pode melhorar as estimativas sobre a frequência dessas supernovas e refinar nossas medições cósmicas.

Confirmar que duas anãs brancas podem gerar uma supernova do Tipo Ia mostra que mesmo os corpos estelares considerados “mortos” ainda podem protagonizar eventos extremos no cosmos.

Com isso, os cientistas conseguem, pela primeira vez, associar com segurança parte das supernovas do Tipo Ia da Via Láctea à colisão de anãs brancas. Antes, essa relação era apenas teórica.

A descoberta oferece uma janela para entender não só o destino dessas estrelas, mas também como as galáxias se formam e se transformam ao longo do tempo. Mesmo que o espetáculo final ainda demore bilhões de anos, já aprendemos muito com ele.

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“Vivemos em um cemitério de supernovas”, afirma cientista

Um estudo apresentado segunda-feira (17) na Cúpula Global de Física 2025, da Sociedade Americana de Física, em Anaheim, na Califórnia, sugere que a Terra pode conter vestígios de explosões estelares antigas – como se morássemos em um “cemitério de supernovas”.

A pesquisa encontrou uma forma rara de plutônio radioativo em amostras do fundo do oceano, indicando que nosso planeta pode ter sido atingido por detritos de uma quilonova, uma explosão cósmica extremamente rara. Agora, os cientistas buscam novas evidências na superfície da Lua para confirmar a teoria.

“Vivemos em um cemitério de supernovas”, disse Brian Fields, astrônomo da Universidade de Illinois Urbana-Champaign e um dos responsáveis pelo estudo. Segundo ele, partículas geradas por essas explosões viajam pelo espaço e se depositam na Terra e na Lua ao longo do tempo. 

Representação artística de uma estrela explodindo em uma supernova. Crédito: ESO/L. Calçada

Supernovas teriam influenciado a composição química da Terra

A investigação sobre esses vestígios começou nos anos 1990, mas foi em 2004 que pesquisadores encontraram, em sedimentos oceânicos, uma versão radioativa do ferro que só poderia ter vindo de uma supernova.

Nos anos seguintes, novas análises revelaram sinais de duas supernovas que teriam ocorrido há aproximadamente três milhões e oito milhões de anos. Essas descobertas reforçam a ideia de que explosões estelares influenciaram a composição química do planeta. No entanto, em 2021, cientistas encontraram algo ainda mais raro: um isótopo radioativo de plutônio, que sugeria uma origem diferente.

O plutônio detectado não poderia ter sido produzido apenas por supernovas comuns. Segundo os pesquisadores, a explicação mais provável é que tenha vindo de uma quilonova – uma colisão catastrófica entre duas estrelas de nêutrons. Esses eventos são tão poderosos que criam elementos raros, como ouro e platina. 

A equipe de Fields agora acredita que uma quilonova ocorreu antes das duas supernovas já identificadas, há cerca de 10 milhões de anos, deixando uma assinatura radioativa no planeta.

Sinais de explosões estelares são descobertos no oceano. Crédito: muratart – Shutterstock

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Segundo o estudo, os detritos da quilonova se misturaram aos materiais das supernovas posteriores, criando um “coquetel cósmico” de ferro e plutônio. “Tivemos uma quilonova que espalhou plutônio por toda parte”, explicou Fields. “Depois, com a agitação de uma supernova, tudo se misturou e parte disso caiu na Terra”.

Para comprovar essa teoria, os cientistas precisam de mais evidências, e a Lua pode ser o local ideal para essa busca. Diferentemente da Terra, onde o solo é constantemente remodelado por processos geológicos e atmosféricos, a superfície lunar preserva registros mais nítidos do que aconteceu no passado.

Com o avanço das missões Artemis, da NASA, que devem levar astronautas de volta à Lua nos próximos anos, os pesquisadores veem uma oportunidade de obter amostras lunares em maior quantidade. “Atualmente, o solo lunar é extremamente valioso porque temos pouco”, disse Fields. “Mas, no futuro, coletar amostras poderá se tornar algo rotineiro”.

A equipe agora trabalha para convencer a comunidade científica a incluir essa pesquisa nas próximas missões lunares. “As amostras virão de qualquer forma. Só queremos aproveitar a oportunidade para analisá-las”, concluiu Fields.

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Explosão da Betelgeuse poderá ser vista da Terra. Estamos em risco?

Você já deve ter lido aqui no Olhar Digital sobre como a estrela Betelgeuse está prestes a explodir em uma supernova. Em distâncias espaciais, isso pode demorar milhares ou apenas algumas dezenas de anos – não é possível medir com precisão. No entanto, sabemos que, quando ela ‘morrer’, o brilho será tão intenso que poderá ser visto a olho nu da Terra.

Mas a supernova não é apenas um espetáculo de luzes: ela envia radiação ao espaço. Devemos nos preocupar?

Ilustração da estrela Betelgeuse (Imagem: ESO/L. Calçada)

Betelgeuse vai explodir em uma supernova

A Betelgeuse é uma estrela gigante vermelha a cerca de 600 anos-luz de distância da Terra. Como o nome já diz, ela é enorme, pesando entre 15 e 20 massas solares. E vai explodir.

Para deixar claro: isso é normal. Todas as estrelas têm um ciclo de vida que, eventualmente, chega ao fim (e o Sol está incluso). Isso pode levar milhares e milhões de anos, mas, no caso da Betelgeuse, está se aproximando. Inclusive, alguns estudos apontam que isso pode acontecer em algumas dezenas de anos.

A “morte” de uma estrela acontece quando o combustível em seu interior se esgota. Então, ela começa a esfriar e sua pressão interna diminui, causando o colapso. O resultado é uma supernova, considerada uma das maiores explosões do Universo.

A Betelgeuse, especificamente, já queimou todo seu hidrogênio (que servia como combustível) e agora está fundindo hélio em seu núcleo, o que a torna instável. Basicamente, é questão de tempo até que ela exploda.

Representação artística de uma estrela explodindo em uma supernova (Crédito: ESO/L. Calçada)

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Supernova será vista da Terra. Há riscos?

Como também já falamos anteriormente, a supernova formada pela Betelgeuse será tão grande que o brilho poderá ser visto a olho nu da Terra. Nesse sentido, o Universe Today lembrou de algo curioso: a estrela já pode ter explodido, mas, como estamos a centenas de anos-luz de distância, o brilho ainda não chegou aqui.

Mas será que há riscos para nós, habitantes da Terra? O site explicou:

  • Quando mais brilhante uma supernova é, mais radiação ela despeja no universo;
  • No entanto, há uma teoria chamada lei do quadrado inverso, que vale para a intensidade de radiação vinda de uma fonte de luz. Ela diz que a força, energia ou radiação diminui com o quadrado da distância da fonte;
  • A Betelgeuse é gigante e sua explosão poderá ser vista a olho nu da Terra. Ainda assim, a lei do quadrado inverso deve nos salvar, diminuindo os efeitos da radiação que chegará até nós.

Respondendo à pergunta: há riscos? Não. A Betelgeuse será um espetáculo luminoso no céu, mas não deve passar disso.

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Qual a ligação entre supernovas e extinções na Terra?

Um estudo recente sugere que pelo menos duas das extinções em massa ocorridas na Terra podem ter sido desencadeadas pelos efeitos poderosos de explosões de supernovas próximas.

Pesquisadores da Keele University (Inglaterra) propõem que essas explosões cósmicas – que marcam o fim de estrelas massivas – teriam despojado a atmosfera terrestre de ozônio, induzido chuvas ácidas e exposto a vida a níveis nocivos de radiação ultravioleta emitida pelo Sol.

Situação teria acontecido há muitos e muitos anos (Imagem: muratart/Shutterstock)

Extinções do Devoniano Superior e Ordoviciano

  • A pesquisa aponta supernovas como possíveis responsáveis pelos eventos de extinção do Devoniano Superior e Ordoviciano, ocorridos aproximadamente há 372 e 445 milhões de anos, respectivamente;
  • No caso do Ordoviciano, cerca de 60% dos invertebrados marinhos desapareceram, em período em que a vida era predominantemente oceânica;
  • Já o evento do Devoniano Superior resultou na eliminação de quase 70% das espécies, alterando, profundamente, os ecossistemas aquáticos;
  • Embora estudos anteriores tivessem relacionado essas extinções à redução da camada de ozônio, nenhuma causa definitiva havia sido identificada até então;
  • As novas descobertas, publicadas na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, revelam que a ocorrência de supernovas próximas coincide com esses eventos, reforçando a hipótese de que explosões cósmicas tiveram papel crucial nesse processo.

O autor principal, Dr. Alexis Quintana (antigo pesquisador da Keele University e atualmente na University of Alicante [Espanha]), explicou ao Science Daily: “Explosões de supernovas introduzem elementos químicos pesados no meio interestelar, que são, posteriormente, utilizados na formação de novas estrelas e planetas. Porém, se um planeta – como a Terra – estiver muito próximo a esse tipo de evento, os efeitos podem ser devastadores.”

Dr. Nick Wright, também da Keele University, enfatizou o potencial destrutivo dessas explosões.
Supernovas estão entre os eventos mais energéticos do Universo. Se uma estrela massiva explodisse como supernova próxima à Terra, os resultados seriam catastróficos para a vida. Nossa pesquisa indica que isso pode ter ocorrido no passado.”

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Pesquisa

A equipe realizou pesquisa detalhada das estrelas massivas situadas em um raio de um quiloparsec (cerca de 3,26 mil anos-luz) do Sol, com foco na distribuição das estrelas do tipo OB – quentes e de curta duração.

Utilizando a Via Láctea como referência para a evolução estelar e a formação de aglomerados, os pesquisadores calcularam a frequência das supernovas na galáxia. Esses dados permitiram obter insights sobre os remanescentes dessas explosões, bem como sobre a formação de buracos negros e estrelas de nêutrons.

Além disso, os resultados têm implicações para futuras detecções de ondas gravitacionais, ferramenta essencial para o entendimento da estrutura e das origens do Universo.

O estudo também incluiu cálculos das taxas de supernovas dentro de 20 parsecs (aproximadamente 65 anos-luz) do Sol, comparando-os com as taxas dos eventos de extinção em massa do passado.

Essa análise reforça a ideia de que as supernovas contribuíram para as extinções do Devoniano Superior e Ordovicianodois dos cinco principais eventos de extinção na história da Terra – desconsiderando aqueles relacionados a impactos de asteroides ou a eras glaciais.

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Dr. Nick Wright: “Se uma estrela massiva explodisse como supernova próxima à Terra, os resultados seriam catastróficos para a vida” (Imagem: ManowKem/Shutterstock)

Embora supernovas ocorram na Via Láctea a uma taxa de uma a duas por século, os astrônomos apontam que apenas duas estrelas próximas – Antares e Betelgeuseapresentam potencial para se tornarem supernovas nos próximos um milhão de anos.

No entanto, ambas estão localizadas a mais de 500 anos-luz da Terra e simulações indicam que uma explosão a essa distância teria impacto mínimo sobre nosso planeta.

Essa pesquisa amplia nosso entendimento sobre a influência dos eventos cósmicos na história da Terra, sugerindo que explosões de supernovas podem ter sido agentes determinantes em momentos críticos da evolução biológica.

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Cientistas sugerem: a água é quase tão antiga quanto o Universo

E se a água for quase tão antiga quanto o Universo? Simulações indicam que ela pode ter surgido apenas 100 milhões de anos após o Big Bang. As primeiras estrelas, ao explodirem como supernovas, liberaram os elementos necessários para a formação das primeiras moléculas de H₂O. Isso significa que a água pode ter existido muito antes do que se imaginava.

Pesquisadores modelaram essas explosões para entender como os primeiros elementos pesados, como oxigênio, foram gerados e reagiram com o hidrogênio. No resfriamento dos gases, moléculas de água se formaram em meio aos destroços estelares. O estudo sugere que esse processo aconteceu muito antes do que se pensava, tornando a água um composto comum desde o início do cosmos.

Se confirmada, essa descoberta muda a visão sobre a origem da vida. Se a água já era abundante, planetas com condições propícias podem ter surgido muito antes do esperado. Além disso, a quantidade de água no Universo primitivo pode ter sido comparável à da Via Láctea atual, ampliando as possibilidades de mundos habitáveis desde os primeiros tempos.

Simulações revelam pistas sobre a origem da água no cosmos

Daniel Whalen e sua equipe, da Universidade de Portsmouth, simularam explosões de estrelas primordiais para entender como os primeiros elementos pesados interagiram no Universo jovem.

Os modelos mostraram que, ao resfriarem, os gases expelidos permitiram a formação de moléculas de H₂O muito antes do esperado. Além disso, essas supernovas liberaram oxigênio suficiente para reagir com o hidrogênio e gerar água nos primeiros 100 milhões de anos após o Big Bang.

Supernovas destroem estrelas, mas também espalham elementos essenciais para a vida (Imagem: muratart/Shutterstock)

O estudo, publicado na Nature Astronomy, indica que a água já existia em galáxias primitivas em quantidades consideráveis. As simulações também sugerem que regiões ricas em metais favoreceram a formação de planetas rochosos ao redor de estrelas de baixa massa. Assim, se confirmada, essa descoberta reforça a possibilidade de que planetas com água surgiram muito antes do que a ciência estimava.

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Por fim, Whalen destaca que esses achados podem mudar a forma como enxergamos a evolução do Universo. Se a água já era abundante desde o início, a busca por vida extraterrestre pode ganhar um novo rumo. Em vez de focar apenas em sistemas mais recentes, astrônomos podem investigar vestígios de planetas habitáveis em algumas das galáxias mais antigas conhecidas.

Água e os blocos de construção do cosmos

  • As simulações de Whalen e sua equipe sugerem que a água não apenas surgiu cedo no Universo, mas, também, desempenhou papel fundamental na formação de planetas e estrelas ricas em metais pesados;
  • Os remanescentes densos das supernovas criaram regiões propícias para novos sistemas estelares, onde discos protoplanetários poderiam gerar asteroides primitivos com água, ampliando as chances de ambientes favoráveis à vida;
  • Além disso, os cientistas apontam que explosões sucessivas de supernovas na mesma região podem ter acelerado esse processo;
  • Em áreas mais densas, os choques das explosões teriam criado núcleos compactos, aumentando a retenção de água;
  • Já em regiões com menos gás, a radiação poderia ter destruído parte dessas moléculas, reduzindo sua preservação.

Os cálculos indicam que as primeiras galáxias produziram quase tanta água quanto a Via Láctea, com uma diferença de apenas dez vezes menos. Isso sugere que um dos principais ingredientes da vida sempre foi abundante e que planetas com água podem ter se formado muito antes do que imaginamos.

Carbono, oxigênio, ferro… os blocos fundamentais da vida vieram das estrelas (Imagem: Jacques Dayan – Shutterstock

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Berçário de estrelas brilha em imagem captada pelo Telescópio James Webb

O Telescópio Espacial James Webb (JWST) captou uma imagem da galáxia espiral NGC 2283, na qual é possível observar seus braços curvos cheios de estrelas e regiões densas de gás quente e poeira, em cores que variam entre vermelho, laranja e amarelo.

A espiral galáctica está a 45 milhões de anos-luz da Terra, na Constelação Canis Major. A fotografia mostra um grupo de estrelas iluminando o gás hidrogênio ao redor delas, que é o principal combustível para a formação de novas estrelas. Junto delas, estão poderosas explosões estelares mortais, conhecidas como supernovas.

O JWST usou seis imagens tiradas pela Câmera de Infravermelho Próximo (NIRCam) e pelo Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) ao longo de 17 minutos para formar a nova imagem. Nesse período, os astrônomos usaram diferentes filtros de infravermelho próximo e médio para capturar as emissões da galáxia e das estrelas.

Representação artística do Telescópio Espacial James Webb (Imagem: olivier.laurent.photos/Shutterstock)

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As informações coletadas fazem parte de uma iniciativa maior para estudar a conexão entre estrelas, gás e poeira em galáxias próximas formadoras de estrelas. NGC 2283 é apenas uma das 55 galáxias no Universo local examinadas por Webb para este programa.

“Todas as galáxias pesquisadas neste programa são galáxias massivas formadoras de estrelas, próximas o suficiente para que aglomerados estelares individuais e nuvens de gás sejam visíveis”, informa a Agência Espacial Europeia (ESA) em um comunicado.

Galáxia NGC 2283 é lar de supernova Tipo II

Uma supernova Tipo II habita a galáxia registrada por JWST. Chamada de SN 2023AXU, ela foi observada pela primeira vez em 28 de janeiro de 2023. Esse tipo de supernova ocorre quando a estrela próxima do fim de sua vida tem pelo menos oito vezes a massa do Sol.

O colapso do núcleo de uma estrela é o gatilho para as explosões do material em suas camadas externas, do qual novas formações estelares serão constituídas. Com o tempo, o gás enriquecido pela supernova é incorporado em novas gerações de estrelas. Isso dá continuidade ao ciclo de vida do gás e dos astros estelares em galáxias por todo o Universo.

“Enquanto o processo de formação de estrelas converte gás em novas estrelas, as supernovas completam o ciclo. A explosão de uma supernova pode lançar gás por centenas de anos-luz, enriquecendo as nuvens de formação de estrelas do meio interestelar com elementos como oxigênio e sódio”, conclui a ESA.

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