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Indestrutível! Conheça o blindado da PF que resiste a explosões

A incorporação de veículos blindados pela Polícia Federal (PF) marca um passo na modernização de suas capacidades operacionais, especialmente diante de cenários de segurança cada vez mais complexos.

No centro dessa atualização está o Streit Group Scorpion MRAP, um veículo projetado especificamente para resistir a emboscadas e artefatos explosivos, que começou a integrar a frota da PF em 2022. A chegada de oito viaturas sinaliza um reforço estratégico para missões de alto risco, onde a proteção dos agentes federais é primordial.

A chegada do Scorpion

A decisão da PF de adquirir veículos com capacidade MRAP (Mine-Resistant Ambush Protected), ou seja, resistente a minas terrestres e ataques com artefatos explosivos, reflete uma adaptação às realidades enfrentadas pelas forças de segurança no Brasil.

O combate ao crime organizado, que frequentemente usa armamento de grosso calibre, além de artefatos explosivos improvisados (IEDs), exige equipamentos que vão além dos blindados convencionais. O fornecedor escolhido para essa demanda foi o Streit Group, uma empresa com sede nos Emirados Árabes Unidos e reconhecida como um dos principais fabricantes globais de veículos blindados. A entrega das oito unidades ocorreu no início de novembro de 2022.

A designação MRAP indica a principal característica do veículo: sua capacidade de resistir a minas terrestres e ataques com artefatos explosivos, oferecendo mais proteção para a tripulação. (Imagem: Streit Group)

Por dentro do blindado da PF

  • O design do Scorpion MRAP baseia-se em maximizar a sobrevivência da tripulação em ambientes de combate. O casco, em forma de V, é construído em aço compósito (um aço composto por duas ou mais folhas de ligas diferentes, coladas entre si).
  • Essa geometria é projetada para desviar a energia de explosões ocorridas sob o veículo para longe do compartimento da tripulação, reduzindo o risco de ferimentos ou fatalidades.
  • Em termos de proteção balística e contra explosões, o Scorpion adquirido pela PF é certificado no nível STANAG 4569 Nível 2.
  • A resistência a explosões é um dos seus pontos fortes: o casco é projetado para suportar detonações equivalentes a 10kg de TNT.
  • Embora não detalhado para a versão da PF, veículos dessa classe geralmente também oferecem proteção contra granadas de mão.
  • Para mover suas quase 9 toneladas, o Scorpion MRAP conta com um motor de 6.7L de 6 cilindros, turbo diesel, que desenvolve 300 cavalos de potência.
  • Este propulsor permite ao veículo atingir uma velocidade máxima em estrada de 110 km/h e oferece uma autonomia considerável de 800 km, essencial para operações prolongadas ou em áreas remotas.
  • Suas capacidades fora de estrada também são notáveis, permitindo superar rampas com inclinação de 60%, operar em inclinações laterais de 40% e atravessar cursos d’água com até 1,5 metros de profundidade.
O Streit Group Scorpion MRAP é o blindado da PF que resiste a explosões
Veículo possui uma elevada distância do solo, o que também contribui para mitigar os efeitos de explosões e melhora a mobilidade em terrenos irregulares. (Imagem: Streit Group)

Níveis superiores de blindagem (como 3 ou 4) ofereceriam maior resistência, mas implicariam um aumento considerável no peso do veículo, afetando sua agilidade, consumo de combustível e, consequentemente, seu custo de aquisição e operação.

A configuração interna do Scorpion segue um layout padrão para veículos militares: motor na frente, compartimento blindado da tripulação no meio e uma área de carga ou transporte na traseira. A tripulação é composta por dois membros (motorista e comandante) na parte frontal, enquanto o compartimento traseiro pode acomodar até quatro policiais ou soldados.  

O Streit Group Scorpion MRAP é o blindado da PF que resiste a explosões
Bilnado oferece proteção adequada contra ameaças prováveis a serem encontradas pela PF sem comprometer a mobilidade. (Imagem: Streit Group)

Um diferencial do modelo usado pela PF é o componente tecnológico. Quatro das oito unidades recebidas foram equipadas com armas remotamente controladas da empresa espanhola Escribano.

A principal vantagem é permitir que o operador da arma (metralhadora ou lançador de granadas) mire e dispare de dentro do veículo blindado, sem se expor ao fogo inimigo. Isso aumenta drasticamente a segurança e a precisão do tiro, especialmente em movimento.

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Como e onde o Scorpion pode ser usado pela Polícia Federal

O Scorpion MRAP foi projetado para operar onde outros veículos não podem ir com segurança. Seu papel principal na Polícia Federal é atuar em áreas de extremo risco, servindo como plataforma para equipes de resposta tática.

Os cenários operacionais são diversos:

  • Operações de alto risco: cumprimento de mandados de prisão ou busca e apreensão em áreas conflagradas ou dominadas por facções criminosas fortemente armadas.
  • Gerenciamento de crises: resposta a incidentes críticos de segurança pública, como ataques coordenados, rebeliões ou situações com reféns.
  • Apoio tático: estabelecimento de perímetros de segurança, postos de observação ou fornecimento de fogo de cobertura em ambientes hostis, especialmente pelas unidades equipadas com RWS.  
  • Transporte seguro: inserção e extração de equipes táticas em locais sob fogo inimigo.
  • Operações em áreas remotas: atuação em regiões de fronteira ou zonas rurais onde o terreno é desafiador e o risco de emboscadas é elevado.  

Vale mencionar que as informações disponíveis publicamente não detalham operações onde os Scorpions da PF já tenham sido usado.

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Especialistas temem o aumento da tecnologia de IA para fins militares

Nos primeiros anos da revolução da IA generativa, a competição estava centrada em empresas buscando explorar o potencial comercial da tecnologia. No entanto, agora surge uma nova linha de frente: os militares.

A Scale AI, fundada por Alexandr Wang, recebeu um contrato multimilionário para colaborar com o Departamento de Defesa dos EUA no desenvolvimento do Thunderforge, uma iniciativa para integrar IA ao planejamento operacional militar e à modelagem de simulação.

Wang afirmou que suas soluções de IA transformarão o processo militar e modernizarão a defesa americana. Embora os militares frequentemente busquem estar na vanguarda da tecnologia para obter vantagem sobre adversários, essa direção levanta preocupações, conforme explica um artigo da Fast Company.

Margaret Mitchell, especialista em ética da IA, aponta que o uso crescente de IA fora do controle humano é preocupante. Ela destaca que a tecnologia militar tem sido historicamente um catalisador para inovações destrutivas, prevendo resultados desastrosos devido ao seu uso.

A Scale AI não comentou sobre o contrato, e o Departamento de Defesa também não respondeu.

Leia mais:

Diversas empresas de IA já possuem acordos com o governo dos EUA para fornecer tecnologia militar – Imagem: Anduril

Temores de extinção humana

  • David Krueger, professor da Universidade de Montreal, considera o uso de IA militar como uma ameaça existencial, argumentando que a delegação de controle para sistemas autônomos, especialmente em forças armadas, é um risco iminente de destruição.
  • Ele acredita que é necessária colaboração internacional para evitar que a IA militar saia do controle e ameace a extinção humana.
  • A Scale AI, por sua vez, afirma que o Thunderforge operará sob supervisão humana, e o analista Noah Sylvia sugere que o uso de IA nesse contexto é mais voltado para a funcionalidade empresarial do que para questões controversas.

A Scale AI não é a única empresa a se aliar aos militares dos EUA, com outras companhias, como a Anduril e a Microsoft, também fornecendo suas tecnologias para apoiar operações militares.

Mitchell, da Hugging Face, expressa preocupações sobre a difícil situação atual, pois, mesmo que algumas empresas optem por não fornecer suporte militar, outras provavelmente ocupariam o vazio. Krueger alerta que a coordenação internacional sobre o uso de IA militar deveria ser uma prioridade para todos os países.

Mitchell propõe que, para garantir segurança, sejam implementadas diretrizes rígidas para o uso de IA militar, incluindo limites operacionais, restrições à implantação autônoma de armas, e avanços na análise de dados para prever com maior precisão o comportamento dos sistemas.

Ela também sugere duas abordagens práticas: não implantar tecnologias cujas ações sejam imprevisíveis e evitar deixá-las completamente livres do controle humano.

Montagem com soldado controlando drone e, em cima dele, está uma ilustração no estilo holograma
Especialistas aconselham medidas de segurança para que os avanços de IA no ramo militar não saiam do controle (Imagem: TSViPhoto/Shutterstock)

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