Há 50 anos – em 16 de novembro de 1974, para sermos mais exatos –, cientistas dispararam uma mensagem para o espaço. Usando o radiotelescópio de Arecibo, o sinal foi enviado ao Grande Aglomerado Globular de Hércules (ou Messier 13), localizado a cerca de 25 mil anos-luz da Terra. Mas, afinal, o que dizia o recado?
Entenda:
Em 1974, a humanidade enviou uma mensagem para o espaço;
O sinal – composto por sequências binárias e representações visuais – foi enviado pelo radiotelescópio de Arecibo, desativado e demolido em 2020;
A mensagem foi criada por uma equipe que incluiu os astrônomos Frank Drake e Carl Sagan;
O destinatário, Messier 13, está a 25 mil anos-luz da Terra, e o recado só deve chegar lá daqui a mais de 220 séculos!
Antena do Radiotelescópio de Arecibo, que enviou mensagem ao espaço. (Imagem: Mario Roberto Durán Ortiz/Wikimedia Commons)
Inaugurado em 1963, o radiotelescópio de Arecibo chegou a ser considerado o maior de abertura única do mundo até 2016, quando o chinês FAST (sigla em inglês para Telescópio Esférico de Abertura de 500 Metros) chegou para ocupar esse posto. Em dezembro de 2020, o telescópio de Arecibo foi desativado depois que sua plataforma desabou sobre a antena.
Antes de mais nada, é preciso entender que a mensagem nunca teve o objetivo direto de estabelecer qualquer tipo de comunicação com extraterrestres.
Criado por Frank Drake, Carl Sagan e membros do Observatório de Arecibo, o sinal foi disparado para celebrar a reinauguração do radiotelescópio em 1974 – após uma reforma que ampliou as capacidades na busca por sinais de vida inteligente fora da Terra.
Quanto à mensagem em si, transmitida em três minutos, era composta por 1.679 dígitos e codificada em uma matriz de 23 colunas e 73 linhas, com 210 bytes ao todo. O sinal incluiu desde informações simbólicas, como sequências binárias representando números de 1 a 10 e elementos químicos do DNA, até representações visuais, como uma silhueta humana, um mapa do sistema solar e dados demográficos da população mundial naquele ano.
Mensagem de Arecibo. (Imagem: Arecibo Observatory)
Mensagem de Arecibo ainda não chegou ao espaço!
Em novembro de 2025, fará 51 anos desde o envio da mensagem de Arecibo ao espaço. Apesar disso, como já pontuamos, o destinatário está a muitos – e muitos – milhares de anos-luz de distância do nosso planeta azul.
A estimativa é de que o sinal ainda leve mais de 220 séculos para chegar até Messier 13 – e isso também depende, claro, de que o aglomerado ainda esteja na mesma posição.
Todas as sextas-feiras, ao vivo, a partir das 21h (pelo horário de Brasília), vai ao ar o Programa Olhar Espacial, no canal do Olhar Digital no YouTube. O episódio da última sexta-feira (11) (que você confere aqui) tratou sobre a história dos telescópios, como eles são produzidos e qual os detalhes que os amantes da astronomia têm que ficar de olho na hora de escolher o melhor instrumento de observação.
A última edição do programa contou com a presença do produtor de telescópios Sandro Coletti. Em entrevista ao apresentador Marcelo Zurita, o artesão contou como essas ferramentas astronômicas surgiram e qual a importância de Galileu e Newton em sua evolução. Além disso, explicou como é sua oficina de produção e quais detalhes fazem um bom telescópio.
“Há mais de quatro séculos, a invenção do telescópio revolucionou a nossa visão do universo, abrindo uma janela para o cosmos e revelando os seus segredos mais profundos”, comentou Zurita.
Marcelo Zurita e Sandro Coletti no Olhar Espacial. (Imagem: Olhar Digital)
Telescópios: um acidente revolucionou a ciência
A origem dos telescópios foi acidental, segundo explicou Coletti. No começo do século XVII, o ótico holandês Hans Lippershey observava seu filho brincando com algumas peças de vidro. De repente, o garoto alinhou uma lente de distância focal comprida com outra mais curta, que colocou perto do olho. Assim, ele percebeu que poderia ampliar objetos distantes.
Logo, Lippershey começou a produzir e vender um objeto que juntava as duas lentes. Inicialmente, os compradores o usavam para observações terrestres, colaborando para o avistamento de pedaços de terra em meio ao oceano, durante as navegações.
Tudo mudou quando o astrônomo Galileu Galilei soube dessa nova invenção. O cientista logo fez questão de criar sua própria versão, o “galileoscópio”, e mirou o instrumento para o céu noturno. Suas descobertas foram tão grandes que houve conflito entre os novos conhecimentos e os pensadores da época, levando Galilei a se retratar.
Galileu sofreu resistência às suas ideias. (Imagem: Henry-Julien Detouche)
Mesmo com tamanho progresso, o astrônomo ainda usava uma lente de baixa qualidade. Segundo Coletti, o pouco refinamento da produção limitava a observação espacial a objetos muito brilhantes, fazendo com que alguns astros fossem difíceis de se estudar.
Anos depois, o matemático Johannes Kepler trouxe modificações para a ferramenta. Ele trocou a lente ocular de Galilei por uma biconvexa convergente, o que aumentou o campo de observação, mas deixou a imagem de ponta cabeça.
“Os instrumentos melhoraram de forma muito lenta nessas primeiras décadas do telescópio como instrumento cientifico”, comentou Coletti.
Foi no século XVIII que pesquisadores começaram a testar novas combinações de lentes. Porém, uma falha atrapalhava suas observações: a aberração cromática. Ela acontece quando a luz atravessa a lente de vidro e as ondas se dispersam de tal forma que as bordas da imagem ficam com uma “sombra” colorida, geralmente vermelha e roxa.
Newton mudou tudo
O físico Isaac Newton trocou as lentes por espelhos em seus testes, o que abriu um novo caminho para a construção de telescópios. Essa alteração resolveu a aberração cromática porque a luz não atravessa o espelho e assim não se decompõe.
Ele conseguiu chegar em imagens nítidas principalmente por poder calcular a medida das peças e ser especialista em óptica. O aprimoramento foi tão grande que reflete na técnica de produção de telescópios até hoje.
“Não consigo conceber uma solução mais extraordinária que o telescópio de Newton”, constatou o entrevistado.
Réplica em madeira do Telescópio de Newton. (Imagem: Andrew Dunn / Wikimedia Commons)
Coletti comenta que, para além das lentes, a parte mecânica é fundamental.”95% de um telescópio é mecânico”, disse ele.
Em sua oficina, a maioria das ferramentas é voltada para o desenvolvimento de uma boa estrutura de metal para o instrumento. “Não basta ter apenas um espelho de qualidade, você tem que ter uma mecânica muito forte, estável e precisa”, explicou o produtor.
O entrevistado e Zurita observaram algumas falhas que telescópios à venda têm apresentado. Segundo eles, é importante ficar atento ao espelho secundário, que é plano e reflete a imagem do espelho curvado maior, que fica voltado para o céu.
Coletti mostrou alguns testes que fez com uma luz monocromática sobre os espelhos. Assim, ele conseguiu demonstrar as falhas da peça com uma técnica inventada por Newton. “Deve ser a segunda pior superfície óptica de ser feita. Plano não tem tolerância, ou ele é plano, ou não é”, disse o produtor.
Outro problema dos telescópios de produção industrial é a falta de estabilidade. Segundo Coletti, não é normal o instrumento tremer muito, o que prejudica a observação e pode acabar afastando as pessoas da prática.
Vale a pena fazer telescópios?
Coletti comentou que fica horas se dedicando a produção de peças e agora está produzindo um focalizador novo. Para a comunidade de produtores e interessados, ele posta vídeos ensinando a resolver problemas recorrentes na fabricação e dá dicas.
“Você aprende tanta coisa fabricando telescópios: mecânica, óptica, materiais… Tudo é muito legal”, disse o entrevistado.
Sandro Coletti divulga seu trabalho pelo Instagram: @sandrocoletti. Por lá também é possível entrar em contato com o produtor e adquirir seus telescópios.
Desde a invenção do telescópio, há mais de quatro séculos, a humanidade tem se maravilhado com as descobertas e as imagens deslumbrantes do Universo reveladas por essas “janelas para o cosmos”.
Mas como esses instrumentos ópticos tão poderosos são construídos? Quais são os segredos por trás da sua fabricação e como eles evoluíram ao longo da história para nos proporcionar uma visão cada vez mais nítida e profunda do espaço?
No Programa Olhar Espacial desta sexta-feira (11), vamos mergulhar na arte da construção de telescópios e explorar os desafios e as inovações que impulsionaram o desenvolvimento desses instrumentos fascinantes.
Também vamos conhecer o processo de fabricação de um dos telescópios mais recomendados do Brasil e que vem auxiliando astrônomos amadores de todo o país a dar seus primeiros passos na astronomia.
Para nos guiar nessa jornada pelo mundo dos telescópios, o Olhar Espacial recebe Sandro Coletti, um apaixonado construtor desse tipo de equipamento com quase 40 anos de experiência na área.
O Programa Olhar Espacial desta sexta-feira (11) recebe Sandro Coletti, construtor de telescópios. Crédito: Arquivo Pessoal
Desde muito jovem, ele se dedicou ao estudo das ciências, óptica e telescópios, desenvolvendo uma profunda compreensão e amor por esses instrumentos que permitem a exploração do cosmos.
Como fundador de uma empresa especializada na construção de telescópios para astrônomos amadores, Coletti tem como principal objetivo garantir que iniciantes tenham acesso ao melhor equipamento para começar sua jornada na astronomia. Seu compromisso com a qualidade e a acessibilidade reflete sua paixão em compartilhar o Universo com outros entusiastas.
Além de sua carreira na construção de telescópios, ele também é um filatelista dedicado, orquidófilo entusiasmado e amante de minerais e fósseis. Também é marceneiro amador, utilizando suas habilidades manuais para criar peças rústicas únicas que refletem seu amor pela natureza e pela ciência.
Apresentado por Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia – APA; membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – BRAMON e coordenador nacional do Asteroid Day Brasil, o programa é transmitido ao vivo, todas às sextas-feiras, às 21h (horário de Brasília), pelos canais oficiais do veículo no YouTube, Facebook, Instagram, X (antigo Twitter), LinkedIn e TikTok.
O telescópio espacial Gaia, enfim, dá seu adeus. Especialistas da missão da Agência Espacial Europeia (ESA) vão colocar o telescópio em órbita ao redor do Sol nesta quinta-feira (27). Em seguida, eles vão desligá-lo, após mais de uma década de serviço para astrônomos.
A missão Gaia mapeia a Via Láctea desde 2014 – missão começou a registrar dados cerca de seis meses após seu lançamento, ocorrido em dezembro de 2013. E encerrou suas operações em 15 de janeiro de 2025. Agora, o telescópio está com pouco combustível. Daí o adeus.
Missão Gaia atuou como cartógrafo da Via Láctea ao mapear sua história e estrutura
O principal objetivo do Gaia foi revelar a história e a estrutura da Via Láctea. A missão era construir o mapa mais preciso e tridimensional das posições e velocidades de um bilhão de estrelas. Seus dados se tornaram ponto de referência para outros telescópios na Terra e no espaço.
Entre as espaçonaves que usam o catálogo de estrelas da missão Gaia para calibrar suas observações, estão o Telescópio Espacial James Webb, da NASA, e a missão Euclid, da ESA;
O futuro Observatório Vera C. Rubin, construído nos EUA, e o Telescópio Extremamente Grande da Europa, ambos no Chile, também se beneficiarão do banco de dados do Gaia.
Trajetórias de estrelas na Via Láctea nos próximos 400 mil anos, traçadas com base em medições da missão Gaia (Imagem: ESA/Gaia/DPAC)
Por meio do Gaia, se criou uma enciclopédia de posições e movimentos de objetos celestes na Via Láctea e além. O telescópio mapeou quase dois bilhões de estrelas, milhões de galáxias e cerca de 150 mil asteroides. Até agora, essas observações resultaram em mais de 13 mil estudos.
Dentro de seu catálogo de estrelas, astrônomos encontraram pistas sobre novos planetas e buracos negros, por exemplo. E cosmologistas usaram os registros de estrelas pulsantes do Gaia para ajudar a medir a taxa de expansão do Universo.
“É algo que agora sustenta quase toda a astronomia“, disse Anthony Brown, astrônomo da Universidade de Leiden, na Holanda, ao New York Times. Ele lidera o grupo de processamento e análise de dados do Gaia.
Mais de dez anos girando no espaço
Durante mais de dez anos, o Gaia girou lentamente no espaço. Telescópios gêmeos, apontados em direções diferentes na espaçonave, escanearam o firmamento, capturando luz óptica que riscou seu campo de visão.
Gaia girou lentamente no espaço por mais de uma década (Imagem: ESA/Gaia/DPAC)
Três instrumentos a bordo mediram posições, velocidades e cores das estrelas e outros objetos celestes. A partir desses dados, cientistas inferiram informações sobre temperatura, massa e composição química.
Desde o encerramento das operações, em janeiro, especialistas da missão têm realizado testes técnicos finais nos instrumentos da espaçonave. Esses podem ajudar na operação de futuros telescópios.
“É um momento agridoce quando uma missão para de coletar dados”, disse Johannes Sahlmann, físico da ESA e cientista do projeto Gaia, ao NYT. “Mas a missão em si está longe de acabar.”
Atualmente, apenas parte do que foi visto pelo Gaia está disponível para pesquisadores. Isso porque leva bastante tempo para processar a quantidade abissal de dados coletada pelo telescópio.
Telescópio sucessor do Gaia vai coletar luz infravermelha Via Láctea afora (Imagem: nednapa/Shutterstock)
A próxima liberação de dados da espaçonave está prevista para 2026. Esta terá dados coletados ao longo de cinco anos e meio. A liberação final, com o conjunto completo de dados, está programada para 2030.
Cientistas europeus desenvolvem uma espaçonave para continuar o legado galáctico do Gaia. Desta vez, o telescópio deve coletar luz infravermelha, em vez de luz óptica.
O lançamento deste telescópio está previsto para a década de 2040 (pois é). E vai ajudar astrônomos a observar através da poeira que envolve o centro da Via Láctea. “Ainda temos muitos anos de trabalho pela frente”, disse o astrônomo Anthony Brown.
Pesquisadores chineses tem planejado construir um conjunto de radiotelescópios no lado distante da Lua. O projeto enfrenta desafios para encontrar o local ótimo, mas já está em andamento e começara nas próximas missões Chang’e 7 e 8. Se der certo, poderá ser o primeiro observatório de rádio operacional em solo lunar.
A estrutura consistirá num conjunto de 7.200 antenas em formato de borboleta. O objetivo é usar o instrumento para captar sinais cósmicos com comprimentos de onda ultralongos. Isso trará informações novas sobre a infância do universo, um tempo anterior as primeiras estrelas.
O ambicioso plano da China na Lua
Na Terra, a atmosfera é um obstáculo para a chegada de sinais de rádio com ondas muito grandes, o que impede a coleta e pesquisa das informações que carregam. Porém, o lado distante da Lua é blindado dessa interferência terrestre, oferecendo uma oportunidade para a captação de dados inovadores sobre o cosmos.
Sabendo disso, pesquisadores da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial e do Observatório Astronômico de Xangai fizeram a proposta para construir um conjunto de radiotelescópios lunares. Em seu projeto, os equipamentos terão 30 km de largura e uma área de coleta de 0,1 km², segundo o site South China Morning Post (SCMP).
Esquema da como serão organizadas as 7.200 antenas. (Imagem: Handout)
Essas configurações permitirão o instrumento gerar imagens em alta resolução. Isso será essencial para o estudo da “Idade das Trevas Cósmica” e de exoplanetas.
O planejamento chinês é construir essa estrutura em uma década. A China utilizará suas missões lunares atuais e futuras para atingir esse objetivo.
A equipe de pesquisa ainda não encontrou o lugar perfeito para a construção. O desafio é localizar uma área plana e grande no terreno irregular da Lua.
Planos chineses estão em andamento
Para vencer os desafios e construir o telescópio, o plano tem três fases:
As missões Chang’e 7 e 8 deixarão 16 antenas usando o trabalho de robôs. Essa etapa durará de um a três anos e mapeará as ondas de rádio para estudos iniciais
Após isso, os astronautas no local irão iniciar a construção, junto com ajuda de tecnologias robóticas, da seção central com 100 antenas.
Por fim, com o suporte da base lunar chinesa e usando múltiplos módulos de pouso, a estrutura final será montada ao longo de cinco a dez anos, segundo estima a equipe
A China pretende estabelecer uma base permanente no polo sul da Lua. (Imagem: Administração Espacial Nacional da China)
“Ele [o telescópio] impulsionará a inovação em vários campos, oferecendo alto valor científico e tecnológico, ao mesmo tempo em que fortalecerá a posição da China na exploração do espaço profundo e na pesquisa astronômica”, disseram os pesquisadores no SCMP.
Toda a construção do telescópio levará anos até ficar pronta, mesmo com as etapas inicias já em andamento. Ela demandará tecnologias de ponta, robôs, foguetes inovadores e astronautas em campo, sendo um dos mais ambiciosos projetos espaciais da China.
Observar o céu noturno é uma experiência fascinante, e tanto telescópios quanto binóculos podem ser ferramentas poderosas para explorar as estrelas, planetas e outros corpos celestes.
No entanto, a escolha entre um e outro depende de vários fatores, como nível de experiência, facilidade de uso, orçamento e o que exatamente se deseja observar.
Enquanto os telescópios oferecem maior ampliação e detalhes para objetos distantes, os binóculos são mais portáteis e versáteis, sendo ideais para iniciantes. Mas qual é o melhor para cada caso?
Qual é melhor para observar o céu: telescópio ou binóculo?
Crédito: AstroStar – Shutterstock
A escolha entre telescópio e binóculo depende do que se espera da observação astronômica. Os telescópios são mais indicados para quem deseja observar detalhes finos da Lua, planetas, nebulosas e galáxias distantes. Eles possuem lentes e espelhos de grande ampliação, permitindo uma visão mais profunda do cosmos. No entanto, exigem montagem e ajustes mais delicados, além de serem menos portáteis.
Já os binóculos são ideais para iniciantes ou para quem busca uma experiência mais prática e intuitiva. Com eles, é possível observar constelações inteiras, enxergar melhor aglomerados estelares e até identificar luas de Júpiter ou os anéis de Saturno em modelos mais avançados. Além disso, binóculos são mais fáceis de transportar e não exigem tripés ou ajustes complexos.
Para quem está começando, um binóculo 10×50 pode ser uma excelente opção, pois oferece um equilíbrio entre ampliação e campo de visão. Já os entusiastas mais avançados podem se beneficiar de um telescópio refletor com abertura de pelo menos 70 mm para visualizar detalhes mais profundos do céu.
O que analisar na hora de comprar o melhor telescópio ou binóculo?
Abertura da lente e ampliação
A abertura da lente é um dos fatores mais importantes na escolha de um telescópio ou binóculo. No caso dos telescópios, quanto maior a abertura (medida em milímetros), mais luz o equipamento coleta, resultando em imagens mais nítidas e detalhadas. Modelos com 70 mm a 130 mm de abertura são ideais para iniciantes, enquanto os mais avançados podem ultrapassar 200 mm.
Para binóculos, a ampliação é representada por dois números, como 10×50. O primeiro número indica o zoom, e o segundo, o diâmetro da lente objetiva em milímetros. Um binóculo 10×50 ou 15×70 é excelente para observação astronômica, oferecendo boa ampliação sem perder campo de visão.
Peso e portabilidade
Se a ideia é observar o céu de diferentes locais, a portabilidade pode ser um fator decisivo. Binóculos são mais leves e fáceis de carregar, enquanto telescópios exigem tripés e suportes para uma observação estável. Modelos dobráveis de binóculos são ainda mais compactos, mas podem ter menor capacidade de captação de luz.
Para quem busca um telescópio portátil, os modelos refratores com abertura menor são boas opções, pois são mais leves e fáceis de montar.
Telescópios precisam de um tripé resistente, especialmente os modelos de grande ampliação. As montagens altazimutal (mais simples) e equatorial (mais precisa) influenciam diretamente na experiência de observação.
Já os binóculos podem ser segurados à mão, mas em ampliações acima de 15x, é recomendado o uso de um tripé para reduzir tremores e garantir uma visualização mais estável.
Preço e custo-benefício
Os binóculos costumam ser mais acessíveis do que os telescópios. Um bom binóculo 10×50 pode custar menos que um telescópio básico, oferecendo uma experiência rica para quem está começando. No entanto, se o objetivo é explorar detalhes profundos do céu, um telescópio refletor de 70 mm a 130 mm pode ser um excelente investimento.
Durante séculos, as lentes funcionaram da mesma maneira: superfícies curvas de vidro ou plástico que refratam a luz para formar imagens nítidas. Entretanto, um grande problema dos métodos tradicionais é que, quanto maior a potência exigida, mais espessas e pesadas se tornam essas lentes.
Cientistas vêm buscando uma forma de reduzir esse peso sem comprometer o desempenho, mas as alternativas mais compactas costumam ter limitações técnicas, além de serem difíceis e onerosas de produzir.
Mas, agora, uma nova pesquisa liderada pelo professor Rajesh Menon, da Price Engineering, e sua equipe, apresenta solução promissora para aplicações em telescópios e astrofotografia: uma lente plana de grande abertura que foca a luz com a mesma eficácia das lentes curvas convencionais, mantendo a precisão das cores.
Lente tem precisão muito maior (Imagem: Menon Lab, University of Utah)
Essa tecnologia tem potencial para revolucionar os sistemas de imagem em astrofotografia, especialmente em situações onde o espaço e o peso são fatores críticos, como em aeronaves, satélites e telescópios espaciais.
O estudo, que estampou a capa da revista Applied Physics Letters, foi coordenado por Apratim Majumder, membro do laboratório do professor Menon e professor assistente de ECE Research. Entre os coautores, encontram-se Alexander Ingold e Monjurul Meem, também do laboratório de Menon, além de Tanner Obray e Paul Ricketts, do Departamento de Física e Astronomia da Universidade de Utah (EUA), e Nicole Brimhall, da Oblate Optics.
Entendendo a lente revolucionária
Para entender a inovação, basta lembrar que uma lupa – ou qualquer lente – aumenta os objetos ao dobrar a luz. Lentes mais grossas conseguem maior magnificação, o que não é um problema para câmeras do dia a dia ou telescópios amadores.
Porém, para captar a luz proveniente de galáxias a milhões de anos-luz de distância, lentes volumosas tornam-se impraticáveis. Por isso, telescópios observatórios e espaciais recorrem a grandes espelhos curvos, que, por serem fabricados com materiais mais finos, permitem reduzir o peso sem perder a capacidade de curvar a luz.
Outra estratégia para contornar o problema da espessura foi o desenvolvimento de lentes planas, que manipulam a luz de forma distinta. Um exemplo já existente é a placa de zonas de Fresnel, que utiliza sulcos concêntricos para focar a luz.
Apesar de oferecer dispositivo leve e compacto, essa técnica tem limitação crucial: não consegue produzir imagens com cores reais. Isso ocorre porque os sulcos difratam os diferentes comprimentos de onda de forma desigual, gerando aberrações cromáticas e distorções de cor. É nesse contexto que surge a inovação da equipe de Rajesh Menon.
A nova lente plana desenvolvida utiliza anéis concêntricos minúsculos, meticulosamente padronizados sobre um substrato;
Ao contrário dos sulcos das placas de Fresnel, ajustados para um único comprimento de onda, as dimensões e espaçamentos desses micro-relevos foram otimizados para manter os diferentes comprimentos de onda da luz suficientemente próximos, resultando em imagens em foco e com cores precisas;
Majumder explica que a simulação do desempenho dessa lente, abrangendo amplo espectro – do visível ao infravermelho próximo – exigiu a resolução de complexos problemas computacionais com grandes volumes de dados;
Após a otimização das microestruturas, o processo de fabricação demandou rigoroso controle de processo e condições ambientais estáveis.
Os pesquisadores demonstraram as capacidades de suas lentes planas com imagens de teste do Sol e da Lua (Imagem: Menon Lab, University of Utah)
Uma lente plana, leve e com alta fidelidade de cor pode impactar diversas indústrias, mas sua aplicação mais imediata está na astronomia. Os pesquisadores demonstraram a eficácia de sua inovação com imagens-teste do Sol e da Lua, afirmando que esse avanço é apenas um primeiro passo rumo à criação de lentes de grande abertura, ideais para telescópios baseados em aeronaves e no Espaço.
“Esta demonstração é um trampolim para desenvolver lentes planas de grande abertura, leves e capazes de captar imagens em cores completas, para uso em telescópios aéreos e espaciais”, conclui Majumder.
O trabalho contou com o apoio da Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA), do Office of Naval Research e da NASA, e representa uma mudança de paradigma na maneira como a luz pode ser manipulada para a obtenção de imagens de alta qualidade, potencializando a próxima geração de instrumentos astronômicos. Monjurul Meem, um dos colaboradores, segue atuando como engenheiro de processos na Intel.