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Terras raras: Brasil está no meio de uma disputa global

Fundamentais para a economia moderna, as terras raras são elementos químicos presentes na crosta terrestre, mas que são difíceis de se encontrar em grandes quantidades.

Também chamados de metais raros, eles são amplamente usados para criação de ímãs superpotentes, baterias de carros elétricos, turbinas e até telescópios espaciais.

Por conta disso, a demanda pelos materiais disparou nos últimos anos. Em contrapartida, a oferta continua bastante reduzida. Neste cenário, uma mina localizada em Minaçu, um pequeno município de Goiás, ganha uma importância enorme.

Importância geopolítica das terras raras

  • Hoje, a extração dos metais raros está concentrada em apenas alguns países, sendo a China a principal produtora.
  • Os chineses controlam 70% deste importante mercado.
  • Por outro lado, os EUA também têm acesso aos recursos, mas em grau muito menor.
  • Como a demanda tende a aumentar ainda mais, outros territórios passaram a ser cobiçados.
  • É por isso, por exemplo, que o presidente Donald Trump está pressionando a Ucrânia para fechar um acordo envolvendo as terras raras do leste europeu.
  • Os ucranianos possuem grandes depósitos de metais raros, mas parte deles já está sendo controlada pela Rússia.
  • Ao mesmo tempo, Groenlândia conta com um importante suprimento destes recursos.
  • E não é coincidência que a Casa Branca esteja de olho na região, com Trump inclusive ameaçando tomar o território militarmente.
  • Agora, os olhares do mundo também se voltam para o nosso país.
EUA e China estão de olho em mina brasileira (Imagem: Knight00730/Shutterstock)

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Investimento dos EUA e exportação para a China

A mina de terras raras em Minaçu é uma das poucas localizadas fora da Ásia. Inaugurada no ano passado, ela tem uma capacidade de produção que pode dobrar a oferta dos elementos fora do continente asiático, o que pode ajudar a atender a enorme demanda pelos recursos no Ocidente.

Por conta disso, investidores dos EUA têm aportado milhões de dólares no empreendimento. Além disso, no mês passado, a Casa Branca informou que deseja financiar a expansão da mina no Brasil. O problema é que toda a produção do local já está contratada pela China.

Mapa do Brasil, em amarelo, com um fundo verde
Brasil possui uma das poucas produtoras de terras raras localizadas fora da Ásia (Imagem: Kreativorks/Shutterstock)

Em 2010, os chineses interromperam as exportações de metais raros para o Japão por causa de uma disputa territorial. Isso acendeu alertas sobre a grande dependência da China, o que fez a Denham Capital, uma empresa dos EUA, investir em um projeto chamado Serra Verde para minerar esses recursos no Brasil.

Apesar dos investimentos norte-americanos, Pequim logo atraiu sua atenção para a região. O resultado deste interesse foi a assinatura de um contrato que prevê que grande parte das terras raras extraídas da mina tem como destino a China até pelo menos 2027. As informações são do The New York Times.

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O que são terras raras e por que elas são tão importantes?

Se você acompanha o noticiário global já deve ter ouvido falar bastante das terras raras. Também chamados de metais raros, eles são elementos químicos presentes na crosta terrestre, mas que são difíceis de se encontrar em grandes quantidades.

A questão é que estes materiais são amplamente usados para criação de ímãs superpotentes, baterias de carros elétricos, turbinas e até telescópios espaciais.

Por conta disso, controlar estes recursos é sinônimo de poder.

Importância geopolítica das terras raras

  • Hoje, a extração dos metais raros está concentrada em apenas alguns países, sendo a China a principal produtora.
  • Os chineses controlam 70% deste importante mercado.
  • Por outro lado, os EUA também têm acesso aos recursos, mas em grau muito menor.
  • Como a demanda tende a aumentar ainda mais, outros territórios passaram a ser cobiçados.
  • É por isso, por exemplo, que o presidente Donald Trump está pressionando a Ucrânia para fechar um acordo envolvendo as terras raras do leste europeu.
  • Os ucranianos possuem grandes depósitos de metais raros, mas parte deles já está sendo controlada pela Rússia.
  • Ao mesmo tempo, Groenlândia conta com um importante suprimento destes recursos.
  • E não é coincidência que a Casa Branca esteja de olho na região, com Trump inclusive ameaçando tomar o território militarmente.
Metais raros também fazem parte das disputas entre EUA e China (Imagem: Knight00730/Shutterstock)

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China quer limitar exportações dos recursos

No total, existem 17 tipos de metais considerados raros. O grande desafio é extrair estes recursos, um processo bastante caro e que requer uma tecnologia bastante avançada. Dessa forma, a grande maioria dos países simplesmente não tem condições de fazer isso sozinho.

Com nomes como térbio, praseodímio e disprósio, os metais são fundamentais para algumas das tecnologias mais avançadas, sendo utilizados em setores como tecnologia, energia e transporte. Outra utilização importante é no setor militar, o que aumenta a importância deles.

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Fabricação de drones militares dependem dos metais raros (Imagem: Mike Mareen/Shutterstock)

Já ficou bastante claro que EUA e China disputam estes recursos, e que Pequim tem uma grande vantagem. Por isso, os próprios chineses resolveram limitar as exportações de terras raras como resposta ao tarifaço de Trump.

Se a Casa Branca não encontrar formas de contornar essa restrição, os norte-americanos podem sofrer bastante. Empresas dos EUA estocam os recursos há anos, mas estes suprimentos não devem durar muito tempo. O efeito disso seria, por exemplo, o encarecimento e a consequente redução da fabricação de drones, mísseis e até aeronaves modernas.

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Cientistas brasileiros apostam em bactérias para reciclar terras raras e recuperar metais

Imagine recuperar metais valiosos sem precisar cavar minas gigantes. Pesquisadores da Unesp, em Araraquara, estão apostando em um exército invisível para essa missão: bactérias. Eles usam a Acidithiobacillus thiooxidans, um micróbio que dissolve minerais, para extrair terras raras de resíduos eletrônicos.

As terras raras são um grupo de 17 metais usados na fabricação de tecnologias avançadas. Presentes na crosta terrestre, mas raramente encontrados em grandes concentrações, esses elementos são essenciais para ímãs superpotentes, baterias de carros elétricos, turbinas e até telescópios espaciais. Apesar da importância, sua extração gera impactos ambientais severos.

Liderado pelo professor Sidney José Lima Ribeiro, da Unesp, o projeto começou em 2018 com a recuperação de terras raras de lâmpadas fluorescentes e agora abrange outros eletrônicos descartados. Usando biolixiviação, a bactéria produz ácido sulfúrico, dissolvendo metais para extração, o que pode reduzir a dependência do Brasil na obtenção desses materiais.

Extração sustentável: a nova fronteira das terras raras

A reciclagem de terras raras avança como uma alternativa promissora à mineração tradicional. Esses metais, fundamentais para diversas tecnologias, são difíceis de extrair e purificar, tornando sua recuperação a partir de resíduos uma solução estratégica.

Transformando resíduos em recursos valiosos, a pesquisa sobre terras raras abre caminho para soluções mais sustentáveis (Imagem: Joaquin Corbalan/Shutterstock)

A pesquisa da Unesp também explora o uso das terras raras extraídas em novas aplicações, como painéis solares e catalisadores mais eficientes. O objetivo é não apenas recuperar esses elementos, mas impulsionar tecnologias sustentáveis, reduzindo custos e impactos ambientais.

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O diferencial do estudo está na otimização do processo de separação dos metais. Técnicas convencionais exigem reagentes químicos caros e impactantes para o meio ambiente. Com a nova estratégia, os cientistas eliminam etapas críticas, tornando a reciclagem mais eficiente e economicamente viável.

O Brasil e a oportunidade perdida

Como destaca o Jornal da Unesp, o lixo eletrônico cresce em ritmo acelerado. Em 2022, o mundo gerou 62 milhões de toneladas, mas apenas 22% foram recicladas, segundo a ONU. O Brasil foi o segundo maior gerador, com 2,4 milhões de toneladas, mas menos de 3% desse total foi reaproveitado.

Mineração sustentável.
Eco-mineração sustentável une inovação e natureza para transformar resíduos em recursos valiosos de maneira responsável (Imagem: Billion Photos/Shutterstock)

Além do desperdício de terras raras, o descarte irregular libera substâncias tóxicas no meio ambiente. Lâmpadas fluorescentes, por exemplo, contêm mercúrio, um metal pesado altamente poluente. Estima-se que, todos os anos, cerca de 58 mil quilos desse elemento sejam despejados na natureza, contaminando solos e lençóis freáticos.

Embora o Brasil tenha grande potencial para a reciclagem de eletrônicos, a prática ainda esbarra na falta de investimentos e políticas públicas. Métodos eficientes já existem, mas não são aplicados em larga escala devido à ausência de incentivo adequado.

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