Cientistas brasileiros apostam em bactérias para reciclar terras raras e recuperar metais

Imagine recuperar metais valiosos sem precisar cavar minas gigantes. Pesquisadores da Unesp, em Araraquara, estão apostando em um exército invisível para essa missão: bactérias. Eles usam a Acidithiobacillus thiooxidans, um micróbio que dissolve minerais, para extrair terras raras de resíduos eletrônicos.

As terras raras são um grupo de 17 metais usados na fabricação de tecnologias avançadas. Presentes na crosta terrestre, mas raramente encontrados em grandes concentrações, esses elementos são essenciais para ímãs superpotentes, baterias de carros elétricos, turbinas e até telescópios espaciais. Apesar da importância, sua extração gera impactos ambientais severos.

Liderado pelo professor Sidney José Lima Ribeiro, da Unesp, o projeto começou em 2018 com a recuperação de terras raras de lâmpadas fluorescentes e agora abrange outros eletrônicos descartados. Usando biolixiviação, a bactéria produz ácido sulfúrico, dissolvendo metais para extração, o que pode reduzir a dependência do Brasil na obtenção desses materiais.

Extração sustentável: a nova fronteira das terras raras

A reciclagem de terras raras avança como uma alternativa promissora à mineração tradicional. Esses metais, fundamentais para diversas tecnologias, são difíceis de extrair e purificar, tornando sua recuperação a partir de resíduos uma solução estratégica.

Transformando resíduos em recursos valiosos, a pesquisa sobre terras raras abre caminho para soluções mais sustentáveis (Imagem: Joaquin Corbalan/Shutterstock)

A pesquisa da Unesp também explora o uso das terras raras extraídas em novas aplicações, como painéis solares e catalisadores mais eficientes. O objetivo é não apenas recuperar esses elementos, mas impulsionar tecnologias sustentáveis, reduzindo custos e impactos ambientais.

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O diferencial do estudo está na otimização do processo de separação dos metais. Técnicas convencionais exigem reagentes químicos caros e impactantes para o meio ambiente. Com a nova estratégia, os cientistas eliminam etapas críticas, tornando a reciclagem mais eficiente e economicamente viável.

O Brasil e a oportunidade perdida

Como destaca o Jornal da Unesp, o lixo eletrônico cresce em ritmo acelerado. Em 2022, o mundo gerou 62 milhões de toneladas, mas apenas 22% foram recicladas, segundo a ONU. O Brasil foi o segundo maior gerador, com 2,4 milhões de toneladas, mas menos de 3% desse total foi reaproveitado.

Mineração sustentável.
Eco-mineração sustentável une inovação e natureza para transformar resíduos em recursos valiosos de maneira responsável (Imagem: Billion Photos/Shutterstock)

Além do desperdício de terras raras, o descarte irregular libera substâncias tóxicas no meio ambiente. Lâmpadas fluorescentes, por exemplo, contêm mercúrio, um metal pesado altamente poluente. Estima-se que, todos os anos, cerca de 58 mil quilos desse elemento sejam despejados na natureza, contaminando solos e lençóis freáticos.

Embora o Brasil tenha grande potencial para a reciclagem de eletrônicos, a prática ainda esbarra na falta de investimentos e políticas públicas. Métodos eficientes já existem, mas não são aplicados em larga escala devido à ausência de incentivo adequado.

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