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Crise de identidade fez Facebook repensar tudo, até os amigos

Documentos apresentados no julgamento antitruste do Meta nos EUA revelaram como a empresa vem enfrentando dificuldades para manter o Facebook culturalmente relevante. As mensagens internas, datadas de 2022, mostram que executivos da companhia discutiram diversas estratégias para recuperar o apelo da rede social, reconhecendo que sua influência estava diminuindo rapidamente.

Durante a divulgação dos resultados financeiros do quarto trimestre de 2024, o CEO Mark Zuckerberg voltou ao tema, dizendo que a meta para 2025 é justamente restaurar a relevância cultural do Facebook. Para isso, a plataforma aposta em um retorno às origens, com o lançamento de uma nova aba “Amigos”, parte da tentativa de resgatar o que chamou de “OG Facebook” (ou “Facebook original”).

Mark Zuckerberg quer retomar a relevância cultural do Facebook (Imagem: Anton Dzhumelia / Shutterstock.com)

Preocupações com o modelo de “amizades” do Facebook

  • Nos e-mails de 2022 apresentados pela Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês), Zuckerberg destacava que o formato de amizades do Facebook parece desatualizado diante de outras redes sociais que priorizam o modelo de “seguir”.
  • Ele considerou inclusive a ideia radical de excluir as listas de amigos de todos os usuários, forçando um novo começo.
  • Fazer amigos parece estar fora de moda agora”, escreveu o CEO.
  • Para ele, os gráficos de amizades se tornaram estagnados e pouco relevantes, além de serem difíceis de atualizar.
  • “Na maioria das vezes, quando conheço alguém ou me interesso por alguém, só quero seguir essa pessoa, e não pedir nada em troca”, afirmou, referindo-se à natureza mais fluida de plataformas como Instagram e TikTok.

Estratégias discutidas internamente

A troca de e-mails também mostra que o Meta discutiu alternativas mais ousadas. Entre elas, uma transição completa do modelo de amizade para o de seguidores, inclusive em contas privadas, o que implicaria também no fim dos likes em páginas. A ideia seria transformar o Facebook em uma plataforma mais alinhada com os padrões contemporâneos das redes sociais.

Zuckerberg apontou que “todas as redes sociais modernas são construídas em torno do conceito de seguir”, e que o Facebook pode estar desatualizado por não ter adotado essa mudança estrutural. Ele chegou a sugerir que a solução ideal exigiria uma mudança drástica, como apagar todos os gráficos de conexões e reconstruí-los do zero, começando com testes em países menores.

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Boa parte das redes sociais “modernas” (nas palavras de Zuckerberg), como o próprio Instagram da Meta, usam o modelo de seguidores (Imagem: PixieMe / Shutterstock.com)

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Impacto na estratégia da empresa

Os documentos deixam claro que o desempenho do Facebook é visto como essencial para o sucesso de todo o ecossistema da Meta, mesmo com os bons resultados do Instagram e do WhatsApp. “Não vejo um caminho para a empresa ter o sucesso que precisamos se o Facebook falhar”, escreveu Zuckerberg.

A reformulação da aba “Amigos”, lançada recentemente, parece ser um dos primeiros passos visíveis nessa tentativa de reconectar o Facebook com os hábitos digitais da nova geração. Mas os e-mails indicam que mudanças ainda mais profundas ainda podem ser avaliadas pela equipe executiva da empresa.

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