Genocídio e eleição: ex-executiva conta “podres” da Meta em livro; big tech rebate

Sarah Wynn-Williams trabalhou no departamento de políticas públicas da Meta por seis anos, de 2011 a 2017. Agora, a ex-executiva coloca a boca no trombone com uma perspectiva privilegiada sobre momentos conturbados na controladora do Instagram, Facebook e WhatsApp.

Seu novo livro “Careless People” evidencia a influência das redes sociais no genocídio dos muçulmanos Rohingya em Mianmar, discute o papel do Facebook na campanha eleitoral do presidente Donald Trump em 2016, e traça breves perfis do CEO Mark Zuckerberg, a ex-COO Sheryl Sandberg e o recém-nomeado Chief Global Affairs Officer Joel Kaplan.

Em uma nota enviada à CNN, o porta-voz da Meta, Nkechi Nneji, afirmou que as acusações são falsas. “Oito anos atrás, Sarah Wynn-Williams foi demitida por desempenho ruim e comportamento tóxico, e uma investigação na época determinou que ela fez alegações enganosas e infundadas de assédio”, disse. “Desde então, ela tem sido paga por ativistas anti-Facebook e isso é simplesmente uma continuação desse trabalho.”

Livro traça perfis de grandes chefões da Meta (Imagem: Divulgação)

Para Wynn-Williams, que foi recentemente entrevistada pela NBC News, as pessoas “merecem saber como essa grande e poderosa empresa realmente é”, justificando o motivo pelo qual decidiu publicar o livro mesmo com as negativas da empresa. Antes de trabalhar para a Meta, ela atuou como diplomata da Nova Zelândia na capital americana.

Eleição polêmica

Em um dos capítulos, a autora sugere que Kaplan foi o grande arquiteto da venda de anúncios políticos no Facebook. Em 2014, o executivo, que tinha acabado de se tornar vice-presidente de política pública global, teria contratado uma equipe para encorajar os políticos a comprar espaços na plataforma.

“A ideia é que, se os políticos dependerem do Facebook para vencer eleições, eles estarão menos propensos a fazer qualquer coisa que possa prejudicar o Facebook”, escreveu. Kaplan, aliás, é hoje o grande lobista da rede social em Washington, DC. “Isso significa que as decisões sobre discurso político, conteúdo e algoritmo passam por Joel”, diz o livro.

A ex-executiva também denunciou casos de assédio sexual por parte de Kaplan. Ela conta que era instada a fazer videoconferências semanais mesmo enquanto estava de licença-maternidade. E que o executivo aparecia “esparramado na cama em vez de no escritório” durante as reuniões.

Ex-executiva descreveu atuação de Joel Kaplan nas eleições americanas de 2016 (Imagem: Meta/Divulgação)

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Genocídio em Mianmar

O Facebook investe no país do sudeste asiático desde seu lançamento, em 2012, por causa do potencial de usuários ativos. Mas a estratégia agressiva para entrar no mercado acabou alimentando uma grande divisão política durante o genocídio do grupo minoritário predominantemente muçulmano Rohingya do país, segundo a autora.

“Nenhum dos líderes seniores… pensou o suficiente sobre isso para colocar em prática os tipos de sistemas que precisaríamos, em Mianmar ou outros países”, escreveu Wynn-Williams no livro, refletindo sobre a crise. “Eles aparentemente não se importaram. Esses foram pecados de omissão. Não foram as coisas que eles fizeram; foram as coisas que eles não fizeram”.

Em 2018, a plataforma admitiu que não fez o suficiente para impedir que sua plataforma fosse usada para alimentar a violência no país. A empresa chegou a criar uma equipe exclusiva para lidar com questões regionais, inclusive com a remoção de conteúdos falsos.

“Se não abordarmos o que foi encoberto, repetiremos os erros do Facebook”, escreveu Wynn-Williams no final do livro.

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