Recentemente, o rover Perseverance, da NASA, identificou minerais inesperados na superfície de Marte, levantando novas hipóteses sobre o passado do Planeta Vermelho. Ao analisar rochas pálidas usando laser, o veículo explorador revelou altos níveis de alumínio associados à caulinita, um mineral que na Terra se forma apenas em ambientes quentes e úmidos.
A descoberta foi feita por uma equipe liderada pelo cientista Roger Wiens, da Universidade de Purdue, nos EUA, e publicada na revista Communications Earth & Environment. A presença da caulinita sugere que Marte pode ter sido muito mais quente e úmido do que se imaginava, condições essenciais para o desenvolvimento da vida como a conhecemos.
“Na Terra, esses minerais aparecem em locais com chuvas intensas e temperaturas elevadas ou em áreas de atividade hidrotermal, como fontes termais”, explica Wiens em um comunicado. “Isso indica que essas rochas ficaram submersas em água por um longo período, algo surpreendente para um planeta frio e seco como Marte”.
Wiens tem décadas de experiência com rovers marcianos e foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento da SuperCam, o instrumento no topo do Perseverance que analisou as rochas. Criada em colaboração com cientistas dos EUA e da França, a SuperCam combina diferentes técnicas para estudar a composição química da superfície do planeta.
Rochas “flutuantes” de Marte foram examinadas a laser
As primeiras amostras dessas rochas chamaram a atenção logo que o Perseverance pousou, mas só foram analisadas mais tarde. Os cientistas encontraram algumas dessas formações isoladas sobre o solo, sem conexão com o leito rochoso abaixo. Esse tipo de rocha, chamado de “flutuante”, pode ter sido deslocado de sua região original por processos geológicos ou impactos antigos.
Quando a SuperCam disparou seu laser nessas rochas, os pesquisadores perceberam que havia algo inédito em Marte. “Essas formações são muito diferentes de tudo o que já vimos”, afirma Wiens. “São um mistério que estamos tentando desvendar”.

A equipe aprofundou as análises e identificou mais de quatro mil dessas rochas espalhadas pela cratera Jezero, local explorado pelo Perseverance. Além da caulinita, algumas delas continham espinélio de alumínio, um mineral que pode se formar em condições vulcânicas ou metamórficas. Os cientistas ainda investigam se o espinélio se originou a partir da caulinita ou se os dois minerais coexistiram em algum processo geológico desconhecido.
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Minerais encontrados podem confirmar água líquida no passado do planeta
A presença desses minerais reforça a hipótese de que Marte já teve água líquida em abundância. “As grandes perguntas sobre Marte giram em torno da água“, diz Wiens. “Quanto tempo ela esteve presente? Para onde foi? Parte dela pode ainda estar retida na estrutura dos minerais”.

Os cientistas sabem, por observações orbitais, que há depósitos de caulinita na borda da cratera Jezero. Agora, com o Perseverance explorando essa região, a equipe busca a origem exata das rochas analisadas. “Estudar essas amostras no local nos ajuda a entender melhor o ambiente marciano do passado e sua possível habitabilidade”, afirma Candice Bedford, coautora do estudo.
Essas descobertas são fundamentais para guiar futuras missões na busca por sinais de vida extraterrestre. A relação entre a água e a formação desses minerais pode fornecer pistas valiosas sobre a evolução de Marte e até mesmo sobre a origem da vida na Terra. O que foi descoberto pelo rover da NASA pode ser um passo importante para responder à pergunta: Marte já abrigou vida?
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