NASA revela quando os astronautas “presos” no espaço voltam para a Terra

Conforme noticiado pelo Olhar Digital, a missão SpaceX Crew-10 deve ser lançada nesta sexta-feira (14), às 20h03 (pelo horário de Brasília), com previsão de chegada à Estação Espacial Internacional (ISS) na noite de sábado (15). Isso vai permitir que, finalmente, dois astronautas “presos” no laboratório orbital voltem para a Terra – o que vai acontecer alguns dias depois.

Sunita Williams e Butch Wilmore, da NASA, partiram para a ISS em junho de 2024, no primeiro voo tripulado da cápsula Starliner, da Boeing, para uma missão de oito dias – que já dura mais de nove meses. E eles dependem da chegada de uma nova tripulação ao laboratório orbital para poder voltar para casa. 

A missão “redentora” decolaria na noite de quarta-feira (12) – no entanto, o lançamento foi adiado em dois dias por problemas técnicos (saiba detalhes aqui).

Foto oficial dos membros da missão SpaceX Crew-10 (da esquerda) o especialista da missão Kirill Peskov, da Roscosmos; a piloto Nicole Ayers e a comandante Anne McClain, ambas astronautas da NASA; e o especialista da missão Takuya Onishi, da JAXA (Imagem: NASA/Bill Stafford/Helen Arase Vargas)

Anne McClain e Nichole Ayers, da NASA, Takuya Onishi, da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) e o cosmonauta russo Kirill Peskov, da Roscosmos, vão viajar a bordo da Dragon Endurance (que já foi usada anteriormente nas missões Crew-3, Crew-5 e Crew-7), com previsão de atracar no módulo Harmony da estação no dia seguinte. Saiba mais sobre o time aqui e entenda aqui o que a missão Crew-10 vai fazer na ISS.

Como os astronautas da Starliner vão voltar para a Terra

De acordo com um comunicado da NASA, a volta de Williams e Wilmore para a Terra acontece na quarta-feira (19), “de carona” com os membros da missão Crew-9, Nick Hague, da NASA, e Aleksandr Gorbunov, da Roscosmos.

Vamos relembrar a saga dos astronautas “presos” no espaço:

  • O Teste de Voo Tripulado da Starliner – ou CFT, na sigla em inglês – foi lançado no dia 5 de junho de 2024, no topo de um foguete Atlas V, da United Launch Alliance (ULA), a partir da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida;
  • Isso aconteceu após uma série de adiamentos;
  • A última suspensão foi em razão de um vazamento de hélio na cápsula;
  • O problema não foi entendido como tão grave, e a espaçonave decolou rumo à ISS;
  • No trajeto, mais vazamentos de hélio foram identificados;
  • A acoplagem também apresentou problema: uma anomalia fez cinco dos 28 propulsores do módulo falharem em seu funcionamento, atrasando a ancoragem em mais de uma hora;
  • Em agosto, a NASA anunciou que Williams e Wilmore vão voltar para casa em uma espaçonave Dragon, da SpaceX, junto com os tripulantes da missão Crew-9 (que foi lançada com apenas dois membros justamente para esse fim);
  • Já a cápsula Boeing Starliner foi enviada de volta à Terra vazia, por motivos de segurança, em setembro.
Os astronautas Barry Wilmore e Sunita Williams trabalhando na Estação Espacial Internacional (ISS). Crédito: NASA

Mas, por que tanta demora? O presidente dos EUA, Donald Trump, chegou a acusar o governo anterior de deixar os astronautas “abandonados” na ISS – o que foi desmentido pela dupla.

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Acontece que há um calendário e um trânsito a se cumprir no laboratório orbital. Todas as tripulações que vão para lá sabem que a volta pode não acontecer dentro do prazo previsto (e tudo é meticulosamente calculado).

As equipes normalmente voltam para a Terra no mesmo veículo que as conduziram, que fica atracado na estação durante todo o percurso da missão. Como a espaçonave Starliner apresentou problemas graves e precisou regressar vazia ao planeta, seus tripulantes tiveram que aguardar a oportunidade mais adequada de retorno.

E não foi a primeira vez que isso aconteceu. É comum que astronautas excedam (e muito) o tempo de permanência previsto na ISS. Normalmente, as missões duram cerca de seis meses, mas podem ser estendidas por vários motivos, como experimentos ou imprevistos. 

No caso de Williams e Wilmore, se realmente retornarem na quarta-feira, eles terão passado 286 dias em órbita. O astronauta Frank Rubio, dos EUA, junto com os russos Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin, permaneceram 371 dias consecutivos no espaço entre 2022 e 2023.

Da direita para a esquerda: Frank Rubio, astronauta da NASA, e seus companheiros russos da missão Soyuz MS-22 Sergey Prokopyev e Dmitri Petelin, que ficaram 371 dias na estação espacial. Crédito: Roscosmos

Isso porque um incidente danificou a espaçonave russa Soyuz que os traria de volta à Terra, motivo pelo qual a estadia do trio no laboratório orbital foi prorrogada por mais seis meses, até a chegada de uma cápsula de substituição.

Embora garantam que não se sentem “presos”, vale uma observação curiosa: a cápsula Dragon da missão Crew-9 onde Williams e Wilmore vão embarcar de volta para a Terra se chama Freedom – “Liberdade”, em inglês.

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